sábado, 28 de dezembro de 2019

Hoje é o inicio do fim do Ano, todos caminham sob a superfície da vida de forma desordeira,  porém é debaixo dela que o real se esconde!! Por baixo de onde caminhamos vivem os segredos que se revelam nas mentes inquietas e contemplativas de ouvidos atentos ao inaudível...Nosso Corpo é aberto, vive à mercê das sensações que emanam de dentro da alma e se desnuda quando a boca emudece de sons...Sons do silêncio, que se vão  manifestando em cores e relevos mágicos, compondo-se em poesia no ar num profundo azul celeste que entoam em suaves acordes, numa melodia de sonhos das nossas mentes de postura erecta em profunda meditação... Meu coração desacelerou, tranquilo, embriagado ao som da música da alma, que numa única e só pulsação explode de vida. Neste vale de emoções sinto os sentimentos que afloram numa suave aguarela que um dia ousei pintar propagando a beleza no mundo, transformando a escuridão em luz e a vida no mais lindo despertar , que seja assim o proximo Ano para todos nós...

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Hoje reflito e percebo que na vida somos na sua metade apenas,  falsas identidades e momentos pouco genuínos... Circunstâncias adaptadas ao conveniente da vida e  nunca pelo nosso coração. Vou aquecendo as palavras na fogueira que acendi neste esconderijo onde vivo isento de futilidades…Ainda que raras , são as minhas! Recuso-me a elaborar discursos de eternidades subentendidas, porque existe uma conotação romântica no porquê da minha escrita. Não intitulo de ingénuas as palavras nuas de verdades, aquecidas pela rapidez dos sentimentos e a fugaz certeza de futuros preenchidos… Hoje somos todos isto, indescritíveis pela magia associada, é impossível de adjetivar a falta de conceitos da trave mestre de tão grande vastidão que poderíamos ter sido ou ir sendo assim nos tivesse sido permitido neste mundo cão…Tenho em mim esta dádiva apaixonada e simultaneamente tão forte de vida ! Tenho em mim esta possibilidade de  amar, de partilhar momentos de luta que até parecem  os mais fáceis. Tenho em mim a capacidade de ler-vos nos olhos que o tempo vos tornou ,  o pronome possessivo que daria lugar à necessidade de uma descrição longa mas não quero ninguém que seja meu , quero alguém que seja apenas comigo!!. Hoje apenas deixo-vos ficar por ai, acedendo fogos no peito e deixando que nos seja aquecida a pele em noites de previsível tempestade na rua de outros. Não escrevo musicas, mas já o fiz!!! Estas foram banalizadas pela falta de bases…Faltava-me a  Lua, faltava-me um colo, ouvir,  ver,  sorrir perante silenciosamente, os sítios onde se cria o amor!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

 Hoje não sei ser mais transparente, neste trovão de palavras que ouso colocar em foco, na magia ondulante que o vento provoca nos meus cabelos…Ecos uivam ao largo das minhas margens, nas sombras que projecto em cada sonho que desenho delicadamente na opacidade do meu olhar sob o horizonte desmaiado. Tenho a necessidade de colorir todos os adjetivos que encontro nesta arte  vulgar,  de quem usa o resto das tintas , para colorir as paredes já eternas …Trago no olhar o sorriso, misto, de quem engoliu os planos atingíveis , possíveis , alcançáveis , dispo-me novamente de todos eles, recuo, revivo pensamentos na expectativa em vão, de um mero olhar, mas a rua ficou deserta …Porque me destruo assim ? Porque embalo as minhas cores num universo assim! Respostas que não tenho, mas!! Há dentro de mim uma cumplicidade hormonal que leva os meus impulsos a serem poéticos e me fazem escrever como se cada palavra pudesse vibrar no sitio certo…Sim eu posso continuar a ser transparente  e fazer da minha cumplicidade  hormonal  a conjugação eterna do sonho, mas, eu não quero mais…Não sei ser rascunhos, apenas sei ser titulo deste livro que escrevo…

 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Hoje , para muitos escrever é,  simplesmente unir um monte de palavras, para formar uma historia comum… Uns falam, outros escrevem outros silenciam, e todos os sentimentos que se confundem nestas formas de estar, são exactamente os mesmos que me trazem aqui para escrever!  Acho que realmente o silêncio é uma das forças mais poderosas do universo, acredito que o silêncio é mágico e por isso cada vez mais raro! As pessoas tem medo do silêncio, todos fazem de tudo para rompê-lo, as vezes o silêncio consegue transmitir muito mais que palavras. Adormeço muitas  vezes sozinho no silencio,  quando palavras não são suficientes, os pensamentos tomam formas, e de alguma forma tornam-se textos. Como no amor, a sintonia do que escrevemos  é encontrar alguém, disposto a trilhar os mesmos passos e lugares que imortalizamos…Não me preocupo nem ninguém se deve preocupar com o numero de vezes que alguém pegou e largou a nossa mão a meio da caminhada…As mãos , todos possuímos 2 , salvo excepções! Mesmo que alguém nos largue a mão a meio do caminho, fica sempre o consolo de que os deuses estarão a segurar a outra!  Esse é o meu escudo, por isso não valorizo a beleza exterior… Há pessoas cheias de beleza exterior , mas, completamente despidas de valor no interior…Querem pessoas que as complete, mas!!! Esquecem-se que todos somos já completos, o que vier será apenas para somar…Querem alguém que seja parte de si mesmas, semelhantes até, com os mesmos objectivos…Mas!! Na verdade não é necessários grades formulas para uma boa combinação. Até os opostos se completam em algumas ocasiões. A união perfeita entre dois seres não é só quando se desejam , temos de nos esforçar…Até  quebra cabeças  são sempre feitos de coisas diferentes que se encaixam na perfeição ! Dá para pensar se somos nós que nos sentimos só ou é o mundo que nos passa?? Ficamos parados, não caminhamos , ou é o caminho que nos foge??

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Hoje gostaria que a noite não entrasse em mim como um peso que destrói, que a noite fosse um lugar de sonhos e eu o seu herói …Gostava que a noite fosse lugar de descanso e não me ocupasse o dia ! Muitas vezes escolho o por do sol como refúgio , fico ali, enquanto o poente avança  e novas cores se formam no céu que outrora apenas espelhava o azul…Deixo-me mergulhar no horizonte e é ai que que o silêncio me leva para longe , tão longe que chego à conclusão que abandono o meu próprio mundo numa poesia faminta , atenciosa, meticulosa  que eleva a alma… É como se me despisse de mim mesmo e na sensatez tirasse à noite a sua razão…Talvez fosse como passar de uma margem para outra, mas isto não  significa necessariamente uma deslocação para outra parte diferente daquela onde já me encontro. Às vezes tudo o que nos falta é habitar a nossa vida de outro modo. É simplesmente caminhar com outro passo pelos caminhos que já fazemos. É abrir a mesma janela, mais devagar, tendo consciência de que a estamos a abrimos …É reaprender outra qualidade para um quotidiano talvez demasiado abandonado às rotinas e aos seus automatismos que se apoderam de nós! Aproximamos-nos de uma época do ano que nos faz querer tudo, pedimos mais , e mais e cada vez mais inconformismo sobre o que cada um “merece”, mas merecer não é ter…Todos queremos tanto que não olhamos para o que já temos! As crianças querem brinquedos, os doentes , saúde, os desempregados , apenas um trabalho; os solitários , um amor; os endividados, Euros, os descrentes, fé , as Empresas , resultados, os famintos comida, o infindável  apenas  um fim ! Bem, digo tudo isto porque sei que mereço muita coisa , que ainda não tive , a todos vocês que por ai andam,  que tenham sempre alguém a vosso lado, que vos ame, até mesmo, quando não o merecerem ...Que vivam um Feliz Natal...

domingo, 17 de novembro de 2019

Hoje como muitos outros dias, sinto-me um mero cais !!digo-o eu muitas vezes; ou poderia tantas outras vezes dizer eu estou um caos! E seria sempre parte da mesma verdade...Penso na minha verdade. Na verdade como meu destino e o caminho que abro até ele, esta  verdade pode estar nas palavras que nos definem, mas quanto fica por dizer, não menos verdade, apenas por não termos como!? Há palavras que nos enclausuram e silêncios que nos libertam… Se os soubéssemos ouvir! Quantos pensamentos vivem em nós escondidos e se esvaem quando tentamos verbalizá-los? Não fará isto parte do que somos? Serão estas verdades menores? Mas !!! a  verdade não se esgota na mera repetição. Aquilo que repetimos é como um porto seguro, limitado mas conhecido, e apenas há aquilo que , com alguma coragem aceitamos dar vida. E eu preciso desvendar verdades e palavras fora da repetição, cortar amarras e explorar, entrar no silêncio e transformá-lo, dar voz ao que sinto, pois sinto-me mais que um porto seguro. Por vezes o silêncio segreda-me um mar e um horizonte, e outras formas de os contar!Quando me penso sinto o dualismo da realidade e do sonho, do poder e do fracasso, do potencial e da inacção, da vontade e da cobardia. Porquê devo eu confinar-me ao conforto do habitual, quando me vejo capaz de arrojar?! Que medo me silencia outras verdades quando no meu sonhar eu consigo GRITAR? Sinto que por vezes devemos considerar desequilibrar a balança onde colocamos a nossa razão, mais habitual que racional, monótona mas cómoda, e a nossa intuição, tantas vezes certeira mas ignorada, ou esta Inquietude não estaria em mim, a impor-me mais....

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Houve alguém que me pediu para lhe escrever o som da melodia que ecoa suavemente no dorso de um sonho imaculado no precipício do universo ...Escrevi nas assas da brisa palavras roucas de prazer que invadem os sentidos a alma e o meu mundo...Como hei-de gritar o prazer que os sonhos me dão, como partilhar o que o destino esconde de mim ? Leio as curvas a contornar, os caminhos que cegamente, me encaminham para o leito da foz!!! longe no horizonte não te vejo mas sinto e encontro obstáculos, lágrimas soltas, sons reprimidos que me turvam o olhar... Como anseio ter as respostas certas... A formula de conseguir atingir sem sofrer !!! Esta vida é uma maratona de conquistas e derrotas um turbilhão de sentimentos que num momento não estão e de repente o mundo se transforma ...E eu!!! Enquanto isso não acontece, vou-me evaporando no tempo que me resta… meras recordações de fragmentos do tempo ,cansei-me de falar em amor torna-se monótono torna-se sempre igual,   sempre escondido nas lua, nas estrelas,  quero algo diferente enfrento o mundo mesmo o planeta ...sinto que sou diferente pois o meu sorriso nasceu comigo, é inato e debaixo dos meus véus imaginários vou adormecendo os desejos que sinto….Sonho, imagino e idealizo , na saudade que espreita os meus lugares inesperados ,  escondo-me, refugio-me no que guardo em mim e que o tempo não levou...


quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Hoje constato que muitos dizem que se deve agir fora das nossas zonas de conforto, que devemos desafiar as rotinas e inovar, afinal, há um mundo maravilhoso por trás daquela porta que nunca ousámos abrir e lá também acontecem coisas boas, desse lado também encontraremos felicidade e quem sabe, uma versão melhor de nós mesmos… Isto dizem muitos! Mas eu também acabo por acreditar nisso…. Eu acredito que sair da estrada rotineira pode ser fantástico, que fazer diferente do que já fizemos nos pode mostrar um caminho que também pode ser nosso. Mas com isso vem exposição, vulnerabilidade. E por vezes, somos tão adversos às mudanças e novidades de lugares e pessoas, que mesmo que tenhamos idealizado toda uma experiência de sucesso na nossa cabeça, há algo que falha quando tentamos concretizar… Nunca gostei de mudanças,  gente pressionante, sempre me deram dores de estômago. E olhem que não sou de todo socialmente estranho, essa é a verdade. Adoro estar aqui, a escrever sobre e para pessoas, como eu, não para cobardes que se escondem atrás de perfis falsos vindo aqui apenas para ofender, sem dar a cara e sem serem sequer coerentes com a vida que levo... Não me conhecem certamente e mesmo assim, manifesto a vontade que aquilo que eu escrevo lhes seja útil, que lhes toque, que lhes ensine algo, porque é a escrever que eu me expresso melhor, mesmo para quem não tem rosto e é abusivamente rosto de uma vida de futilidades...Peço desculpa aos meus amigos que me conhecem e tem a gentiliza de me seguir Mas!!  Por vezes as emoções tomam conta do meu discurso! Não choro , não gaguejo, mas é aqui que vou  vendo as coisas e pessoas através dos meus sentidos,  retenho algumas delas na memória, o que me faz parecer ainda mais estranho que aquilo que já sou…Não sou  obcecado com nada na vida,  apenas e na realidade tenho uma mente diferente e isso lamentavelmente custa a muita gente abusiva e mal formada.

sábado, 2 de novembro de 2019

 Hoje estou de frente para o mar, nesta praia deserta..Aqui!!! consigo ficar a sós com os meus pensamentos. Consigo abandonar vontades. Sem perspectivas e sem relatividades. Aqui tento reconhecer a fraqueza de sentir o profundo desejo que todas as palavras por trás do meu caminho  moldam. É neste silêncio que elas fazem sentido e são percebidas…Sem ter de as pronunciar. Esta realidade, limitada e condicionada, pelas escolhas que se fazem e se aceitam. Parece-me muito dura, muito rígida. Tanto que por vezes, desistimos. E talvez por isso, lutamos também em contra-ciclo com o resto ... Desistimos, relativizamos  como nos percebemos, como desejamos, como fugimos… como nos perdemos... Fico de noite acordado, de olhos bem abertos, sonho com um sonho que não alcanço, dissipa-se no denso nevoeiro da vida. Atento aos sinais que percebo, sigo o único caminho possível. Que percorro, apaixonadamente. Intensamente…Deixo-me levar neste bailado de ondas em sintonia com os meus  pensamentos... Sinto-me a planar em emoções que não as sei explicar,apenas as sei sentir. Sou envolvido por uma sensação de serenidade que me liberta de todas as limitações a que sou de certa forma imposto diariamente. Olho a fúria do mar e deixo-me levar....somente. Preciso de sentir que as minhas necessidades são verdadeiras e não apenas fruto da minha imaginação, pois por vezes penso que preciso...quando na verdade acaba por ser somente um desejo, mas que não me satisfaz. Gosto desta sensação de levitação onde o meu corpo é conduzido para algures. Não sinto medo nem receio do desconhecido, pelo contrário, sinto-me seguro, pois sei que me leva a bom porto, pois ninguém melhor que ele sabe onde posso serenar e deixar-me envolver pelos meus pensamentos e onde exerço a minha necessidade de meditação. ...fecho os olhos e deixo-me levar em mais uma onda de espuma que rebenta mesmo ao meu lado...

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Hoje em silêncio quantas vezes... Brigando com o tempo nos encontramos? Conseguem  me dizer? Somos sempre dois e era muito bom conseguirmos ser só um! Já Pensaram no ser humano como um Mundo, imaginem tentar dividi-lo  em dois hemisférios, o norte e o sul… Em qual optavam estar? É tudo para mim uma questão de identidade, brigar com o tempo , para esconder mazelas apenas serve para esconder algo e manter aparências… Por vezes mais vale nos apresentarmos como distantes , assim revelamo-nos mais humanos enquanto nos vamos vestindo dos silêncios ! Jamais me conseguirei manter naquele espaço entre a mascara e o rosto, onde a voz e o eco se cruzam na palavra. Não era capaz de me não mostrar, naquilo que sou, e aquilo que mostrasse não fosse eu, não poderia me revelar…Prefiro deixar o ar entrar ás cambalhotas pela janela do meu olhar, onde as árvores levantam as vozes e a terra seca do meu empedrado abrindo  as goelas no uivo da alcateia sem nome…Brigando com o tempo é o que me resta deste quase tudo, que teimosamente escrevo em palavras que lutam para não serem apenas silêncios …

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Hoje entre paginas tantas e folhas de  livros lidos por mim folheados , encontro um que se destaca,  sem palavras que alguém ambiciona ler…Esse livro é o ser humano… ! Em todos há letras invisíveis,  codificadas e folhas de luto,  com segredos para obter mas  nem o amor alguma vez as fez reter! Coloco passwords  nesta minhas letras para desbloquear as cores desse livro,   sei se alguém  soubesse decifra-lo,  logo seria um best - seller …Nada nos impede de vestir palavras amarradas das ambições retraídas, todos somos acendalhas da vida , todos temos insónias de sofrimento intemporais nas madrugadas que deixam espelhar as imagens extasiadas dos retratos surreais,  e eu sei, que a lua prateada  desenha na pagina das visões imateriais … Mas!! É no conceito metafisico  das abstractas belezas da vida que se emolduram os olhares e as letras nesta pagina sem palavras que desejava ler…Somos todos humanos ao cavar buracos no peito, como pequenos e infinitos, abismos que convertemos em estradas…Não, não pensem que ensandeci!  Posso até ser sonhado pelo espelho onde me olho, mas sei que vivo as sanções das cores do equivoco, são elas que encobrem  a penugem das contradições  que cada ausência de palavras faz na tela do livro que cada dia que olhamos e não vemos,  vamos desejando…

segunda-feira, 14 de outubro de 2019


Hoje peguei na caneta e desenhei as letras no papel!! Sem receio, misturei a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem querer, despejei as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da pele, naquele lugar onde se guardam os medos. Tentei desenhar cada letra com cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas!! Tinha a certeza de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons...Ainda assim, limitei-me em cada frase, desfazer o tabu da culpa que me pendia nos nós dos dedos. Não sabia de onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese em mim!!.Senti que fluía em mim uma escrita, gelada, a consumir-me a pele e a guiar-me as mãos pelos recantos do dia. E os dias ...Estes vão passando, com as horas a pesar-me nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo. O mundo continua, o tempo corre atrás de tudo o que nunca voltará. Sinto-me esquecido nas curvas apertadas do caminho onde vou escrevendo, não sei bem sobre quê, mas... escrevo. até que um dia a caneta no papel já não sabia quem é...Hoje olhei os meus olhos e percebi que não mais cabia o que sinto na minha própria pele, por isso despi-me de mim e vesti estas palavras...Como um ser híbrido que transita de um corpo para outro…

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Hoje vou escrever assim sem grande requinte, percorrendo as margens , navegando apenas em meu corpo, fazendo-me vivo a cada novo olhar. Faço-me vivo pelo mundo  carregado de tudo o que é vivo e do que é morto, desaguando pelo destino… Sim, acreditem e ignorem as virgulas e essas convenções que se inventaram , para nos tornarmos mais claros , para os outros …  Tudo o que para mim é vivo tem aromas de multidões , tudo o que é morto soa a sonho clandestino, que carrega o peso do destino!  Hoje gostaria de ser livre num voo rasante num areal vazio e liso onde pudesse passear sem deixar rasto e quem sabe molhar os pés nas águas do ir e vir das marés que tantas vezes entraram pela minha escrita ou mesmo dos aromas da maresia que sempre me transportaram até muito mais longe do que alguma vez pude sonhar …O sonho continua a transportar-me, como quem morre um pouco nas chamas de um fogo que lavra numa ilha que se vai vestindo de cinza derramando lágrimas para o mar, arrastando as árvores da vida para o luto  que silenciosamente tinge o céu …Não me venham dizer que o meu pensamento vomita emoções ainda virgens e que o ego esconde do medo, não,  não digam isso! É nas entrelinhas que escrevo a explosão dos sentidos, é nas entrelinhas que faço a gestão das ironias e do culto perfeito da ética hipócrita ! Todos os dias cresço e é isso que  cada palavra me faz ou me pode fazer , porque quero acima de tudo sentir-me livre numa liberdade exposta sem  nuvens que nos passam por cima da cabeça, não existe liberdade quando nos fechamos ou nos restringimos às margens de uma folha de papel por isso é que ainda ando a pensar que força tem esta coisa das palavras, palavras que unem e desunem e de que forma é que tudo se pode manter, sem com isto perdermos traços da nossa personalidade…

terça-feira, 1 de outubro de 2019


Hoje as minhas mãos  agarram o gemido da noite que cobre ainda as árvores , deixando os seus  frutos que arrancam sem ruído o caroço da  promessa de noite escura. Tento mudar a alma da minha bagagem para este mundo, onde os anjos desenham o rasto do caminho…Fecho os olhos e venço o desejo de me rever ao espelho , tento saber de que lado estou.  É ai que me sinto.  Olho-me bem, a imagem não se  desfigura,  este olhar precede um outro bem mais desperto e mais real que sobrepõe o meu…Os Deuses cruzam-nos,  cruzamos olhares,  perdemo-los quando somos engolidos pela multidão a cada passagem nas avenidas da vida, deixamos a alma e a nossa bagagem num outro mundo , nem sei bem porque…Hoje as folhas caem das árvores, gritando as suas preces quando tocam o chão,  alguém acende a fogueira no caminho, para turvar a sede dos sonhos ?! Sinto que deixo o corpo suspenso como quem deixa uma roupa no estendal, suspensa, encostada ao parapeito do abismo, a tentar escorregar pela noite, de pés e mãos que se atam e desatam, esvoaçando o tronco no túnel do vento como um anjo que se sacode e se deixa secar no fim da viagem…




terça-feira, 24 de setembro de 2019

Hoje trago as mãos fechadas, como se já não abrissem por ninguém, como  duas asas paradas que não tem céu para bater…Vejo  rugas  marcando as minhas mãos , parece que vão deixando a alma presa a desenhar caminhos vãos... Vou aprender o caminho, sim aquele que vem do mar e vai dar a casa, onde a areia se desfaz, apagando vestígios das nossas pegadas no areal! Há sentimentos que chegam com as marés, á nossa ilha deserta , não trazem rotulo , memoria ou remorso, apenas sons que nos fazem recordar o como somos vazios e ao mesmo tempo náufragos de pedaços de céu… Todos queremos o nosso pedaço de céu, trazemos nas mãos  notas de um som só, de um ritmo apenas! Há anjos que se erguem dos sonhos, outros de asas erguidas voam na direcção dos céus. Usam mascaras nas suas viagens, flores no olhar e dias claros de sol cortados a meio, fazem as primaveras, umas atrás das outras. Desenham dias redondos de luas em quarto crescente, projectando bocas abertas em busca do ar que nos escapa, partes de todos nós, sonhos que mantemos,  prazeres de instantes em silencio, que nos rasga a pele de ausências em notas de um só som!

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Hoje na  noite escura,  não reconheci o caminho, como se a cegueira da visão me bloqueasse os sentidos, enrolando nela as emoções e não me deixasse  reconhecer  as cores. Fico perplexo com o desnorte do caminho irregular que se desenha aos meus pés, opto por caminhar na berma acompanhado por sombras e  águas vestidas de reflexo que deixam o meu olhar vulnerável…. O dia Acordou  e nada mudou, chove gotas de sol, pétalas de luz crescem nos ramos secos das árvores despidas, sustendo as ondas do mar longe das gentes , que parecem viver de braços escondidos como os seus tesouros se  escondem da infinita eternidade…Hoje, a noite clareou , na metamorfose do dia, fazendo crescer os segredos e mistérios nos espíritos inquietos que desaguam na minha existência. Nem sempre é fácil transcrever ou escrever coisas que vem na mente , as ideias vem e vão, mas fica sempre uma insistente e por vezes nem a queremos escrever…Mas!!! Faz-se o dia, e as mãos trémulas buscam a consistência do toque, no olhar que se afunda entre nuvens e nuances de azul que conduzem o horizonte desbotado e distante . É nesta vista mais densa que consigo viajar, no tempo, no corpo, estabelecendo uma paridade do corpo e Alma…Sinto o gosto Vulcânico misturado com as cinzas da minha lava que arde  que me queima a chama , deixando-me sem combustível para acender a labareda  do meu existir nestes mil km de distancia entre a noite escura e o dia que nasceu…

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Hoje venho aqui para dizer que, ontem me dei conta do tempo que me falta para vir aqui…Pode parecer que a  inspiração anda adormecida! Mas, não… Sei que somos feitos de instantes, alguns belos, outros, nem tanto! Alguns,  alegres, outros tristes, alguns, uma eterna confusão… Mas, são esses instantes, que somados me fazem escrever cada historia e é isso que nos faz ser  únicos.  É nos pequenos  instantes, que construímos nossa personalidade, moldamos nosso caráter, amadurecemos e adquirimos sabedoria…É nesses instantes que, podemos ver algo que jamais esqueceremos, ou sentir algo que não havíamos sentido antes, mergulhamos  dentro de nós para nos toleramos  um pouco mais, quem sabe assim, se possa colorir mais a vida. Há pessoas fantásticas , que passam por nós por breves instantes, deixam marcas difíceis de esquecer o que contrasta com outras que nos cruzamos diariamente e nos esquecem, e esquecemos facilmente !  Tenho dias que vejo poesia no caos da vida, não há uma ordem humana para encontrar a beleza numa selva…Por muito que caminhemos descalços não sentimos a erva húmida da terra nem o calor das suas entranhas, caminhamos na vertigem do coração das montanhas, entre florestas e nascentes orvalhadas em noites de prata, esta é a poesia da natureza selvagem… É nessa irreverencia que somos brisa na energia oculta das arvores , criamos desprendimento da vida, no decorrer dos minutos, em que o presente se torna passado e o futuro presente…Este é o palco onde a impermanência do encontro se torna no desprendimento da Alma, desligo-me do derradeiro desfecho e escrevo a minha pacificação que me veste de felicidade genuína…

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Hoje vou contar-vos uma coisa, uma coisa que muitas vezes esquecemos e isso acontece quando  vivemos a vida em função dos outros, sim eu sei que acontece,  todos nós temos as nossas prioridades e isso leva-nos a acabamos por esquecer de nós. Esquecemos do que somos, do que era o nosso sonho, aquele sonho que era apenas  nosso. Não é fácil, fechar uma parte de nós, e , adormecer algumas coisas que eram importante para a nossa realização pessoal, mas!!! Muitas vezes, não temos escolhas. Faz-se necessário, trocar nossas prioridades, deixar vontades em gavetas, para dedicar ao que se torna parte fundamental em nossas vidas, então quase deixamos de existir...Eu já o fiz,  certamente ainda o faço, mas tenho consciência disso, é como se adiasse os próximos capítulos da minha vida, dando uma pausa que acaba por se tornar definitiva…Só que, lá fora, a vida continua. A pausa, é só dentro de nós! Então, fica um vácuo, um espaço, um caminho entre o antes, e o agora, o agora e o depois. Não há segundas chances, não se emenda a história. Não existe uma ponte, nem um caminho para voltar e fazer uma visita ao passado, para depois retornar, dando um nó ou um laço para unir as duas partes. Ando com uma saudade estranha, do que poderia ter ou ser, nesse vácuo, nesse vazio que faz borbulhar uma curiosidade de como seria eu, nesse espaço que ficou em branco… Saudade de conhecer-me nesse universo que ficou por preencher com os meus sorrisos, com a meu olhar e  do cheiro da chuva nas pedras desse lugar... Que não pude empilhar e construir esse forte que hoje me faz falta para me abrigar…Hoje estou assim simples mas fazendo uma utopia com o complexo da vida


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Hoje sinto o cheiro a um Outono  que se avizinha, a minha alma elege-o como a mais rica estação… É ele que pinta meus sentidos com as suas cores, seus aromas,  e essa sensação de despedida que deixa no ar, vai-se transformando em saudade… Talvez seja o melhor momento para virar paginas, desse livro,  que tem sido a minha vida escrita e descrita nas palavras que se vestiram de sentidos e se fizeram emoção, na esquina do pensamento ! A dor muitas vezes não se entende, escrever é como  lavar a alma, secar lágrimas, amar e sonhar…As palavras são uma embalagem onde cabem todos os sentidos ou aqueles que se podem partilhar…Nem sempre são sentidos assinados, sim porque sei há muito que copiam textos meus, mas !! Se formos a ver , isso não me preocupa…Os meus sentimentos são iguais a aos teus, os vossos, aos humanos comuns…Não pensem que vou deixar de escrever, não,  não o farei, até porque aos milhões de cliques eu acho que devo algo ! Uns assumindo-se como seguidores , outros anónimos visitantes e outros invisíveis e discretos, que vão lendo, na sua subtileza o que sinto …Se não escrever , acho que deixo de acrescentar vida aos meus sentimentos,  por muito que eu às vezes sinta vontade de encerrar a vida deles, eu recuso-me a apenas guardar lá bem no fundo o que a minha mente e alma palpitam. Jamais guardarei o que me fere e o que me faz sonhar , prefiro perder-me  no meio das preces dos Deuses, do que deixar o meu corpo onde  tenho vivido, sofrer da fome do esquecimento…É a saudade que nos faz sentir que somos feitos de sentimentos, , formas , memorias, historias, momentos, silêncios,  paixões e dores repetidas. Somos feitos de amor, lugares, desamor, sorrisos , lágrimas , somos todas as estações e  instantes de todas elas …

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Hoje faço-me apenas de humano, sulcando os buracos que  deixei nascer no meu  peito. Viajo para além de todo o horizonte, para lá do eco da  humanidade , onde se decide se mais vale ou não, estar parado de frente para os pequenos e infinitos abismos que alguns transformam em entradas para que outros apenas tenham de mergulhar…Cada dia que se finda , coloco o tempo na cauda da promessa , que se gera na semente  da luta divina ! Para além do que nos é possível, enquanto humanos , sonhamos alcançar os abismos intransponíveis  nas barreiras dos corpos que se unem como mãos e se tocam, beijam e perdem…não semeiem em mim a potencia do ressentimento, porque somos distancias em corpos opostos que se mergulham na possibilidade de esbarrar na barreira de outros e isso dói…Construo o  meu cais, de pessoas de peito aberto, que despertam gestos, nas suas palavras incomportáveis, que voam nas marés em ondas rasas,  escrevendo olhares que afundam desejos ...Sou apenas mais um humano que luta corre , cai, e muitas vezes nem consegue sair do mesmo lugar, sinto-me indefeso , pequeno perante os passados que espreitam…Todos nos acusam, todos nos sentenciam como se fossem eles a tomar as decisões das nossas vidas! Isso leva-nos a alhear-nos da terra, da vida, das mentiras e verdades que a constroem e nos fazem mergulhar no nada… Como se tudo fosse mais um nada, e nós o Universo desse nada!  

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Hoje há  um céu enorme em tudo o que tocamos ....Sem duvida que há e um dia tive uma proposta de amor vinda da alma onde havia um universo de palavras simples por dizer, onde havia um espaço imenso que se separou pela dor, onde nasciam olhares sussurrando o amor… Houve esse momento na minha vida ... Que deu importância à minha existência, mas hoje já não há lugar para a reinvenção das sombras só aguardo pelo nascer da manhã , esta sim a inevitável luz que se fez na minha vida presente … Hoje vou falando comigo mesmo como fazem os loucos, enquanto ao meu redor sinto anjos a esculpir no céu!!! Chego a convencer-me de que tudo é possível, sinto uma força imensa, invisível, Lá fora no céu há agasalhos de luz, afagos da maresia esbarrar nas pedras , deixo-me embalar pela rebentação das ondas e adormeço sem a esperança do amanhecer, misturando-me com as cinzas da tarde, das palavras que aqui vou transformando num livro antigo de culpas devoradas pelo fogo que faz de mim um trovador surdo , vagabundo , que bifurca o coração deste mal sentido, que derramo nas mãos pesadas do desentendimento, por isso deixei-me perder neste mundo…Hoje sou uma estátua cansada, que baixa a cabeça, no aconchego de uma casa vazia numa reza, sem terço, que procura esmagar esses dias de frias recordações pois é tão urgente não atropelar o começo…As ondas esbarram nas rochas e não há nenhuma que resista à violência da raiva deste mar que Deus exalta sobre mim , onde anda a mulher que congeminou feitiços de amor que o vento fez cair sobre mim!!!??

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Hoje nem a musica entra no meu corpo , devoro minha pele como fogo incontrolado, que engole as matas , os campos , as casas… Não há brisa que nos conforte, para quê entregar os pensamentos neste fogo apertado que despe o solo e deixa o caminho repleto de imprevistos roçando as esquinas e ruas que deixam as memorias engolir bairros , vielas, ruas e labirintos que sempre nos acompanharam na caminhada…Há bairros a desmoronar, mesmo com esforço esgotante os heróis caem um por um na calçada , nem as igrejas abençoam os padroeiros destas freguesias…Batem as portas , descem dos altares, anestesiando as musicas que  outrora arrepiavam os instrumentos que emprestavam as notas para os poemas de amor! Hoje as lágrimas podiam cair dos céus, serenamente atravessando as chamas do desejo, rasgando bloqueios e escorrendo pelas calçadas turvas, acomodadas e esquecidas nas horas de impotência …Há maquinas de rasto no caminho, rasgando constelações de vida , retirando vida para proteger a vida! Hoje ficam as palavras no lugar das borboletas, da vegetação, amo-as , troco-as pela primavera que vai demorar a vir, pelos cheiros e cores que tão cedo não se irão recompor … E Vocês que assistem ao exterminar da vida no nosso “ interior” que direi vocês?! Que olhar vos resta , que armas poderemos juntos usar para regar as palavras que pouco explicam mas que já pouco mais que elas resta…

terça-feira, 23 de julho de 2019

Hoje digo-vos que podemos amar uma pessoa que não existe. Ou o amor é exatamente isso, amamos virtualmente e projetamos tudo que nos falta em alguém, a partir daí, vamos moldando nossa metade em outra metade!!! Somos doentes ao reconstruir os cacos que nos moldam? Não. Será que nossa vida deveria ser feita como um painel, juntando pedacinhos de pedras sem formas, formando belas imagens? Como ilustraria a minha vida, se assim pudesse? Quais cores usaria? Como perceber a matemática do amor? Dois mais dois ou dois para lá, dois para cá? É metafísico ou é altamente químico? Existe medida? Tantas perguntas mas agora pergunto como duas almas diferentes se encontram em meio do caos que vivemos? E, o mais ilógico, como almas diferentes convivem superando egoísmos e caprichos? acreditem uma pessoa pode amar alguém que nunca viu!!!  Digo-o porque o amor é algo maior que os cinco sentidos... Banalizamos tudo que realmente é importante, caminhamos muitas vezes com os pés no chão, mas sempre com a cabeça no mundo da lua. Eu, que sempre tive tantas perguntas, me calei quando percebi a resposta...Hoje eu sei que há dias em que não nos conhecemos, outros que esquecemos que vimos pela primeira vez... É ai que deixamos de nos ver pela primeira vez para sempre...

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Hoje confesso que há muito que não moro nos livros, não escondo que tenho saudades de ler , mas recuso-me ler-me , sinto-me envelhecido pelo tempo.. Perdi a infância, esta já é longínqua do meu destino…Escrevo muitas vezes sobre o perfume da nostalgia,  vou  esculpindo nas palavras as horas vazias, o afecto forjado nas noites serenas e frias, onde propago silêncios e desejos que transponho do papel para as lágrimas que me beijam o olhar nas asas desta face vazia. Sou o mesmo de muitos outros textos, moro neste livro onde o amor  é o oficio dos sonhos, não escrevo versos mas, partilho palavras que se colam ao corpo, no pequeno fascínio da nudez da luz indecisa no caminho que  as estrelas traçaram para mim…Já escrevi sobre enganos, já dedilhei o medo nas águas da minha praia, já parei inerte subjugado ao frio de uma manha a tentar descobrir as coordenadas dos meus sonhos , mas!!! Hoje sou apenas um fascínio de palavras teimosamente procurando um espaço meu dentro da vida…

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Hoje é nos gestos imperfeitos que suavizo curvas, destranco portas, afasto cortinas e instalo-me encima de tudo o que simplifico… Atropelamos em rascunhos traduzidos a química inesperada. Comparamos cores antagónicas na tentativa de arrebatar a vivência de outro alguém. Continuaremos a achar que o conforto está do nosso lado enquanto nos alheamos de protocolos que teimam diariamente em nos fazer representantes de uma inquilina a que chamamos de solidão…vamos desta forma fermentando o mosto que nasce em nós, enquanto sóbrios, aguardamos o vinho maduro dessa paciência…Eu sei que se beber  dessa luz que apaga a noite em mim, tudo acontece no sonho! Tenho em mim  esse enorme defeito, mas eficaz, de defender o meu espaço concreto, se não conseguir manter-me inteiro , jamais serei integro e serei certamente algo a mais no espaço e no tempo…Se eu beber dessa luz que me persegue, manter-me-ei na busca da realidade e estarei sempre prestes a um novo recomeço, um novo sonho... Hoje sei que esta embriaguez é só a indiferença que nos abandona no fim de tudo, por isso antes de ser mosto deixem-me ser as uvas frescas na videira da vida!

terça-feira, 16 de julho de 2019

Hoje se me tocassem nos sonhos, eles beijar-se-iam como a luz dos olhos que me persegue no ar sereno das rimas, rimas  que as palavras escondidas revoltam no desejo escondido do refugio do meu olhar… É no mar que corre pela praia que desaguam os barcos aprisionados , segurando os seus pertences nas redes que anos a fio resguardaram a sua luta para uma outra maré! Há gaivotas amedrontadas que circulam descalças pelo areal,  carregam voos picados nas suas asas feridas  pelo horizonte, escondem nas penas as amarras que pelo tempo se multiplicaram nas vagas que o oceano protagonizou. Há gaivotas descalças fugindo das ondas desejosas de chegar a terra  …elevam-se  para os céus, levantam-se desfazem desejos na praia que alcançam, morrem na areia e retomam o seu destino com a mesma força que lhes dá vida e de novo a praia para se perderem ….A vida  constrói-se através dos confrontos, lutas constantes para alcançar sempre mais, cabe-nos a nós, saber que passo dar,  para esses confrontos ultrapassar, como as ondas do mar... Nós temos obstáculos  uns mais íngremes que outros, mas todos nos fazem escalar, elevar, mas isso,  não nos dá o direito de ser cruéis , nem magoar nem ofender quem quer que seja! Hoje eu conheço-me melhor que ninguém, sou eu quem diariamente veste a minha pele! Posso ser e sei que sou,  um enigma, mas sou o que fazem de mim, e o que faço de mim! Se aquilo que aqui escrevo  parece estar assente num paradigma de um tecido grosseiro ou banal , do ponto de vista psicológico é , no entanto, apenas um ponto de vista da humanidade , um fragmento de um ser . Eu mesmo nada mais...

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Hoje gostava de viver com o pé na primavera,  esta sempre me ofereceu a ilusão da grandeza humana, quando o  trágico e o cruel nunca me serviram de consolação. Hoje sinto que estou com uma pitada de ironia nas mãos , ela consegue brutalmente revelar-nos  a insignificância de tudo, tudo o que é construído pelo risível, pelo irónico faz-nos viver na condição ingrata e egocêntrica, como se os outros não interessassem e só nós devamos opinar…Entre tantos ofícios que posso ter, hoje exerço este que não me pertence… Como um patrão que tudo julga,  ignorando que nas suas mãos também leva as rédeas do infortúnio … Gosto de escrever na obscuridade , mas não me confundam , apenas para ser dono das minhas cinzas , como quem dispara contra a morte! Hoje posso estar um pouco irónico, descrente mas eu já acreditei que eram os muros que separavam os Homens, as terras de outras terras , mas!! Tudo os pode unir, não há muros somos nós a eleva-los nos nossos olhos, essas muralhas da vida…Posso estar irónico mas gostava de falar era de amor, daquele sentimento que não mente, que não é rico nem pobre , apenas nobre...Era desse sentimento que queria falar, que ninguém vê, mas que anda por ai...Era do amor que queria falar-vos, desse que só um olhar sente, gera e prolonga as palavras, vagueando pelos cabelos e desaguando nas veias ! Percebem onde esta a primavera?! Esta está no sentindo que viaja pelo espaço , rasgando desejos adormecidos, libertando todos os que de amor padecem, a cada silêncio que nos aconchega na voz,  fazendo sair sons de lábios fechados em direcção ao infinito..

terça-feira, 9 de julho de 2019

 Hoje de noite fui Visitado pela incomoda insónia , deixou-me a  alma em carne viva, fui obrigado a sair acompanhado simplesmente pela minha sombra, única companhia que ainda nos vai tolerando ou até mesmo,  nós mesmos tolerando… Numa esquina da estrada avisto o céu  igualmente perdido da vida, sozinho sem nada para o acompanhar… Seguiram-se momentos de silêncio, olhei-o não sei quanto tempo fora,  mas pareceu-me  uma eternidade. Penso que grito baixo demais…Sim , a minha forma de gritar é aqui , fico com os  meus dez dedos a sangrar. Sinto muita dor nas costas, pois o teto é baixo demais. Fico assim, encolhido, os meus joelhos quase que tocavam o queixo. A noite  é como se a verdade fosse um único pensamento, divago sozinho,  com o pensamento colorido , olhando as brisas do verão que teima em chegar…Só em frente ao mar sinto os versos de calma, que a maresia me vai despindo , roubando as defesas,  deixando a água despir-me sob o olhar das estrelas que desenham a árvore do meu jardim, como se o amor me encarasse olhos nos olhos, inundando-me umas vezes de tristeza outras de loucura  …Eu sei que a dois partilha-se melhor o peso do isolamento, mas!!  Chove no céu, a praia fica desbotada , a neblina esconde-se no horizonte e instala-se o terror  do lado escuro da lua, como se fosse um amor moribundo embalsamado que deixa a grande ilusão da vida ... Talvez seja por isso  que metade de mim sejam palavras e a outra verdade ou metade de mim é vida e a outra é saudade…

domingo, 7 de julho de 2019

Hoje , bem hoje , sinto o desejo de um beijo, Verdade …Como uma semente plantada num chão ao acaso...E enquanto consciencializo esse desejo, estranho a agonia de uma fome, sinto um sentimento que se torna enorme e impreciso, preso entre a dor e um sorriso… Eu uma vez amei, eu uma vez beijei, e sempre o fiz com a verdade que trazia na alma. Era doce, lembro-me eu, até arrebatado como um som de paixão, mas nele levava servido, numa salva, o meu coração. Recordo-me assim agora, quando tudo para e se agiganta à minha volta o pensamento e a minha cabeça fica à nora… sinto saudade sim !!! E sinto-o por ter sido verdadeiro, que num beijo cabia o mundo inteiro. Sinto a falta desse momento, dessa pequena eternidade na  minha Vida… Faz-me silenciar porque mais parece que todas as palavras saem roucas…Não se reproduz, não se iguala, esta vontade que não se sacia nas palavras. E infelizmente esta fome não se cala. Mas que tempo este!! Passa por nós, indelével , não é?. Cruel a forma crua como por nós passa…Ainda agora estava cativo nos teus olhos de praia, e já danço no balanço da ondulação que me apartou para outra margem. As minhas pernas tornaram-se caminho e os meus olhos, em mistérios da alma .Mas!!! em qualquer bocado de gente, o passado cresce constantemente, enquanto mirra a expectativa do futuro indulgente. O passado está a nós colado, o que fizemos dele fez-nos a nós,  o que somos e deu-nos voz. Receio que deseje baixinho o que o futuro já não traz

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Hoje até seria suficiente um toque. Um leve aperto em grito de tempestade, para um abraço ter a força da saudade...Tem dias que basta uma palavra, um olhar colorido deste lado da grade que gera saudade…Hoje bastava um desejo, para incendiar o fogo que não se apaga pela idade, nem pelo abraço em forma de saudade... Toda a Gargalhada é nervosa na sua fragilidade  porque o sonho nunca morre! Não há ecos de nomes no elevar dos ventos da eternidade , basta olhar este mar , repleto de águas que perfaz o todo e a metade nos dias em que um simples passo gera uma pintura ! Não há rastos…Há caminhos que percorremos, cerramos o rosto, fechamos os olhos , sem casa acolhemos a dor,  a cor, que geometricamente fazem marés na alma…Se os ventos me levassem à frente do Mar, e em  cada onda um beijo se desenhasse, eu me vestiria de novo , mas com o mesmo nome, mesmo que o silêncio se fizesse no parapeito da minha pequenez…Os meus afluentes não secaram, apenas não há rio para desaguar esse mar, selvagem, que me separa , que me reduz em pequenos cânticos fazendo-me ficar, por isso fico-me em compasso de sonho lento onde metade de mim é pó e a outra vento...

terça-feira, 2 de julho de 2019

Hoje foi um dia difícil senti a saudade e a morte lenta dos sentidos que a ausência trás . Senti-me flutuar junto do meu espaço momentos antes sem acordar. Sabia que se abrisse os meus olhos a vibração do meu sorriso se esfumaria na pressa do tempo real. Por isso, mantive-me estático, com os olhos afogados nas teclas. Só a sentir-me. As palavras escorriam-me pelos dedos e sorria pacientemente, com olhos doces de saudade, enquanto senti uma mão fantasma nos meus cabelos com a paixão de outrora. Sopro um beijo de despedida mas saem apenas palavras com vida. Fico inerte, ainda de olhos cerrados, com um arrepio permanente que ainda percorre todos os nervos do meu corpo e me impede de deixar de pensar.Trago em mim em cada lágrima que cai vagarosa uma voz escrita nas linhas do passado, sinto no silêncio que tanto se agarra em mim, a luz que me desperta para a vida e por trás dos meus olhos a imagem que me alimenta a força de ser forte. Mas!!! São apenas palavras que revisitei em minha vida nos lugares, sem sorrisos, sem abraços, sem ternura e cumplicidade, construídas nos laços que a vida nos oferece. As cores de uma presença preenchem a dor que hoje é profunda e apaziguam este choro ferido de me sentir distante do amanha , que dorme em mim e não me deixa acordar !!

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Hoje cessa-se  a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras... 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Hoje no olho do sonho vejo tudo,  sinto que do outro lado da montanha existe um mar cheio de nós. Nós encruzilhados,  amarrados que cantam e desenlaçam os sonhos. As marés, essas, são as respirações que os deuses colocaram nos desejos das ondas, onde se espuma a sua caminhada. Do outro lado da montanha ecoam as vozes, cantam-se as viagens, sussurram-se os abraços. Sei que no outro lado das montanhas há um labirinto aberto de cores e cheiros por onde  o meu sangue  percorre as memórias e entre cada nova respiração deixa os olhos mais perto do mar… Pergunto qual é a parte de mim que anda por ai nas palavras,  é que ouvimos dos outros apenas o que conseguimos entender, sim tal e qual um jogo infantil, onde é preciso colocar  blocos de formas variadas em orifícios correspondentes, para que estes encaixem, assim é nosso espírito assim é nosso entendimento… Como se no nosso “jogo” não existe uma determinada forma, ou  a dispensasse-mos, ou tentássemos coloca-la no jogo em outro local, onde este “bloco” se encaixaria à força, distorcendo sua forma original. Só assim, passamos a espelhar no outro aquilo que nós somos,  porque no olho do sonho vê-se tudo, cada pequeno pedaço da nossa  imensidão  é um  mar aberto de tamanho sem fim, de sabores que se inventam num impulso quase hereditário dos sonhos em que me procuro…Hoje no olho do sonho vejo tudo, pego em mim, faço-me vento, embrulho-me na nuvens, elevo-me aos céus …Tenho lá uma saudade à minha espera!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

 Hoje vou fechar os olhos e sonhar que estou pintando na minha tela alguém  porque  tudo o que a minha mente cria, o meu coração acolhe é assim que me sinto  um acolhedor de sonhos que o destino acolhe…Eu sei que há pessoas que gostavam que eu fosse mais pratico, mas não o sou  não fui feito para ser prático apenas autentico,  só desta forma as pessoas sentiram a minha falta quando eu partir…As pessoas  detestam-nos quando somos diferentes, as pessoas odeiam a grandeza de alguns seres, e amigos,  para ser enorme  basta muitas vezes,  enobrecer a vida, percorrendo caminhos da ilusão, escrevendo sonhos, repartindo os gestos…Há carne que já não tem espaço para setas  trespassarem, e é nos barcos e sonhos de caos  que se afogam lamentos e semeia-se esperanças ao vento, fazendo lançar-se papagaios de amor no alto das falésias de lava adormecida  entre o mar e os céus… Sosseguem os olhos nas esquinas das histórias! Levantem e Pintem de novo a poesia! Fechem as janelas, fujam da ventania e dos cânticos de vielas … Arrastem-se pelos areias da ondulação neste andarilho DE VIDA , turvem as águas sem cor de guerra, deste mundo vazio e banal que se enjeita feito canibal, com  voz de mostro,  na vertigem da falésia que resiste á lava adormecida…Quero deixar o cântico da saudade explodir em mãos entrelaçadas de silêncios em todas as eternidades possíveis…Pontuem-se as palavras , cerrem-se os dedos, limpem-me o sangue, não me peçam definições, nem tão pouco me digam onde devo virar ou estacionar... A minha vida é um vendaval que se solta aos poucos , um átomo que gera uma onda que não sabe para onde vai, nem onde está, mas sabe bem que não irá por qualquer sitio...

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Hoje falo do beijo , sim do beijo,  porque tudo num beijo é misterioso . Ora vejamos, tudo começa na mera  vontade de beijar, que vem não se sabe de onde, lá dentro de nós ou de uma atração por um pedaço de ombro,  por um pescoço destapado, ou por uma mão simplesmente parada na nossa. Basta uns lábios  semicerrados, para, sentir aquele arrepio! E o que falar da velocidade do beijo, acho que quanto mais lento mais falam…Sim , os beijos  falam, dizem coisas com uma rapidez que não conseguimos controlar…Imaginem um beijo apenas no rosto, o que ele vos diz? A mim , ternura pura , respeito… Eu Já quis inventar  beijos! Mas.. O que mais nos toca nessa arte? Será  as mil formas de os entregar. Beija-se alguém quando se escreve, beija-se quando no meio do dia nos preocupamos em saber dos nossos, beija-se quando se escolhe uma música,  beija-se quando se planeia de véspera um jantar a dois, beija-se quando se fotografa o outro num momento inesperado…Com isto, quero dizer que há beijos que são apenas isso, mas há outros que são gestos que nos fazem sentir que cuidamos e somos cuidados…Não é só os lábios que beijam, o corpo beija, a voz beija, a pele beija, num simples abraço sem duração… Não vem nos livros , o que efetivamente liga duas pessoas, a vontade de querer alguém, a ansiedade dum simples abraço, a saudade de uma presença …Mas vem nos livros a dimensão que o amor pode ter,  em quem o vive, é esse o orgulho maior na vida de hoje! Seja amor de um filho, de Pai , seja de quem for, é isso que nos liga à vida, muito mais que meros sentimentos , estar presente sempre sem querer nada em troca… Há beijos que se passeiam entre as estrelas e o luar, vivem a vaguear entre o espaço e o céu, entre a terra e o mar, entre as palavras e o vento carregando nos seus sussurros o desejo da paixão que o beijo possa despertar…Sabem , hoje falo do beijo que é um pouco do nada, ou talvez seja  parte do todo…Mas, o todo jamais caberá no nada! Digo-o porque o todo que vira nada, nunca foi um todo…Hoje falo-vos de beijos, descalço vestido de fé numa viagem longa,imensa,  que dói !

segunda-feira, 17 de junho de 2019

 Hoje pergunto-vos se sabem o que é viver num CIRCULO ? É estar num bailado entre o sagrado e o profano entre caminhos sem laços e sem lado a lado em cima de um muro estreito frágil… Vedado de arame farpado do destino, onde enrolamos as nossas mentes, rendilhadas de espinhos e vontades puras, incandescentes, cadentes…Sinto-me desmaiado, nesta dormência cansativa, de vozes, no meio da delicada vida, cheia de nada ...Eu já arrisquei um estender de mão, onde os intervalos dos  dedos se entrelaçam nos espaços de outros! Neste para, avança, perdi-me nos contornos da neblina dos  olhares , divinos fascínios da alma, numa mera escritura lida em voz alta que espalha numa pauta escrita pelo vento o sabor das horas perdidas, aquelas que fiquei a olhar o horizonte…Esperando…Nos abraços sonhados e nunca dados! Nos beijos desejados e nunca provados! Esquecendo as mentiras dissolvidas no futuro quebrado!  Hoje deixo a minha companheira , a lua branca, iluminar-me a alma dos silêncios na noite que vagueia na folhagem deste matagal ! Não há inspiração divina  no clarear  do coração ! Ainda assim, ajoelho-me na luxúria no sonho dos corpos amados perdidos em suores num orgasmos salgado de paixão ! Desejos da alma ficam nas contradições que minam o pensamento bombeando o sangue que percorre-me as veias em reboliço e assalta-me o coração de dúvidas, e espasmos constantes numa timidez que roça essa certeza   querer algo e não encontrar… Este é o meu Circulo, onde tento persistir, mas como respirar sem sentir dor, como procurar a luz , sabendo de antemão que é na escuridão que consigo encontrar a saída deste labirinto, tanta pergunta-me me faço apenas porque  há algo em mim que silencia quando Grito... 

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Hoje se me faltarem as palavras no tempo que se desenha e eu não conseguir contar, como foram as minhas andanças, descaminhos, perdas, achados, então,  eu irei abrir uma brecha nesse emaranhado de razão, para ao mundo mostrar como brilha um raio de sol numa manhã apagada pela rotina….Eu sei que há e eu também as tenho, palavras intraduzíveis de uma vida de espera, que assinalam a normalidade da minha negação, a uma forma pálida de viver! Se os nossos corpos não passarem de um casulo, perdem-se numa queda livre como um desenho magico que só os deuses irão conseguir ver, nas teorias, ideologias, crenças que os papeis jamais retratarão …E se deixasse-mos de ter as palavras, já pensaram? Viveríamos o amor instantâneo !! Por isso hoje estou esperando, talvez tentando salvar o meu tempo perdido, deixando a luz cair para não aprender toda a verdade, resignando-me com o destino, porque não preciso que ninguém me derrube apenas preciso que alguém me abrace enquanto espero…Percebem porque sou exigente comigo mesmo…Hoje gostaria que estivessem desse lado mais um pouco, a minha fé pode ser abalada mas jogo-me nas palavras , levo-as nos ventos,  como um tornado, mensageiro de maresias onde a semente emerge desse sopro invisível no abismo oceânico ! Façam o favor de dar vida ás palavras, elas não são só depositarias de ausências  que comportam a escuridão…Estranhamente fazem de mim abrigo, memória, obstáculo ao triunfo do espírito, cicatriz onde a fenda da fé sorri do banal !

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Hoje sinto que o meu conforto é quieto , parado, previsível, intimamente estabelecido, como uma pedra, e por mais que cada detalhe seja analisado a sua atmosfera é pálida como a cor de uma rocha que o mar não banha … Tudo porque a rocha é previsível, confortável, confiável, estática… As pessoas passam e a rocha continua. Mesmo sem sentir um beijo do mar, ela se renova, porque os olhares mudam, os sentimentos também, mas os lugares são sempre os mesmos… Hoje estou assim , tentando fazer combinações entre as palavras, talvez essas consigam dar brilho à rocha… A vida é assim , temos vezes que perdemos no amor para ganhar nas palavras, talvez essa seja a poesia da minha vida, ainda assim tenho o sorriso aberto, estrelas nos olhos que projectam luz neste vazio que é o céu aberto…Se Deus mora em cada detalhe, a paixão mora em cada detalhe também, cada toque em nós é sentido, cada detalhe de beijos selados rasgam os sonhos e quebram distancias, fazendo o infinito serpentear em nosso redor …Se não sentirmos essa sensação de divino em cada pedacinho por nós  partilhado então,  nunca partilharemos o brilho da vida que nasce nas sementeiras da terra, porque nós não somos terra … A única coisa que podemos ser, é sonho, e fazê-lo fluir pelas palavras , neste pêndulo inerte que suspende o infinito na  espiral dos sentimentos que afinal de contas pertence ao nosso espírito  e jamais o levaremos deste desejo instantâneo que é a paixão…Quando se desaprendem as palavras, vive-se apenas o orgulho , egoísmo que se vai tornando numa arma inflexível, implacável até nos afogarmos de vez…Podemos afogar -nos de apenas duas maneiras: Submersos em água onde a morte é rápida e ritual; ou; submersos em vida onde o corpo paralisa na rotina minuto após minuto, minuto após minuto….Tique Taque ! Como uma Rocha...

terça-feira, 4 de junho de 2019

Hoje estou entre a percepção da estrada antiga e as braçadas a braços fortes contra a maré das novas e tortuosas ondas que sustentam as multidões cheias de nada e padecentes de essência própria… O mundo está repleto, mas de poucas pessoas, sim , gente vazia de vida sistémica,  que sem reflectir aceitam e vestem as máscaras para poderem ser aceites e inseridos em círculos que não os caracterizam, limitando-os na sua existência. Vivemos neste Circulo de meras e repetidas cópias incansáveis de pobres paradigmas, tão superficiais quanto os sorrisos que esboçam… Porque caímos nesse declínio? Porque nos esvaziamos de nós mesmos,  na perplexidade do eu, cheios de orgulho por ser-mos, meros actores da realidade, que se regem dum colectivo que nada mais é do que um conjunto de outros vazios!!  Porque tentamos procurar nos outros aquilo podemos encontrar apenas em nós mesmos? Hoje vivemos num clima desmedido de Orgulhos. E o que nos fere o orgulho, será  ficar triste que nos tratem por seres inferiores ou apenas por não notarem na nossa existência? O que quero deixar claro é que o orgulho também pode ser competitivo no ser humano por natureza própria de cada um , ao passo que  os outros sentimentos só o são acidentalmente ! É que o sentimento do orgulho não está só em ter algo, mas sim, em ter mais e melhor que as pessoas do lado… Podemos ser ricos , inteligentes ou bonitos , mas as pessoas podem dizer isso sem ter uma base mínima de riqueza e beleza e inteligência ? Penso que não, porque se fossemos igualmente  todos bonitos ricos  e inteligentes  não havia  orgulho em sê-lo.  Porque temos de fazer comparações, não estaremos a ser covardes e a descer a dignidade dos outros e de nós mesmos? É esta ditadura do orgulho que corrói a possibilidade  do ser humano,  se elevar a um nível espiritual que dignificaria o bom senso, é por isso que me jogo nas palavras, porque faço-me vento, , maresia, brisa , tornado …Umas vezes doce, outras vezes um sopro que eleva a terra aos céus. Continuo preferindo jogar-me nas palavras , estas são o abrigo da escuridão, na memoria e na promessa negada do obstáculo superado ….

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...