segunda-feira, 24 de março de 2025

Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas que não querem que ninguém faça senão eu, ou que as flores à beira mar são de jardins perfeitos que antes só existiam nos sonhos ou que na curva dos meus braços as horas são mais pequenas do que uma voz que no escuro se acenda...Que, ainda assim, eu ficaria aqui no meu silêncio a rasgar cidades no mapa do meu corpo, como quem descobre um novo caminho com os desenhos da ponta dos dedos fazendo fronteiras exactas no meu rosto, contornando rugas, sinais, cicatrizes, escondendo o lento sulco das lâminas onde se enterra o mistério do amor e se escreve noutros corpos, noutras camas, noutra pele o choro, que as palavras entoam, sem querer misturar as chaves do coração...Talvez não exista o tempo como alguns dizem, o presente contém talvez o acaso e todo o futuro que aguarda o passado onde nós fomos outros. Assim dizem...O tempo, sei que é como as palavras, mas estas não são um jogo qualquer para passar o tempo, é feito de caras desconhecidas em cais, espelhos onde se detem os sentidos que não distinguimos, dor antiga, que não vamos aqui nomear, de todos os que amei e perdi...O tempo é o que inventamos para escapar as horas vazias... Não sei como há quem pense que o tempo não é real...O tempo não é um sonho, e a demonstrá-lo está o próprio tempo, que converte estas palavras num pedido a que tenta de novo contratar a primavera para desenhar as flores, com os dedos da chuva a resvalar nos galhos na copa das árvores que escondem o sol de todo o universo para lhe pintar as cores com seus pincéis de vida! A gratidão transforma o que temos em suficiente, o céu não é apenas um lugar, contudo, para lá chegar é preciso fazer um caminho, íngreme, cheio de desvios, encontrar essa porta de forma inesperada é muito raro, dificilmente a vislumbramos, é pouco acessível e parece ter uma capacidade única de mudar de sitio! Na verdade, todos os seres procuram o seu céu, algo que os transcenda, lhes dê paz e felicidade, lhes dê, afinal, um sentido para a Vida. Estará a porta do céu ao nosso alcance? Ou não passa de uma quimera, em que gostamos de acreditar, porque nos dá esperança e coragem e força para persistir perarnte as adversidades? A porta do céu, a existir, não terá chave, é profundamente imaterial, provavelmente só será alcançável quando nos libertamos de todos os anseios, desejos, preocupações e sonhos... Nem a morte nos possibilitará alcançá-la, se morrermos zangados, revoltados ou cheios de ódio no coração. Só a alma sabe o caminho que leva à porta dos céus, mas para lá chegar teremos que ir leves, livres, sem prisões ou correntes...Hoje vejo daqui a ponte que atravessa o rio da expressão verdadeira e comum do amor, lancei os estimulos que queria...Porem, parei incrédulo, num céu feito terra...

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