Hoje é no traço leve da
pele que me perco, desse rasgo em que me resvalo, porque já amei para lá de tudo aquilo que eu sou, até muito
para além de tudo aquilo que muitos são! Por isso calo-me, penduro as minhas palavras no cabide, dos meus
conceitos, que outrora definiam, agora definham…Chegamos a um ponto em que o
espaço deixa de ser por “nós” para um mero eu…Nos despimos desse
manifesto de vida que nos faz sentir
como roupas sem dono, pele sem corpo,
vida sem sonhos! Hoje escuto grunhidos, ruídos, gemidos, aproximo-me, vejo este
corpo escondido nas roupas, envolto em dor que se vai disfarçando nos
sorrisos que a pele untada de creme vai
deixando cair no silêncio das palavras, nos conceitos das formas que o pêndulo
do tempo estabelece neste espaço vazio…As lágrimas brotam no sorriso inacabado,
fonte que me banha sem medo nesta brisa que o calor transporta, sinto o mundo dentro
de mim, calo-me ! Agora opto por ouvir,
compreender o que já esteve tão perto, porque nem sempre o valorizamos!
Passamos ao lado de tanta coisa importante, esquecemos sentimentos que temos
no coração, desistimos de tudo o que nos faz felizes, deixamos o destino fugir
para nos sujeitar aos restos de quem não nos ama, entregamos-nos a uma cama
vazia feita de pétalas de sangue…Todos nós já tivemos uma hemorragia de
tristeza, ficamos anémicos, viúvos do sonho, nas pegadas da nossa historia mas eu,
insisto ao invés de dormir, opto pelo despertar …
segunda-feira, 29 de abril de 2019
quarta-feira, 24 de abril de 2019
Hoje o dia acordou feio e sombrio, correu em
mim um frio húmido, num vento grave que sabe a descontentamento onde a água
afoga a terra… Acordei assim nu, agasalhado pelo sonho, com estas palavras
beijando o papel branco onde não havia luz para o inicio de gestos!!! Hoje
liberto os sonhos e as distâncias dando braços à ternura fazendo cair as
ânsias…Hoje estou como uma criança de mãos vivas cheirando a vida, envolto
neste grito de saudade e nostalgia!!! Abro os braços uma ultima vez amputando o
adeus do dia… Os sonhos não têm cor, os homens não têm asas, as auroras
escondem as estrelas, os segredos sobem o abismos da alma nesta floresta de
palavras onde cravo um punhal na tela que pintei de mulher …Eu sei que nem tudo o que é vejo bom, nem tudo o que sinto me satisfaz, nem tudo o que caminho é pouco, nem tudo o que digo é verdade, nem tudo o que busco , encontro , nem tudo o que encontro é amor, mas se tudo o que procuro encontrasse, então teria encontrado o horizonte ...Por muito que este esteja distante, nele consigo ver tudo que quero, por isso tenho a certeza que algo me estará esperando lá!
segunda-feira, 22 de abril de 2019
Hoje disfarço a sede…Rendo-me, de boca fechada, deixando as mãos discursarem por mim, provocando a fome enquanto amadureço os sonhos ….Gosto de me sentir assim, fico irreverente, oceânico,
encontro as formas do mar, nos limites da minha vontade, ancorando as margens do desejo no sal que a sede deixa nas ondas, que, atormentam este rodopio de sonhos e pensamentos seduzindo-me, vergando-me, fazendo render-me…Crucifico-me nas preces, nas mortalhas da memoria que
deixei por despir, transcrevo ecos do meu querer, nos sussurros audíveis, onde vou
recuperando os aromas do vibrado dos meus pensamentos …Peço permissão
aos anjos, que me elejam juiz deste labirinto de espelhos que me roubam a luz ,
que quebrem a distancia com ventos , palavras de fogo, disfarçadas em
quilómetros , que me furtaram uma fatia da sanidade deixando-me este sabor
salgado a maresia sem bússola, no
alpendre desta assoalhada vazia! Quero arrendar este espaço, com versos que me
secam a boca de horas cheias de gente
impaciente, do pouco tempo que lhes espera… Há pessoas indecifráveis, jogam
formalidades com olhares de fogo, quebram gelo com mãos ardentes, alimentam a alma com a capacidade de ler o que
não está escrito, abrem a porta de lugares eternos, enchendo as mãos de frutos para
substituir a duvida pela certeza , só assim conseguem esquecer o sonho esquizofrénico do amor, que amnésia do passado
tanto adiou...Como diz o ditado popular a vida são dois dias e o de hoje já foi...
terça-feira, 16 de abril de 2019
Hoje apetece-me escrever embora sem ter para quem! A razão não sei, apenas vou escrever aquilo que não Hoje apetece-me escrever embora sem ter para quem! A
razão não sei, apenas vou escrever aquilo que não digo, aquilo que fica calado, aquilo que acaba por desaparecer entre olhares
envergonhados nos gestos ainda mais tímidos ainda... Há dias assim, em que
parece que perdemos o nosso sentido mais empreendedor de humanidade, há dias
em que já não conseguimos conter o turbilhão de sentimentos, que nos gera um
arrepio sempre que se vê que aquela pessoa que nos podia seguir, por quem o nosso coração chama, não passa de
uma ilusão, miragem que não conseguimos delegar para terceiros… Já tentaram
enganar o coração? Eu não o consigo enganar, por mais caminhos que tente traçar
noutra direção e por mais pessoas que possa colocar na minha vida, na realidade
falta sempre aquela que estará sempre ao nosso lado!, Como ignorar um desejo
que palpita em nós, como ignorar uma forma de estar! Tento centrar-me num outro
objetivo, mas não dá para esquecer o
nosso coração é mais persistente e mais lutador e acaba por não abdicar de princípios,
valores que são tão básicos que deviam de estar como inatos em todos nós humanos…
Mas não , muita gente tem o espaço e volume do coração mas não passa de apenas
um espaço enorme nos seus corpos que pulsa bate mas não sente…Acaba por ser
apenas mais um órgão que os sustem nesta vida! Raramente temos o que desejamos, e isso eu sei acreditem, nem sempre temos
aquilo por que lutamos. Mas desistir é o melhor caminho? Mas abdicar de algo
que preenche os nossos sonhos é a melhor escolha? Sinceramente não acho, sempre
lutei, sempre batalhei, sempre me esforcei e se acredito em algo luto até ao
fim, até a exaustão, porque mais vale me arrepender por algo que fiz do que por
algo que poderia ter feito… Já não nem peço muito apenas viver, já não tenho
muito mais onde renascer, aprender a criar laços onde não existem, a
criar conhecimentos onde nunca se partilhou ou a viver uma vida que nunca vivi.
Aprendi com a vida a não desperdiçar a sinceridade, a honestidade, oportunidade, de viver cada sonho, cada
vontade e foi devido a isso que hoje sou o que sou, que hoje tenho o que tenho,
e que hoje sou pragmático, mesmo por cima de falsas pessoas que só sabem
viver a vida que não é a delas. Cada um traça o caminho que quer viver, uns
erram à primeira, outros acertam logo e outros ainda traçam sempre caminhos
errados para a sua vida e acabam por cair nos mesmos erros vezes e vezes sem
contas. Não quero ser assim, recuso-me a enganar, prefiro partir e lutar por algo que valha
mesmo a pena...Uma Santa Pascoa a todos!
Hoje chove e , em mim também!
Inevitabilidade do tempo que nos faz ficar saudosos do verão, que antecipa o
outono … Sinto falta desse calor que parece um oásis no deserto que recuso
acolher , por isso chove em mim…Dispo-me em palavras, depois dos dedos, dos
sonhos, do corpo, dos dias, da vida, das historias, e volto a escrever porque ficam
apenas palavras, silenciosas , das velas que acenderam em mim ! Tenho hoje em mim essa pseudo
fogueira que não reduz o pavio … Esgoto a cera, ardo nas sombras, deste
corpo gélido que esfria na ausência de poemas que no meu olhar, se tornam, na
derradeira rima! Hoje perdi a madrugada , no ato de despir a noite em
mim…Deixei-me órfão nos braços da lua,
caindo nas cores com que pintei as palavras, colorindo o céu, sílaba a
sílaba como quem pinta a memoria de sonhos vividos, nas metáforas do corpo, atravessando o profano enigma onde
as palavras naufragam na raiz de um poema com a covardia dos silêncios, que nos
desertos choram areias…Hoje o céu chora e eu guardo o hálito das palavras
moribundas da farsa da vida, rescrevo-as nos braços da noite onde a solidão
percorre descalça as cinzas da mortalha do passado que não vivi , dos trilhos
de onde parti, nos sonhos que apaguei na saudade da humanidade que adormeceu para mim…
quinta-feira, 11 de abril de 2019
O meu coração tem asas que apertam a ausência,
tem saudade, tem boca que solta palavras de solidão...Quando escrevo não
pretendo ferir a sedução das palavras, nem arruinar os vestígios nos ecos que
se soltam ao vento, luto apenas por traçar uma linha no infinito como um
caminho até à foz de um rio...Não irei jamais fugir, da natureza que emanava de
mim, mesmo que com esta forma de estar venha a incendiar os momentos, por trazer
sempre o verbo amar nos dedos, para transfigurar a minha escrita!! Mas não me julguem
pois minha pretensão não é transfigurar as palavras esse é o caminho dos poetas
e não o meu!!! Sigo os meus passos degrau a degrau… como se o céu me chamasse
num voo que um dia sonhei, transfigurando-me a meio de sonhos inacabados ,
deixo que o meu coração vá esvoaçando , que busca a liberdade, da forma
que quiser, que busque as respostas que precisa para que não descompasse, para
que pulse sempre no ritmo da paz e da verdade...
terça-feira, 9 de abril de 2019
Hoje pediram-me,
ruínas do que já fui, mas eu, não vejo destroços de mim mesmo, não consigo
lembrar-me das vozes do caminho…Optei por construir uma fortaleza Para que nada me arruíne o olhar em diante! Não há
outros caminhos que possa transpor, a ponte que me segura, retém o medo que me
atravessou, sou incapaz de segurar, o fecho dos
olhos, perante o escuro, ignoro sombras que são apenas sombras, opto por
perceber qual foi o rumo que a luz tomou nos retalhos da memoria que se revelam
em múltiplos rostos! Escrevo, aqui agora sem memória, coberto de dias por haver, dias ilegíveis nas paginas da
minha pele, tantas vezes escritas na areia dos sonhos na praia perdida que
irrompe no olhar, as palavras que se afogam, vazias, num tempo que se esgota de
marés feitas pelo olhar casual da lua … Esqueci-me da memoria na aurora de
outro dia, cedendo este corpo na sombra de versos nas cores do silêncio que
entre os dedos se vão perdendo nas suas origens. Há murmúrios de sal que as lágrimas encaminham pelas trincheiras do peito, notas audíveis na voz rouca do coração que a noite reflecte nos céus na extinção da alma. O cio na palma da mãos escreve a indecisão do
olhar, nos seios do cais da espera , em cada
estrofe cedida no sabor dos lábios que o meu rosto oferece na desilusão, que se mistura grão a grão com o areal que sonhei deste barro com que moldei o
meu corpo sem molde…
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Hoje
na justeza de todos os sonhos que colidem com a razão eu me refugiei nas palavras sem afectos, do
almanaque que escrevemos das nossas vivências . Desmaio a cada instante em que
deixo o silêncio vazar o conteúdo dos meus sonhos, na volatidade do imperfeito vivido! As
minhas palavras não são mais do que um diário de sentimentos, mas estes, não
passam só pela razão, nem tão pouco são filosofias… São ternos registos de
amores, sentimentos, sensações que falam na “língua” do coração. Quando escrevo
, não quero mudar o mundo para fora de mim, sou egoísta, vejo apenas por dentro
a emoção das letras na minha solidão
conjugando verbos num mundo pequeno que dentro de mim se torna Gigante mesmo
escrito à mão…Eu já tive a porta aberta…Cansei-me! Faz frio ai fora , tive de
encosta-la, mas!! Se por ventura também sentirem frio, a porta abrir-se-á porque deixei pela estrada fora o sabor
fossilizado pelo abandono da ternura de palavras lançadas sem resposta…Hoje sai
desse cerco, libertando-me da prisão que me encerra numa cela onde entrei só…Mas!!
Amigos, está frio ai fora , e ai as horas são apenas de simples passagem!
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Hoje é no limite infinito que me chamam, ai, me conjugo no eterno tempo que perpetuei de
imperfeito…Fecho as noite como quem fecha gavetas, para apenas voltar abrir em
próximas estações! Tenho horas
e horas por usar, minutos sem olhares sufocados, de lugares e ausências que
escrevo pelas manhas no areal árido por desbravar, pétalas de sangue, arcos de luz
que me focam os pés nesta hemorragia de lágrimas que o sol seca nas pegadas da
historia…Faz-se noite e é ai que deixo o sangue verter de mim, desfibrando as
palavras nestes meus dedos indiscretos que com prudência calam o sonho em mim…
Estabeleço margens em mim, que os lábios não beijam, deixo o segredo despir-me, segurar-me nas silabas, rasgo a carne nua
que os dedos não conseguem tatuar! Quem me dera conseguir esgotar sentimentos, como quem gasta as palavras, ao encher paginas
de lágrimas que não secam a dor… Certamente, não me iria prender ao que me
prende , deixava-me ir segurando-me no sopro da magia como um balão de sonhos
insuflado, suspenso, flutuante, para gerir sempre a queda sem ter de escolher o ponto de aterragem… Como
esconder esta fome de esperança, de copos e talheres intactos que nos cerram as
pálpebras do amor resfriado, tanto aroma de ausências por saborear!!?
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...