Hoje cessa-se a inspiração quando se esgota os
sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos
os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo.
É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de
colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas
nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno
árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro
destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à
noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que
há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego
de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado
em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso,
nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um
estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a
métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que
transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras...
quinta-feira, 27 de junho de 2019
terça-feira, 25 de junho de 2019
Hoje
no olho do sonho vejo tudo, sinto que do
outro lado da montanha existe um mar cheio de nós. Nós encruzilhados, amarrados que cantam e desenlaçam os sonhos. As marés, essas, são as respirações
que os deuses colocaram nos desejos das ondas, onde se espuma a sua caminhada.
Do outro lado da montanha ecoam as vozes, cantam-se as viagens, sussurram-se os
abraços. Sei que no outro lado das montanhas há um labirinto aberto de cores e
cheiros por onde o meu sangue percorre as memórias e entre cada nova
respiração deixa os olhos mais perto do mar… Pergunto qual é a parte de
mim que anda por ai nas palavras, é que
ouvimos dos outros apenas o que conseguimos entender, sim tal e qual um jogo
infantil, onde é preciso colocar blocos
de formas variadas em orifícios correspondentes, para que estes encaixem, assim
é nosso espírito assim é nosso entendimento… Como se no nosso “jogo” não existe uma
determinada forma, ou a dispensasse-mos, ou tentássemos coloca-la no jogo em outro
local, onde este “bloco” se encaixaria à força, distorcendo sua forma
original. Só assim, passamos a espelhar no outro aquilo que nós
somos, porque no olho do sonho vê-se
tudo, cada pequeno pedaço da nossa
imensidão é um mar aberto
de tamanho sem fim, de sabores que se inventam num impulso quase hereditário
dos sonhos em que me procuro…Hoje no olho do sonho vejo tudo, pego em mim,
faço-me vento, embrulho-me na nuvens, elevo-me aos céus …Tenho lá uma saudade à
minha espera!
sexta-feira, 21 de junho de 2019
quarta-feira, 19 de junho de 2019
Hoje falo do beijo , sim
do beijo, porque tudo num beijo é
misterioso . Ora vejamos, tudo começa na mera
vontade de beijar, que vem não se sabe de onde, lá dentro de nós ou de uma
atração por um pedaço de ombro, por um
pescoço destapado, ou por uma mão simplesmente parada na nossa. Basta uns
lábios semicerrados, para, sentir aquele
arrepio! E o que falar da velocidade do beijo, acho que quanto mais lento mais
falam…Sim , os beijos falam, dizem
coisas com uma rapidez que não conseguimos controlar…Imaginem um beijo apenas
no rosto, o que ele vos diz? A mim , ternura pura , respeito… Eu Já quis
inventar beijos! Mas.. O que mais nos
toca nessa arte? Será as mil formas de os entregar. Beija-se alguém quando se
escreve, beija-se quando no meio do dia nos preocupamos em saber dos nossos,
beija-se quando se escolhe uma música, beija-se
quando se planeia de véspera um jantar a dois, beija-se quando se fotografa o
outro num momento inesperado…Com isto, quero dizer que há beijos que são apenas
isso, mas há outros que são gestos que nos fazem sentir que cuidamos e somos
cuidados…Não é só os lábios que beijam, o corpo beija, a voz beija, a pele
beija, num simples abraço sem duração… Não vem nos livros , o que efetivamente
liga duas pessoas, a vontade de querer alguém, a ansiedade dum simples abraço,
a saudade de uma presença …Mas vem nos livros a dimensão que o amor pode ter, em quem o vive, é esse o orgulho maior na
vida de hoje! Seja amor de um filho, de Pai , seja de quem for, é isso que nos
liga à vida, muito mais que meros sentimentos , estar presente sempre sem
querer nada em troca… Há beijos que se passeiam entre as estrelas e o luar,
vivem a vaguear entre o espaço e o céu, entre a terra e o mar, entre as
palavras e o vento carregando nos seus sussurros o desejo da paixão que o beijo
possa despertar…Sabem , hoje falo do beijo que é um pouco do nada, ou talvez
seja parte do todo…Mas, o todo jamais
caberá no nada! Digo-o porque o todo que vira nada, nunca foi um todo…Hoje falo-vos de beijos, descalço vestido de fé numa viagem longa,imensa, que dói !
segunda-feira, 17 de junho de 2019
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Hoje se
me faltarem as palavras no tempo que se desenha e eu não conseguir contar, como
foram as minhas andanças, descaminhos, perdas, achados, então, eu irei abrir uma
brecha nesse emaranhado de razão, para ao mundo mostrar como brilha um raio de
sol numa manhã apagada pela rotina….Eu sei que há e eu também as tenho,
palavras intraduzíveis de uma
vida de espera, que assinalam a normalidade da minha negação, a uma forma
pálida de viver! Se os nossos corpos não passarem de um casulo, perdem-se numa
queda livre como um desenho magico que só os deuses irão conseguir ver, nas
teorias, ideologias, crenças que os papeis jamais retratarão …E se deixasse-mos
de ter as palavras, já pensaram? Viveríamos o amor instantâneo !! Por isso hoje
estou esperando, talvez tentando salvar o meu tempo perdido, deixando a luz
cair para não aprender toda a verdade, resignando-me com o destino, porque não
preciso que ninguém me derrube apenas preciso que alguém me abrace enquanto
espero…Percebem porque sou exigente comigo mesmo…Hoje gostaria que estivessem
desse lado mais um pouco, a minha fé pode ser abalada mas jogo-me nas palavras
, levo-as nos ventos, como um tornado,
mensageiro de maresias onde a semente emerge desse sopro invisível no abismo oceânico
! Façam o favor de dar vida ás palavras, elas não são só depositarias de ausências
que comportam a escuridão…Estranhamente
fazem de mim abrigo, memória, obstáculo ao triunfo do espírito, cicatriz onde a
fenda da fé sorri do banal !
quarta-feira, 12 de junho de 2019
Hoje sinto que o meu conforto é quieto , parado, previsível, intimamente
estabelecido, como uma pedra, e por mais que cada detalhe seja analisado a sua
atmosfera é pálida como a cor de uma rocha que o mar não banha … Tudo porque a
rocha é previsível, confortável, confiável, estática… As pessoas passam e a rocha continua. Mesmo sem
sentir um beijo do mar, ela se renova, porque os olhares mudam, os sentimentos
também, mas os lugares são sempre os mesmos… Hoje estou assim , tentando fazer
combinações entre as palavras, talvez essas consigam dar brilho à rocha… A vida
é assim , temos vezes que perdemos no amor para ganhar nas palavras, talvez
essa seja a poesia da minha vida, ainda assim tenho o sorriso aberto, estrelas
nos olhos que projectam luz neste vazio que é o céu aberto…Se Deus mora em cada
detalhe, a paixão mora em cada detalhe também, cada toque em nós é sentido,
cada detalhe de beijos selados rasgam os sonhos e quebram distancias, fazendo o
infinito serpentear em nosso redor …Se não sentirmos essa sensação de divino em
cada pedacinho por nós partilhado então, nunca partilharemos o brilho da
vida que nasce nas sementeiras da terra, porque nós não somos terra … A única
coisa que podemos ser, é sonho, e fazê-lo fluir pelas palavras , neste pêndulo inerte
que suspende o infinito na espiral dos sentimentos
que afinal de contas pertence ao nosso espírito e jamais o levaremos deste desejo instantâneo
que é a paixão…Quando se desaprendem as palavras, vive-se apenas o orgulho , egoísmo que se vai tornando numa arma inflexível, implacável até nos afogarmos de vez…Podemos afogar -nos de apenas duas
maneiras: Submersos em água onde a morte é rápida e ritual; ou; submersos em vida
onde o corpo paralisa na rotina minuto após minuto, minuto após minuto….Tique Taque ! Como uma Rocha...
terça-feira, 4 de junho de 2019
Hoje
estou entre a percepção da estrada antiga e as braçadas a braços fortes contra a
maré das novas e tortuosas ondas que sustentam as multidões cheias de nada e
padecentes de essência própria… O mundo está repleto, mas de poucas pessoas,
sim , gente vazia de vida sistémica, que
sem reflectir aceitam e vestem as máscaras para poderem ser aceites e inseridos
em círculos que não os caracterizam, limitando-os na sua existência. Vivemos
neste Circulo de meras e repetidas cópias incansáveis de pobres paradigmas, tão
superficiais quanto os sorrisos que esboçam… Porque caímos nesse declínio?
Porque nos esvaziamos de nós mesmos, na
perplexidade do eu, cheios de orgulho por ser-mos, meros actores da realidade,
que se regem dum colectivo que nada mais é do que um conjunto de outros
vazios!! Porque tentamos procurar nos
outros aquilo podemos encontrar apenas em nós mesmos? Hoje vivemos num clima
desmedido de Orgulhos. E o que nos fere o orgulho, será ficar triste que nos tratem por seres
inferiores ou apenas por não notarem na nossa existência? O que quero deixar
claro é que o orgulho também pode ser competitivo no ser humano por natureza
própria de cada um , ao passo que os
outros sentimentos só o são acidentalmente ! É que o sentimento do orgulho não
está só em ter algo, mas sim, em ter mais e melhor que as pessoas do lado…
Podemos ser ricos , inteligentes ou bonitos , mas as pessoas podem dizer isso
sem ter uma base mínima de riqueza e beleza e inteligência ? Penso que não,
porque se fossemos igualmente todos
bonitos ricos e inteligentes não havia
orgulho em sê-lo. Porque temos de
fazer comparações, não estaremos a ser covardes e a descer a dignidade dos
outros e de nós mesmos? É esta ditadura do orgulho que corrói a
possibilidade do ser humano, se elevar a um nível espiritual que
dignificaria o bom senso, é por isso que me jogo nas palavras, porque faço-me
vento, , maresia, brisa , tornado …Umas vezes doce, outras vezes um sopro que
eleva a terra aos céus. Continuo preferindo jogar-me nas palavras , estas são o
abrigo da escuridão, na memoria e na promessa negada do obstáculo superado ….
sábado, 1 de junho de 2019
Hoje dispo-me em palavras mais do que na pele. Gostava de me
sentir sangue a correr dentro de alguém , escrever nomes nas rochas que o mar foi dando forma .
Seria esta a consciência que os meus olhos trazem no coração enclausurado no mergulho de sangue inocente
dos discursos vazios , das mentiras caiadas
nas mascaras dos corações empedrados em nós! Muitos falam em direitos, mas poucos se comprometem
em ter deveres…Outros cobram por posturas, ainda assim são incapazes de se
responsabilizar pelos seus próprios atos; outros rogam por justiça e compreensão
, apontando e condenando tudo e todos , lastimando a violência mas eximem-se da educação e gentileza… Sinto que não há uma assepsia
moral , não há mudança de valores pessoais , os abraços serão sempre laços,
filhos da saudade, esperanças, palavras de amor em silencio, brindes de carinho
que emanam do corpo, traços do universo que delineiam as reticencias do
encontro a dois…Poderia aqui falar em tanta coisa mas troquemos apenas palavras
como quem abraça um corpo, e quando a noite descer em nós vamos todos deixar a
espuma escorrer pelas silabas onde ensaiaremos um novo poema que tenha a
pergunta e a resposta , porque há quem abrace e quem abra apenas os braços para
o amanha…
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...