terça-feira, 24 de setembro de 2019

Hoje trago as mãos fechadas, como se já não abrissem por ninguém, como  duas asas paradas que não tem céu para bater…Vejo  rugas  marcando as minhas mãos , parece que vão deixando a alma presa a desenhar caminhos vãos... Vou aprender o caminho, sim aquele que vem do mar e vai dar a casa, onde a areia se desfaz, apagando vestígios das nossas pegadas no areal! Há sentimentos que chegam com as marés, á nossa ilha deserta , não trazem rotulo , memoria ou remorso, apenas sons que nos fazem recordar o como somos vazios e ao mesmo tempo náufragos de pedaços de céu… Todos queremos o nosso pedaço de céu, trazemos nas mãos  notas de um som só, de um ritmo apenas! Há anjos que se erguem dos sonhos, outros de asas erguidas voam na direcção dos céus. Usam mascaras nas suas viagens, flores no olhar e dias claros de sol cortados a meio, fazem as primaveras, umas atrás das outras. Desenham dias redondos de luas em quarto crescente, projectando bocas abertas em busca do ar que nos escapa, partes de todos nós, sonhos que mantemos,  prazeres de instantes em silencio, que nos rasga a pele de ausências em notas de um só som!

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Hoje na  noite escura,  não reconheci o caminho, como se a cegueira da visão me bloqueasse os sentidos, enrolando nela as emoções e não me deixasse  reconhecer  as cores. Fico perplexo com o desnorte do caminho irregular que se desenha aos meus pés, opto por caminhar na berma acompanhado por sombras e  águas vestidas de reflexo que deixam o meu olhar vulnerável…. O dia Acordou  e nada mudou, chove gotas de sol, pétalas de luz crescem nos ramos secos das árvores despidas, sustendo as ondas do mar longe das gentes , que parecem viver de braços escondidos como os seus tesouros se  escondem da infinita eternidade…Hoje, a noite clareou , na metamorfose do dia, fazendo crescer os segredos e mistérios nos espíritos inquietos que desaguam na minha existência. Nem sempre é fácil transcrever ou escrever coisas que vem na mente , as ideias vem e vão, mas fica sempre uma insistente e por vezes nem a queremos escrever…Mas!!! Faz-se o dia, e as mãos trémulas buscam a consistência do toque, no olhar que se afunda entre nuvens e nuances de azul que conduzem o horizonte desbotado e distante . É nesta vista mais densa que consigo viajar, no tempo, no corpo, estabelecendo uma paridade do corpo e Alma…Sinto o gosto Vulcânico misturado com as cinzas da minha lava que arde  que me queima a chama , deixando-me sem combustível para acender a labareda  do meu existir nestes mil km de distancia entre a noite escura e o dia que nasceu…

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Hoje venho aqui para dizer que, ontem me dei conta do tempo que me falta para vir aqui…Pode parecer que a  inspiração anda adormecida! Mas, não… Sei que somos feitos de instantes, alguns belos, outros, nem tanto! Alguns,  alegres, outros tristes, alguns, uma eterna confusão… Mas, são esses instantes, que somados me fazem escrever cada historia e é isso que nos faz ser  únicos.  É nos pequenos  instantes, que construímos nossa personalidade, moldamos nosso caráter, amadurecemos e adquirimos sabedoria…É nesses instantes que, podemos ver algo que jamais esqueceremos, ou sentir algo que não havíamos sentido antes, mergulhamos  dentro de nós para nos toleramos  um pouco mais, quem sabe assim, se possa colorir mais a vida. Há pessoas fantásticas , que passam por nós por breves instantes, deixam marcas difíceis de esquecer o que contrasta com outras que nos cruzamos diariamente e nos esquecem, e esquecemos facilmente !  Tenho dias que vejo poesia no caos da vida, não há uma ordem humana para encontrar a beleza numa selva…Por muito que caminhemos descalços não sentimos a erva húmida da terra nem o calor das suas entranhas, caminhamos na vertigem do coração das montanhas, entre florestas e nascentes orvalhadas em noites de prata, esta é a poesia da natureza selvagem… É nessa irreverencia que somos brisa na energia oculta das arvores , criamos desprendimento da vida, no decorrer dos minutos, em que o presente se torna passado e o futuro presente…Este é o palco onde a impermanência do encontro se torna no desprendimento da Alma, desligo-me do derradeiro desfecho e escrevo a minha pacificação que me veste de felicidade genuína…

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Hoje vou contar-vos uma coisa, uma coisa que muitas vezes esquecemos e isso acontece quando  vivemos a vida em função dos outros, sim eu sei que acontece,  todos nós temos as nossas prioridades e isso leva-nos a acabamos por esquecer de nós. Esquecemos do que somos, do que era o nosso sonho, aquele sonho que era apenas  nosso. Não é fácil, fechar uma parte de nós, e , adormecer algumas coisas que eram importante para a nossa realização pessoal, mas!!! Muitas vezes, não temos escolhas. Faz-se necessário, trocar nossas prioridades, deixar vontades em gavetas, para dedicar ao que se torna parte fundamental em nossas vidas, então quase deixamos de existir...Eu já o fiz,  certamente ainda o faço, mas tenho consciência disso, é como se adiasse os próximos capítulos da minha vida, dando uma pausa que acaba por se tornar definitiva…Só que, lá fora, a vida continua. A pausa, é só dentro de nós! Então, fica um vácuo, um espaço, um caminho entre o antes, e o agora, o agora e o depois. Não há segundas chances, não se emenda a história. Não existe uma ponte, nem um caminho para voltar e fazer uma visita ao passado, para depois retornar, dando um nó ou um laço para unir as duas partes. Ando com uma saudade estranha, do que poderia ter ou ser, nesse vácuo, nesse vazio que faz borbulhar uma curiosidade de como seria eu, nesse espaço que ficou em branco… Saudade de conhecer-me nesse universo que ficou por preencher com os meus sorrisos, com a meu olhar e  do cheiro da chuva nas pedras desse lugar... Que não pude empilhar e construir esse forte que hoje me faz falta para me abrigar…Hoje estou assim simples mas fazendo uma utopia com o complexo da vida


Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...