sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Hoje viajei por lugares inesperados, procuro involuntariamente o refugio longe de tempos que a vida me levou. Fechei a porta à alma, e deixo-me levar nas asas da deslembrança, tentei não pensar, tentei sorrir para dentro perante tudo aquilo que me deixou triste, resguardando -me do mundo, correndo as cortinas do sonho,  bloqueando a magia…Quando sinto frio , tapo-me com a ausência, dou descanso à imaginação  que me rodeia a mente. É na noite que as sombras atormentam, as diversas e tardias esperanças... É na noite que abuso da meiguice e da inocência, diante de fatos inesperados que me toldam e me silenciam ... Fujo de pessoas que se calam perante os suas próprias vontades , desejos ,  fujo sempre de algo que nunca ocorrerá . Escuto em  várias vigílias, o som das almas intranquilas que se revelam nuas mórbidas e esquecidas , bebidas pelas suas próprias  sinas.  Escrevo-lhes pois elas tem na sua essência , a sua luz, que as direcciona apenas ao bem!!! Elas vivem Incertas, e  não só vagueiem, por caminhos tortuosos  mas também num plácido  desvanecer perante a solidão. Sou um ser pronto vivo a sobrevoar a imensidão de tudo aquilo que pode  inquietar,  sigo  almas encobertas, que a noite faz de companheira,  verto as  vontades além do olhar sem o medo de total escuridão... Posso continuar a  bailar todas as almas em mim e perambular entre as noites sem que eu me resigne...   

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Hoje desnudo as palavras que em mim vão nascendo, tenho nome para todas mas, nem tudo é um turbilhão de emoções ou exposição das sensações, e, jamais as considerarei monólogos sem fim ou enxurrada de palavras desenfreadas. Todos precisamos  abrir o coração porque a linguagem da mente , que prefere o racional, o útil e o seguro, entra em conflito  com a linguagem do coração impedindo-nos de seguir a  intuição  que nos faz realmente felizes. Sabem a  linguagem do coração é difícil  de interpretar, pela rejeição, pelo abandonado, pela exclusão,no entanto, quem escuta e é sensível aos sinais , consegue estar presente para ouvir e falar na mesma linguagem,  com a mesma disponibilidade. Com isto digo que é preciso  semear para colher. Não basta o Silêncio…Há silêncios que criam abismos. Nascem de palavras que não foram ditas, resultam de sons que geraram desentendimento. Há palavras que ficam encarceradas na nossa memória como desconfianças. Há silencio  a construir muros . Há muros que caem do nascer de palavras, no  diálogo e compreensão. Há palavras que andam e se aproximam, que vão diminuindo a altura dos muros; palavras que unem o que o silêncio afastou…Há alturas em que nos sentimos sós, desligados do  resto do mundo. Ficamos sós , sem mais por dizer, deixamos-mos ir  entregues a nós mesmos, como  ficar fechado num quarto escuro, fugindo  do silêncio , tentando com múltiplas actividades, encher o tempo com encontros, telefonemas ,  evitamos ao máximo aquele momento em que ficamos de novo em casa sem ninguém, entregues ao vazio do que o reencontro inesperado e os olhares esquivos não se apercebem …Há sempre palavras que não são ditas , silêncios que gritam beijos de 3 vidas que vivem na alma de quem os deu, permanecem no coração de quem os recebe, e morrem na recordação de quem os viveu…Houve tempos em que o silêncio era uma dor e logo o som calado das palavras escritas enchiam páginas de poesia e amor….

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Hoje  despi os meus pés e toquei ... Na areia... Onde pela primeira vez despi a minha roupa ..  Como se num lugar longínquo estivesse , ali me converti a nu com o som que cada vez parecia mais próximo de mim! Abri os olhos e descalcei as minhas pegadas do areal, onde o mar resvalava de forma soberba e imponente…. Tenho vontade de o ver de muito mais perto... Mas!!! Agito o olhar de forma calma e serena com a sensação que ele é só meu, nem que seja apenas por mais uns minutos , vou deixar ele entoar o seu cântico perante o luar despido que se cruza com o meu nu. Pudesse a noite ser mais que esta ilusão, eu garantidamente conjugaria todos os verbos que definissem a coragem e ousadia de quem ousou pisar as águas que se evaporaram de mim…Olho para os céus como quem olha para os poemas guardados em gavetas …Fico sem  palavras! Escritas, descritas, pelos meus humildes  dedos que tantos anos se vergaram perante  folhas, que não guardo jamais em lugar algum! Prefiro ter a gaveta cheia de  vazio,  cerrado... Docemente deixo verter pelo céu  uma voz que me chama, chego a casa e as paredes desta sala escorrem  preces... desejos...  para muitos... cumpridos... para outros nunca serão...Posso esperar, sim eu sei mais um pouco ... Mas!!!  A vida  também vai partir de mim,  ela não nos concede o tempo ... E ontem eu apenas pedia tempo... De nada tenho medo, apenas da incongruência, da loucura e do vazio, que  vida leva nas asas do vento sem bússola para nos orientarmos…

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Hoje sinto-me como um vampiro ao sol, que entra na alucinação semeada em metáforas,  que se sucedem aos abismos  em grutas e sombras….Trago em mim essa droga resignada  dos corajosos injectados,  de sangue, de carne moribunda  que a infundada ficção gera nas mentes turvas de toda esta  gente…Há quem me queira decifrar…Há!! Mas decifrar pessoas não é decifrar palavras, decifrar pessoas é decifrar gritos, e olhares de serenidade! Há palavras que nos rasgam o olhar, mas há gritos que nos rasgam a Alma. Tantos gritos que ficam surdos , sem palavras que as acompanhe , e todos os agudos por decifrar vão ficando no vómito do olhar … Que palavras são estas? De que boca saem e em que ouvido irão morrer… Umas tantas destinadas a corações que acabam perdidas no vento outras encerram-se em lábios que as retém e as rejeitam prenunciar! Tantas nos magoam, outras nos reconfortam ,  nos devolvem a vida como uma doce caricia de amor….Ficamos com sede de tempo! É esse descompassar alheio ao julgamento do sumptuoso paraíso,  que nos pisa o improviso , nos frusta o sentimento, nos retira o alimento da alma e nos leva a procurar por vielas a paz …Perdemos o tempo… Ele é como grãos de areia que nos fogem entre os dedos ! Hoje peço tempo… Quero rever todos os sorrisos que encontrei, a boa gente que amei na liberdade que semeei …A liberdade só é uma, mas dependerá sempre do tamanho da gaiola que construirmos…

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Hoje pergunto-me para onde foi toda a minha inspiração? Será que esta partiu para longe  ou nem exista mais, sinto saudade de outros tempos, de quando era próximo com as palavras, hoje vejo-as  distantes. O tempo passou, tudo parece mudar mas eu continuei aqui, esperando por coisas que talvez nunca cheguem, factores que talvez nunca me influenciem, coisas que provavelmente nunca serão diferentes. As vezes é mais fácil destruir um sonho,  embora seja improvável que se aceite isso de braços abertos, mas pode ser feito, e algumas vezes tem de ser feito…Muitas coisas na minha vida  já não são mais iguais, outras coisas jamais mudaram, e outras já nem fazem sentido, apenas nos meus sonhos tudo continuou intacto, chego até a sentir o  cheiro deles, vivo os sonhos como vivo a minha vida, porém  acordo com o sentido da realidade , mas!! Esta não me obedece como os sonhos que trago na cabeça! Há quem diga que somos tão minúsculos com a nossa felicidade mas, Gigantes com a nossa dor…Por mais que eu faça para entender, eu não estou de todo a conseguir...É verdade que deixei de viver de saudades para viver apenas por ai, sou, aquilo que já fui, por mais que tente, que gaste todos os meus argumentos, que escreva , que leia , que personifique a razão, eu irei sempre pensar num novo recomeço é esta força maior, que me vai continuar a permitir sonhar...

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Hoje acordei de sobressalto passei a mão nos cabelos e penteei meus sonhos...A barba por fazer coçava meu rosto, e o dia nascia e contra mim pois lá estava o sol que insistia em me bagunçar o olhar lacrimejante... Preparei o meu café e lá fui a mais um dia! Banhei meu corpo, agora nu, água escorrendo aos prantos lavava meus sonhos inacabados, na minha sensatez do brilho intenso da saudade dum choro derramado pelos cantos, do caminho, onde esvazio meus versos, que nem são mais versos são palavras, onde desfaço poesia, derretendo sentimentos como asas de cera que desaparecem no calor das distâncias...Não imagino um voo, nem dores eternas, sóbrias, imaculadas, persistentes mas!!! Adotadas como um sobrenome onde as rimas flutuam , dia após dia, noite após noite, como um cavaleiro das trevas solitário, que se esconde do sol que se foi, que se apagou com o coração castigado, sem sonhos, sem vida ...E assim sigo, não persigo, bebo aos goles as sombras geladas dos momentos que virão tentando não desistir de vez em quando daquela vontade danada de fazer das palavras um tropeço, sem nexo, sem sentido, sem amor nos versos pois nem sempre as palavras são justas, ou brilham , como a saudade da luz brilha na lua que de dia se esconde dos vidros quebrados espalhados por todos os locais em que vagueei. Em cada um deles está um reflexo que me pertence. Sei de cor o ponto em que descansa cada um dos fragmentos,  e tenho, esta estranha obsessão de lhes passar por cima e dispersá-los, para que há noite reflictam o brilho que a Lua lhes concedeu !!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...