quarta-feira, 29 de julho de 2020

Hoje conto-vos que como todos os humanos eu também , em muitas situações tento ser mais forte do que todos os medos...Mas !!Nem sempre é-me possível, há fantasmas que me toldam os pensamentos, aprisionando-me na minha própria solidão, que nem o desenho do meu melhor sorriso consegue fazer com que tudo seja natural…Se formos a ver tudo se resume somente à procura de um caminho que não se encontra e a todas as voltas da vida se fecha mais! Eu já tentei ser forte mas cheguei à conclusão que não o sou, tentei carregar sozinho o mundo nos meus ombros mas não consigo de todo fazê-lo. Muitas vezes sentimos-nos assim devido aos apegos seja por coisas,  pessoas, sentimentos, levo-me a perguntar-me e questionar-me sobre a importância de tudo isto na minha vida! Porque será que não posso ser inteiramente livre? Quantas coisas deixei de fazer na minha vida por cauda de coisas e de certas pessoas? Quanto tempo me falta, quanto tempo terei ainda de investir em limpar, arrumar, e esvaziar as gavetas do cérebro…Quero escutar-me , nem que seja no meu intenso silêncio, quero escutar o meu coração e aprender a ler as lágrimas…Peço um pouco de paz, mesmo a quem nada sente… Repetidamente faço os mesmos erros,  porque quando olho em volta, continuo a ser a mesma pessoa e a ter o mesmo instinto que se resume a ser apenas humano! A vida até pode arrastar-me, privar-me, rasgar-me o destino, mas eu deixarei apenas os meus sonhos morrerem quando o meu grito já não mais entoar e a única vontade latente seja somente desistir , jamais aceitarei morrer pela irracionalidade e pelo egoísmo de quem nunca pensou em mais do que é sim próprio, este é o meu legado…Estamos todos dentro de jaulas , como se deixasse-mos de ser dignos do nosso direito à liberdade, esta é a mensagem que o mundo nos está a tentar enviar, somos apenas convidados e não donos de nada no seu espaço...

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Hoje ando à volta deste amontoado de palavras que viram e reviram no  tacho que fervilha versos de arrepiar. E é de cumplicidade que os ingredientes se envolvem para os  temperos acrescentar o singular paladar que cruza  a fantasia nas mãos que os compõe. A vida pode ser um prato indescritível de prazer, viver é como cozinhar, é um dom de quem o sente e partilha, declamando,  sons que dedilham a melhor melodia na mesa dos afetos ! Acordei muito cedo, vi o sol a nascer com a elegância de uma árvore  em flor, senti a primeira brisa a eriçar-me a pele, fiquei com vontade de apagar o som dissonante que a vida teima em mostrar, como uma voz molhada que esconde coreografias intimas numa pintura  de ultima hora em tela estática. Essa voz é o tempo, é um eco que percorre o meu alpendre sem que esta natureza se renda  á normalidade que o ser humano faz com o estabelecimento de rotinas que leva a que se façam sempre as mesmas coisas da mesma maneira. Esta previsibilidade é o maior problema da humanidade , pois exige que todos ajam , sintam, da mesma maneira o que conduz a uma cegueira enorme …Ninguém está disposto a aprender, A palavra de Ordem hoje, é voltar á dita normalidade, ou á normalidade possível, ou á nova normalidade…Todos que entrem no terço, ou seja, trabalhar um terço e produzir o triplo mas isso não é possível …Quando esta pandemia entrar pelas empresas a dentro , as empresas vão querer continuar a produzir , as crianças a desaprender, os padres a rezar, e a tentar apenas tratar o espirito…Eu não quero que vocês creiam em mim! Crer é supostamente adivinhar e imaginar, quero que optem por respeitar o próximo, sejam críticos, porque a vida não é só degraus no caminho, nem tão pouco é um ensaio para um suposto paraíso , a vida que há é apenas aqui e agora, mão há prémios de consolação nem castigos, ninguém leva consigo uma placa de registo, onde se fará uma triagem entro o céu e inferno… Não vos posso dizer mais pois também nada sei, apenas sei que esta é a nossa única oportunidade de existir, amar e usufruir a oportunidade que nos foi concedida de viver o aqui e o hoje…Para todos os que acham que precisam de um milagre, então procurem-no dentro de vocês mesmos, obrigado por me lerem pois, vocês fazem o meu milagre acontecer …


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Hoje caros leitores , curiosos, tomei a decisão de vos entregar as palavras, que entre os dedos vão crescendo e ao mesmo tempo alimentando esta casa ao cair da noite! há horas em que já não conseguimos, sem ajuda, recordar sentimentos que habitam na mais frágil memoria de nós próprios, tanta palavra ao longo dos anos foi jorrando do olhar invadindo o sonho,  tropeçando na esquina do silêncio sufocando e amordaçando o eco da voz que se foi calando…Há palavras que se acumulam como uma cisterna de águas paradas , ácidas que nem raízes deixam germinar! É que nem só as larvas e vermes se arrastam, qualquer corpo sem vida bóia no poço dos medos deixando se arrastar nessa superfície sem fim, cheia de paredes redondas que  por muito que se estenda as mãos, falta-nos sempre os dedos como os poetas. Poetas debitam sentimentos sem dedos nos gestos que se perdem no próprio ato de se doarem …É neste biombo de escrita que a sua verdade se dissolve, não se apertam as mãos , aperta-se a garganta , ergue-se um palácio sobre as águas que todos os dias desabam e ressurgem na praia húmida onde o sol rasteja agarrado ás redes , submerso no céu nublado deste corpo de degraus, todos inclinados em milhares de lembranças que não se repetem!


terça-feira, 7 de julho de 2020

Hoje assisto ás correntes de emoções no meu frágil coração…Olho aquela espuma bravia, que se espalha no areal como uma nuvem ameaçadora, como que a dizer, que em toda aquela imensidão se aglutinam os sonhos de muita gente viva! Engolido pelo horizonte, assisto ao barco sem rumo, tanta gente que embarcou nele,  fico ali a contemplar a sua forma de se agarrar à vida! Este mar é como algumas pessoas, poderoso, arrogante, que mesmo assim acaba por fazer o aconchego da alma ! Mais uma maré que enche esta praia,  espraiando a maresia dos sonhos, percorrendo o universo dos confusos, fico com vontade de me mascarar de pescador, agarrar na mochila e no balde e avançar cheio de fé, deixar a imaginação viajar pelas quebras da maré…Tanta gente, meu Deus, vou esbarrando com outros mascarados, não sei bem de quê, mas levam na ideia promessas de peixe graúdo no intervalo de um cigarro… Ouvi insultos entre dois mascarados, ainda hoje não percebi bem porquê! Ambos  acho, reclamavam a mesma maré, e questionavam-se mutuamente porque se tinham mascarado tive de intervir, relembrá-los que nos tínhamos de fazer acompanhar com as máscaras do tempo…Tantos desencantos ocultos,  sem ombros amigos, para depositar incertezas, vão-nos deixando atormentados, ancorados a este mar que até há pouco tempo se fazia companheiro e nos acolhia nas chegadas e partidas acalmando as nossas loucuras nas praias abandonadas expurgadas de pedaços de areia…Pergunto-me se este mar é apenas água e areal? Serão só as vagas fruto dos ventos? Volto a colocar a minha máscara, como se duma mordaça de tratasse para calar as questões que a nós, humanos, nos vão traindo o que mais de nobre temos para nos fazer seguir mesmo que mascarados,  num Carnaval sem fim...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...