quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Hoje sinto-me como se estivesse sentado na mesma cadeira de sempre, onde sussurrei a mesma oração um milhão de vezes, eu sei, ela não funciona embora esteja entranhada nos seus discípulos, mas!!! Uma pagina da bíblia não vale uma vida, eu sei…Hoje há  algo de errado no dia, tento acordar a mente, matando o silêncio, arrancando as cortinas para que o sol entre, será que é errado dançar estes versos que escrevo, é que quanto aos anjos esses vão e vêm fazendo-nos especiais a cada pensamento que passa pela mente…Posso ate rastejar perante o que me coloca em suspenso, gosto e preciso sempre de procurar mais e melhor , posso até me queimar pelo chão que piso escutando cada batida do meu coração que se deixa perder sem deixar vestígios… Pego em cada hora que passa, tento sentar-me no tempo perto do mar, onde os espelhos da contradição despertam as pétalas do olhar…levei anos de dor a chegar aqui, passei por gerações ao sabor do vento para me erguer num deserto! Não há jardins de regressos, apenas náufragos sem voz,  protagonistas de histórias gerando alma em sementes do olhar. Estou aqui, sentado no tempo, tentando fazer alquimia com o poder da água deixando ortografado nela o meu simples olhar…

domingo, 25 de outubro de 2020

Hoje , para os distraídos escrevo, que o meu compromisso é com a verdade,  não discuto com a realidade, a aceito assim como ela se me apresenta. As coisas são como são, agora hipocrisia, mal formação, leviandades, não contem comigo… Meus amigos, tenho tanto para dizer, que as palavras atropelam-se, eu sei que as ruas aonde passo, já foram ruas que passaram outros. De que forma , nem preciso de saber,   mas não me vulgarizem , não me sujeitem à insanidade , já que sei muito bem,  que pelas ruas onde passo, passaram outras gentes...vezes sem conta! Nestas ruas que me passeio há calçadas desgastadas, de milhares de pés que se fizeram milhões de pedaços de nada…Cada vez que ouso dar um passo perco a minha identidade, assim como muitos se passeiam e não a tem! Caminho , mas entro sempre no esquecimento ao contornar, gente cinzenta como as pedras do chão… A imortalidade não é de quem passa nessa rua, a mim , basta-me uma vida, para não ser apenas mais um a deixar-se ir, sem rosto, sem valores, sigo assim de passos firmes! Vejo rostos fictícios, de roupas caras, que acenam as mãos , mas desculpem façam de conta que a rua é deserta… A mim não…Tenho muitas perguntas, mas levo-as comigo, não quero ser mais do que sou, mas jamais tolerarei que me façam sentir o que não sou...Sou assim vivo-me inteiro, sem disfarces e se o sol não quiser guiar-me o caminho, eu aceitarei , continuarei assim, pela sombra…

domingo, 18 de outubro de 2020

 Hoje o silêncio acaba por entrelaçar nas mãos a sensação de vazio. Como se fosse uma bagagem espalhada no chão com a armadura a arder deixando as mãos vazias! Somos feitos de desconstruções, sem cimentos cinzentos, mas de dias cinzentos…. Escrevo sobre a busca de identidade, uma constante procura de palavras mais especificas e pessoas que não nos façam sofrer. Há vocabulários para quem não ama , há ortografias de quem morre por amor, há suspiros paradoxos, há tardes  tão vazias que deixam  no corpo a certeza de uma solidão planeada.  Na calada da noite fica a certeza de não existirem muitos amanhãs, há sempre o tempo que é tempo e uma vida que não é vida…Hoje está calor,  transpiro as cores das estações, verto-me  numa prosa fraca, na  poesia de quem não é poeta e música de quem não dança….Não deixo os meus  restos para  ninguém, converto o  abstrato de todos nós enquanto, arrumo os adjectivos fáceis …E omito!!! Faço nascer no estômago a revolta e no coração a flor que não brota! Desenho jardins sem corpos, corpos sem amor, uniões sem prazer, quando o único prazer é não existir união...Deixei cair a bagagem das pessoas que vivem para amar, afogo-me na fonte  de água, onde só existe o cheiro do sonho e da chuva…. Esta desconstrução pinta-me o olhar da recordação de uma noite fria do amor em abundância na ingenuidade do calor que se faz sentir!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Hoje, a luz do dia esconde-se como se descêssemos para os calabouços onde a luz é trémula e faz prever um sombreado de tristeza  nas paredes…  Como se fosse possível mascarar-nos, também de granito e darmos as mãos no escuro, onde as pedras se lamentam e onde todas as sombras não passam de sombras! Cada vez que descemos  degraus na vida, o nosso coração soluça, pelos que vem atrás, e pelos que vamos encontrar no caminho… Eu já desci de um mundo para o outro,  parecia-me uma marcha silenciosa uma procissão de condenados, onde apenas se escutavam os  passos , abracei-me à minha imaginação, dei as mãos aos deuses que caminham pacientemente com a esperança , suplicando que a Natureza acorde os que adormeceram com luz...  Sim!! Esses felizardos, vivem   sob nós... Criam um  burburinho na "Terra" que fica em ebulição, mas, nos faz sentir firmes, mesmo descendo a escadaria deste precipício sem fim! Há inconsciências , e por mais degraus que se desça nesta antecâmara, não restam palavras que testemunhem a descida … Afinal , o “homem” apenas é pequeno, diante de uma porta enorme! Enquanto não se parar esta escada rolante , não existir coragem de silenciar com rigor,  os arquivos deixados na escuridão e as palavras que não podem ser declamadas… Emolduremos então os sentidos , eu também estou aqui , como vocês descendo a escadaria, esperando a minha vez, mas!! Vou propositadamente dando passagem a todos os que conseguir, para me atrasar … Não confundam isso com simpatia, nem timidez! Sinto-me inteiro, fechando os olhos, mesmo sabendo que a minha voz só é valorizada , quando silenciada …

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

  Hoje estou naqueles dias em que me apercebo que a vida tem crueldades, mas também delicadezas que se  estendem além da paixão, se manifestam em nós, como relâmpagos e trovões! Umas vezes trazem a  desejada permanência de  amizade, família, trabalho, amor, por isso eu digo-o que somos realidades que se chocam com as crueldades e delicadezas da vida! Por muito que tenhamos profetizado os nossos dias eles serão sempre um aprendizado que muitas vezes se manifesta em nós da pior forma... Umas vezes tiramos baixo aproveitamento outras vezes , passamos com distinção…Queremos sempre o milagre  perto mas este pode demorar uma eternidade a germinar em nós,  e o chão, vai-se afundado deixando o tapete que sempre deslizou nos nossos pés irregular, expondo-nos a um mundo que se mostra cada vez menos humano… Falta em muita gente o conceito de família, lar! Amigos,  lar é,  onde se partilha a mesa, é onde se sonha com o sono de criança, é onde se avista a luz acesa, é onde os ruídos nos embalam, é onde se discute a posição dos quadros, e os objetos  têm vida e nos contam historias… É disso que sinto falta …Hoje sinto-me resiliente, mas,  não sinto vergonha em chorar, todos choramos, uns choram para fora, outros preferem guardar, outros escondem, fingem num sorriso amargo que nada os atinge… 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Hoje sinto que as palavras estão gastas, rasgadas no seu ultimo fôlego … Não existe palavras certas para definir o ser, , nem o perfeito nem o imperfeito quanto mais o esquisito! Foram-se perdendo com as tempestades, deixando para trás os navios desatracados , á deriva  sem porto de abrigo sem sons apenas silêncios…As palavras deixaram de ser audíveis, quando uma vogal se aproxima , fogem as consoantes, grito por elas aos ventos, mas a voz vai perdendo a lucidez . É como se as mentiras chegassem em forma de boatos, algo contrafeito que disfarça sentimentos alternando apenas acontecimentos. É mesmo assim , hoje estou aqui, num descompasso de sensatez  envolto em faltas que não preenchem as minhas,  como se fossem sinónimos indivisíveis de  uma força grotesca que nada une e tudo divide, onde cabe um mundo mas,  nenhum ideal! As palavras parecem gastas, onde a brisa da noite se impõe, há véus sem esplendor que sobem e descem com o sussurro das estrelas, há noites escuras onde só brilham os segredos alargando os tempos entre espaço e o infinito…Há luz na escuridão, onde as palavras se gastam e se cansam nos murmúrios do luar! Hoje deixo a semente da inspiração na correnteza da água que não soa nas margens dos meus dedos aflitos, escolho nas palavras a paz que não tem preço, mas exige muitas escolhas e dedicação, devendo procurar-se e desenvolver de acordo com as condições que temos ao nosso alcance disponíveis…Hoje, a paz das palavras gastas,  vem ter com quem prepara a sua tranquilidade emocional.

 

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...