domingo, 31 de outubro de 2021

Hoje as palavras geram reflexões,  ler às vezes não faz meditar. Mas para quê? Para pensarmos e aprendermos algo que acrescente à alma? Mudar atitudes, nem  sei… Às vezes as palavras pesam e confundem a mente. Qualquer frase que nos leva a refletir nos espanta, silencia-nos. Em certos momentos esvaziamos e não queremos mais que somente viver; mas o que é viver?  E retirar pessoas das nossas vidas porque,  queremos mais delas , nem sei isto intriga-me e não há segundo ; sem que as palavras não me intriguem, por isso chega me um sorriso ou uma paz interior.  Há momentos em  que ficarmos presos às complexidades que o olhar sobre a vida nos impõe. O mundo anda confuso, as pessoas e suas problemáticas já preenchem nosso cotidiano com uma diversidade de pensamentos que ficamos penalizados, quando não, pensamos da mesma forma. Pensar para quê? Se a vida por si só, já nos aniquila com sua realidade cruel. Refletir sobre certos temas é bom, mas quem não gosta de simplesmente esvaziar a mente e focar os olhos no horizonte?  Bom mesmo é somente caminhar, sem saber para aonde; somente olhar sem saber por quê; amar sem motivo algum; viver sem uma busca específica. Leveza é isso, é um desligamento do que amarra nossa mente em confabulações desnecessárias. Por uns minutos que seja, queremos somente estar presentes, vivos numa vida que orienta com sua simplicidade. Que seja somente para olhar estrelas, ou dar as mãos numa caminhada, mesmo que tudo não faça sentido.  As vezes um pensamento, por mais reflexivo que seja não nos apetece, não estimula nosso coração. Diante de tanto caos, há vezes que não desejamos pensar muito. Queremos somente um pouco de paz, uma viagem silenciosa por palavras que abracem sem códigos, sem descrições enfeitadas ou imbuídas com significados. A mente, por vezes, quer ser livre, somente. Para sonhar com alegria, sem cortinas atrapalhando. Portanto, que hoje a simplicidade impere. Hoje vamos apenas olhar, sentir as palavras, nutrir o nada que elas são, o vazio que há nestas frases,  ou lição presente em cada palavra absorvida. Leiam, sintam, amem. Silenciem-se. Vivam! O mundo e o amor , não tem de ser igual para todos e isso é fantástico, pois podemos amar sem alguma vez ter de o proclamar,  justamente por não impor limites, por permitir que cada olhar seja sentido de forma única e diferente por cada um de nós.  As vezes amamos muito mesmo mas não conseguimos resgatar  o significado que os outros idealizaram mas! Mesmo que para os outros nada signifique, por trás de  cada palavra que escrevemos  há sempre uma imensidão de sentimentos, e nenhuma boca pode dizer as palavras que eu sinto...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 Hoje sento-me em mais um ponto de partida , tantas vezes me sentei aqui , nesta muralha da vida,  logo eu , que me fixo como uma rocha no agora, eis-me a sucumbir com o peso da mesma no dia de  Hoje! É a  solidão que nos faz parte integrante deste estado de sítio… Sentado, fico a ver a alma que deambula pelas ruas  da vida, sei bem que há dias em que a  alma sai veloz à procura de paz e quietude! São os estranhos desígnios dos Deuses! Será que este tempo tem razão para ser amargo?  O tempo define-se como o melhor mestre para tudo. Como quem veste uma burca sigo de rosto coberto, como quem não vê e enterra sonhos na poeira do asfalto, fico de olhos limpos na lacrimejante aceitação da lagrima que resvala no colo onde a seiva suga a ultima gota do fruto perdido. Há dias assim , em que a esperança acaba engolida pela sede das sombras que se semeiam, sem pedir permissão, no pó da ampulheta da vida , que grão a grão,  soma-se ás palavras que sobram  nos sentimentos  à deriva, dando forma ao pensamento da semente em espera, indivisível no caminho …Não me sinto nem perto nem  longe, do antes e do agora. Apenas me revejo na idade das almas, no que estas apertam e calam porque é ai que me procuro, não em tudo onde me achei porque em nada posso caber se em algo sobrar…Hoje se eu cortar os dedos a esta voz, qualquer coisa basta , mesmo sem nunca ser bastante eu jamais saberei de minha existência e vocês nem perceberão que eu existo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 Hoje cresço na nudez das pedras que desmaiadas pernoitam na margem das marés vertendo-se nos caudais áridos do sal que se espumam pelo seu relevo. De onde provem todos os nossos dias, senão das pedras que se fixam assim, como as velas se fixavam aos barcos do antigamente! Subo para cima, nesta ilha de uma jangada imperfeita que navega abruptamente por entre relâmpagos que os céus devolvem a esta ilha desamparada que leva nas mãos do infortúnio um caminho que ignora as placas e nos faz sentir perdidos…Chamo as chuvas ao meu céu, que seja  tão liquida,  que se precipite por entre os dedos das minhas mãos fazendo-me escancarar as janelas onde já acendi a luz que derramou das estrelas. Hoje fixo a cor indefinível das marés,  que enrolam em cada frase minha,  todas as areias que as minhas mãos ancoraram, faço-o por tudo,  pelo luto, pelas palavras, sim, até por todas as palavras parcas, modestas, que se afogam,  se fundem por lucidez ou distração numa outra! Eu já subi ao mastro mais alto da vida, onde os mares fazem  os seus ninhos, para lá do azul do horizonte, onde o mar sangra espumas brancas  nos escombros dos trilhos dos barcos…Sei bem que não há nenhum céu escondido nesse mar, onde tenho-me banhado nestes anos de vida, ainda assim sei que há muito mais que esperança , mas eu não consigo obrigar o meu corpo a nadar quando até a minha alma se afoga no silêncio! Ainda não tive a oportunidade de sentir o mundo sem que este me exija mais do que aquilo que tenho para dar, corro, grito , elevo-me , chego a voar mas apenas nas águas onde o mar ainda não se espumou…É ai que fica a minha casa vazia onde muito antes de haver luz eu me afogo nas palavras.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 Hoje vos digo que muitas  vezes aquilo que sentimos é tão envolvente que nos faz sentir unos, fortes e nem deixa a chuva ou o sol nos tocar ...Por dentro abriga-nos , por fora desgasta-nos deixando-nos encalhar nas nuvens sem porta sem rótulos apáticas, quase mortas pelos punhais  emergidos das ondas convulsas sem fim! Podemos coar o silêncio, sorrir para as estrelas, murmurar na escuridão que os ecos do nosso corpo,  jamais deixarão de caminhar no inventario  das memorias, que o sal acendeu no nosso corpo! Eu já acreditei que podia voar despido  nos canteiros que plantei no teu olhar mas!!!  Os orvalhos da noite derramaram a chuva e o clarão do sol nos beijos que um dia selei, são a certeza que podemos ser tão densos como as palavras, como o prazer indeciso na inquietude dos sorrisos que nos despem a defesa do corpo...Eu já vesti as estrelas e lancei sobre a fogueira da vida, a lava de um vulcão, hoje algemo o amor na saudade dos sorrisos  passados e escondo o eco do silêncio no meu olhar...Há dias assim, que a estrada da decisão traça um caminho que não esperávamos,  ouvimos a porta a trancar da rua, os gestos perdem-se na escuridão que arrefece o dia que ficou amarrado apenas ouvindo o desejo inteiro a cair, apenas entrado por um sonho perdido na porta que se fechou...Hoje fico aqui, empurrando tudo para dentro de mim, quando volto a trás apenas pare reler o caminho que perdeu por extenso as palavras que arrumo como fragmentos! Jamais me irei sentir nesta vida como um génio , mas nesta natureza que me atraiçoa prefiro a musica desolada onde me escondo á cegueira de ser apertado contra o vazio dos imortais... 

sábado, 9 de outubro de 2021

Hoje tropeçamos em caminhos dúbios numa reza por um céu mais limpo, onde os medíocres promovem  as suas mediocridades tombando-nos num desalento coletivo. Os tempos são traiçoeiros, ficamos focados na consequência das noites á luz de focos invertidos que não iluminam causas, dobrando-nos a convicções que rompem no manto escuro que retira a crença…Sinto-me humano, descuidado, sem foco de estrelas, que não se consegue governar no bairro da hipocrisia onde fervilha uma crescente força de lamaçal ! Até parece que foi ontem , que vestia-me de fogo ao transpor os riachos sem medo de me molhar,  deixava-me ficar de pele molhada na boca das brisas que colhiam o silêncio da floresta no ventre da vida… Parece que foi ontem que os céus pintavam a alma sem profanar os segredos das nossas margens, parece mesmo que foi ontem, que os desejos imprimiam-se na nossa carne como quem tatua com pinceladas os sussurros de um corpo imóvel! Parece que foi ontem, que senti os sabores dos beijos que perdi no sentido da saudade desta pele de mendigo que a minha alma reclama na mingua da brisa deste folgo. Parece que foi ontem,  que as minhas palavras se insuflaram nos ventos e esbarraram nas janelas fechadas das marés que o tempo levou, amo-vos filhas perante a transparência que a luz deste dia amontoa nesta ilha onde fiquei retido reclamando a liberdade desta dor que a cada dia doí mais e teima em não acabar… Parece que foi ontem, mas tudo muda e nós também, peço-vos apenas que me voltem acordar quando tudo acabar...Somente por amor é que alguém, coloca as mãos no lume e se queima, somente por amor movemos terras e céus, rasgando os véus num salto para o abismo sem olhar para trás, somente por amor e até parece que foi ontem, é  ai que a vida se refaz...   





sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Hoje já não há quem  invente fórmulas químicas para provar que a água que corre sob a ponte que pisamos é diferente das outras. Não venham a palco certificar  diferentes linhagens para  as águas que passam por nós, dizendo apenas que oferecem diferentes cores consoante a luz que o dia expõe ! Não venham como os políticos que tudo exaltam para ficar sobre a ponte que caminhamos, nem me venham agora dizer que o rio,  que apenas visitam fugazmente vai ficar bem diferente daquilo que era já ontem. As águas que o rio arrasta são sempre as mesmas, mesmo, que tragam memórias  antigas, elas espelham sempre  espaço para dias sombrios como um rio afluente que quase beija as arcadas da minha ponte. Só as  barragens podem  domesticar este  rio. Agora, por mais que chova, as cheias que ultrapassem o esperado,  são apenas um leve presságio do que foram no passado! Sinto a brisa do Sado, esse  rio que nunca mais ousou crescer, nem para beijar as arcadas da minha ponte. Podem todos especular ,  mesmo que o rio ousasse transbordar como nunca aconteceu, mesmo que excedesse os seus limites, eu jamais perderia o meu foco de construir uma ponte que me elevasse…Hoje sinto-me enformado nas falésias que se encaixam no caudal, que pela rua corre formando margens entre dois lados, se as pessoas não andassem distraídas, dariam conta que a ponte é  um limitador de dois mundos, já que nem todas as palavras são de amor; nem todos os beijos são sentidos.  Nem todas as relações com as pessoas são saudáveis; nem todas as palavras ocas  matam,  ferem a alma de quem ama…Tenho dias assim, em que simplesmente sinto o mundo dentro de mim, como se fosse capaz de o sobrevoar por inteiro e dele me fizesse aprendiz num corpo selvagem onde a vida apenas pede coragem,  neste mundo onde tudo acontece , no toque, no som, nos suspiros, que mostram a vida a seguir muito mais além que a nossa ponte…Sou eternamente um começo, um meio, um despertar, que me faz renascer, a cada olhar, a cada travessia na minha ponte!


Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...