sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 Hoje eu sei do que precisava…Acho que não terei o que preciso mas!! Era capaz de beber um poema de amor de um só trago como quem bebe o universo de uma só vez á luz das estrelas!  Já algum tempo que ando por ai, acalcando o chão já pisado, de forma lenta , de olhar posto sem sentido, de forma desfocada , não é que não queria ver os outros e as cores que me envolvem tenham perdido a importância , nada disso mesmo,  até porque era vital saber as cores que pinto, por muito sonhador que seja preciso de me acreditar e jamais me trair , chamem-me egoísta, mas não o sou de todo… Talvez seja apenas uma tentativa de equilíbrio, porque a corda balançou de mais e o corpo, os gestos e o olhar foram obrigados a concentrar-se num único ponto,   e esse ponto é o que estabiliza e equilibra , essa corda e o meu corpo. É na Noite que os vazios se arrastam , pensam-nos no que sentimos, moldando-nos o caminho sem fantasia e sem esboço. Um dia eu sei que irei pintar a noite , preenchendo-a até transbordar , com as cores de um sonho que se desenhou de dia , no entanto tenho dificuldade em desenhar uma linha direita , perco-me no inicio e desencontro-me no fim…Mas posso desenha-la , livre,  umas vezes torta,  outras curva com pontos que se iniciam e acabam, onde cada um deles é um instante, onde um, cabe no outro, e é nesse caber que me desenho torto com os passos que dou! Sempre gostei de entender os outros e a mim mesmo, porque sei que quanto maior for o entendimento , menor será a sombra. Sou um homem de cores, de luz,  sempre achei que essa clareza poderia ser representada pelas cores das estrelas , translúcidas …Mas não são as palavras que se agarram aos seus significados, estas não carecem de explicação, quando precisam elas acentuam o escuro da sombra …Suei todas as palavras sempre pelos meus poros, de forma sentida , vivida, correta, sincera e isso levou-me ao deserto! Hoje converso com o sonho, como quem escorrega num funil de ventos noturnos , escoando os ecos que a vida apagou…Porque!! É preciso ter tato quando falta o olhar, e não deixar de sentir... É preciso ter íris quando faltam as pálpebras e não deixar de sentir...É preciso ter os dedos quando faltarem as palavras e sentir... É preciso ter horizonte quando faltar o destino e sentir...É preciso ser forte quando em tudo faltar no sentido e ainda assim , sentir...Já não peço muito acreditem, só peço para conseguir alinhavar as palavras , antes dos silêncios sem ousadias sem endereços ! Alinhavar as palavras de umas para as outras, mesmo que isso não me traga os sonhos que me esvoaçaram das mãos!

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Hoje tenho esta  sensação estranha, como se não pertencesse a lado algum. É estranha, porque é suposto sabermos qual o nosso lugar. Onde nós nos sentimos bem, onde queremos ficar, de onde não queremos partir e onde queremos regressar. Por alguma razão, não tenho esse sentimento de pertença é como se estivesse incompleto. É certo que essa pertença pode ser a um lugar físico, ou a alguém. Agora se não temos nem um nem outro, como nos podemos sentir completos? Isso parece-me impossível! Bastava mesmo um abraço, acreditem , a ausência desse abraço tolhe-me. Faz-me, vagabundo, desde que acordo até que adormeço. A distância física tornou-se também afetiva. E dói, qual ferida aberta não fecha. Dói no corpo e dói no coração. Dói na alma. A saudade desse abraço deixa-me exaurido, extenua-me. É um vazio que não se esvazia. É a nuvem num dia de sol. O abraço não é só uns braços que nos acolhem, nos apertam e nos levantam do chão. Abraço é vida. Quero voltar à vida. Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre... Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso por muitas razões mas quem me conhece devia saber quais são…É o deficiente escrutínio das pessoas à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é,  são valores. O respeito, é medo. Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos?  Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido. Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Deixa-me triste perceber que existem pessoas que não me conhecem, mesmo que tenham passado a vida comigo. É estranha esta sensação de confiarmos tanto em alguém, nas suas ações, naquilo que pode ou não fazer em determinado tipo de situação e depois chegamos à conclusão de que não há retorno... Ou seja, o outro não consegue adivinhar em nós a forma como pensamos ou como podemos agir... E isso é, no mínimo, estranho. É como se estivéssemos, constantemente, a guiar para chegar a um local, mas nunca o chegamos a encontrar. Estamos, constantemente, a viajar pela vida e não chegamos ao lugar que traçamos no mapa... E quando pensamos que, finalmente, chegámos, percebemos que estamos enganados. Quando temos a sorte de estar com alguém que nos conhece da mesma forma que nós o conhecemos, essa é a sincronia perfeita daquilo que é o amor e a amizade. E, agora, chego à conclusão de que também isso é raro. É muito raro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

 Hoje assisto à vida, que vai correndo,  a lua está linda  mas decidiu-se assim, ter de aprender a viver sem a ternura de um olhar e sem o toque de umas mãos…Sem um corpo onde me perca, assim como o perfume que escolhi! Estou aprender a viver sem o abraço,  sem as sensações que este me transmitia, sem o brilho do olhar que me inundava, sem o conforto de uma simples palavra como a de um bom dia! Não é fácil aprender a viver sem o colo do amor,  sem o calor da  pele que abraçava a minha…. Alguém me pode ensinar a seguir sem o mel dos sonhos, sem o  sorriso estampado, sem o destino final dos meus desejos? Quando pensávamos que havíamos esquecido a alegria dos sentimentos , eis que a dor regressa sem que peça licença . Quantos de vocês já tiveram esta sensação, como eu,  em que a ausência e a saudade é imensa. Às vezes parece que passaram séculos desde o último beijo, parece que tenho espetadas facas no coração . Às vezes a memória atraiçoa-me e outras vezes parece que basta fechar os olhos e que aqui ao pé de mim está mesmo alguém a pulsar dentro de mim. Tem dias que não acredito que isto aconteceu, tem horas que não acredito na perda,  às vezes por segundos não quero acreditar, e a mim continuo a mentir-me que nada disso aconteceu... Procuro que a minha vida vá tendo alguma musicalidade, ignorando o desfecho paralisante duma conclusão. Estou absolutamente certo de que nem eu nem ninguém anda com a verdade no bolso, mas estou certo também de que dela irremediavelmente nos aproximamos pelas coisas que descobrimos e pelas resistências que vencemos…Todos somos feitos de sentimentos, de que vale o sol nas nossas vidas, quando estas se embrulham num vestido de saudade que nos silencia, nos derruba entre o cemitério e a vala do tempo parado…Deixamos amputar a nossa alma porque? Se os gritos ficam retidos haja guerra ou haja paz! De que vale o sopro das palavras se a cada paço trememos e fazemos vibrar as pedras das calçadas que de tanto desgastadas, se calaram a escutar apenas os passos…  As palavras caem frouxas, neste calçadão perturbado , sento-me na estrada amarrado aos ventos que viajam em contramão, levando-me esta pagina vazia para a alma que abriu os braços e me deixou cair no vácuo dissipado da coragem. Hoje se tivesse que me descrever, diria que sou uma pessoa à procura de palavras e que às vezes,  acaba por as encontrarA vida é um resumo do acabar,  acabamos por sentir todo o dia a necessidade de o acabar! Talvez assim possamos acabar com a tristeza, com a dúvida, com o desejo, com o sonho… Todos os dias somos conotados com um novo ser, cada sujeito que nos aborda que nos vive nos classifica de uma forma , como se fosse possível nos renovarmos para melhor ou para pior , dependendo do sentir do outro! Se assim for, então seremos sempre o outro. Mas se te achas sempre o mesmo, então a sociedade te fará morrer por imensas idades! que não viveste ... Fará isso de nós um eterno? Talvez então não devamos amar com amor, devamos amar sem querer , sem sentir como se fossemos um outro e não nós mesmos. Talvez devamos amar sem esperar, separando o que sentimos apenas dentro de nós, porque o resto levaram tudo até as folhas das memorias! 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Hoje as  palavras podem até não ter, em si, qualquer mérito  já! Mas !!! Se forem convenientemente utilizadas, têm todos os méritos possíveis . Hoje se escrevo , é apenas para iluminar o corredor da minha alma que muitas vezes , escolhe o pôr-do-sol como refúgio ficando apenas  ali, ao pé do mar, a ver os barcos passarem enquanto o poente avança, e vão aparecendo novas cores no céu outrora apenas azul. ao ver o sol, já quase mergulhado no horizonte, invade me um silêncio, que me revira dos pés à cabeça, para então, levar me para longe, tão longe...é aí que me apercebo que já não faço parte do meu próprio mundo e acabo por sentir um imenso vazio – um vazio de mim. Nesses momentos, não há poesia. Estou só, afogado por uma solidão faminta, atenciosa, paciente, meticulosa e fiel. Dói a alma, a respiração concentra-se num só ponto, os ossos estalam em desespero, é penoso estar desnudado de mim mesmo quando falhamos em tudo até na comunicação, sim comunicação falha quando alguém fica com ideia que somos algo que não somos de todo... É como se  entregassem os livros ao sepulcro das estantes, ao amor, desse-mos um colo de horas certas, e deixássemos de abrir as janelas para cheirar a noite! Já nada soletra as palavras, se ao menos a dor servisse para atirar às  paredes e abrisse as portas até estas falariam, o grito que se fechou na garganta…Se ao menos a dor sangrasse o sal do abismo criado,  as mentiras repousariam apenas nas vidas vazias que o tempo coloriu nos jardins do sonho que caiu sem dono e sem morada. Tudo se perdeu no caos de uma praia cega que não teve a capacidade de sentir o que se sentia, deixou-se levar pelo vento arrastando-me de novo para o palácio do mendigo  ! Lugar onde os sonhos  são inquietação,  pintada,  pelas manchas interditas deixadas nos lençóis onde o amor se inventou e se fez olhar….Eu sei que a morte dos sonhos é apenas mais uma pura mentira , não existem sonhos assim que se desfaçam  como marés, a morte dos sonhos entranha-se pela pele sem jamais morrerem , ficam na sombra a queimar o futuro  entre o cais que serve de chagada e partida . Na hora de tudo se converter em dor, lagrima e escuridão perde-se o tempo do regresso , ficamos sem nada possuir com o amor na palma de uma das mãos aberta e na outra o que se inventou para o amor não ter… Hoje a morte dos sonhos rasga-me as palmas das mãos que de tanto abertas ficarem os ventos tudo levaram , porque a magia é sempre incerta e eu, no amor inventado, apenas mais um vagabundo…

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Hoje a verdade dos dias está na latência do tempo. Geram-se  na esquina do desejo do amanhã,  olhares límpidos da alma , vontades,  que desenvolvem-se no projetar do novo ano,   parido no primeiro segundo entre o último badalar de 31 e  o acordar do primeiro minuto do ano vigente . Este novo ano será um novo silencio aberto ao mundo,  cruzando balões de oxigénio, em rostos de fome, que esse seja o alimento, de esperança. Deixá-lo aberto, livre e sonhador. Deixá-lo sorrir na madrugada desse amanhã que ainda se entreabre. Há no poema de cada ano a esperança de cada dia, há neste ano poemas de amor sem tempo, mas o tempo vive sem nós… Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. O amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar! Que  ele nunca perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa, mesmo sabendo que as pessoas que amamos podem  nunca ter o mesmo sentimento por nós…A Única coisa que peço é para ser sempre grande perante as adversidades , tenho escutado muito, nestes últimos tempos, até falando mesmo com o tempo, dessa bolha  que foi e já não volta,  enfim do passado. O passado é aquele muro a que subimos, onde nos sentamos e que depois descemos ora cambaleando, ora graciosamente . Assim, não se me afigura nada mais memorável, saudoso ou ainda percetível nos suspiros de memória, pois que não sendo mais do que o caminho dos nossos dias torna-se o resultado dos nossos passos. Há quem se lave de memória e na memória, quem se vista dela e há todos os que se adornam da mesma por chegarem á conclusão que o mundo onde vivemos muitas vezes é muito pequenino! Mais um ano que passou e mais um ano que começa, muitos laços desfeitos, muitos apegos difíceis de soltar…Agora que o silencio é um mar sem ondas, eu então tentarei navegar dentro das perguntas que há muito fiz, porque isso me faz lembra um grito, um sorriso daqueles que poucas vezes se repetem em nós…Hoje lembro-me como se faz amor na pele da amizade, dos copos cheios e vazios, do olhar , da praceta do labirinto da noite, da voz de luta, do toque, do acorde do adeus, dos versos repetidos para nunca serem esquecidos, das mãos as escavar ternura como se esta fosse terra, lembro-me das estradas, falésias precipícios onde retemos a respiração…Hoje lembro-me do canto lírico em tom de medo, lembro-me que não estás, lembro-me da queda forçada pela vertigem dos olhares de terceiros, lembro-me das rugas da minha memoria, lembro-me do cheiro de cada beijo , lembro-me da embriagues das vozes na selagem dum simples abraço, lembro-me do desejo calado, do falado, lembro-me das roupas, da ausência das mesmas, lembro-me do corpo antes e depois de ter sido esculpido, do rasgo de poeta que aclarava,  lembro-me do tic-tac do coração que tão bem guardava dentro de mim, lembro-me até de tudo o resto…Lembro-me de tudo, porque esquecer é perder, perder, é não ser, não ser é deixar de estar, deixar de estar é apagar tudo, apagar tudo é recomeçar , recomeçar é lembrar! Meus amigos não saiam de mim, porque por onde passo fica tudo o que sou, vocês também se irão lembrar de tudo e do resto…Feliz 2022

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...