terça-feira, 31 de janeiro de 2023

 Hoje sinto a linguagem que escrevo tão doce como um amargo de boca, como se transpirasse um riso embalado em lagrimas que a cada toque entre as letras derramassem um arrepio de silencio! O Amor nunca será o que queremos sentir,  ele é o que sentimos sem querer, o vazio que sossega no fundo dos dias é algo de raso que nunca ressoa na nossa voz … hoje estou neste sótão , e este precisa tanto de uma escada para ser acedido! Não vejo degraus nesta espera , nem tão pouco posso dar passos verticais . Sinto-o cheio de poeiras, fico sem expectativas de encontrar as memorias nesse amontoado de poeiras. O meu sótão é amplo, suspenso em elos fortes, mas falta-me o acesso a uma escada, porque cada degrau escalado eleva-me para um outro patamar… todos temos um sótão e eu planejei o meu com a mais empenhada engenharia do pensamento, falta-me apenas a escada nesta noite de silencio que a ausência veste de escuro no meu olhar derramando sonhos que nasceram nas minhas mãos vazias…Há palavras que não são só nossas, outras pessoas prenunciam mas deixam-se perder nas esquinas do tempo  e nos soluços que se desprendem do corpo! Hoje nos voos dos meus sonhos onde anoiteço, deixo resvalar pelos dedos a solidão presa nos gestos que rotulam o silêncio escondido. Talvez se tenha de passar a sussurrar sonhos pela vergonha de os ter sonhado, talvez um dia os escreva para todos e para ninguém, convertendo em palavras as frases ainda sem sentido quem em mim se geram… Somos protagonistas das nossas ausência,  mesmo daquelas que estão deitadas nos trilhos da memoria dos anjos das nossas vidas, porque há dias em que a noite se fecha na ultima hora e nada resta a não ser a imagem impossível daquilo que um dia fez o nosso! Continuamos a caminhar nos velhos rastos como se fossemos lobos farejando pela presa que nos é guardada na própria sorte. Pergunto-me quantas cartas ainda vou escrever, quando a conversa infinita finda, acaba por se transformar numa escritura  em que tudo o que se fala passa a ser apenas uma ata a definir os ventos...

domingo, 22 de janeiro de 2023

 Hoje sei que não sou eterno, apena uma sucessão de muitos. Dentro disso há toda a dimensão de minha pequenez. É assim que me sinto, como uma partícula que está no meio das toneladas de pó que se acumulam pelos tempos. Nesta vida não desejo me punir por não ser sempre grande, embora saiba que a diferença dos grandes homens para os ditos pequenos, não é nenhuma! Nunca procurei ser lembrado pela história das bocas dos demais que me conhecem! Jamais! Apenas busco a liberdade de ser eu, com todo o limite, criando vínculos que devem ser consolidados, onde tento-me definir da forma como atuo… Somos todos humanos e os sentimentos que espalhamos erguem muros de cor tépida e só nos tornam eternos os sentimentos que tangenciam  o bem … Muitas vezes sentimos a nossa casa  tombada,  talvez esta vá para outra dimensão mas é mesmo assim esta é  a nossa missão de vida! É ai que podemos ser o gigante que alguém espera mas enquanto isso não acontece,  ficamos aqui, sem anseios de ser o que não somos  nem queremos ser…Já viram que tudo nesta vida parece uma cobrança para sermos algo que efetivamente não somos!  Nada precisamos transformar ,  chega a parecer que a nossa transformação é imperiosa mas!! O que mudar ? Sinceramente, não sei! Temos dias que a angustia cai densa, em câmera lenta,  como pedras de granizo, atolando a nossa garganta , manchando o solo que pisamos, fazendo correr sobre o nosso caminho água espessa e meus amigos, há tanta chuva para nos molhar… É como estar de frente a um beco do sonho, sem saída  um negro colorido que nos coloca a duvida se está na hora de seguirmos em frente com ele ou, simplesmente acordar! Os dias que correm são como uma galeria, uma vitrine de um longo tubo de ensaio onde se agita a fantasia e o surreal! E como acham que eu classifico tudo isto, talvez seja uma liberdade sufocante ..Nada mais! Somos seres suspensos, porque nos aproximamos , deixamo-nos cair nessa cama larga que chamo vida, lado a lado mas em silêncio… Decidir, bem a vida nada mais é que isso mesmo, se não soubermos escolher , os factos escolhe-nos a nós. Sem palavras, sem queixas, só mesmo com o silencio. Depois de tudo perguntamo-nos , uma coisa horrível, de que lado vamos adormecer, expostos ao céu escuro e profundo, nus indefesos sem um abrigo, ou damos uma unhada na alma e deixamos o ar entrar como uma espécie de livro da vida onde qualquer sopro, por mais recôndito que se queira , regista uma linha na historia impossível de ser contada em seus detalhes…

domingo, 15 de janeiro de 2023

Hoje fecho-me nos espaços do silêncio como se os sentidos me abraçassem num tom de notícia, onde os erros que se escreve,  se transformassem nos sítios certos, e em  melodias  escritas por sílabas caídas na mistura de raízes e estrelas que o mapa da vida decompõe em sementes que retiramos dos frutos depois de abertos! Sinto o meu corpo como um mapa , onde vão sendo tatuados os desenhos de textos abertos pelo tempo, abro mais um gomo deste fruto que saboreio, n a sua acidez  separo a leveza da adstringência que os destroços de uma vida tatuam nos nomes serenos das pedras que o mármore das colinas vai ampliando na casa da nossa vida. O Amor é silêncio confortável entre duas pessoas, o amor é olhar para o outro e dizer que o amamos sem o dizer no termo lato da palavra…O amor é o abraço que nos faz ficar ali, esquecendo o resto, o amor é rir, suspirar agradecendo a sorte que temos! O Amor é dar a mão em todos os momentos, bons , maus e aceitáveis…O amor é proteger sem sufocar, é respeito, cumplicidade , sintonia mutua…Sim mutua porque muitas vezes só um de dois a entende! Quando suportamos as dores do outro , isso é crescer junto a outro alguém! Talvez a grande dificuldade que envolve o empenho da tematização acerca da tolerância do ser humano se encontre na própria interpretação do termo. Tolerar pode ser entendido como atitude de quem é paciente, compreensivo, mas isso não é verdade, muitas vezes tolera-se,   para equilibrar os ciclos… Sempre houve pessoas diferentes , quer no caráter quer na superioridade que demonstram em relação aos demais , é essa diferença ou talvez pluralidade que nos faz continuamente reconhece-las  como pessoas boas e apenas são diferentes , nada mais… fazes parte de mim, acrescentaste luz à minha vida, sorrisos e criação de boas memorias. Inspiro-me em ti para ser uma pessoa melhor, sentir o amor contigo é sentir que sou feliz  isso permite-me ser vulnerável , ser livre para ser o teu mundo e tu o meu. Decoro cada traço do teu rosto, brinco com o teu cabelo, como se nele navegasse até ao olhar dos teus olhos . Admiro-te , observo-te com orgulho por estares a meu lado. Quero continuar a partilhar esse amor, que em acalma e a única coisa que aumenta em mim é o amor diário. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Hoje vos digo que,  fico triste por não haver ninguém, que nos ensine a chorar, mas talvez devessem. Alguém, algures no tempo da nossa vida devia ensinar-nos. Talvez assim crescêssemos e houvesse menos afogamentos em seco, menos asfixia pelo lado de dentro do silêncio. Talvez  conseguíssemos nos livrar de algum peso, daquelas coisas que doem caladas, tanto mas!!! Habituamos a isso, como uma respiração interna que nos acompanha e já nem distinguimos, se deveríamos ou não derramar o choro... Nunca fui muito de chorar, mas, choro do choque, ou pela impotência que vou prolongando em mim, que se arrasta até à dor física, porque até estas eu acomodo, e,  jã nem consigo assobiar para o lado enquanto  isso resta-me arruma-las, ou tentar...Fecho janelas com vista para essa realidade, mergulho na dormência e finjo que vivo onde os outros me vêm. Nunca precisei de usar o choro como adereço de cena, ou alavanca de negociação ou até mesmo como forma de me manifestar aos outros, se o fiz foi no meu silêncio escondido. Como é obvio eu já  chorei mas isso nunca  foi um eco de outro choro que não consegui amparar, ou evitar, porque ninguém o consegue e eu, também  não consigo…. Quando sentimos impotência perante a dor de quem amamos, isso apenas ressoa em vagas próprias . Não devíamos assistir nunca ao choro dos outros, porque ai estamos a arrasar todas as defesas que ainda sentimos que nos protegem.. Deviam-nos ter ensinado a chorar, mas o mundo não o permite!  Hoje se fosse dessa tribo amiga das lágrimas acho que tinha chorado, tinha-me desabado um pouco,  para me segurar inteiro de alguma parte. Mas não. E agora aqui, sentado a ver a neblina lá  fora com a cabeça a estalar como refração do dia, gostava de poder chorar o que me angustia, o que me chateia, aliviar o que dói e não sei anestesiar, só entreter para dissipar com o começo de um qualquer novo dia, que de novo não concebe nada. Quando somos mais novos , cremos ter todo o tempo do mundo para tudo, acreditamos que o amor, a beleza, a família os amigos serão para todo o nosso sempre… Mas! Um dia acordamos e já perdemos grande parte disso tudo, da beleza, dos amigos, por isso o que realmente importa na vida são as historias que vivemos, o tempo que passamos com quem amamos e os corações que cativamos através dos nossos gestos sorrisos e olhares. O resto final das contas, é penas resto…Não quero de todo ser mais um que corre só por correr , que corre só para não estar parado, é que estou cansado de estar sentado a ver alguém a correr á minha volta, para mim, por mim… Até que se canse e se sente também a meu lado,  porque quem corre são os perdidos e perdidos não andamos,  vamos parar de correr , há muito que me encontrei...

domingo, 1 de janeiro de 2023

 Hoje sinto a pressão constante que é a de escrever revertendo as cores que me deturpam o olhar, é esta a  necessidade de dar palavras ao nada, que aquece-me a alma numa contradição protagonista da infinidade daquilo que sou. Ao contrario do verão, o inverno esta ai neste inicio de ano, que sempre me trouxe a inspiração necessária para continuar a ser o que sou. Prefiro entrar nessa escrita criativa, que me leva, apenas a transcrever pensamentos de fácil colocação em papel…Sabem estou cansado de viver algo que não me é totalmente dado! Viver algo só porque fica bem ou porque está na moda a mim não me agrada de todo! Chega uma altura da vida que nos apercebemos que bebemos o mesmo chá de sempre, e que apenas as mossas mãos mudaram na forma de pegar a chávena…Esse dia acaba sempre por chegar a todos, usamos sempre as mesmas palavras, contamos as cartas que escrevemos e ainda assim, percebemos que foram escassas, para guardar numa cómoda, tudo o que o coração sempre esperou…Quando chegamos à conclusão que não vão existir mais céus a não ser o  que te vai receber na hora da partida,  então olhas para os teus textos, livros e para os teus retratos na parede de uma vida, e,  fechas os olhos e prometes-te a ti mesmo voltar a visitar os mesmos lugares e a amar da mesma forma pessoas as pessoas que nem sempre te entenderam … No final das contas, perguntas-te, então o que faltou nesta vida? Talvez memorias de tudo o que ainda não viveste, por isso  vou então,  adormecer agora mesmo e ai sim, tenho o sonho guardado onde tu habitas e eu , ganho asas para poder viajar pelas nuvens e guardar nelas o egoísmo de todos os que me obstaculizam a vida que se formos a ver, sou eu que conduzo há tanto sem reclamar para mim o leme. Amo-te como quem ama de alma onde quer que estejas, porque estarei sempre a pensar em ti, nos sorrisos que damos, nas promessas em que nos perdemos, porque vivo na certeza de que nascemos um para o outro. Hoje quero agradecer a todas as portas que se fecharam para mim, e permitiram-me chegar ás portas certas, a todas as estrelas que me guiaram nesse caminho de escuridão, agradecer a quem me contou a sua vida, que foi feita de subidas e descidas como a minha, que me ensinou que todas as adversidades tem solução,  que a fé está em nós e na nossa essência, que para tudo na vida é preciso paciência e dedicação, agradecer a quem me ensinou que falhar faz parte do nosso crescimento e por fim agradecer a quem me encheu o coração  de amor , paz e vida. Obrigado,

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...