Hoje  a cada minuto que nos seja roubado à rotina estende-se uma artéria que percorre todo o corpo, como a língua na ponta dos dedos antes de virar uma pagina, mistura-se o mel com o fel , palavra a palavra e por apenas uma virgula respiramos …Cada passo que damos , deixamos a memoria engasgada, talvez deva ser assim não sei! Quando esquecemos, perdemos o verbo, deixamos para trás o coração a palpitar pela estrada fora, como um comboio que passa sem parar …Não sei palavras que sirvam, para atenuar o peso dos lugares que vão ficando vazios á mesa, nem tão pouco tenho palavras para aqueles que se sentam a sentir a ausência a nosso lado… Na realidade , não há palavras magicas, ou formulas milagrosas que nos salvem das tragedias da vida, eu pelo menos não tenho, nem sei quem as tenha. Dizer o quer que seja , parece inútil, porque nada do que digamos , mudará uma vírgula no orgulho de cada uma das pessoas e o mundo não para… Não há guerra ou luta que consiga estancar as dores, nada impede o frio de cada um nem mesmo os cobertores perfumados de quem nos bem quer… Podemos até adormecer no chão à espera do amanha, observando as solidões a que cada um é submetido, mas fica sempre patente a descrença, os julgamentos precoces a violência gratuita , não consigo encontrar a palavra que independente da religião, da força das crenças todos partilhem, porque no final de contas somos todos , espirito, luta, esperança, sonhos … Posso dizer até, deixem que a luz brilhe, que a luz vos olhe, que a luz vos colha, como quem se  deixa arder e regresse galopando nos mistérios de veias abertas para o dorso do mundo. Mas! Ninguém escuta… Para falar preciso de focar-me nas palavras , nos nomes  das coisas , de janela escancarada  , de porta entreaberta,  ainda assim,  todos dirão onde está a chave para entrar! Para falar, tenho sempre que saber qual o som de um trovão e ao mesmo  tempo, saber se o seu som é maior que o clarão do relâmpago! Mas!! Nada é vazio ou sem nomes,  até uma tempestade, um cometa têm um nome! Tudo toca o nosso chão, o nosso céu o nosso caminho, os olhares esquecidos são como pétalas delicadas, são sinais de sentidos envergonhados nas singelas visões dos dias de ti… O amor transforma-se como a vida do sol e da lua! Quando estes se viram pela primeira vez nos primórdios do universo logo se apaixonaram, desde então o seu grande amor prevaleceu,  foi essa luz que cada um emanou que fez com que os deuses lhe dessem o seu toque final …O Brilho! Mas, também decidiram que cada um iluminaria uma parte das 24 horas que os dias tem, foram obrigados a viver separados e isso fez abater-se sobre eles uma enorme tristeza pois jamais  conseguiriam encontrar-se …A lua  foi ficando cada vez mais amargurada pois nem o brilho que os Deuses lhe deram impediu que se tornasse solitária , já o Sol, mesmo com o nobre nome de Astro Rei,  não achou suficiente para se sentir Feliz…Reuniram-se com os Deuses e estes apenas concederam que a lua tivesses estrelas para não se sentir solitária …E o Sol?! Bem este apenas esquenta a paixão com a escuridão da noite…Se algum dia olharem o Céu e virem que o Sol cobriu a lua , então foi porque ele adormeceu no seu colo e, a isso hoje,  chamamos apenas eclipse…..

Hoje vou ter de falar de amor, essa expressão onde cada vez há mais formas verbais que aos poucos lhe vão roubando o sentido. Porque acham que o digo? Vou vos dar um grande exemplo, Imaginem que me sento na mesa de um café, peço meio cinzeiro, fumo meio cigarro, olho apenas para metade da ementa, peço apenas metade de uma dose , porque só vou comer metade… Mas precisamos de coisas inteiras, pensem bem, as pessoas sentam-se á mesa dos seus corações, e pedem apenas meia dose de amor, porque as pessoas não amam o suficiente, são cada vez mais os que se contentam com um pedacinho sentimental, as pessoas estão sempre á espera do para sempre seguinte, que jamais será uma eternidade , só para não enfrentarem juntas as realidades duras. O amor não é uma conta para se dividir, o amor é um compromisso de alma então porque se dividem contas e não se comprometem as almas? Talvez ao som das batidas da injustiça da vida eu soe a um crente obstinado de contos de fadas, mas!! Eu gosto do que pareço e gosto das coisas em que acredito, sejamos honestos, a vida já não tem demasiadas contrariedades por si só? Então, porque temos de matar também o que nos resta de importante e fundamentalmente bom? Meus amigos o amor é essa forma de expressão que devia de ser definida como a imensidão do universo do ser .Amor é esse sentimento que nos retira o sono, acelera o coração, rasga-nos os sorrisos no rosto, mesmo nos maus momentos . Amor fica á distancia de um gesto  de uma palavra dum olhar, ele será eternamente descontente  porque quer sempre o horizonte e os reinos da fantasia e das possibilidades de dois mundos. Não , eu não aceito meia dose de amor , que toda a loucura e incoerência , quero o riso e as lagrimas, aceito o medo e a mágoa, a solidão a saudade … Não acredito noutra forma de amar , peço desculpa, só acredito na inteira e plena, que não aceita ser metade de si mesma , não quero meia dose, não tenho medo da dor, tenho sim medo de viver e não me amarem por inteiro. No fundo de pensarmos bem, não foi a expressão de amor que se tornou banal, foram os corações das pessoas que se tornaram fúteis, não foi nem será a sociedade a corromper um sentimento , foi o medo de ganhar e perder a batalha contra todas as possibilidades que fez roubar as crenças no amor…Foram as pessoas a decidir que crescer como pessoas  era o mesmo que não escolher não acreditar em nada. Quero a vivência completa, quero dar e receber a dor e o sorriso a quem sabe que estarei a dar o máximo.  Quem complica tudo somos nós, o amor é mais simples do que pensamos , é um sentimento desenhado pelos deuses , então é divino e sublime. Amor não há muitos mesmo, amor é puro, companheiro, não é corpo, nem beleza, nem atração, amor é, coração e alma. Amor é o sentimento que nos leva ao melhor que podemos ser, o contrario disso é qualquer outra coisa que nem sei que nome terá!