quarta-feira, 4 de abril de 2018


Hoje peguei na caneta e desenhei as letras no papel!! Sem receio, misturei a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem querer, despejei as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da pele, naquele lugar onde se guardam os medos. Tentei desenhar cada letra com cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas!! Tinha a certeza de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons...Ainda assim, limitei-me em cada frase, desfazer o tabu da culpa que me pendia nos nós dos dedos. Não sabia de onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese em mim!!.Senti que fluía em mim uma escrita, gelada, a consumir-me a pele e a guiar-me as mãos pelos recantos do dia. E os dias ...Estes vão passando, com as horas a pesar-me nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo.O mundo continua, o tempo corre atrás de tudo o que nunca voltará. Sinto-me esquecido nas curvas apertadas do caminho onde vou escrevendo, não sei bem sobre quê, mas... escrevo. até que um dia a caneta no papel já não sabia quem é...Hoje olhei os meus olhos e percebi que não mais cabia o que sinto na minha própria pele, por isso despi-me de mim e vesti estas palavras...

3 comentários:

  1. Bom dia, muito belo o que escreves Paulo, sensacional, magico , nem tenho adjectivos para valorizar o que aqui partilhas beijinhos

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  2. Que bom que tens esta forma de expulsar tudo o que te vai na alma... a escrita, no fundo torna-se o teu confessionário e podes de alguma forma "limpar" a tua alma. Nunca vivas com a culpa... de nada... perdoa e perdoa-te a ti mesmo, errarmos é humano e a paz só é alcançada quando percebemos isto e aceitamos o perdão dos outros mas sobretudo conseguirmos perdoarmos a nós mesmo. Um beijinho muito grande

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  3. Caro Paulo as pessoas que se aventuram a escrever, escrevem para diminuir a febre do seu sentir, muitos tem apenas nas palavras um refugio outros, e , é ai que o Paulo se enquadra fazem lindas paisagens com o que sentem.
    Todos nós temos dentro do nosso peito um livro em branco, quando escrevemos não é para escrever o que sabemos mas sim o que queremos saber , Bem haja Paulo , mais uma linda paisagem que aqui escreveu...

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