Deito-me todos os dias fora de horas, mas sei que adormeço antes, talvez tenha perdido a noção da alternância entre a lucidez e a noite escura!!! Adormeço de olhos abertos sobre a mesa onde os papéis descansam de mim. Assim fico, inerte no olhar da vigília, até despertar das imagens ou dos desejos cada vez mais definidos, escondidos debaixo de algumas letras que repito desconexamente. Mesmo em dias tempestuosos, transpirando sob o frio que gela a casa pelo lado de dentro, adormeço nos gestos e nos olhos ainda abertos mas sem noite que os faça descansar. As paredes são iguais todos os dias e eu, de olhos abertos sobre a mesa onde as folhas dos livros me rejeitam a vontade, forço contas de cabeça em volta de parcelas apagadas pelo tempo mas o tempo esse foge-me pelos dedos!!! Deito-me e todos os, de olhos abertos mas sem parar para pensar, dou comigo sem sentidos porque os perdi na busca de razões para que o mundo seja este girar contínuo de interesses que nunca são os que interessam, enquanto as pessoas se batem e se combatem por convicções que as viram de costas umas para as outras. E também se abatem na necessidade de confronto. São poucas as horas do dia e é pouco o tempo para aquilo que verdadeiramente é importante, parecendo que a importância está nos argumentos da afirmação falível. Já são poucos os dias em que não me deito fora de horas, fora de mim, e se o desejo permanece é porque se alimenta desta vontade de passar para além da realidade e negar aos olhos e ao entendimento a aproximação precoce de um precipício . São poucos os dias em que permaneço inteiro. Hoje deito-me muito cedo certamente antes de cair a noite e vou rebuscar as peças para me enformar mais uma vez, colando-me destes pedaços que me compõem !!!
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Olá Paulo, ja tinha saudades de ver mais um texto teu, muito bonito , muito sentido, muito realista, talvez qualquer um de nós se reveja nessas palavras que nos enchem o coração de pedaços teus...
ResponderEliminarBelo pensamento Paulo, genuíno e intrigante ! sempre que tentamos pensar e muita coisa é esse o sentimento que resta em nós...Reinventamos-nos é sempre o que nos resta de todas as nossas decisões e altos e baixos . Abraço
ResponderEliminarcaro Paulo, simplesmente maravilhoso. Um bem haja para si
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