quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Hoje e agora os meus olhos tremulam na escuridão, desmaiando na noite que cerrou, e embaciou os céus , enquanto a maresia envolveu-se nas águas paradas onde a concha que me encerra , me abandona em troca de grãos de areia que sem alma se vão arrastando pelas margens … Estas águas espelhadas, não refletem em mim as vozes, os risos, os minutos, que o mundo desenha…Meus ouvidos pousam na noite dormente , como uma ave refém, na escuta dos batidos distantes  dos passos que caminham no escuro sem alma, são estes os viajantes que voltam pouco a pouco, num regresso que é um poço onde jazem muitas historias. Uma arvore que tem muitos frutos, um mar de muitas ondas, um silêncio com muitos gritos, um céu de muitas nuvens, um coração de muitas explosões …Um regresso é sempre um poço de solidões! Há que diga que é um dom, ou um talento, mas eu apenas desejo me expressar e quando não escrevo , sinto-me completamente vazio…SE me falta a inspiração , emocionalmente me fragmento , fico sem chão, se falo de amor e paixão é porque isso me preenche o coração! Sinto-me carente quando não escrevo, e o que escrevo é puramente humano, somos emocionais e cada palavra é um puco de paixão que vivo…É nas palavras que vou bordando a magia que o tempo me roubou, é nesse momento que a ampulheta do tempo me faz desfazer os contratempos…Se ao menos eu conseguisse dizer numa só palavras o como pode ser grandioso sussurrar nas asas do vento,  eu então refletir-me-ia na luminescência  do luar não pelas palavras sucintas que muda o tempo  mas antes pelas  que mudem o mundo! Quando escrevo sinto que estou em queda livre, é ai que  me vou segurando a tudo o que acho seguro, rejeitando a estrada que não me leva a lado nenhum ... Vou rejeitando esse caminho , escutando os trovões , gritando com eles como se esse fosse o meu ultimo suspiro, vou colocar a minha armadura e enfrentar esse novo ano que me deixa suspenso! Estas são as palavras amedrontadas que hoje chega até mim, são tão precisas que morrem como estrelas na nudez das minhas mãos...Que o foco do seu final ilumine esta avidez...


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Hoje é o caminho ruidoso que descarrila sobre os nossos sentidos e que os leva a lado nenhum...Este é um artifício criado por uma necessidade de disfarçar o vazio permanente. Assim, no decorrer de dias cinzentos e frios, escondemo-nos as horas planeadas, numa ansiedade medonha. Fingimos sorrisos e abraçamos o nada, aquele que nos une a uma vida que esquecemos um dia numa qualquer esquina labiríntica do passado. Perdemos a autenticidade e vivemos por entre o ruído e a pressa, esquecendo que a paz pode haver no silêncio...Só essa paz, tranquilidade interior, nos pode alimentar o espírito, devolver aquele sorriso náufrago de verdade e fazer de nós pessoas melhores a cada novo amanhecer. Nesta acrobacia veloz, em que se procura um equilíbrio saudável entre o ser e o estar, somos forçados a estabelecer prioridades, a destronar o superficial e o momentâneo. Coloca-se-nos o  de sermos maiores do que a própria existência e levitarmos acima de tudo o que é circunstancial. O desafio de não nos deixarmos corromper pelo tempo e pelo desgaste da escuridão que por vezes se instala. O desafio de conseguir sentir a felicidade nas secas migalhas dos dias. Nesse momento seremos muralhas superiores ao próprio tempo e espaço. São breves os momentos que nos anexam à vida que tantas vezes rasuramos sem pensar que o amanhã pode nem sequer existir mais...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 Hoje penso que é quase  impossível definir o amor de uma forma mais precisa, é obvio  que concordarmos de que se trata de um desejo,  ardente de vermos a pessoa que gostamos feliz, independente de circunstâncias que nos são impostas serem ou não as mais favoráveis ! Daí tratar-se do mais sublime sentimento , já que não visamos recompensa alguma. Gostamos e pronto! É ai que a poesia se difunde como uma voz da alma no seu tom mais audível. Gostava que percebessem que um começo afetivo até pode durar uma eternidade, mas para isso acontecer esse amor, essa paixão, essa verdade tem de ser grandiosa para costurar as cicatrizes de uma vivência anterior que se tenha transformado numa mera etapa de um percurso…Acredito que quanto mais honestos sejamos, mais fineza usaremos no trato mutuo e é isso, que une a mais admirável voz do caracter para com o próximo. Há quem diga que sou estranho,  acredito que são os deuses que aproximam os seres uns dos outros, assim como são os rastos de luz que me fazem escrever as brisas que me vão sussurrando nas mãos e me fazem derramar os sentimentos das intenções mais iluminadas ! Amar é um privilégio e um constante  aprendizado indivisível que entra em forma de luz nos corações , gerando a paz e a harmonia…Uma vivência de Luta em todos os sentidos, que esculpe as ações mais justas e peneira a rudez e o egoísmo um feliz Natal 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 Hoje os Pés andam ,  nus sobre o asfalto, assolado pelos vendavais, que refletem os cabelos ao vento no silencio agonizante dos mortais. Estende-se ao longe uma luz de sonho, como um manto envolto pela desarmonia …Sacudida a espera lenta pelo sopro da certeza, firma-se os pés na clareza do caminho que se abre retilíneo traçado pelo esquadro do destino em passos descompassados de declínio! Talvez o mundo esteja a fazer o pino e por sua vez corra com a maré-cheia. Isto tudo revela a dança da lua, louca e breve, onde se junta o sol encoberto no meu olhar, abandonado à sua sorte …Quero caminhar de vagar, muito devagar, sem pressa , sem meta, somente andando no ritmo que a escuridão impera! Tenho vontade de andar de vagar, sem  embaraçar, sem pensar na vida, sem pensar na dor, apenas sonhar e voar…Em Janeiro já há saldos, quanto custará a felicidade? Um montão de sacrifícios certamente, e amargura…Quanto custará a felicidade, uma vida? Um Caminho? Um olhar? Apetece caminhar devagar, somente com a minha alma lado a  lado, só esta hoje me escuta enquanto o meu coração bate por fechar os olhos a esta luta…

 

sábado, 12 de dezembro de 2020

 Sei que já houve um tempo, em que as minhas asas foram vento, em que os meus silêncios foram canto de embalar e que vos elevaram a alma e vos fizeram sonhar. Nesse momento, a minha essência libertou-se, abandonou o corpo à sua sorte e ergueu-se no infinito céu onde busco uma estrela nesta noite profunda sem fim. Lembrem-se dos mundos distantes que percorremos nessas viagens deambulantes onde misturamos as cores do arco-íris para pintar as histórias acabadas de sonhar, em tintas frescas que repousavam sobre as telas deste mundo de encantar que tanto sonhamos... Esses eram tempos em que a vida tinha as suas ambiguidades, em que entre muitos de nós não haviam saudades porque sempre nos fundíamos num só corpo, numa só brisa, nesse instante dilacerante que o mundo nos fez passar de noite a dia. É deste alimento que vivo, neste vácuo constante onde me fecho, onde oro, e choro o sal das minhas lágrimas em poemas dessincronizados, desprovidos de fragrâncias. Um dia hei-de voar de novo, por entre os destroços do meu corpo, feito sopro de vida que se ergue do abismo sobre uma praia sem espírito. Estou farto de ser ilusão, esperança e mensagem , deixei de sentir o meu coração, quero alimentar alma com a vontade de seguir a diante, de ser gente e viver o que vida me deixou para os últimos dias ...Não podia por aqui passar sem rasto deixar... olhem parta trás e vejam o que eu deixei !!!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...