quarta-feira, 30 de junho de 2021

Hoje escuto o silêncio .... Leio o tempo e ás vezes fujo, corro de mim!! Mas o mundo não muda ...Eu contínuo aqui, a tentar parar o tempo de tantos momentos sonhos, planos, fantasia promessas , algumas vividas que o tempo levou ...O mundo não mudou os momentos apenas adormeceram nas palavras que se calaram !!! Perderam-se os segredos mas que mude o destino... Por um minuto que seja , nem que seja num jogo de faz de conta ... Por enquanto apenas sinto ilhas de encanto nas rugas provocadas pelo abandono do tempo, que não me souberam eternizar!!! Espalho estas palavras no chão, amontoado de sentidos desconexos , labirintos de emoções que junto em mundos proibidos!!! Que Ousadia esta minha! tentar descontinuar um enigma absorvendo o segredo do ser e assim permanecer... É inquietante o silêncio que habita na solidão dos instantes.... É nesses pedaços de tempo que o coração se invade de uma voz que nos cala, faz-nos  quebrar mesmo que não queiramos! Faz-se poesia com o desmoronar dos castelos, paisagens esquecidas , previsões desta bagagem que transportamos na nudez dos dias longos, dos julgamentos injustos, que acabarei sempre por descrever como quem constrói o som do amor na partilha de quem se ama…Hoje vou verbalizando as quedas, convencendo-me que o chão também é um abrigo, é nesse terminal que desenho as minhas cores, elas se  impõem e me abraçam num carinho de prudência !!! Gosto desta inquietude nesse momento onde o ruído adormece e nos devolve a serenidade que nos faz persistir perante as horas surdas dos dias...Mas !!! por vezes as palavras que escrevemos querem sorrir , elas escondem sorrisos nas rimas misturadas em versos de dor e ausência… Este bailado de palavras inertes muitas vezes jogadas ao chão frio em tons de silabas desalinhadas não é mais que a nossa sombra desaguada no desalento de um papel usado, amarrotado pelo nosso ultimo suspiro...

terça-feira, 22 de junho de 2021

Hoje a noite está a resvalar a escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável. Por muito estranho que pareça, sobrevivemos, e não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar,  percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando  o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela  sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta !  É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente  numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo.  Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas ,  porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas  voltarem a trocar sorrisos e palavras,  coisas simples,   alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem  o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos,  que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos,  do amor, da amizade, da mulher, do homem,  da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos. O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois, por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retira a vontade de ganhar!

quinta-feira, 17 de junho de 2021

 Hoje eu já não acho estranho quando alguém coloca em causa algo que outros tem como adquirido. É uma sensação desconfortável quando começamos a duvidar das nossas certezas e dos outros…Mas, é humano! Eu tenho a noção de que sou uma pessoa de certezas, talvez de ideias firmes até,  por vezes fixas e inflexíveis, é verdade... Mas são elas que nos podem guiar na vida! Se não tivermos certezas como podemos sobreviver neste mundo? São elas que nos fazem seguir e estabelecer um percurso para atingir os nossos objetivos….Se este existirem claro! Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre...Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso. É, muitas vezes, o mundo à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é são valores? O respeito é medo? Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos? Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido.  Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Hoje estou assim,  porque  ter um filho é como ter um coração fora do nosso corpo, e escrever está intimamente associado  a essa ideia ...Por isso!! Hoje mordo o meu coração...



segunda-feira, 14 de junho de 2021

 Hoje dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro janelas de afetos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice das pernas esconde ! Imagino um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido num bosque imaginário,  de prazeres sem grades! Sonhamos que em algum lugar estarão sempre dois braços,  dispostos em forma de casa,  para receber o  nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito…. Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me  firmemente na queda…Mas não …Tive de recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos, para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão, a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos,  que corrompem qualquer palavra que a luz da manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse,  de uma palavra tatuada em mim,  que eu não reconheço mas, mesmo assim,  atravessa a fronteira como um fantasma apavorado pela luz que asfixia…Eu já escrevi muitas paginas na minha vida, mas tenho queimado todas como quem faz anos e sopra as velas sem olhar para trás!

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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Hoje ando costurando pedaços de sonhos rasgados, que sei que dormem dentro de mim.  Agarro-me a  eles, como me agarro ao caminho, para seguir. A vida muitas vezes é-nos servida com uma  dureza gigante, repleta de adversidades que somos obrigados a enfrentar, mas!! Não foi isso que me endureceu o  meu Eu. Tenho como todos vós as minhas andanças internas, em busca de força para construir a colcha da minha vida, me auto defino como um ser  fragilizado, mas com a coragem suficiente para fazer de todos os meus retalhos de um antigo ser,  que pensei não mais existir. Um homem resiliente  que ainda resiste,  e não se deixa ofuscar pela escuridão dos dias menos bons ... Tornei-me um artífice de costurar no escuro,  porém ser assim,  exige de mim  muita habilidade, cautela, para não perder o encanto, a delicadeza, a essência no que me tornei! Quando começamos a bordar a nossa colcha da vida, não é para nos tornarmos melhor que nada nem ninguém , é apenas colocar o amor em cada ponto, cada retalho, das nossas vivências… É ai que ficam os muitos laços para dar, quando outros optam por dar nós… Viver para colorir onde não há cor, é essa a beleza e a leveza desejada entre cada ponto para que mais tarde não seja necessário dar nós em laços difíceis de desatar! Não posso com isto dizer que todos os pontos que costurei na vida tenham sido desencontrados ou apertados, ou, até mesmo que tenham tido a coloração de um dia de cinzento, mas!!! Cinza também é cor, e faz parte de todas as vidas serem preenchidas por todos os tons…Apenas gostava que soubessem, que, viver é fantástico, mas não é verdade que a cor que escolhemos para dar a tonalidade dos nossos dias tenha sido escolhida por nós….Não mesmo!  Hoje olho a lua sem qualquer pudor pela sua cor, ela serve-se como um balsamo para a alma e uma brisa que me acalma .

quarta-feira, 2 de junho de 2021

 Hoje escrevo  como se fosse  passado , porque, os meus dedos viraram estrelas, tocaram no dia de amanha, desenhando o passado, sem presente ! Talvez agora, no futuro, não sinta o frio que a noite  tantas vezes trás, porque no meu corpo vive a luz  de uma lareira recentemente apagada e nem o fumo, que ela teima em fazer crescer, me faz lacrimejar de saudade dum outro futuro… Aquilo que escrevo chama-se imaginação, de ventos e de momentos…Sempre que chove , o Sol espreita para iluminar o céu que rega de luz este meu jardim, descolorido , sem reluzir o azul e cinzento que desaba do céu. Gera-se um sonho, que se deita sobre o meu corpo e faz tempo  que não leio o que escrevo sobre o meu corpo… Uma folha em branco basta, debaixo do olhar, com a caneta ansiosa a descansar de me fazer viajar e levar para todo o lado. São assim os sonhos,  cansam-se de esperar . Até mesmo aqueles nossos sonhos em que o nosso “eu” se desprende de nós próprios, chamando-nos,  rabiscando distâncias e nomes de terras que ainda nem floriram para ninguém… Sinto que já vivi este pensamento, como se o tempo ficasse retido no passado, e hoje voltasse a içar ao mesmo tempo  a noite e os sonhos,  carregando-me por montes e vales,  por portas  onde nunca irei entrar. .. Confesso que me assusto, silencio-me para escutar o coração, deixando-me prostituir por todas as minhas fragilidades  e medos, silenciando o meu intimo apenas mais uma vez ! Este silencio da minha voz , não condiz com o barulho intenso do meu interior, sou muito mais que as minhas palavras escritas, sou muito mais que os emaranhados de nós, que compõem a minha historia, sou antes de mais toda a essência dos meus pedaços, sou inteiro, inquietante, mas também sou leveza, sonhada…Sou um ser em reconstrução que admite que nada  vê e escuta, para além da surdez que abafa os meus dias, quando me carrego de um lado para o outro nesse sonho que outrora sonhei…Neste sonho, chego onde nunca estarei…. Por vezes, em certas noites como esta, acerco-me de um qualquer ideal, e prego aos Deuses,  para que não se esqueçam deixar alguns pedaços de nuvem no meu peito, para que nunca deixe a minha alma só perante os olhares do purgatório final…

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...