Hoje a noite está a resvalar a escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável. Por muito estranho que pareça, sobrevivemos, e não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar, percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta ! É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo. Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas , porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas voltarem a trocar sorrisos e palavras, coisas simples, alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos, que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos, do amor, da amizade, da mulher, do homem, da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos. O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois, por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retira a vontade de ganhar!
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Caro Paulo, você tem uma alma enorme que por vezes chora, quando o corpo se limita a fazer o que a mente deseja, é muito humano isso acontecer, tenho vontade de dizer como uma seguidora sua que tem um coração de ouro, um bem haja enorme Paulo, o que retrata neste pensamento é simplesmente o que esta acontecendo com a humanidade . Muitos beijinhos
ResponderEliminarOlá Paulo, é verdade o que dizes, a incerteza começa a imperar nas nossas vidas, o medo está a instalar-se porque a voz que comanda o mundo não é uniforma, para uns temos de fazer uma coisa, para outros outra, cada líder diz o que sente , e o medo instala-se nas pessoas ... Uma coisa temos de saber o mundo até pode fechar o tempo, o céu escurecer e a chuva desabar sobre as nossas vidas mas, temos de erguer o sol dentro de nós! Obrigado por abordares este tema novamente começa a ser difícil contermos quem nos rodeia...
ResponderEliminarTens muita sensibilidade em relação ao que nos rodeia a todos. O medo a incerteza cria-nos um sentimento misto de incapacidade mas ao mesmo tempo de resiliência para persistirmos e lutarmos por dias melhores. A vida é feita de conquistas e derrotas, sabemos todos isso a partir de uma certa idade, mas , não estamos nunca preparados para perder... Adorei mais este lindo texto que nos faz pensar e desejar sentimentos bons, que para uns são básicos, para outros imprescindíveis á sobrevivência . beijo
ResponderEliminarComo compreendo o Paulo, esse medo é que nos isola e nos retira o ímpeto de vencer .��
ResponderEliminarQuerido tão verdadeiras as tuas palavras. Estamos a iniciar uma nova era, onde infelizmente a maioria ainda não se consciencializou disso. Todas as mudanças trazem sofrimento, mesmo que seja para melhor. Estamos a viver uma mudança global, que nos obriga à introspecção, mas a maioria não consegue passar nem 5 minutos em introspecção, e por isso em vez de procurar respostas no seu interior, vai procurar respostas na TV e nas redes sociais. As pessoas não sabem estar sozinhas e por isso facilmente entram em depressão. Os tempos obrigam-nos à resiliência, ao amor pelo próximo, ao respeito pelo lindo planeta onde vivemos. Mas o ser humano vai precisar de muito tempo para perceber isso. Somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres, ninguém é superior a ninguém, mas uma coisa é certa, nuns prevalece a bondade e sensibilidade e noutros prevalece a maldade e frieza. Este vírus
ResponderEliminarestá a por o ser humano à prova. Este vírus não apareceu por acaso…
Tu és lindo! ❤️
Texto espetacular digno de ser lido, porque nem todos tem a capacidade de perceber o que estamos a viver, uns por ignorância, outros por arrogância e egoísmo. Não é vergonha sentir medo, os nossos lideres mundiais acho que estão mesmo a semear o medo nas pessoas ... Gostei muito desta tua abordagem.
ResponderEliminarOlá Paulo, a nossa maior descoberta geracional é que o ser humano pode alterar a sua vida mudando sua atitude, as tuas palavras sem duvida que vão nesse sentido, temos de nos consciencializar que o mudo está todo de pernas para o ar. Ou se muda atitudes, condutas, ou acho que a humanidade vai pagar muito alta a fatura. Parabéns pelas tuas palavras , são um pedaço de ti e uma forma de fazeres a tua parte. A tua expressão é maravilhosa , o medo de perder retira te a vontade de ganhar , é assim que nos sentimos todos . beijinho
ResponderEliminarSim,este mundo está em mudanças,o medo vive entre nós,a incerteza,vemos as coisas com outros olhos,umas aceitamos outras não,a confiança pelo próximo se está a perder,isolamo-nos nos sem querer estar sozinhos,queremos ver ,queremos sentir,viver,mas recuamos com medo de sofrer,de nós magoarmos,não dizemos o que pensamos,,para não magoar o outro ou a nós próprios?!Acho que este novo tempo nos trouxe muitas perguntas sem resposta,o voltar a aprender a viver nestes novo tempo,aprender acho que é a palavra,estou a aprender a viver.Obrigado,por estas palavras,mais uma vez ,palavras tao belas que nos fazem pensar e sonhar,obrigado 🙏💛
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