sábado, 27 de novembro de 2021

 Hoje assisto ao começo da noite e os cinzeiros já estão repletos de meias palavras, porque será que escolhemos tão pouco aquilo semeamos. O Outono veio como se viesse por outra via, como se viesse de dentro para fora, por isso talvez até consiga ouvir o escuro da noite e escrever apenas numa dobra do tempo, como se essa fosse uma tarefa única e livre de todos os meus pensamentos e recordações. Todos temos dias assim em que vamos buscar imagens que o nosso olhar fotografou de olhares alegres, risos suaves, silêncios de paixão, que nos torna o coração dormente. Há que dar cor á mudança, deixar os ventos soprar e desbotar as tristezas passadas. Há dias que é tão fácil desenhar o silencio no nosso rosto, mas outros que custa…Com isto a noite voou-me das mãos , abriu as cortinas e deixou entrar a luz fazendo esquecer de novo a noite que partiu suavemente sem nunca dizer adeus, pintando as cores apenas da razão… Parece uma roda de vida onde tudo se vive e escreve, uma viagem sem ir nem vir, onde a luz do dia cai-nos das mãos,  resvalando para de novo deixar-nos envolver pelo escuro da noite que se avizinha! Ela trás no rosto as coisas que já sei,  gotas de trevas a desenharem as rugas mais perfeitas no eco, que deixei na minha vida inflamar,. Solto silabas secas sem brilho das estrelas,  ainda assim, ofuscam a lua que perdeu o seu poder sobre as marés ...Hoje apenas falo de pedras paralelas aos rios, portas sem números, ruas sem nomes, vidas desgastadas embrulhadas no fumo amargo do cigarro que deixei a consumir-se ao abandono,  no cinzeiro , esta cruz lancinante que engole tantos silêncios  e sirenes que o vento desviou - Vou fechar a pagina , não vou mais falar, hoje sinto o corpo gelado, o Universo penetrou-me , sinto o seu peso profundo, na sua dor que me esmaga o cérebro,  irrompendo-me um queixume de alma! O que escrevo , é como um esconderijo onde as silabas se inquietam muito antes de qualquer inicio... Nisto há a probabilidade de se unirem e formarem uma palavras, mas!! Há um tempo onde as letras rodopiam e regressam antes de qualquer inicio, a isto chamo Alma, e é esta a magia do despontar do inicio a cruzar-se com o fim,  a alma e o corpo transforma-se numa única silaba. Os poemas nascem, e o espaço, está cada vez mais vago,  há um tempo no corredor da vida  onde há o inicio e o fim. 

5 comentários:

  1. Soberbo, é o que posso dizer, tudo o que aqui escreves tem um cunho muito próprio teu, fascinante ler e acima de tudo apaixonante como tu o és. Adoro-te muitos beijinhos

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  2. A forma como as tuas palavras nos tocam fazem-me dizer que elas não são poesia , são puramente magia. Muitos parabéns Paulo pelas tuas palavras e pela coragem que tens de as colocar no sitio certo, beijinhos.

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  3. Não desista, insista!! Nem que seja para continuar na estrada. Nem que seja para perder o fôlego. Nem que seja para manter a chama, e apostar na vida. Nem que seja para perder o ritmo, mas bordar sorrisos. Acredite, até o último instante. Até que o fim seja só o que resta. Tudo pode acontecer! Valeu a pena tudo, sempre sonhar. Lindíssimo Paulo, mais um texto de alta emoção poética e a sedução das tuas palavras é magistral .

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  4. Caro Paulo, o que é mais difícil não é escrever muito, é dizer tudo, escrevendo pouco, assim como o fazes tão bem e e de uma forma apaixonante, porque tu não escreves nada com indiferença escreves sempre com muita emoção e sentimento. Um bem haja muito grande para ti, beijo

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  5. Tudo tem seu início, e como diz a lei natural da vida, tudo tem seu fim, mas eu prefiro desacreditar esse pensamento, não me permito viver consequentemente para um dia tudo acabar, coisas materiais até que eu deixo passar, fazem falta quando as temos, já que não levarei nada mesmo, mas um sentimento que é tão lutado, tão sofrido, mas tão magnífico como o amor, esse eu levarei comigo até o outro lado da vida, seja ela onde for...O Amor pode ser eterno, basta compreendê-lo mas nem sempre é fácil !

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