segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

 Hoje eu não queria escrever, mas ao despir os lábios de palavras deixei-as ocultas nas mãos, à espera desse nada que aconteceu…Deixei o silêncio adiar o tempo nos rumores de um sono, promessas que som deu voz no rosto, ao subir a noite nos olhar  lacrimante ! Caiu a noite nas palavras perdidas, que semearam a demora, ansiosa da ausência abrindo-me o sorriso nas palavras que não escrevo, durante a sombra que não se escuta…Talvez... Já não haja sonhos roubados à noite,  lençóis de queixumes, estendidos sobre murmúrios da lua na anemia do olhar que a luz das estrelas esconde...Já me comovi pelo horizonte das palavras, já escrevi gemidos soprados pelo coração, já afoguei a felicidade na paixão que em mim empalideceu , mas hoje, escondo-me no recanto da cegueira da saudade que se alojou ! Hoje procuro-me quando eu nem sei para onde fujo,  estrangulo as veias como um recluso que se insurge contra as grades, como se elas fossem a causa da sua clausura …Muitas vezes a vida deixa-nos num cais , onde não há partidas nem chegadas, sem itinerário fechamo-nos no vácuo do centro de nós, esquecendo que o mar é uma ponte para nós passageiros, de um tempo, de um encontro, desencontro, de uma ilusão , de um amor…Percebem porque não queria escrever? As palavras não resgatam em nós qualquer sublimidade, em relação a ninguém, elas arrastam-nos para esse oceano , para essa imensidão no qual não queremos ser náufragos …Flutuar nessas águas pode ser a maior bênção, ou a maior desilusão que as marés nos podem acrescentar,  tudo pode confrontar os nossos instintos de racionalidade como um poema de amor…

7 comentários:

  1. Lindíssimo Paulinho, que lindo texto como todos os outros , beijinhos .

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  2. Se fosse possível despirmos as palavras uma a uma, os pensamentos ficavam nus, profanávamos aquilo que nos é tão sagrado, mas, também não teríamos de nos preocupar com o vestir das palavras...
    Para quem escreve por vezes, as palavras levam o seu sentido mas, outros ao as lerem , levam para um outro. Talvez então as palavras que dizemos escondam outras, mas quais? Escrever é isso mesmo, é como imortalizar o lançamento de uma pedra no fundo do poço. És lindo demais, pensas de uma forma única linda e apaixonante.

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  3. Caro Paulo a sensibilidade que revelas é enorme, e compreendo quando dizes, "flutuar nessas águas pode ser a maior bênção ou a maior desilusão " dizes porque sentes mais que a generalidade das pessoas, e antecipas muita coisa. Um bem haja querido Paulo.

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  4. Sonhos roubados na noite, só fazem sentido com alguem que lê o nexmo livro, acredita que há quem deseje viver esses teus sonhos e queira ter a razoável resiliência para te aguardar até sonhar és sem teres de roubar sonhos alheios. Não toleres que te queiram mudar o ímpeto, ele atuana medida e no lugar certo, amei as tuas doces palavras.

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  5. Olá Paulo, na verdade a grande maioria das pessoas confunde paixão com amor. A paixão pode ser o estágio inicial para o grande amadurecimento, que chamamos amor, há que ir amadurecendo todas as arestas e só ai tudo se consolida. Para isso tem de haver uma dialética a dois e não com terceiros, se for quebrada essa evolução perde-se a confiança e ai perde-se talvez a pessoa mais incrível que já conhecemos e talvez a peça que nos falta para concluir o puzzle da vida. Continua a Flutuar Paulo, terás muita sorte num futuro vindouro .

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  6. Os seus pensamentos não podem ser presos, levados pelo vento, muito menos cobertos pela areia...pois a liberdade está em sonhar, e o sonhar está na vontade e desejo de AMAR!!! Simplesmente Ame e deixe alguém o Amar também. Belo texto

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  7. Que bonito este teu texto, sabes que não me é habito comentar, mas leio todos vezes sem conta. As tuas palavras comovem-me muito mesmo. beijinho

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