Hoje tenho esta sensação estranha, como se não pertencesse a lado algum. É estranha, porque é suposto sabermos qual o nosso lugar. Onde nós nos sentimos bem, onde queremos ficar, de onde não queremos partir e onde queremos regressar. Por alguma razão, não tenho esse sentimento de pertença é como se estivesse incompleto. É certo que essa pertença pode ser a um lugar físico, ou a alguém. Agora se não temos nem um nem outro, como nos podemos sentir completos? Isso parece-me impossível! Bastava mesmo um abraço, acreditem , a ausência desse abraço tolhe-me. Faz-me, vagabundo, desde que acordo até que adormeço. A distância física tornou-se também afetiva. E dói, qual ferida aberta não fecha. Dói no corpo e dói no coração. Dói na alma. A saudade desse abraço deixa-me exaurido, extenua-me. É um vazio que não se esvazia. É a nuvem num dia de sol. O abraço não é só uns braços que nos acolhem, nos apertam e nos levantam do chão. Abraço é vida. Quero voltar à vida. Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre... Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso por muitas razões mas quem me conhece devia saber quais são…É o deficiente escrutínio das pessoas à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é, são valores. O respeito, é medo. Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos? Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido. Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Deixa-me triste perceber que existem pessoas que não me conhecem, mesmo que tenham passado a vida comigo. É estranha esta sensação de confiarmos tanto em alguém, nas suas ações, naquilo que pode ou não fazer em determinado tipo de situação e depois chegamos à conclusão de que não há retorno... Ou seja, o outro não consegue adivinhar em nós a forma como pensamos ou como podemos agir... E isso é, no mínimo, estranho. É como se estivéssemos, constantemente, a guiar para chegar a um local, mas nunca o chegamos a encontrar. Estamos, constantemente, a viajar pela vida e não chegamos ao lugar que traçamos no mapa... E quando pensamos que, finalmente, chegámos, percebemos que estamos enganados. Quando temos a sorte de estar com alguém que nos conhece da mesma forma que nós o conhecemos, essa é a sincronia perfeita daquilo que é o amor e a amizade. E, agora, chego à conclusão de que também isso é raro. É muito raro.
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Paulo o mais honorável que podemos dar ao nosso legado é sermos sempre fiéis ao que pensamos e ao que acreditamos. As tuas palavras são muito sábias, o vazio que não se esvazia , é uma delicia mesmo amei , Paulo.
ResponderEliminarverdade concebidas á meia luz, transforma-se inevitavelmente em farsa sob o escrutínio de um mero candeeiro.
ResponderEliminarDe idealismo e projetos todos nós somos cheios, porém nem todos nós conseguiremos sem determinação e fé, concretiza-los.
Caro Paulo que texto tão bem desenhado, a sua capacidade consegue sempre surpreender-nos , muto bem gostei imenso. Concordo que o abraço seja talvez a partilha de dois seres humanos a que mais nos consegue preencher e confortar , a intensidade da partilha faz com que o abraço seja mais ou menos sentido mas sempre confortante. Um bem haja para si e um abraço enorme .
ResponderEliminarOs Valores para mim é uma pessoa que valoriza a sua essência, não a aparência, que tenta cultivar os valores mais profundos e não deixar-se caiar na tentação de se tornar num ser fútil num mundo de estrelas sem brilho próprio. Claro que não considero de todo que sejas um ser assim, pelo contrario considero-te um ser no sentido oposto que se preocupa com os seus valores e não com o os seus êxitos. E sim a amizade e o amor são cada vez mais extintos na nossa sociedade.
ResponderEliminarOs abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam cair muitas vezes, percebo quem a necessidade do abraço , ele completa-nos ficam em nós como momentos únicos e cada abraço traz-nos emoções diferentes talvez por isso alguns sejam tudo para nós e o mais desejado para nos confortar. Não devemos ser de ideias fixas o mundo não se está a compadecer com essa atitude, ser idealista também não é um erro pois para mim um idealista é uma pessoa que ajuda os outros a prosperar e eu acho-te um idealista pois ajudas-te a ti com as tuas palavras mas acho que nem tens a noção o quanto fazes bem a quem te lê . Mais uma vez amei a tua frontalidade a tua simplicidade de te criticares a ti mesmo e a forma como o mundo e a vida te questiona. Beijinhos
ResponderEliminarA maioria das mulheres e falo como mulher claro, tem muita dificuldade em encontrar um homem que as ama, as admiras e respeitas. Não é que procuremos só gente fútil, o problema é que o amor é cada vez mais raro como diz e sem respeito e admiração ele não ganhara asas para voar. Quero que saiba que tem completamente o meu respeito e admiração, o Paulo é uma pessoa de boa índole e isso me desculpe é cada vez mais raro num homem .
ResponderEliminarconfirma-se!!!!
ResponderEliminarespetáculo!!!!
adorei!!!!!
Peço desculpa mas disparei logo o comentário sem o acabar... As palavras que aqui leio tem um cheirinho a tinta fresca, uma coisa fantástica digo-lhe de passagem, muito obrigada por ter o seu blogue aberto ao publico .
ResponderEliminarOlá Paulo, palavras tão intensas e reais as que utilizas, mas tenho de concordar na integra contigo, infelizmente só conseguimos ver bem com o coração, o essencial para as nossas vidas é infelizmente é completamente invisível aos olhos. Como Bob Marley disse "Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida" temos mesmo que ser assim pragmáticos, se a nossa falta for sentida , desejada então sim o amor aconteceu . Beijinhos
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