Hoje a saudade fechou os olhos no tombar do grito da pobreza no beco da alma, as esmolas ressoam nas mãos ressequidas pela pequenez que nos forma e gere. Rompeu-se o destino, em mil farrapos incertos e o mundo não avança nesta correria sem medida contra o tempo desmedido de portas e janelas fechadas, escondendo as estrelas, no medo dissecante do corpo desmaiado nos escombros da vida esvaziada ! Já nada resta, ninguém diz nada, pelos pedaços de gente caídos na rua, que se extrema na solidão. Resta-nos abrir a alma a um grito de pobreza, na calçada de pedra fria…Fomos esmagados, inoculados, feridos, roubados, nas passadas largas dos que nos tocaram, esse pedaço de gente que passou nas nossas margens, que cada vez são mais alheias ás dores, gemidos , olhando apenas os céus , não escutam nenhuma palavra , são pedaços de gente de olhar turvo de rostos tapados de raiva e fome de pão…Escondem a miséria na lentidão do tempo, vibrando palavras feridas na frescura das marés, onde os lábios ecoam a saudade dos beijos selados nas dunas deste sonho, que se espuma ente os dedos das mãos que vertem a água cansada pelo olhar parado. Hoje escrevo com as mãos despejadas pelo olhar, nesta maré rasgada pelo rosto que escolhe entre o escuro da noite e o renascer das gotas de água salgada que as lagrimas sulcam no negro do nosso olhar! Escrevo lágrimas que fogem entre o vazio dos dedos e o gemido da primavera… Estas margem povoadas pelo esquecimento, fazem dançar a água que tomba do gotejar ácido da eternidade silenciada, lamentos de falsas esperanças que se esvaziam no doce perfume do soluço inocente que nos provocaram…Quando as nossas passadas se tornam pedras o travo arrepiante despe-nos, na rendição mentida! Mintam-me hoje outra vez mas com o desenho da verdade ….
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Olá Paulo, as tuas palavras são mesmo intensas e fabulosas , tem um dom enorme que encanta e simplesmente aquece o coração, acredito que por trás destas palavras esta um homem gigante de valores muito definidos. Adoro ler-te.
ResponderEliminarTão belo, amei.
ResponderEliminarPara mim é muito melhor sentir saudades a caminhar interinamente vazia, assim como os espaços vazios numa pintura, tem a sua realidade, o tempo em que nada acontece tem seu propósito nas nossas vidas, talvez seja essa pausa uma forma de dar uma volta por outros caminhos e conviver com outros sentires . Beijinho mais um texto magnifico todo de ti.
ResponderEliminarFantástico, é um prazer enorme ler-te, podes mandar vir mais , é sempre um banho de luz as tuas palavras.
ResponderEliminarO esquecimento é mais sublime que o perdão, nem sempre somos capazes de o assimilar e vestir, por isso o amor é tão curto e o esquecimento tão longo...
ResponderEliminarCaro Paulo, um dos grandes segredos da vida é fazer degraus com as pedras em que tropeçamos, nem sempre é possível, sempre há tempo para edificar essa construção, é real que muitas pessoas passam por nós como se fossem carros de combate, passando por cima de tudo e todos , sem olhar a meios para atingir os seus fins! O que nos resta ? É seguir, substituir um problema por outros, um caminho por outro, uma preocupação por outra, o mais importante é não nos mentirmos a nós mesmos...Um bem haja muito grande .
ResponderEliminarVou escrever ou tentar escrever como tu Paulo, Hoje Perdi-me, algures num recanto da vida, numa esquina talvez menos iluminada… Anestesiei a dor ao isolar os pensamentos, proibi-me de sentir… Sobrevivência dura e crua, auto-destruição, é o que tenho feito, mas hoje ao ler-te parei, cheguei ao limite, assim não é seguir caminho…mas que caminho? Se me fechei na escuridão abafada sem sentido ou orientação. Quero organizar-me, arrumar-me, limpar-me ou mesmo eliminar o que de tão mau me afeta. Quero deixar de viver a preto e branco… Quero sentir-me e não sei como! Desculpa o abuso, ou a ousadia, mas quis escrever para ti, pois, acho-me muito parecida contigo. Beijinhos
ResponderEliminarPaulinho afinal a tua fonte de inspiração não é o mar, são simplesmente brisas que agarras no ar, não fosse esse o teu elemento. Era tão bom se a vida fosse feita de brisas passageiras, mas infelizmente é um acumular de todos os outros elementos... Beijinhos
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