Hoje vejo pedaços de luares soltos na inquietação das palavras, derramando sombras na tona das água que abrilhantam os lábios nos beijos desatados sobre a noite. O tempo faz-se fortaleza de papel, nos livros guardados no horizonte dos silêncios que nos vão traçando a órbita em pequenas latitudes acentuando o norte e o sul! Hoje entreguei-me nesta ilusão lúcida , dissimulada em corrente na maré, ela desce em nostalgia pelo silencio coreografado na imobilidade dramática do destino. São ingremes as linhas da sombra subtil entre o contrassenso dos olhares que dilaceram a terra rochosa sem raízes e a nudez umbilical que abarca o sussurrado olhar da herança , antecâmera de desertos planados na imagem empoeirada da esperança! Hoje fazem-se leves as linhas da esperança, traço-as, com a simplicidade da luz da idade, são leves, quase invisíveis aos olhos desviados da realidade porque tudo está certo, dentro da magnificência da sabedoria selada no reflexo aprisionado das águas corridas na emboscada deste rio que se faz oceano…As palavras trazem o travo a fel, de dedos oblíquos, de vozes roucas, ofuscadas pela luz imponderável do coração que flui a vida sem intenção….Tempos, esses, tornam-se atípicos neste palco existencialista, a musica do olhar é reveladora , o sangue pulsa sem destino, esbarrando na tela da alma sem cor , visto a resiliência fechada no cofre da paixão como um cântico aprisionado numa âncora no fundo do mar… Como plutão em aquário, eu jamais serei o mesmo, porque o teu olhar é como uma lagoa que se estende pelos meus dias, os teus olhos são as águas calmas murmurantes que espelham as luas gravadas em mim como pérolas raras e desejadas, o teu rosto reflete o meu arco íris soltando as minhas raízes na tua terra , desenhando o refúgio onde desaguo o meu mar…Os ecos uivam ao largo das minhas margens, em sombras que projeto em cada sonho que desenho delicadamente na opacidade do meu olhar sob o horizonte desmaiado! Hoje tenho esta necessidade, de colorir todos os adjetivos nesta arte vulgar , de quem usa as tintas para colorir as paredes já eternas...Trago no olhar um sorriso, misto, de quem engoliu os planos atingíveis, possíveis alcançáveis, dispo-me de todos eles , recuo, revivo pensamentos ! Não entendo esta minha cumplicidade hormonal que leva os meus impulsos a serem poéticos, a escrever como se cada palavra pudesse vibrar no sitio certo. Eu posso continuar a ser transparente mas há alturas que a conjugação eterna do sonho nos leva a fechar o olhar espelhado no desfiladeiro da sua própria desintegração ...Hoje vou velejando no sopé das águas que escorrem de uma forma densa pelo infinito que se alonga nesse lastro que desconheço onde a terra e o mar se fundem num só.
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Muito bonito, muitos parabéns pela leveza das palavras e consistência do sonho nelas refletido .
ResponderEliminarTens mesmo um dom
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ResponderEliminarUm texto escrito por quem sabe escrever muito bem, igualmente um texto feliz que traduz uma grande infelicidade.