segunda-feira, 6 de maio de 2024

Hoje guardo numa gaveta de velhos objectos algumas palavras, espero tranquilamente que o bolor do futuro as rasure para que só eu as saiba de cor, e mesmo que adormeça mergulhado na conjugação de novas palavras, jamais desitirei das que outrora me espelharam... Fecho os olhos e estas não se desfazem, nascem no meu olhar como palavras sem destino. Ali, nada acontece, a não ser o tempo irrepetível onde os compassos ressoam na extinção do coração que me toma e me escuta, arremessando todas as silabas que a noite exalta nas lâmpadas acesas que revelam os silêncios como um telefone que não toca, silenciado pelo halito das ruas vazias, por isso, tudo o que eu disser e escrever, é apenas eu a perder-me! Não vale apena espelhar-me na angustia, nessa superficie que nada reflete, nunca supus sequer, que as palavras fossem tão permeáveis ao ponto de, fazer com que as nossas vestes se tornassem visualmente ocultas ao olhar de terceiros...Nada nos decifra, nada! Nem a forma docil que nos prende à hipotese do esquecimento que fecha a visão diante dos atos mágicos que trespassam a alma dupla, assim nos fecham as portas do universo! Pode até o pensado universo infindamente ir-se, que para mim o que importa é a abertura da porta ou a fenda que a faz ficar entreaberta até sermos crucificados ...Pouco importa a felicidade ou falta desta, porém nada me impede de relatar o que a fere a cada instante... Hoje abro as coordenadas dos sentidos, elas contorcem-me corpo e alma, em espasmos numa tela branca onde invento e escrevo com o meu toque, os vestígios anarquizados das sagradas promessas de amor que se juntam entre dois mundos . Teria gostava que me tivesse sido entregue todas as partes claras e escuras desse caminho, nas rotinas da sede das patologias sem cura , por isso, faço-me deus das palavras usando a minha imaginação, só assim atravessarei o que não entendo entre estes dois mundos de invulgares e transcendentes impulsos da visão dos sentidos… No designio das palavras, alivio a profunda sede que a noite gelada deixou marcada nos meus lábios secos, desfolho o livro dos sentidos e nele, pinto um inverno entorpecido em varias hibernações que não germinam as sementes lançadas na luz da atitude, deixo a vivencia transformar-se no legado da simples lembrança sem eira nem beira! Hoje estou assim, deixei o meu olhar na aurora de um cálido abraço na ansia da brisa rendida ao que cada um é efetivamente. Há uma imensidão no olhar que me alcança onde não estou! Tenho tatuado na represália do ontem um sinal de aprendizagem que se faz legenda da suavidade dos sorrisos que ficaram no olhar! A saudade é assim, do tamanho dos oceanos, infinita como os céus. A verdade é que o tempo não para, não dá tréguas, obriga-nos a ser fortes e a guardar as dores mas a saudade, ui, essa aumenta não diminui… Memórias são o único pedacinho de paz, capaz de apaziguar, há quem diga que, quando alguém que amamos está no céu, ficamos com um pedaço de céu dentro de nós, quero acreditar nisso! Mas!! Talvez seja melhor acreditar que à minha sombra todos os amores são silvestres ...

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