sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Hoje sem sumo, a noite caiu com a cor de uma laranja cinzenta, seca, sem sumo e extenuada pelas cores que agarraram o dia, cheio de imperfeições.
Não há caminhos traçados, nem trilhos calcados. Assiste-se a um vazio que perdurou pelo dia fora onde os silêncios escutavam-se nas esquinas das casas em banda e preciosamente dormiam na poeira de talentos que já não vêmos nas ruas de outrora...O tempo passou por aqui, levou quem na teimosia de uma vaidade sem prazos, se fez Outono de hábitos despidos num inverno de alma gelada. A noite derramou nos céus sem estrelas que outrora brilhavam nas noites laranja espelhada no mar numa paz sumarenta mas sem sensações! Olho para os céus e flutuam as vagas de silêncio num remexer estonteado de olhares de seres vegetativos que as palavras iam dando vida, recordo genuínos sentires de figuras prestigiosas, uns chamavam-lhes amores outros, páginas colocadas no ser onde os olhares, queimavam e rescindiam o poder das cores agarradas ao areal seco sem marés...Hoje uno as palavras que, transfiguraram as alucinações em energia, os olhares concebiam o corpo, as mãos moldavam o esforço dos espaços diurnos e as pedras formaram o sorriso da razão....Hoje desta janela fértil nascem palavras que fazem sorver sentidos, num olhar que fala em silêncio onde as palavras tem todas o nome da eternidade, hechando-se sobre um corpo parado nas águas, entre os espaços para assistirem ao grito do fim do inverno que ressoa entre formas mudas,
delicadas, impregnadas de delírios imaginários no fim dos ciclos da vida... Quando alguém parte em silêncio e o transforma em sons vergados, sensíveis às palavras vivas,
atrás fica uma vida, remexida desabaladamente numa leveza, estrangulada entre dedos olhares enfeitiçados sobre o relgio da vida...Fecho as gavetas onde murmuram frases ríspidas e frias que o vento arrastou soprando pelas vozes silênciadas pelo fim da vida que se desejava, invencível, leve e morosa ! O amor é assumido num jogo único, de pensamentos, espelhados num sorriso de peito aberto no fio que liga as veias, ao abraço triunfante, que se tornou imortal, entre palavras que passaram a correr e fizeram dos olhos fasquias de sonhos, que o tempo vai devorando, para que um dia, não restem mais, asas dentro das emoções, que lentamente, deixei que partam, silenciosas, carregando promessas nos desertos de deslumbramento, que, sempre me cegavam, quando bebia o azul, dos céus perseguindo estrelas cadentes...
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Hoje a minha caneta move-se pela página da vida como o focinho de um estranho animal que tem a forma de um braço humano que sai pela manga larga da camisola...Ela vai farejando incessantemente a tela da vida, determinada, como se pensasse apenas nos sentidos que os dedos vertem perante esta muralha ingreme que é a vida! Obrigo-me a escrever mais umas poucas linhas, enquanto espreito pela janela, as sombras hoje são marionetas articuladas que nos fazem não saber como reagir quando, passados vinte anos, uma pessoa que nos magoou muito, nos quer pedir perdão? Pedir perdão não é a mesma coisa do que pedir desculpa. De facto, pode perdoar-se algo, continuando a considerar que o gesto que se perdoa se mantém indesculpável...Aconteceu recentemente comigo e, a minha primeira reação, foi nem sequer admitir falar sobre o assunto. Mas perante a insistência, pensei com a cabeça e não com o coração. Este não desejava ser importunado, com algo que o tinha magoado.. A razão entendia que se alguém se queria redimir de alguma coisa, eu deveria permitir essa possibilidade e escutar o que importava que me fosse dito. Demorei meses a tomar a decisão racional, tentando não esquecer o que, na época dos acontecimentos, também tinham sido atitudes de grande estima. Este domingo, por razões várias, veio-me à mente, a luta interna que tive de travar para aceder ao tal pedido de perdão e a sensação com que fiquei depois de o conceder. Por formação, o perdão é algo que faz parte dos valores em que acredito. Mas também é verdade que, não sendo eu santo, há traições que me custam a deglutir. Prefiro pensar que a pessoa não existe e não me deixar dominar por sentimentos negativos. Pois bem, só ontem, domingo, é que tive a consciência plena do perdão que havia concedido... Mas senti-me tremendamente confuso, o detonador continuava a existir, mas já não tinha qualquer força. Há coisas que já não fazem muito sentido nas nossas vidas, deixam de incomodar que tivessem acontecido mas permitem que eu pudesse relembrar os momentos de alegria que também então vivi! Resumindo isto, digo que a família é um prato difícil de preparar, são muitos ingredientes, reunir todos pode ser um problema...Não é mesmo para todos...Às vezes, dá até vontade de desistir, mas confessso que a familia é um prato que emociona. Uns, choram mesmo, de raiva, alegria , tristeza ...Mas!! Familia é afinidade, é à Moda da Casa, cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces, outras, meio amargas, outras apimentadíssimas, enfim, receita de família não se copia, se inventa. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete, então, Amem-se, perdoem -se, aceitem-se, tolerem-se e vivam como se hoje fosse o último dia que vocês vão estar com a vossa família...
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