Hoje, a luz do dia esconde-se como se descêssemos para os calabouços onde a luz é trémula e faz prever um sombreado de
tristeza nas paredes… Como se fosse possível mascarar-nos de
granito e darmos as mãos no escuro, onde as pedras se lamentam e onde todas as
sombras não passam de sombras! Cada vez que descemos degraus na vida, o nosso coração soluça, pelos
que vem atrás, e pelos que vamos encontrar no caminho… Eu já desci de um mundo
para o outro, parecia-me uma marcha
silenciosa uma procissão de condenados, sobre mim o trovoar de passos ,
abracei-me à minha imaginação, dei as mãos aos deuses que caminham
pacientemente com a esperança , suplicando que a Natureza acorde os que adormeceram com
luz... Esses felizardos, vivem sob nós... Criam um burburinho na "Terra" que fica em ebulição, mas, nos faz sentir firmes, mesmo descendo a escadaria
deste precipício sem fim! Há inconsciências , e por mais degraus que se desça
nesta antecâmara, mais palavras testemunham a descida … Afinal , o “homem” apenas
é pequeno, diante de uma porta enorme! Enquanto não se parar esta escada
rolante , não existir coragem de silenciar com rigor, arquivos deixados na escuridão e as palavras que jamais serão declamadas… Emolduremos então os sentidos , eu também estou aqui , como vocês descendo a
escadaria, mas vou propositadamente dando passagem a todos os que puder, para
me atrasar … Não confundam isso com simpatia, nem timidez! Sinto-me inteiro, fechando
os olhos, mesmo sabendo que a minha voz só é valorizada , quando silenciada…
terça-feira, 29 de maio de 2018
segunda-feira, 28 de maio de 2018
Hoje
tento perceber porque, olhamos sempre
para o passado para entender o fazer nos dias de hoje! Olhamos dados
arqueológicos nossos, olhamos as nossas
lendas, mitos, tradições passadas de geração em geração. Olhamos para a
história mas há um momento que , paramos e olhamos para nós mesmos, nossas
recordações, vivências, o resultado é
assustador, as nossas lembranças, nossas vivências, nossos sonhos de juventude
, são relegados a segundo plano, as
prioridades sempre são a estabilidade social, económica... Buscamos a pedra
monumental que irá marcar a nossa existência, pensando inconscientemente que
assim viveremos eternamente ... Buscamos um sentido futuro para superar os nossos
medos, como o da “morte”, que esta é a
única certeza de todas, com já dizia o meu falecido pai! Mas esquecemos de que
ainda estamos aqui, ainda interferimos no mundo ao nosso redor , querendo ou
não, para o bem ou para o mal , esta interferência cria em nós um menir, que
nós mesmos desaprendemos a ver, já que estamos mais preocupados com outras coisas.
Estas interferências criam em nós as lembranças daquilo que somos, do que
fomos, cria a história de paisagens que só nós vimos, mesmo estando no centro
da multidão, são os nossos olhos a
interpretar aquelas memórias. Só nós sentimos o toque de lábios de um beijo
apaixonado que foi dado em alguém há muito tempo . Só nós saberemos interpretar o arrepio que estas lembranças nos fazem sentir,
até ao final dos nossos dias, que pode
ser hoje, amanhã, ou daqui a muitos anos ..Talvez por repulsa, por medo, por
trauma, por não querer ver algo do passado, mas ainda assim, estarão
lá...sempre dentro de nós! Eu sei que a felicidade não entra dentro de um
coração trancado, mas!!!Mas as portas estão entreabertas, porém apenas para
quem estiver preparado para passar por elas … Eu não me escondo, não me
ignoro, não escondo os meus segredos, quero
que eles andem por ai, e eu, deixo que eles sigam apenas o meu coração… Se
me sinto diferente , sim bastante dos demais, mas será que isso vos atrapalha? A
mim não…
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Hoje em dia, as palavras escritas pelo próprio punho,
desenhadas à mão, revelam-se em extinção … Assim como a honestidade, talvez por
serem tão íntimas quanto um beijo roubado de amor! Eu já escrevi letras
em elipse, entre-cortadas por outras palavras no inicio de cada frase,
como se estas fossem cientes do mais exótico e único que habita em mim.
Todos nós independente do que, sejamos, já tentamos ser prodígios de sedução na arte de
escrever em papel, tela, virtual, ou outra, já passamos uma eternidade
apaladados ás letras , tentando assim recriar o amor como se duma peça de teatro
fosse! Há muitas formas de o fazer, pode-se ser honesto não sendo sincero, mas
não se pode ser sincero não sendo honesto. É esta a diferença que nos distingue
uns dos outros…Enquanto na honestidade diz-se a verdade, na sinceridade diz-se
toda a verdade. A dos factos e a do que os motivou. A primeira não nos abrange
em pleno, a segunda passa a ser um compromisso
entre nós e o outro.(s) Tanta coisa disse mas, aquilo eu queria dizer mesmo, é que vocês por acaso sabem qual era o melhor lugar do mundo para se estar? Para mim é dentro de um abraço...E para vocês?
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Hoje sinto-me impotente, a serio, rodeado
deste caos, barulhento, stressante, do quotidiano que por mais que tentemos ,
não conseguimos inverter a ordem desta rotina mortalmente torturante, que nos mantém a mente presa numa jaula sem grades onde somos ao mesmo
tempo os reclusos e os guardas! Buscamos a ordem das coisas, mas damos passos e
mais passos para o caminho inverso. Estamos a pensar que ficamos submersos num caos… Complicamos o simples, mascaramos o
real, vestimos personagens que não deveriam entrar no elenco... Somos a
autoridade sobre o vazio, os especialistas em assuntos nada interessantes,
somos o nada em nós mesmos! Hoje perdemos a noção do simples, trocamos a vida pelas aparências, trocamos o
tudo pelo nada. E neste caos, muitas vezes ousamos fugir de tudo, tentando
nessa fuga sermos apenas nós mesmos...E!! Não percebemos que o "sermos nós
mesmos" há muito que foi corrompido, com ideologias e subtracções que nem
deveriam entrar na formula de calculo! Esquecemos de não buscar, de não ser...só sentir,
deixar viver. Sim, pois quando buscamos "ser nós" na verdade estamos
atrás de um "eu idealizado"...Somente quando vivemos de fato,
quando apenas sentimos, deixamos cair máscaras que carregamos desde a tenra idade e
apenas nos deixamos levar, sem nos preocuparmos com o "eu", o mundo e o resto, é
que encontramos a felicidade, encontramos a simplicidade ao anularmos nossas
máscaras e nos tornarmos unos com o tudo e o nada em simultâneo…Hoje sou as
escolhas que fiz e as que omiti, sou a audácia que tive e os fantasmas que
ignorei, vivo lado a lado com a vida que abracei e a vida que desperdicei …Sempre
que escrevo para os desatentos, faço-me notário da minha vida, como se duma escritura ela se tratasse ,e sempre que ousei
enfrentar a Alma, ou até mesmo sair das varandas dela, eu repenso a minha própria
existência… Para voltar a sonhar, e quem, sabe ser amado ! Hoje estou assim...
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Hoje
penso, reflicto e remexo no amor que nos faz, fazer tanta pergunta, que muitas vezes não sabemos, outras não
temos a coragem de responder! Muitas vezes o amor é um autentico fracasso,
mas por outro lado se não fosse esses fracassos eu não vos teria ou poderia, oferecer estas linhas... Primeiro, o amor é amor ou é mais amizade?
Eu respondo, depende se queremos um companheiro para a vida... Segundo o amor é
sôfrego ou apenas libertador? Eu respondo, depende se amamos
a partir do nosso vazio ou da nossa totalidade e se deixamos espaço para noutros contextos, longe de nós e do
nosso olhar, o outro crescer... Terceiro, sentem alegria ou apenas prazer ou
até nenhum de ambos na relação? Eu respondo, se apenas namoram com a pessoa e
apenas recolhem os benefícios que ela vos trás, então recebem prazer; se
não estão disponíveis para fechar a imagem um do outro e apenas viver
com as vossas sombras então nenhuma delas recebem... Quarta, se a relação
acabasse eram capaz de agradecer ao outro, como que um final feliz? Eu respondo
dependendo da honestidade demonstrada, visto que quando gostamos somos sempre
capazes de querer profundamente o bem do outro, mesmo que seja para
seguirmos rumos diferentes... Hoje digo que nós podemos ser as pessoas
certas para começar-mos uma relação ainda assim podemos descobrir que estamos
muito bem a viver o nosso "amor" sem ser com alguém a nosso lado...
sábado, 19 de maio de 2018
Hoje acordei de sobressalto passei a mão nos
cabelos e penteei meus sonhos...A barba por fazer coçava meu rosto, e o dia
nascia e contra mim pois lá estava o sol que insistia em me bagunçar o olhar
enevoado .. Preparei o meu café e lá fui a mais um dia! Banhei meu corpo, agora
nu, água escorrendo aos prantos lavava meus sonhos inacabados, na minha
sensatez do brilho intenso da saudade dum choro derramado pelos cantos, do
caminho, onde esvazio meus versos, que nem são mais versos são palavras, onde
desfaço poesia, derretendo sentimentos como asas de cera que desaparecem no
calor das distâncias...Não imagino um voo, nem dores eternas, sóbrias,
imaculadas, persistentes mas!!! Adoptadas como um sobrenome onde as rimas
flutuam , dia após dia, noite após noite, como um cavaleiro das trevas
solitário, que se esconde do sol que se foi, que se apagou com o coração
castigado, sem sonhos, sem vida ...E assim sigo, não persigo, bebo aos goles as
sombras geladas dos momentos que virão tentando não desistir de vez em quando
daquela vontade danada de fazer das palavras um tropeço, sem nexo, sem sentido,
sem amor nos versos pois nem sempre as palavras são justas, ou brilham , como a
saudade da luz brilha na lua que de dia se esconde dos vidros quebrados
espalhados por todos os locais em que vagueei. Em cada um deles está um reflexo
que me pertence. Sei de cor o ponto em que descansa cada um dos fragmentos e
tenho esta estranha obsessão de lhes passar por cima e dispersá-los ainda mais
para de noite reflectirem o brilho que a Lua lhes concedeu !
quinta-feira, 17 de maio de 2018
Hoje
apenas partilho e informo todos os demais , que o meu compromisso é com a
verdade, eu não discuto com a realidade, eu a aceito assim como ela
se me apresenta. As coisas são como são, agora hipocrisia, mal formação,
leviandades, não contem comigo… Meus amigos, tenho tanto para dizer, que
as palavras atropelam-se, eu sei que as ruas aonde passo, já foram ruas que
passaram outros. De que forma , nem preciso de saber, mas não me vulgarizem , não me sujeitem à
insanidade , já que sei muito bem, que pelas
ruas onde passo, passaram outras gentes...vezes sem conta! Nestas ruas que me
passeio há calçadas desgastadas, de milhares de pés que se fizeram milhões de
pedaços de nada…Cada vez que ouso dar um passo perco a minha identidade, assim
como muitos se passeiam e não a tem! Caminho , mas entro sempre no esquecimento
ao contornar, gente cinzenta como as pedras do chão… A imortalidade não é de
quem passa nessa rua, a mim , basta-me uma vida, para não ser apenas mais um a
deixar-se ir, sem rosto, sem valores, sigo assim de passos firmes! Vejo rostos
fictícios, de roupas caras, que acenam as mãos , mas desculpem façam de conta
que a rua é deserta… A mim não…Tenho muitas perguntas, mas levo-as comigo, não
quero ser mais do que sou, mas jamais tolerarei que me façam sentir o que não
sou...Sou assim vivo-me inteiro, sem disfarces e se o sol não quiser guiar-me o
caminho, eu aceitarei , continuarei assim, pela sombra…
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Bem hoje nem sei o que dizer, mas basta dizer que sou apenas as cinzas que sobraram e
cravaram marcas no meu ser no entanto sou tão nada, como poderei ser uma casa
cheia...Ergo-me para a vida encho os bolsos vazios de medo, e de receio
de nada ver...Em minha vida fez-se porto de saudade só de partidas e não
chegadas pouco conheço e cada vez quero menos...Não escuto sons não sinto cheiros...Vivo numa tarde sombria
onde o vento acaricia-me o cabelo enquanto eu, com mãos invisíveis
percorro um corpo de mulher, mas!!! tenho receio de o tocar de acordar e ficar perdido com tanta vulgaridade, ficar perdido na neblina... Queria me doar a todos os pensamentos de
pessoas ocultas como as águas do mar, como as folhas ao vento como os beijos
por selar ...Há em mim um grito mudo sem sons definidos, que me conduz à
incógnita sensação de sonho e ao mesmo tempo de ressaca...
terça-feira, 15 de maio de 2018
Hoje voltei a olhar-te, no meu pensamento, limpei o pó da tua imagem que criei em mim...Preso no meu corpo, rasguei o meu
coração com essa memória. Por segundos chego a ficar inconsciente, decido
voltar a esperar-te como se o tempo pudesse congelar a mudança. Redescobri-te
em diálogo ameno com outros, vi-te ao longe e quis acreditar que eras tudo
menos distância. Ainda pensei que o tempo nos pudesse congelar naquele ponto em
que o sonho nos gera e começa... Mas não. Sinto uma sombra uma luz, só por alguns
instantes, faço um rodopio de lembranças despertas pelas partículas de pó
sacudidas do passado. Foge-me a capacidade de me reinventar . E não há amanhã
....Onde andas meu doce mundo de palavras...Quero que a utopia deste embaraço seja recriada numa tela. Eis a primeira pincelada!
segunda-feira, 14 de maio de 2018
Hoje estou bem
para lá da esquina do meu pensamento,
esqueço a minha casa na lua, onde guardo o meu fantasmas…Onde derramei
lágrimas quedadas na primeira sombra das minhas
memórias! Eu já me decepcionei para
duas vidas, mas as decepções não corromperam
a minha alma. Não como se a vida tivesse sido a pior das minhas
inimigas…Não, nada disso, talvez tenha
nascido com esse dom de converter a minha tristeza que escorre pela tinta da
caneta para imprimir silêncios em textos. Gosto de pensar que esses textos
curam... Vocês até podem perguntar ,
como é que a tristeza de um texto pode curar ou amenizar o sentimento de
alguém? É que , a tristeza alheia cura
mais do que qualquer outra coisa. Não ponho em duvida ninguém, nem os seus
doces e altruístas corações. Não acho que a cura venha de uma felicidade pela
dor dos outros, nada disso! Acho que a mágoa cura porque as pessoas entendem
que não estão sós. E vocês acham que estão sós? O que é para vocês estar sós ?
Como podemos estar sós se vivemos no meio de multidões... Sinto-me sozinho muitas vezes, sim. Mas isso significa que o seja? Não, não acho que seja sozinho. Acho
que sou uma pessoa que anda por aí acompanhada pela solidão…Se eu tivesse que
dar uma palavra ou duas para me definir talvez fosse sonho e amor, mas depois
faltaria a saudade…Eu não me consigo definir eu sinto-me um universo de
palavras…Numa trajectória de vida que nem todas as pessoas conseguem sentir, porque Hoje, já decifram silêncios. Já antevêem
palavras minhas. Já conhecem alguns gostos meus. Já sabem um bocado como sou…
Mas alguém me conhece? Alguém consegue tatuar-me no seu olhar ? Sou apenas alguém que escreve com a
emoção no coração derramando, nuvens de chuva no olhar ...
domingo, 13 de maio de 2018
Hoje, não pensem que adorava ser poeta , não!!
Eu também sei montar e desmontar do cavalo do silêncio e descobrir o som das
tempestades num búzio de esperança…Sei adormecer e acordar dentro do quotidiano
vivendo de saudade na ausência dos dias que vou vivendo a exorcizar na insónia
,hoje tão presente a cada instante dentro de mim, turvando meu olhar…Apenas
visto de silêncios as palavras que por entre as mais se revelam nos sulcos de
areia quente nas horas estéreis desta ampulheta vigilante que me gera!! Escrevo
por entre cristais de silêncios que imergem na noite escura e fria , onde, não
há sorrisos que ecoem, apenas gemidos mudos das conversas inacabadas , selando
este sentimento indecifrável… Ergo os braços aos céus , é tento por nos bolsos
a lua para acabar com os meus cinzentos mas apenas moldei mascaras ás
circunstâncias do improviso…Neste meu olhar que escondo há estrelas grávidas de
luz de um simples amor...
sexta-feira, 11 de maio de 2018
Hoje deixo cair
linguagens presas às arestas do destino,
aquelas palavras que deixamos impressas na calçada da vida, que
testemunham as nossas quedas, e memórias ! Eu sei que são linguagem sem margens, que
inflamam a nossa existência contaminando os degraus , que já fatigados,
tentamos galgar neste nosso voo em busca
do Sonho que é Enorme…O sonho é Enorme mas procuramos a sua verdade
em lugares incertos, onde nem sempre as flores brotam e nem sempre tem uma cor
definida … Este silêncio ensurdecedor que parece ser grito contra grito, faz-nos estremecer o chão, gerando vertigens que assombra as palavras no
duelo dum poema… Há nevoeiro que se adensa na doce chegada, há vidros
embaciados apenas pela fixação do olhar, tenso, pela demora que extasia o
coração sem regras….Começo a gostar desta espera , ela faz companhia, aprofunda
a ilusão, move o amanhecer fazendo da noite dia...Deixem-me ficar então aqui , a olhar para o infinito, esperando que chegue o meu futuro e que ele me leve de novo à estrada...
quarta-feira, 9 de maio de 2018
Hoje, sem mascaras, sem capas, sem
mentiras, olhem para mim e vejam tudo, amanha estarei aqui e não
serei esta pessoa, certamente... Amanhã tentarão entrar na minha alma e o meu corpo estará
deserto. Amanhã podem procurar o meu sorriso , mas, apenas as lágrimas
estarão tatuadas. Amanhã não vou reconhecer ninguém o meu olhar será vazio.
Quem eu sou hoje, nunca se esqueçam! Se algo disserem de mim, não se sintam na
obrigação de ripostar... Posso atravessar as noites como um fantasma
triste, vagueando sem destino, não me sinto melhor nem pior do que um dia
fui... estou simplesmente vazio, despido de vida, despido de amor, despido de
todos os sonhos, mesmo dos que já realizei…Quando caminho ao tocar no chão, as
minha pegadas fazem ressurgir o passado. Renascem vozes dos meus
passos, ouço-as vibrando dentro de todo o meu vazio… Por muito que
caminhe não projecto sombras , não há luz para que as tenha... há apenas
a noite da noite que atravesso neste corredor que não me leva a lado algum…
Sinto-me um mero fantasma deambulando pelos sonhos alheios, imóvel, sei o que
procuro e o que certifico de que não vejo. Vazio, sempre este vazio...Não
foi assim que imaginei os sonhos! Imaginei que, em algum momento algo iria chegar
e eu já não ia ser apenas e somente um fantasma vagueando nas noites de
tristeza; aquelas noites que não amanhecem e que ficam dentro da alma,
acorrentando-a ao chão frio de não saber o que vem amanhã. Imaginei que ia
sorrir mas fazê-lo com todo o sentido. Sorrir de verdade, com aqueles sorrisos
que não esmorecem e que ninguém rouba.Mas hoje apenas vejo-me atravessar a
noite fria, passando pelos mais ingremes penhascos como um fantasma, saltando
sem medos para o precipício… Eis que acordo dos meus sonhos. Não sou nem nunca
serei um fantasma! Posso até avistar o penhasco neste corredor de vida, que
este velho amigo de todas as horas, continua comigo, jamais me
deixará … Hoje acordei de um sonho que não era meu e apenas abdico daquilo que
não acredito
terça-feira, 8 de maio de 2018
Hoje
eu sei que as palavras nem sempre são palavras apenas, nem sempre
conseguem mostrar o que o coração sente, nem sempre os nossos sorrisos
transmitem as nossas virtudes, nem sempre conseguimos palavras amenas, porque o
coração não mente… Há em nós , humanos, palavras arrojadas, enlaçadas,
emudecidas que o coração não cala, que guiam caminhos...Desejos que a boca não
fala! Sem ternura, sem união, as adversidades que a vida nos concede,
deixam-nos retidos como que em censura , procurando reflexão! Tantas vezes
caminho por esse corredor, sem cores, vazio, procurando pelo menos , cruzar
olhares sem o meu corpo desnudar por essa porta …Porta envidraçada onde os
gritos retidos, são asfixiantes, são utopia do embaraço deste sorriso traído pelo desdém da solidão que a vida
contém…
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Hoje
dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro
janelas de afectos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice
das pernas esconde ! Imagino
um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido
num bosque imaginário, de prazeres sem
grades! Sonhamos que em algum lugar
estarão sempre dois braços, dispostos em
forma de casa, para receber o nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito….
Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me firmemente na queda…Mas não …Tive de
recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso
da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos,
para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar
as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos
desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão,
a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos, que corrompem qualquer palavra que a luz da
manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho
dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse, de uma palavra tatuada em mim, que eu não reconheço mas, mesmo assim, atravessa a fronteira como um fantasma
apavorado pela luz que asfixia…
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Antigamente escrevia textos elaborados , mas hoje tenho poucas palavras
para os elaborar… Antigamente quando os deuses eram grandes eu respirava
silabas e transpirava sonetos, hoje,
ando humildemente nos arredores dos verbos, naqueles degraus invisíveis onde as
árvores dão frutos mesmo rodeadas por incêndios…Estou como muitos, no interior
do que arde, esmagando o coração contra o peito, apagando-me devagar com sede!
Há quem diga que é preciso viver uma vida inteira para entender o que é encontrar
a serenidade neste mundo, mas nem a vida
nem o mundo se encontram… Tenho duvidas deste futuro, luto apenas pelo presente
, o presente é de todos, construir uma
casa e existir dentro dela… Perdi a
esperança, esperança é o consolo dos frágeis , mas!!! Eu não me sinto frágil!!!
Por dentro o meu coração não renuncia à esperança …Que dilema este, com apenas uma casa como testemunha…Oh!!! Mas as
casas morrem não só na sua demolição, elas morrem com a morte das pessoas…Hoje
estou assim, com a minha luz percorrendo, extinta, mundos nesta cinza onde não
consigo decifrar porque o meu sonho é gigante !
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Hoje tento saber como
me vestir por dentro, quando este
desgaste, grita bem alto…sinto a
minha sombra sozinha a manter letras em chamas a flutuar
dentro de mais um sonho! Há coisas que passam
por nós , somente deixando rastos, outras ficam e nos fazem tombar pela falta
de incapacidade em detê-las, podemos até disfarçar a melancolia das trevas ,
sem revelar o nosso nome… Como se fossemos um vulto olhando o horizonte, desta
margem , sem revelar quantos barcos avistados pela proa do nosso olhar! Hoje percorro
então, uma a uma , as horas por viver, mas não avisto arco-íris para colorir
esta minha insónia! Há em todos nós este , lado sem luz, de sombras, onde se desenha na memoria as nossas mãos
vazias …Há anjos nesse labirinto, que desejavam perseguir os ângulos nítidos do
olhar, há angústias no azul do céu que vela a brisa das manhas e deixa as asas
na textura da vertigem a encher os pressentimentos !Hoje estou assim, de rosto tatuado pela invisibilidade dos sentidos ...E lá fora, a chuva cai , tão suave que até me faz sede!
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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