terça-feira, 29 de maio de 2018

Hoje, a luz do dia esconde-se como se descêssemos para os calabouços onde a luz é trémula e faz prever um sombreado de tristeza  nas paredes…  Como se fosse possível mascarar-nos de granito e darmos as mãos no escuro, onde as pedras se lamentam e onde todas as sombras não passam de sombras! Cada vez que descemos  degraus na vida, o nosso coração soluça, pelos que vem atrás, e pelos que vamos encontrar no caminho… Eu já desci de um mundo para o outro,  parecia-me uma marcha silenciosa uma procissão de condenados, sobre mim o trovoar de passos , abracei-me à minha imaginação, dei as mãos aos deuses que caminham pacientemente com a esperança , suplicando que a Natureza acorde os que adormeceram com luz...  Esses felizardos, vivem   sob nós... Criam um  burburinho na "Terra" que fica em ebulição, mas, nos faz sentir firmes, mesmo descendo a escadaria deste precipício sem fim! Há inconsciências , e por mais degraus que se desça nesta antecâmara, mais palavras testemunham a descida … Afinal , o “homem” apenas é pequeno, diante de uma porta enorme! Enquanto não se parar esta escada rolante , não existir coragem de silenciar com rigor,  arquivos deixados na escuridão e as palavras que jamais serão declamadas… Emolduremos então os sentidos , eu também estou aqui , como vocês descendo a escadaria, mas vou propositadamente dando passagem a todos os que puder, para me atrasar … Não confundam isso com simpatia, nem timidez! Sinto-me inteiro, fechando os olhos, mesmo sabendo que a minha voz só é valorizada , quando silenciada…

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Hoje tento perceber porque,   olhamos sempre para o passado para entender o fazer nos dias de hoje! Olhamos dados arqueológicos nossos,  olhamos as nossas lendas, mitos, tradições passadas de geração em geração. Olhamos para a história mas há um momento que , paramos e olhamos para nós mesmos, nossas recordações, vivências, o resultado  é assustador, as nossas lembranças, nossas vivências, nossos sonhos de juventude ,  são relegados a segundo plano, as prioridades sempre são a estabilidade social, económica... Buscamos a pedra monumental que irá marcar a nossa existência, pensando inconscientemente que assim viveremos eternamente ... Buscamos um sentido futuro para superar os nossos medos, como o  da “morte”, que esta é a única certeza de todas, com já dizia o meu falecido pai! Mas esquecemos de que ainda estamos aqui, ainda interferimos no mundo ao nosso redor , querendo ou não, para o bem ou para o mal , esta interferência cria em nós um menir, que nós mesmos desaprendemos a ver, já que  estamos mais preocupados com outras coisas. Estas interferências criam em nós as lembranças daquilo que somos, do que fomos, cria a história de paisagens que só nós vimos, mesmo estando no centro da  multidão, são os nossos olhos a interpretar aquelas memórias. Só nós sentimos o toque de lábios de um beijo apaixonado que foi dado em alguém há muito tempo . Só nós saberemos interpretar  o arrepio que estas lembranças nos fazem sentir,  até ao final dos nossos dias, que pode ser hoje, amanhã, ou daqui a muitos anos ..Talvez por repulsa, por medo, por trauma, por não querer ver algo do passado, mas ainda assim, estarão lá...sempre dentro de nós! Eu sei que a felicidade não entra dentro de um coração trancado, mas!!!Mas as portas estão entreabertas, porém apenas para quem estiver preparado para passar por elas … Eu não me escondo, não me ignoro,  não escondo os meus segredos, quero que eles andem por ai,  e eu,  deixo que eles sigam apenas o meu coração… Se me sinto diferente , sim bastante dos demais, mas será que isso vos atrapalha? A mim não…

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Hoje em dia, as palavras escritas pelo próprio punho, desenhadas à mão, revelam-se em extinção … Assim como a honestidade, talvez por serem tão íntimas quanto um beijo  roubado de amor! Eu já escrevi  letras  em elipse,  entre-cortadas por outras palavras no inicio de cada frase, como se estas fossem  cientes  do mais exótico e único que habita em mim. Todos nós independente do que, sejamos, já tentamos ser prodígios de sedução na arte de escrever em papel, tela, virtual, ou outra, já passamos uma eternidade apaladados ás letras , tentando assim recriar o amor como se duma peça de teatro fosse! Há muitas formas de o fazer, pode-se ser honesto não sendo sincero, mas não se pode ser sincero não sendo honesto. É esta a diferença que nos distingue uns dos outros…Enquanto na honestidade diz-se a verdade, na sinceridade diz-se toda a verdade. A dos factos e a do que os motivou. A primeira não nos abrange em pleno, a segunda passa a ser um compromisso  entre nós e o outro.(s) Tanta coisa disse mas, aquilo eu queria dizer mesmo, é que vocês por acaso sabem qual era o melhor lugar do mundo para se estar? Para mim é dentro de um abraço...E para vocês?

quarta-feira, 23 de maio de 2018

 Hoje sinto-me impotente, a serio, rodeado deste caos, barulhento, stressante, do quotidiano que por mais que tentemos , não conseguimos inverter a ordem desta  rotina mortalmente torturante,  que nos  mantém a mente presa  numa jaula sem grades onde somos ao mesmo tempo os reclusos e os guardas! Buscamos a ordem das coisas, mas damos passos e mais passos para o caminho inverso. Estamos a pensar que ficamos submersos num  caos… Complicamos o simples, mascaramos o real, vestimos personagens que não  deveriam entrar no elenco... Somos a autoridade sobre o vazio, os especialistas em assuntos nada interessantes, somos o nada em nós mesmos! Hoje perdemos a noção do simples,  trocamos a vida pelas aparências, trocamos o tudo pelo nada. E neste caos, muitas vezes ousamos fugir de tudo, tentando nessa fuga sermos apenas nós mesmos...E!! Não percebemos que o "sermos nós mesmos" há muito que foi corrompido, com ideologias e subtracções que nem deveriam entrar na formula de calculo! Esquecemos de não buscar, de não ser...só sentir, deixar viver. Sim, pois quando buscamos "ser nós" na verdade estamos atrás de um "eu idealizado"...Somente quando vivemos de fato, quando apenas sentimos, deixamos  cair  máscaras que carregamos desde a tenra idade e apenas nos deixamos levar, sem nos preocuparmos com o "eu", o mundo e o resto, é que encontramos a felicidade, encontramos a simplicidade ao anularmos nossas máscaras e nos tornarmos unos com o tudo e o nada em simultâneo…Hoje sou as escolhas que fiz e as que omiti, sou a audácia que tive e os fantasmas que ignorei, vivo lado a lado com a vida que abracei e a vida que desperdicei …Sempre que escrevo para os desatentos, faço-me notário da minha vida, como se duma  escritura ela se tratasse ,e sempre que ousei enfrentar a Alma, ou até mesmo sair das varandas dela, eu repenso a minha própria existência… Para voltar a sonhar, e quem, sabe ser amado ! Hoje estou assim...

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Hoje penso, reflicto e remexo  no amor que nos faz,  fazer tanta pergunta,  que muitas vezes não sabemos, outras não temos a coragem de responder! Muitas vezes o amor é um autentico fracasso, mas por outro lado se não fosse esses fracassos eu não vos teria ou poderia,  oferecer estas linhas... Primeiro, o amor é amor ou é mais amizade? Eu respondo, depende se queremos um companheiro para a vida... Segundo o amor é sôfrego ou apenas libertador? Eu respondo,  depende se amamos  a partir do nosso vazio ou da nossa totalidade e se deixamos espaço para noutros contextos, longe de nós e do nosso olhar, o outro crescer... Terceiro, sentem alegria ou apenas prazer ou até nenhum de ambos na relação? Eu respondo, se apenas namoram com a pessoa e apenas recolhem os benefícios que ela vos trás, então recebem prazer; se não estão disponíveis para fechar a imagem um do outro e apenas viver com as vossas sombras então nenhuma delas recebem... Quarta, se a relação acabasse eram capaz de agradecer ao outro, como que um final feliz? Eu respondo dependendo da honestidade demonstrada, visto que quando gostamos somos sempre capazes de querer profundamente o bem do outro, mesmo que seja para seguirmos  rumos diferentes... Hoje digo que nós podemos ser as pessoas certas para começar-mos uma relação ainda assim podemos descobrir que estamos muito bem a viver o nosso "amor" sem ser com alguém a nosso lado...

sábado, 19 de maio de 2018

Hoje acordei de sobressalto passei a mão nos cabelos e penteei meus sonhos...A barba por fazer coçava meu rosto, e o dia nascia e contra mim pois lá estava o sol que insistia em me bagunçar o olhar enevoado .. Preparei o meu café e lá fui a mais um dia! Banhei meu corpo, agora nu, água escorrendo aos prantos lavava meus sonhos inacabados, na minha sensatez do brilho intenso da saudade dum choro derramado pelos cantos, do caminho, onde esvazio meus versos, que nem são mais versos são palavras, onde desfaço poesia, derretendo sentimentos como asas de cera que desaparecem no calor das distâncias...Não imagino um voo, nem dores eternas, sóbrias, imaculadas, persistentes mas!!! Adoptadas como um sobrenome onde as rimas flutuam , dia após dia, noite após noite, como um cavaleiro das trevas solitário, que se esconde do sol que se foi, que se apagou com o coração castigado, sem sonhos, sem vida ...E assim sigo, não persigo, bebo aos goles as sombras geladas dos momentos que virão tentando não desistir de vez em quando daquela vontade danada de fazer das palavras um tropeço, sem nexo, sem sentido, sem amor nos versos pois nem sempre as palavras são justas, ou brilham , como a saudade da luz brilha na lua que de dia se esconde dos vidros quebrados espalhados por todos os locais em que vagueei. Em cada um deles está um reflexo que me pertence. Sei de cor o ponto em que descansa cada um dos fragmentos e tenho esta estranha obsessão de lhes passar por cima e dispersá-los ainda mais para de noite reflectirem o brilho que a Lua lhes concedeu !

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Hoje apenas partilho e informo todos os demais , que o meu compromisso é com a verdade, eu não discuto com a realidade, eu a aceito assim como ela se me apresenta. As coisas são como são, agora hipocrisia, mal formação, leviandades, não contem comigo… Meus amigos, tenho tanto para dizer, que as palavras atropelam-se, eu sei que as ruas aonde passo, já foram ruas que passaram outros. De que forma , nem preciso de saber,   mas não me vulgarizem , não me sujeitem à insanidade , já que sei muito bem,  que pelas ruas onde passo, passaram outras gentes...vezes sem conta! Nestas ruas que me passeio há calçadas desgastadas, de milhares de pés que se fizeram milhões de pedaços de nada…Cada vez que ouso dar um passo perco a minha identidade, assim como muitos se passeiam e não a tem! Caminho , mas entro sempre no esquecimento ao contornar, gente cinzenta como as pedras do chão… A imortalidade não é de quem passa nessa rua, a mim , basta-me uma vida, para não ser apenas mais um a deixar-se ir, sem rosto, sem valores, sigo assim de passos firmes! Vejo rostos fictícios, de roupas caras, que acenam as mãos , mas desculpem façam de conta que a rua é deserta… A mim não…Tenho muitas perguntas, mas levo-as comigo, não quero ser mais do que sou, mas jamais tolerarei que me façam sentir o que não sou...Sou assim vivo-me inteiro, sem disfarces e se o sol não quiser guiar-me o caminho, eu aceitarei , continuarei assim, pela sombra…

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Bem hoje nem sei o que dizer, mas basta dizer que sou apenas as  cinzas que sobraram e cravaram marcas no meu ser no entanto sou tão nada, como poderei ser uma casa cheia...Ergo-me para a vida encho os bolsos vazios de medo, e de receio de nada ver...Em minha vida fez-se  porto de saudade só de partidas e não chegadas  pouco conheço e cada vez quero menos...Não escuto sons não sinto cheiros...Vivo numa tarde sombria onde o  vento acaricia-me o cabelo enquanto eu, com mãos invisíveis percorro um corpo de mulher, mas!!! tenho receio de o tocar de acordar e ficar perdido com tanta vulgaridade,  ficar perdido na neblina... Queria me doar a todos os pensamentos de pessoas ocultas como as águas do mar, como as folhas ao vento como os beijos por selar ...Há em mim um grito mudo sem sons definidos,  que me conduz à incógnita sensação de sonho e ao mesmo tempo de ressaca...

terça-feira, 15 de maio de 2018

Hoje voltei a olhar-te, no meu pensamento, limpei o pó da tua imagem que criei em mim...Preso no meu corpo, rasguei o meu coração com essa memória. Por segundos chego a ficar inconsciente, decido voltar a esperar-te como se o tempo pudesse congelar a mudança. Redescobri-te em diálogo ameno com outros, vi-te ao longe e quis acreditar que eras tudo menos distância. Ainda pensei que o tempo nos pudesse congelar naquele ponto em que o sonho nos gera e começa... Mas não. Sinto uma sombra uma luz,  só por alguns instantes, faço um rodopio de lembranças despertas pelas partículas de pó sacudidas do passado. Foge-me a capacidade de me reinventar . E não há amanhã ....Onde andas meu doce mundo de palavras...Quero que a utopia deste embaraço seja recriada numa tela. Eis a primeira pincelada!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Hoje estou bem para lá da esquina do meu pensamento,  esqueço a minha casa na lua, onde guardo o meu fantasmas…Onde derramei lágrimas quedadas na primeira sombra das minhas  memórias! Eu já me decepcionei para duas vidas, mas as decepções não corromperam  a minha alma. Não como se a vida tivesse sido a pior das minhas inimigas…Não, nada disso, talvez tenha  nascido  com esse dom de converter  a minha tristeza que escorre pela tinta da caneta para imprimir silêncios em textos. Gosto de pensar que esses textos curam... Vocês até podem perguntar ,  como é que a tristeza de um texto pode curar ou amenizar o sentimento de alguém?  É que , a tristeza alheia cura mais do que qualquer outra coisa. Não ponho em duvida ninguém, nem os seus doces e altruístas corações. Não acho que a cura venha de uma felicidade pela dor dos outros, nada disso! Acho que a mágoa cura porque as pessoas entendem que não estão sós. E vocês acham que estão sós? O que é para vocês estar sós ? Como podemos estar sós se vivemos no meio de multidões... Sinto-me sozinho muitas vezes, sim. Mas isso significa que o seja? Não, não acho que seja sozinho. Acho que sou uma pessoa que anda por aí acompanhada pela solidão…Se eu tivesse que dar uma palavra ou duas para me definir talvez fosse sonho e amor, mas depois faltaria a saudade…Eu não me consigo definir eu sinto-me um universo de palavras…Numa trajectória de vida que nem todas as pessoas conseguem sentir, porque Hoje, já decifram silêncios. Já antevêem palavras minhas. Já conhecem alguns gostos meus. Já sabem um bocado como sou… Mas alguém me conhece? Alguém consegue tatuar-me no seu olhar ? Sou apenas alguém que escreve com a emoção no coração derramando,  nuvens de chuva no olhar ...

domingo, 13 de maio de 2018

Hoje, não pensem que adorava ser poeta , não!! Eu também sei montar e desmontar do cavalo do silêncio e descobrir o som das tempestades num búzio de esperança…Sei adormecer e acordar dentro do quotidiano vivendo de saudade na ausência dos dias que vou vivendo a exorcizar na insónia ,hoje tão presente a cada instante dentro de mim, turvando meu olhar…Apenas visto de silêncios as palavras que por entre as mais se revelam nos sulcos de areia quente nas horas estéreis desta ampulheta vigilante que me gera!! Escrevo por entre cristais de silêncios que imergem na noite escura e fria , onde, não há sorrisos que ecoem, apenas gemidos mudos das conversas inacabadas , selando este sentimento indecifrável… Ergo os braços aos céus , é tento por nos bolsos a lua para acabar com os meus cinzentos mas apenas moldei mascaras ás circunstâncias do improviso…Neste meu olhar que escondo há estrelas grávidas de luz de um simples amor...

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Hoje deixo cair  linguagens presas às arestas do destino,  aquelas palavras que deixamos impressas na calçada da vida, que testemunham as nossas quedas, e memórias ! Eu sei que são linguagem sem margens, que inflamam a nossa existência contaminando os degraus , que já fatigados, tentamos galgar neste nosso voo  em busca do Sonho que é Enorme…O sonho é Enorme mas procuramos a sua verdade em lugares incertos, onde nem sempre as flores brotam e nem sempre tem uma cor definida … Este silêncio ensurdecedor que parece ser grito contra grito,  faz-nos estremecer o chão,  gerando vertigens que assombra as palavras no duelo dum poema… Há nevoeiro que se adensa na doce chegada, há vidros embaciados apenas pela fixação do olhar, tenso, pela demora que extasia o coração sem regras….Começo a gostar desta espera , ela faz companhia, aprofunda a ilusão, move o amanhecer fazendo da noite dia...Deixem-me ficar então aqui , a olhar para o infinito, esperando que chegue o meu futuro e que ele me leve de novo à estrada...

quarta-feira, 9 de maio de 2018


Hoje, sem mascaras, sem capas, sem mentiras,  olhem para mim e vejam  tudo, amanha estarei aqui e não serei esta pessoa, certamente... Amanhã tentarão entrar na minha alma e o meu corpo estará deserto. Amanhã podem procurar o meu sorriso , mas, apenas  as lágrimas estarão tatuadas. Amanhã não vou reconhecer ninguém o meu olhar será vazio. Quem eu sou hoje, nunca se esqueçam! Se algo disserem de mim, não se sintam na obrigação de ripostar...  Posso atravessar as noites como um fantasma triste, vagueando sem destino, não me sinto melhor nem pior do que um dia fui... estou simplesmente vazio, despido de vida, despido de amor, despido de todos os sonhos, mesmo dos que já realizei…Quando caminho ao tocar no chão, as minha pegadas fazem ressurgir o passado. Renascem  vozes dos meus passos,  ouço-as vibrando dentro de todo o meu vazio… Por muito que caminhe não projecto sombras , não  há luz para que as tenha... há apenas a noite da noite que atravesso neste corredor que não me leva a lado algum… Sinto-me um mero fantasma deambulando pelos sonhos alheios, imóvel, sei o que procuro e o que certifico de que  não vejo. Vazio, sempre este vazio...Não foi assim que imaginei os sonhos! Imaginei que, em algum momento algo iria chegar e eu já não ia ser apenas e somente um fantasma vagueando nas noites de tristeza; aquelas noites que não amanhecem e que ficam dentro da alma, acorrentando-a ao chão frio de não saber o que vem amanhã. Imaginei que ia sorrir mas fazê-lo com todo o sentido. Sorrir de verdade, com aqueles sorrisos que não esmorecem e que ninguém rouba.Mas hoje apenas vejo-me atravessar a noite fria, passando pelos mais ingremes penhascos como um fantasma, saltando sem medos para o precipício… Eis que acordo dos meus sonhos. Não sou nem nunca serei um fantasma! Posso até avistar o penhasco neste corredor de vida, que este velho amigo de todas as horas, continua  comigo,  jamais me deixará … Hoje acordei de um sonho que não era meu e apenas abdico daquilo que não acredito

terça-feira, 8 de maio de 2018

Hoje eu sei que  as palavras  nem sempre são palavras apenas, nem sempre conseguem mostrar o que o coração sente, nem sempre os nossos sorrisos  transmitem as nossas virtudes, nem sempre conseguimos palavras amenas, porque o coração não mente… Há em nós , humanos, palavras arrojadas, enlaçadas, emudecidas que o coração não cala, que guiam caminhos...Desejos que a boca não fala! Sem ternura, sem união, as adversidades que a vida nos concede, deixam-nos retidos como que em censura , procurando reflexão! Tantas vezes caminho por esse corredor, sem cores, vazio, procurando pelo menos , cruzar olhares sem o meu corpo desnudar por essa porta …Porta envidraçada onde os gritos retidos, são asfixiantes, são utopia do embaraço deste sorriso  traído pelo desdém da solidão que a vida contém…

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Hoje dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro janelas de afectos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice das pernas esconde ! Imagino um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido num bosque imaginário,  de prazeres sem grades! Sonhamos que em algum lugar estarão sempre dois braços,  dispostos em forma de casa,  para receber o  nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito…. Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me  firmemente na queda…Mas não …Tive de recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos, para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão, a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos,  que corrompem qualquer palavra que a luz da manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse,  de uma palavra tatuada em mim,  que eu não reconheço mas, mesmo assim,  atravessa a fronteira como um fantasma apavorado pela luz que asfixia…

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Antigamente escrevia textos elaborados , mas hoje tenho poucas palavras para os elaborar… Antigamente quando os deuses eram grandes eu respirava silabas e transpirava  sonetos, hoje, ando humildemente nos arredores dos verbos, naqueles degraus invisíveis onde as árvores dão frutos mesmo rodeadas por incêndios…Estou como muitos, no interior do que arde, esmagando o coração contra o peito, apagando-me devagar com sede! Há quem diga que é preciso viver uma vida inteira para entender o que é encontrar a serenidade neste mundo,  mas nem a vida nem o mundo se encontram… Tenho duvidas deste futuro, luto apenas pelo presente , o presente é de todos,  construir uma casa e  existir dentro dela… Perdi a esperança, esperança é o consolo dos frágeis , mas!!! Eu não me sinto frágil!!! Por dentro o meu coração não renuncia à esperança …Que dilema este,  com apenas uma casa como testemunha…Oh!!! Mas as casas morrem não só na sua demolição, elas morrem com a morte das pessoas…Hoje estou assim, com a minha luz percorrendo, extinta, mundos nesta cinza onde não consigo decifrar  porque o meu sonho é gigante !

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Hoje tento saber como me vestir por  dentro, quando este desgaste,  grita bem alto…sinto a minha  sombra  sozinha a manter letras em chamas a flutuar dentro de mais  um sonho! Há coisas que passam por nós , somente deixando rastos, outras ficam e nos fazem tombar pela falta de incapacidade em detê-las, podemos até disfarçar a melancolia das trevas , sem revelar o nosso nome… Como se fossemos um vulto olhando o horizonte, desta margem , sem revelar quantos barcos avistados pela proa do nosso olhar! Hoje percorro então, uma a uma , as horas por viver, mas não avisto arco-íris para colorir esta minha insónia! Há em todos nós este , lado sem luz, de sombras,  onde se desenha na memoria as nossas mãos vazias …Há anjos nesse labirinto, que desejavam perseguir os ângulos nítidos do olhar, há angústias no azul do céu que vela a brisa das manhas e deixa as asas na textura da vertigem a encher os pressentimentos !Hoje estou assim, de rosto tatuado pela invisibilidade dos sentidos ...E lá fora, a chuva cai , tão suave que até me faz sede!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...