Hoje sonhei-te, senti que o meu olhar repousava junto da tua urna, na terra cor de cera
banida, da graça austera do teu túmulo,
e teu espírito que ficou neste mundo entre os homens. Nesta terra
onde nunca a tua paixão teve repouso, sinto as palavras que cintilam no sossego
dos túmulos da floresta no sono e no seu rumor, o vento esquivo fere-nos em vão,
quando as palavras já nada assassinam …Resta-me confirmar a tua semente dispersa
na grandeza que os pobres cobiçam nas montras
de ruas perdidas deste meu empedrado percorrido ao acaso…Amar este mundo
violento, ingénuo ,confuso , adolescente sem ti, é , pior que odiar, é miséria no escândalo da minha consciência …Pai , hoje, a tua alma está noutro universo,
onde não há comunicação possível ! Eu sei que nada sabemos da alma, nem da
nossa…A dos outros, é apenas olhares, gestos, palavras, suposições, meras munições nos nossos revólveres prontas a nos
fazer tombar… Entretanto vamos vestindo cancros,
trabalhando sombras, derramando lágrimas sobre cadáveres que repousam no silêncio em busca de paz! É só isso que
aqui faço, falar com um espelho secreto que reflecte pelos meus dedos , imagens múltiplas
da minha nudez , que assalta como uma tempestade num ultimo suspiro de lucidez, a timidez do meu ser…
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Olá Paulo, que lindo o que escreveste, é sem duvida uma prova de amor muito genuína que te caracteriza. Tens uma forma de escrever tão peculiar e tão genuína que mesmo sem saber se era um texto teu, eu reconhecia logo nesta palavras um traço teu . A tua nudez seduz muito e ela sim assalta.nos fazendo suspirarmos adoro-te
ResponderEliminarMeu caro , é majestoso ler o que escreve, a sua capacidade de transmitir a mensagem é muito eficaz e faz-nos quase viver esse seu sentimento . Lindo e intensa a sua forma de amar um ente querido que nos faz que pensar , um bem haja Paulo muito lúcido e humano a sua timidez . Beijinhos
ResponderEliminarLindo este teu "silêncio"que aqui nos deixas... de facto, quando perdemos um ente querido, neste caso,referes-te ao teu Pai, é perdermos um pouco de nós mesmos, é sempre algo de nós que parte também... e acredito, que é uma dor que nunca irá embora... pode ir atenuando, como tudo, com o tempo... mas! será sempre uma dor eterna... Resta-nos recordar e manter as memórias boas em nosso coração e tu consegues para além disso, eternizar esse teu sentimento através das palavras que por aqui vais partilhando! Bjo
ResponderEliminarComo sabes um tema muito sensível para mim. É impossível descrever como nos sentimos diante de uma situação tão dolorosa quanto a perda de um pai ou de uma mãe. A dor é tamanha que ultrapassa a alma e se torna física. Os olhos queimam em lágrimas e o coração parece comprimido dentro do peito. Só quem passou por isso sabe. Por isso compreendo perfeitamente e lendo-te fez que lágrimas caíssem ao ler cada palavra tua.
ResponderEliminarAprendi a aproveitar melhor as coisas simples da vida. Aprendi a amar sem medo de perder, porque a maior perda é a do amor que não demonstramos. Aprendi que aqueles que amamos podem partir sem se despedir, por isso devemos aproveitar enquanto eles estão por perto. Sei que eles estão a olhar por nós. Não tenho dúvidas.