sábado, 30 de abril de 2022

   Hoje estou naqueles dias em que me apercebo que a vida tem crueldades, mas também delicadezas que se  estendem além da paixão, se manifestam em nós, como relâmpagos e trovões! Umas vezes trazem a  desejada permanência de  amizade, família, trabalho, amor, por isso eu digo-o que somos realidades que se chocam com as crueldades e delicadezas da vida! Por muito que tenhamos profetizado os nossos dias eles serão sempre um aprendizado que muitas vezes se manifesta em nós da pior forma... Umas vezes tiramos baixo aproveitamento outras vezes , passamos com distinção…Queremos sempre o milagre  perto mas este pode demorar uma eternidade a germinar em nós,  e o chão, vai-se afundado deixando o tapete que sempre deslizou nos nossos pés irregular, expondo-nos a um mundo que se mostra cada vez menos humano… Falta em muita gente o conceito de família, lar! lar é,  onde se partilha a mesa, é onde se sonha com o sono de criança, é onde se avista a luz acesa, é onde os ruídos nos embalam, é onde se discute a posição dos quadros, e os objetos  têm vida e nos contam historias… É disso que sinto falta …Hoje sinto-me resiliente, mas,  não sinto vergonha em chorar, todos choramos, uns choram para fora, outros preferem guardar, outros escondem, fingem num sorriso amargo que nada os atinge… 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

 Hoje nesta espécie de despertar que não lhe posso chamar acordar,  penso em ti, ou talvez tenha dormido a sonhar contigo, e viajei no teu amaciar de noite…. Acordei com esse teu rosto na minha memória a trazer-me saudades, como se a minha cama fosse enorme,  demasiado grande sem ti e os fios dos teus cabelos se não se sentissem sem a tua presença, mesmo tendo  tanta saudade. Os raios de sol que trespassam as brechas dos estores  enfurecem-me por não me deixarem continuar a sonhar mais uns momentos contigo. Nasce uma verdadeira luta, eu firmo as pálpebras tentando voltar a dormir e a claridade torna os seus raios mais firmes para me acordar. O dia vence! Eu desisto! Abrindo assim  as janelas para que o sol traga a brisa matinal para dentro e me inunde com o teu aroma doce, que vais deixando por onde passas…   Já não consigo sonhar contigo, mas posso pensar em ti e  imaginar-te a esta hora, linda ao acordar. Uma imagem do teu rosto surge-me ainda mais forte na minha mente eu tento rever-te melhor, saborear cada traço do teu rosto, mas quanto mais me esforço mais insuficiente parece a imagem que surge, até começo a sentir um odor doce e acre simultaneamente, provavelmente será recordação do teu perfume, ou melhor, a memória do intrínseco odor do teu corpo que o meu não quer esquecer. E não é a única coisa que não quer esquecer...  São estes longos e agridoces momentos que penso em ti, que me fazem perceber que tenho de deixar de o fazer, pelo menos por agora, o dia  deixa o rasto de mistura do calor dos raios de sol com a frescura da brisa que me invade o olhar e me  faz tombar na perplexidade do tempo que vai desenrolando o dia e o entardecer para mais tarde, fechar de novo a cortina de luz que se vai debruçar sobre a alma e certamente,  logo voltarei a sonhar contigo …Confesso que hoje aguardarei com ansiedade por esse momento, para novamente acordar a pensar em ti mais uma vez!  As cartas que aqui escrevo, são de um eterno, singular,  amor, que não tento explicar, porque há coisas que não se explicam, apenas se sentem. Desde o primeiro dia que abracei essa proximidade , que senti que não é feita só de ternura , mas, de muito mais que isso… Cada som que vem do fundo  do ser é um murmúrio de saudade que se espalha pelo infinito, não soa ao mar, ou tão pouco  ao respirar das ondas, parece sim,  um bocejar de entardecer que entoa na alma as palavras que vão dando cor ao amor que se funde com o pensamento. É preciso entendermos os gestos, nas palavras, nos silêncios onde quer que estejamos para que um de nós vá sempre procurar o outro.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Hoje a noite cobre  todas as sombras que se recolhem no seu ego disfrutando cada medo como vitórias, fazendo  tombar este escuro que recolhe as lágrimas, outrora tão rotineiras quanto as passadas dos manequins que deambulam tentando cativar um olhar mais atrevido ou um gesto que desbrave sentidos já tão contaminados pelos sentimentos soltos! Vamos retirar a âncora deste meu barco e deixar a alma ser a timoneira neste peregrinar! Talvez um Destino anunciado ...Navegar tocando aqui e ali o coração daqueles que se dizem mais altos no pensamento tão nosso ! Sobre o cintilar das estrelas hoje tombam  talvez, apenas aqueles que tenham faltado a verdadeira sinceridade! Só numa alma virgem sem artifícios nem luzes de ribalta, sobressai  a humildade e o reconhecimento de saber que somos todos pó  e em pó nos tornaremos também todos …Para quê? Remar apenas!! Se o olhar deste mar preso não só comtempla sombras paradas e consciências adormecidas num ontem que já nem faz parte da história, para quê? Reconduzi-las até ao ínfimo  pedaço onde as palavras são migalhas que alimentam a alma e o sonho ainda é aquele lago límpido onde a alma lava todas as feridas.  É tão bom, quando erguemos a ponte entre os que adormeceram em leitos de espinhos, facilitando os que carregam o ideal jamais derrubado por qualquer fanatismo ou pelos desentendimentos que vão aparecendo a cada esquina da vida! Mas!! Eu,  também sou um grão no meio deste pó todo! Limito-me  com estas mãos e com o papel  limar arestas rudes,  deixando em cada SER a razão deste permanecer! Podem até me chamar louco por desvendar silêncios que as palavras desnudam a cada olhar no fulgor a nu da lucidez, fazendo esquecer o ego para voar no mundo onde as palavras são a misticidade de cada amanhecer , porque as palavras amigos hoje, podem ser o vértice da alma.

terça-feira, 19 de abril de 2022

HOje tudo conta, até as fissuras  das certezas vão espreitando as incertezas com que por vezes pintamos essa tela que de azul só tem este céu onde as mãos tentam tocar no momento do sonho. Há tanto tempo que os raios do céu, me deixam preso no fogo que me transcende , fazendo-me viver na aridez do silêncio que perdeu a voz e o espanto dos sonhos depositados na alma. Deixei nascer esta raiva escondida,  que se prolongou pelas noites,  deixando-me nas mãos a loucura e a pena esmagada entre os nossos dedos que se acolheram. Que sabem os outros do que se intimida do olhar que anuncia a bênção dos céus, onde se deslingue  se a água é o vinho que se ergue desse maldito cálice que só transborda ódios, se o amor flui na brisa tal como a carícia de uma criança… Que sabem os outros das lágrimas que escorrem sobre o manto da fome, alimentando as veias doridas deste nada que se esconde e se renova,  ressuscitando a cada amanhecer? Será que há alguém desta solidão que se passeia sobre o dorso da noite gritando a morte branca, quando se deixa envolver nos suspiro, nos sufocos suspensos entre o partir e o ficar dos sentimentos jogados ao chão, apenas soletrados em todos os compassos deste mundo caído …Que sabeis do amor,  quando o nosso olhar se torna Outono inverno , roendo cada osso deixando transparecer esse vício onde tudo se corrompe para depois ser pó? Que sabes tu deste cadenciar que enlaça o corpo maduro e deixa nas mãos a única certeza que toca os sentidos e se esbate no pensamento libertando a pureza do amor esmagando pela luxuria,  um animal que vive dentro de cada um mas só alguns tem a coragem do alimentar? Que sabes tu dessa  batalha que deixaste regar  na boca o sabor amargo de quem nunca mordeu esse pedaço de carne com que se saciam os uivos de tantos lobos? Qual será a cor que mais  traduz e espalha  terror  vingança? Que sabeis deste espírito que  vagueia entre o ser e toda a misticidade que envolve o olhar que se deixa levar pela hora do perdão, que se ajoelha de todas as dores para  amanhã  erguer da verdade a sua plenitude ? Nada sabeis certamente e eu também não!

 


sábado, 9 de abril de 2022

 Hoje consigo ver sem sonhar,, desistindo do sonho...Vou fechar os olhos e atravessar a neblina que caiu aqui , como um manto que me faz esquecer sem nunca ter esquecido, porque nisso sim, eu sou abençoado , é  a estrada que ne está destinada. Já fiz Perguntas, reticências, já tentei dar sentido a esta falta de sentido, mas a desobediência da vontade esconde a luz, não  mostra o seu brilho e me ofusca o olhar… Eu remexo a razão quando a verdade me diz não , eu , olho as marcas sem vontade , eu visto-me de noite para esconder as tempestades, mas nunca me escondo de mim, não me envergonho, mesmo que as lágrimas deslizem em desalinho num compasso sem retorno marcado, as  páginas deste pergaminho escondem-se neste céu . Como posso ver sem sonhar, escrevendo silêncios ou trancando-os no ar ? Fechando estradas, abrindo fronteiras?  Hoje despi-me dos preconceitos na limpidez de um sonho,  procurando apenas a magia no espelho da realidade. sonho, mas!! Tristemente fiquei encurralado na limitação, da expressão, que me levou adormecer…Volto assim ao sonho profundo onde a magia acontece e rasga o horizonte , mostrando a montanha perfeita onde a nascente de água se vai deixando cair,  límpida e transparente no meu rosto cansado . Vagueando nas ruas da alma,  vejo portas mal fechadas , espaços vazios, fechaduras forçadas , olhos turvos, que no silêncio acutilante vertem lágrimas  por tanta pergunta amontoada, num canto sem respostas…Deixo-me cair por apenas ter a certeza que perdi as cores com as quais um dia me pintei…

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Hoje deixei o  céu tombar o macio branco que se deixou enroscar neste sol envergonhado, fecho  o seu pestanejar sobre o rosto macerado do tempo onde as flores foram violentamente  colhidas com as gotículas humedecidas deste estupido olhar que me deixei fixar… Não consigo soltar o perfume dos afetos na transparência e honestidade que supostamente deveria pulsar na pele cedida ao arrepio breve inóculo, desmaiado, leviano do desejo egoísta premeditado… Tecem-se mentiras, em lagrimas que quebram de vez o nó que chegava a asfixar os sentidos , mesmo neste corpo adormecido  que perdeu a alma sem nada pedir em troca! Não era assim que me revia no fio condutor desta vida, mas seja assim feita a noite, que ela caia sem regresso…Vou ficar ali no meu canto, sentar-me na minha praia a escutar o marulhar deste mar na lentidão do tempo nas trevas da memoria . É tão triste quando as palavras vibram como feridas, porque será que mereço este mar, que bate no meu corpo enchendo-me de marés de silêncio quando a frescura do areal apenas aguça o eco da saudade nos meus lábios! Sinceramente já nada sei mesmo desta vida , eu que já tão pouco sabia, fecho os olhos carregados de sal nas dunas de um sonho que se espuma nas minhas mãos , quando o que mais queria era retê-lo em mim,  vivendo dele gota a gota, mas!! A água cansou-se, paralisou-se no meu olhar que parou.

domingo, 3 de abril de 2022

 Hoje Estou longe mas em pensamento , a noite cobre este pedaço de terra , enquanto as sombras, recolhem resvalando no vazio sem plateia , solto a ancora deste meu barco , deixo a alma ser a timoneira do meu peregrinar. Deste me destino, deste meu navegar que toca aqui e ali no coração daqueles que se dizem mais  no pensamento! Nesta minha viagem por mares tão diversos os mastros outrora erguidos sobre o brilho das estrelas , hoje caídos por falta de alinhamento. Vou navegar apenas sobre as aguas mansas que em envolvem e me devolveram lucidez real, deste mundo onde pessoas rudes , mal formadas , premeditadas enterram as suas almas de vez... Hoje   consigo. estar perto demais da minha pequena caverna escura onde me sentei! É onde me perco nas vozes das silabas das palavras, onde me sento junto a um fogo,  já que do meu,  me canso por tanto me acender nas lágrimas narradas de histórias fabricadas…Mas hoje calo-me. Estou longe, apenas me apetece o grito, do vazio, esse infindável e tremendo ronco de dentro que ecoa por toda a parte de nós! Resvalam  avalanches na pele gerando  inquietude nos passos… Mas sinto saudades, daquele manto no areal construído pelas brisas que outrora me iluminaram o sorriso. Aqui não  há areal , nem marés, nem brisas…Ainda agora cheguei e já estou impaciente por voltar, encontrar a estrada de retorno deste caminho que me fiz na estrada … Calo-me para deixar o silencio ferir , sei que ele comunica muito mais, nem olho, os olhos caem de mim como punhais  que deslizam sem fim sem saberem para onde ir…Tudo é falso na tribuna de honra , ignoro pessoas provocadoras, deixo a maldade germinar no ventre deles , que fiquem apenas com a pele  seca como um andor que serviu para promessas de honra esquecida . Enquanto aqui estiver, vou apenas varrer da memória , tingir a fome com os versos do passado entre penedos e enredos,  onde as palavras não podem unir nem deixar o amor existir…pode parecer estranho, o homem é  o único animal que acaba por tropeçar mais que uma vez na mesma pedra, pois bem,  eu tb o fiz...


Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...