domingo, 2 de julho de 2023

Hoje que se tirem à sorte as palavras entre a nossa constelação, há palavras gentis, palavras que refrescam  as mãos, palavras ditas com o avesso do seu sentido, palavras enigmas, palavras de logro, porque não significam o que o seu portador intui. Joguem-se as palavras no tabuleiro do futuro, onde só há palavras por dizer, palavras à espera de serem ditas. Essas palavras não têm  nas nossas vidas uma ordenação sempre logica! Jogam-se ao acaso, atiradas sem critério para um poço onde são matematizadas na oposição das equações diligentes da vida. Hoje como se houvesse uma roleta “russa” e os circunstantes estivessem à espera das palavras saídas na lotaria da ocasião. Então que esperem, pode ser que do amontado de palavras surta um poema, ou um manifesto, ou apenas um texto sem outra razão que não seja o imperativo de não guardar as palavras numa parede de silêncio. Como as palavras podem ser cruas e vagas… Podem sair da boca atemorizadas pelos efeitos sísmicos dos sentidos que provocam, em quem as ouvir ou até mesmo,  em quem for seu destinatário. Mas !! Hoje elas são apenas  um inventário anónimo, amontoando-se umas nas outras segundo um critério desordenado assim como a vida se desordena...Há palavras que procuram significados, respostas, sentidos até! Outras  são janelas entreabertas para avenidas por descobrir, mas ainda temos algo para descobrir? Outras, contrapõem-se, selando os rostos desmaiados pelo esgotamento da matéria sensível do ser, nos vocábulos admitido um concurso  inventariado e espiolhado dos acasos, as palavras dele constantes descruzam-se no descrédito  empossado pelos  circunstantes que se deixaram jogar a concurso… Hoje  rivalizo no conhecimento dos significados, que em mim esgrimem sinónimos, antepõem figuras de estilo na esgrima erudita das pessoas. Sinto as palavras em mim exauridas,  fogem da boca e refugiam-se no silêncio. Perdem serventia, ficam ocas de tanto serem vulgarizadas pela arrogância do ser. Tenho-as dentro de uma caixinha que reclamo nos silêncios estruturais descritos no meu rosto deixando-me num estado de espírito, de promessa para memória futura. Talvez seja melhor fazer palavras cruzadas, como quem tem tempo por revelar, preso na incógnita sabedoria daqueles que querem ser tudo o que você nem sabia que estava procurando…

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