sábado, 7 de outubro de 2023
Hoje é daqueles dias que, ao abrir os olhos me sinto num mundo diferente. O dia irrompeu com um especto incomum, pouco familiar, suprimindo aquele bem-estar tão característico das manhãs. Nem o cheiro da rotina é capaz de despertar o fresco das memórias, aquela intimidade estabelecida com o que me cerca. Diante do espelho, nem me conheci. A imagem é meio embaraçada, até a procura de respostas é irrefletida, demasiadamente vã. Não há um impulso apenas a intuição entoando os cantos da alma. Não há nada, de fato. Entrei num estado quase mudo, numa imagem furtiva que acalenta a alma. Ante o desconhecimento, da imprevisibilidade o silêncio faz-se mãe de todas as ações, superfície que apazigua brandamente esta aflição. É um estado erradio, em que o corpo nem sempre responde direito aos sinais externos, como em um ato de fuga, em que tudo responde apenas ao ato desesperador… Tudo promove o prolongar, na evidencia do qual nos viramos reféns. A vida transfigurada impõem-se dia apos dia, o mundo apresenta-se como se fosse a primeira vez, igual dia em que abrimos os olhos, logo ao nascer. Somos confrontados e apresentados a este ciclo que gira interminavelmente, período após período, só que o corpo sente a transição, e fica deslocado, simplesmente perdido. Ninguém nos compreende, tudo é abrupto nem tempo poderemos ter de despedir de quem mais gostamos. É tudo muito fugaz. Somos apenas um sopro que se aparta nas texturas de ontem. Nem tempo houve para me desligar das nuances de outrora, da simetria enternecida das memórias, que davam formas à vida que tinha…As nossas sementes são regadas todos os dias, as quedas e experiências que moldam a alma, o corpo, mente, tornam-se professoras de diversos aprendizados... Todos os dias nos despedimos de partes que já nos representaram. Mudar é sempre entrar em um estado diferente como um espetáculo solitário, por ninguém apreciado nem mesmo por nós mesmos…Somos senhores de nossas reclusões, cegos desnorteados, de sensações impares, reféns dos delitos cometidos pela inconsciência, dos pecados vividos na mania de sentir e deliberar tudo o que se distingue pelo território que nos circunda. O tremor inconstante do imprevisível pousa dilacerante, estremecendo as bases do nosso peito. Somos frágeis na força, fortes na fraqueza, impávidos no amor, somos humanos apenas…Obrigado a todos os que por aqui estiveram… Uns de mim, dirão coisas imaginárias, outros, nem por isso, talvez porque não me sinta uma unidade de instantes mínimos, seja feito de vésperas e dias seguintes, sempre ciente da expectativa que a véspera me trás e da realização que o dia seguinte me pode trazer...
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