segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Hoje neste ínfimo lugar apenas reconhecemos, as distâncias implacáveis, os corpos e o cansaço, a estranheza que se entranha até só o escuro poder transmitir-nos alguma calma...As vezes gostaríamos de esquecer sentidos, e outros tantos que fizemos da noite um hábito imperioso...Servindo-nos de um foco de luz para ir soletrando, provando o espaço como quem bebe goles de vida! Antes tínhamos o perdão dos substantivos, a textura e os tumultos de impressões raras, nomes intrusos, e a resina de umas poucas imagens, hoje raspamos o pó que sobrou, para escrever a letra de uma canção, como se a ferrugem dos tempos, fosse uma espécie aguardando algo mais de outra, e é ai, que damos pela falta do mundo, ainda que o não saibamos explicar! A dor ensina a encher um copo de cada vez, e a bebê-lo como quem toca um instrumento, e depois tombamos melodiosos por aí... sem ter onde cair! Existem mundos, dizem-se povoados por choros de culturas antigas que depois do medo ascendiam ao fogo que se fazia crescer entre as mãos e seus reflexos na mais terna Doçura inconsciente dos objetos que se tornam selvagens pelo uso que lhe damos... Por iso eu peço o tédio para alcançar a simplecidade e esta que me faz estremecer perante mim mesmo e nenhum espelho ousa copiar! Que copie as cicatrizes, mas jamais a simplicidade do ser que bebe rastos de lua nas lascas do mármore restintuindo a luz secreta à vida...Tudo se converte na dureza do osso, eu igualmente me converto, em cada passo que atravesso na noite ferida por mil vozes recordando cançoes de água salgada, perdão a todos, por não conseguir sonhar, por não conseguir dobrar o joelhos diante do altar da vida, e percorrer as cavernas ocultas do meu coração! É clandestino o destino, destinou-me a esse lugar, onde as flores não têm nome, nas mãos das palavras ocultas, a tactear lágrimas no silêncio, no secreto mistério da eternidade. Hoje peço que se semeiem estrelas no areal para que o tempo não morra, a cada segundo de ausência. Que se sacie a sede, na água salgada e na ondelação das marés... A terra tremeu e o sol e a lua entrelaçaram os seus fios de luz, na teia dos sentidos, ficou o cheiro a vinho maduro, do mosto do meu meu corpo efervescente, que se tenta agarrar a palavras pela vida! Um dia virá, em que as palavras serão palpáveis, e os sonhos terão contornos definidos... Nesse dia o tempo irá parar, e eu, diluir-me-ei nas cores que sei de cor, e ai também eu farei parte do infinito...

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