sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Hoje vê-se o mar da cama, e à volta desse mundo, os sinais de uma vida descuidada, deixando cair o copo da mão e a boca ou o olhar tentando prender um gosto, que a janela aberta, deixa trespassar pela paisagem bêbeda, com a terra ancorada no horizonte do olhar, decrépita discutindo com o vento, enrolando-se como quem se converte em poeira… As ondas revoltam-se contra as águas que já nem se defendem desse seu sal afogado. A luz do dia de hoje não cumpre horários, vem vagueando à superfície do céu meio ausente, parece que o mundo revela sinais de se acabar! Faço as malas, bebendo águas claras com um som que se intromete nas veias, essas amadas estruturas do corpo que se resguardam em tão poucas linhas com a sua lealdade eterna às coisas ásperas…Elas sabem dispor secretamente as intimidades da paisagem no seu exato lugar. Fiz as malas e saí, arrastando tudo, mas não encontro a noite, o seu timbre, essa pura distância com estrelas, que parece não ter fim, mas apenas nos chegam uns restos, à noite levantada outra vez como uma torre, tudo o que oferece luta antes de por fim… Hoje a noite e o silêncio volta a fazer-se alto, e eu foco-me em tudo de bom, escuto as melodias perfumadas de maresia, daquele mar, iluminado pelo manto do luar, que afagam meu sentir em carícias de fantasia, segredando que a alvorada será eterna em mim! Porque, apetece-me navegar na serenidade, das ondas da minha felicidade, esquecer as horas esmorecidas, dos dias de sol apagado, pelas angústias caladas! Apetece-me absorver o ar da maresia, das minhas saudades, fechar os olhos às tempestades, dos desalentos vividos!Sim porque todos os temos, mas!! Apetece-me escutar os murmúrios das fontes de águas cristalinas, cantando sentidos, jamais esquecidos! Apetece-me pensar no futuro sem o desalinho das consciências, e deixar que este tempo presente, se dissipe entre nuvens de esquecimento! Hoje nesta noite volto a ser irreverente ergo as mãos como quem consegue fazer com elas a paz e a guerra, porque há mãos que são para cultivar a terra e outras as que afagam os sonhos...

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