quarta-feira, 2 de julho de 2025

Hoje tudo o que escrevo aqui, está num esconderijo onde as sílabas nascem inquietas, muito antes do início... É ai que existe a probabilidade de se unirem e formarem a palavra nas roturas do tempo, dando sentido a uma trajetória inversa antes da primeira madrugada do início dos tempos... Há um tempo, um espaço vago, palavras que nascem, dentro do ano que passa, mas!! As letras rodopiam e regressam sempre ao início. Alma é a magia do despontar do início de tudo, cruza-se com o fim, e o fim depois do início dissolvesse na improbabilidade de ser espírito ... Eu sei, é confuso para alguns , mas, é ai que a alma, o corpo, se transforma em sílabas em movimento, numa dança leve e contínua ao encontro da linha do Universo rasgando o ventre da ordem até à desintegração...O que escrevo está no esconderijo da lucidez, portanto a loucura é o único caminho que resta para reconhecer o nível de sensibilidade, do sentir e das ações para não pactuar com a mediocridade nem dar fé à ignorância de alguns! Refuto em mim, o terrorismo monstruoso da mentira, porque cada ano que passa, um poema nasce , um espaço fica vago, um tempo se liberta no corredor da vida. Contemplo os espaços repletos de sílabas que separam o início há milhares de milhões de anos da luz, dando ao homem a oportunidade de brincar com um certo jogo matemático com o objetivo de corroer tudo o que foi criado. Em tudo na vida há o início e há o fim. Em todos os percursos há pedras paralelas aos rios, ruas sem nome, portas sem números, casas devastadas nas mãos do fogo, vidas perdidas rasgando o fumo no amargo da noite, sons abertos no solo do abandono, cruzes a suar no dorso da noite dos silêncios ... Vamos falar de portas fechadas condenadas ao espectro da palavra, vamos falar da seca e a seguir do frio da dor de um planeta profundamente magoado que assume o lugar de um parto gigantesco de fora para dentro já não me apetece falar. sinto o corpo gelado. o Universo penetra-me, entra dentro de mim. Sinto o seu peso, o peso profundo da sua dor que me esmaga o cérebro e irrompe no sorriso da minha alma, é essa a estrada de grãos dourados que me fazem verter palavras. liberto-as no poema onde a luz agita as algas da indiferença, nesse erodito oceano espelhado de vozes velozes e ondulantes que levam na sua rota o distanciamento nas bocas entreabertas das falésias da vida...Hoje liberto palavras apenas...Num eco dirigido ao céu, na busca do astro luz, onde a paz e amor entram em fusão, como uma haste erguida nos passos da proa do silêncio navegado!

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Hoje tenho saudades da urgência da palavra...Sabem aquela sensação que nos faz dobrar os papeis pelos dedos cansados, urgindo guarida apenas...