quarta-feira, 5 de abril de 2017

O amor em mim é como as mãos cheias de tinta resvalarem no branco nu de uma folha… Traço curvas , recrio sentidos na humildade frágil do tecido despido da vida. Quando escrevo enlaço os dedos e as mãos sobre as cores, que o amor pinta em "nós", e nos faz esbarrar em corpos despidos de desenhos que outrora pintamos!!! É esta simbiose mágica, que exalta os seres humanos e os faz caminhar em compassos incertos, como quem se passeia pelo vazio, preenchendo-o de uma forma audaz as cores de tantos outros seres. Os meu dias vertem , escorrem em declive nesta encosta onde fixo os meus sonhos nus, estéreis na magia da criação, numa arte que é devoção de escrever entre o Amor e emoção, entre razão e desapego e de os homogeneizar  fazendo-os gemer nas palavras que pinto despidas de mim!!! Se escrevesse em tons de amor tocaria os vértices que contornam as curvas, de quem busco mas limito-me a imaginar os rios que em mim desaguam deste mar que se esgota ... Esgotam-se os rios, secam as correntes de palavras, fecha-se a porta , ignora-se o amor feito, abraçam-se as estrelas que uma a uma vão caindo nesta noite que se aproxima...

terça-feira, 4 de abril de 2017

Hoje há silencio nos livros quando quero começar uma nova frase. Estou sozinho e o diálogo não possível, posso até começar um novo diálogo, mas não sei onde  encontrar interlocutor, onde estará , à espreita essa tímida pessoa para me falar, com medo de se comprometer… Um diálogo é um dialogo, como os da vida, falamos , rimos, choramos, amamos...são os diálogos deste livro chamado vida que sinto falta… Quero escrever um livro, quero criar  as personagens: quiçá, TU E EU?!! Publicas-mo? Era uma pergunta que te queria fazer pois sinto o meu  coração tão carregado! E tu viajas pelos passeios pedestres , consegues aliviar a tua dor assim? Ou não existe dor…O meu destino era para ser o de colar os pedaços do teu coração, voltar a remendar as adversidades em ti para que tudo sare…Mas!!!  não está em mim viver no teu coração, se não, apenas, ajuda-lo a bater novamente, e a fazê-lo ver a Primavera a renascer, a trazer-lhe o calor do Verão, o aconchego do inverno…. Não está em mim cura-lo, isso será trabalho do teu poder. não está em mim fazer com que ele bata. Não está em mim…porque o meu destino não é esse.,  meu destino é, apenas, cola-lo. Hoje penso porque  estou aqui…assim, deixado ao acaso! Não mereço eu outra coisa... Somos aquilo que produzimos. Não terei eu produzido o suficiente? Hoje quero começar a escrever um livro mas o dia amanhecera devagar e sobre o mar a neblina habitual toldava a vista das breves ondas. Na  rua eram poucos os vultos e só a espaços um carro cruzava o semáforo… Esperei algum tempo e nada surgiu , sabendo de antemão que ninguém viria... Talvez não devesse esperar, dessa forma, ser porventura surpreendido com uma tua aparição. Talvez esperar desfizesse nas contas do cosmos, a possibilidade real de alguém surgir , de me aparecer “alguém”  vestida de um vestido laranja colorido, de me olhar finalmente e falar alguma coisa… Mas cada um faz o que pode, e eu, em frente a esta rua quase deserta e com o mar nublado, podia esperar-te, e era o que fazia….

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Hoje queria que aceitassem um bocadinho da minha pobre alma, porque o meu coração não me pertence,  há muito tempo que  nada mais tenho para partilhar ou dar…. Queria que a  guardassem no olhar, juntamente com as memórias que atabalhoadamente conservam ,  tentem se possível fazê-lo de alguma forma…Vivemos sob a alçada dos  desígnios das sombras em precipícios  tenebrosos do silêncio que nos fazem equacionar tanta coisa….. Há pessoas que quando partem deixam a nossa vida  vazia , mesmo que algo lhe queiramos dar , não temos!!! O que sobra da nossa alma  vagueia por aí, à espera que o encontrem e aguardem no bolso ou gaveta…Não quero estar vazio, chego a bordar as minhas próprias fronteiras, em redor das minhas formas e vazios, sou alguém que pode voltar a nascer e ascender , mas sempre com novos limites, porque estupidamente, não tenho medo de sofrer e isso faz-me ignorar a dor que por mim muitas vezes caminha... Não preciso  de fugir de ninguém nem de evitar ninguém . Não preciso de falsos moralismos! Se não puder viver quem desejo,  amar quem me guia,  então não esconderei a ninguém que não aceito o que não desejo…. Se puderem aceitar aquele pedacinho da minha alma, saberão que nem toda a felicidade do mundo seria melhor do que chegar ao momento em que estamos predispostos a doara a  alma, sabendo que o coração já tinha sido quebrado e esquecido no fundo da gaveta da vida! Jamais serei escravo de memorias , nem tão pouco me juntarei à amálgama de alguém que celebra a morte , trago em mim sempre quem amo e enquanto morrem eu sento-me ao lado… Somos tão estranhos!!! Cavamos túmulos  escrevemos memorias, poemas , apregoamos  amor, mas não conseguimos parar para dizer adeus…
O silêncio é um olhar brando e apagado num murmúrio calado que o coração agasalha no inverno do sentir. Os passos estagnam junto a uma porta, dos caminho sem saída, no labirinto onde a dor se perde em gritos de solidão. Não há forma de trazer as estrelas dos sonhos tresmalhados. Não há forma de captar a essência duma vida…Toda a vida é um percurso inacabado de um destino sem cor…Esta é apenas uma melodia que entoa notas de uma orquestra sem maestro, uma canção sem voz, uma letra sentida nas cordilheiras de uma ilusão sem esperança!! Para quê crer num eco de sonho que nunca mais tocou no meu coração ?! Porém sigo as palavras, estrelas, elas são todas iluminadas para que todos encontrem  a sua…Quantos fantasmas existem para lá desta janela aberta que tenho…

sábado, 1 de abril de 2017

Hoje as minhas mãos ousam sorrisos , quando o olhar respira ausências e entrelaça caricias , gritam ilusões , sussurram vazios… O tempo é como um ventre que gera nuvens e deixa sonhos que perduram pelos milénios trazendo-nos imagens que revelam os silêncios onde esculpimos os passos de todos os caminhos que percorremos…Hoje não choro palavras…Não escreverei poesia, apenas vos Agradeço o CARINHO, o APOIO que encontrei aqui desde o primeiro dia que aqui cheguei, aterrei aqui só vazio , despido …assim continuei mas mais rico... A todos os que choraram comigo a todos os que comungaram das palavras comigo o meu profundo obrigado!!! Aqui chorei, sonhei, voei pela escuridão, escrevi pedaços de dor , transformei-me numa gaivota que pairou no céu e nas asas transportei amor que tentei propagar e que, levemente fui espalhando nas brisas que docemente talharam o meu rumo até ao infinito… Quis tanto fazer da sombra luz…Vestir véus de magia e desejo onde as tempestades apenas fossem meras noites de luar!! Mas!!! Hoje dispo a minha ultima onda deste mar que serenamente me leva para longe na rebentação de mais um dia só…

segunda-feira, 27 de março de 2017

Muitas vezes perdemos-mos  nas memórias do passado não é que o presente seja ingrato… Mas é assim, as palavras em mim são feitas de silencio , há  momentos dos quais me sinto feliz, momentos nos quais sou apenas eu, e,   só por si, já vale a pena…Outros momentos em que nada cabem em mim …Mas as memórias vão-me agarrando. Não sei seguir a pensar no que podia ter sido diferente, não me sei encontrar sem desejar ter um segundo de passado a entrar pela porta aberta do futuro…Sou assim!!! Não penso em voltar atrás em nada, nem na felicidade nem tristeza vivida!!!  Hoje queria apenas olhar olhos nos olhos desse passado e perceber que não podiam as conclusões dele,  mesmo ter sido diferentes…Certamente tenho um milhão de razões para temer…Temo não seguir em frente, rumo a um futuro como o que desejo para mim...As memórias entram no meu sono, tentam  violar todas  as regras, mergulham nos meus sonhos, não as mando embora, falta-me a  coragem para o fazer…Porque??? Porque, melhor que seja o presente, não largo a certeza , que há coisas que podiam ter sido diferentes, para que não tivesse de sofrer…Todas as pessoas , todos os momentos todos os sentimentos ou ilusão, ficaram guardados nessa minha memória que profana todos os dias os meus sonhos. Para aqueles que morrerem ou aqueles que doutra forma partiram , fiquem sabendo que todos os dias tem comigo mais uns segundos de vida!!! Por alguns momentos no meu  presente  uso as migalhas desse passado no qual, infelizmente, não há nada que eu possa mudar… Mas!! Há em mim um mundo diferente, que é  só meu , um  mundo como o céu  onde  por milagre apenas restou brilho das estrelas!

domingo, 26 de março de 2017

Hoje perdura o cinzento do inverno,  traz-me o frio e a chuva, pelos quais me deixo envolver, em silêncio, de frente para o mar, nesta praia deserta...Aqui!!! consigo ficar a sós com os meus pensamentos. Consigo abandonar vontades. Sem perspectivas e sem relatividades. Aqui tento reconhecer a fraqueza de sentir o profundo desejo que todas as palavras por traz do meu caminho  moldam, é neste silêncio que elas fazem sentido e são percebidas, entendidas…sem ter de as pronunciar!!! A realidade, limitada e condicionada, pelas escolhas que se fazem e se aceitam. Parece-me muito dura, muito rígida. Tanto que por vezes, desistimos. E talvez por isso, lutamos também em contra-ciclo com o resto que nos veste... Penso em todos os olhares que se cruzam com o meu. Na forma como nos afectamos, como nos percebemos, como desejamos, como fugimos… como nos perdemos...acordado, de olhos bem abertos, sonho com um sonho que não alcanço. Que se dissipa no denso céu cinzento da vida. Atento aos sinais que percebo, sigo o único caminho possível. Que percorro, apaixonadamente. Intensamente…Deixo-me levar neste bailado de pensamentos... Sinto-me a planar em emoções que não as sei explicar,apenas as sei sentir. Sou envolvido por uma sensação de serenidade me liberta de todas as limitações a que sou de certa forma imposto diariamente. Deixo-me levar....somente. Preciso de sentir que as minhas necessidades são verdadeiras e não apenas fruto da minha imaginação, pois por vezes penso que preciso...quando na verdade acaba por ser somente um desejo, mas que não me satisfaz. Gosto desta sensação de levitação onde o meu corpo é conduzido para algures. Não sinto medo nem receio do desconhecido, pelo contrário, sinto-me seguro, pois sei que me leva a bom porto, pois ninguém melhor que ele sabe onde posso serenar e deixar-me envolver pelos meus pensamentos e onde exerço a minha necessidade de meditação. ...fecho os olhos e deixo-me levar, escuto a chuva e o vento nada mais ...Apenas escuto

sábado, 25 de março de 2017

Somos como as  árvores envelhecemos ...Sábias seriam, se pudéssemos ouvi-las! Donde provém o tanto que sabem? Será do longo silêncio dos anos? Será do seu equilíbrio? Altos ramos aspiram alcançar o céu, de raízes firmes no solo! Assim desejava ser, mais do que uma erva grassa que alastra na sombra dessa imponência… Desejava! Permitir-me mais que um mero solo! Ter um sonho! E trepar, crescer, elevar-me, apenas para o alcançar! A vida aqui em baixo parece tão pequena, tão igual! Desejava que a vida, aqui onde estou… voasse mais, não me parecesse tão real… Cá onde ninguém nos vê, e tudo por nós passa, a luta é grande apenas para nos mantermos de pé… tanto que a própria vida perde a graça…Desejava! Se o sonho pudesse acontecer em mim! Envelhecer e esquecer-me que onde as minhas raízes começam, jamais estará o meu fim...

sexta-feira, 24 de março de 2017

Sei que já houve um tempo, em que as minhas asas foram vento, em que os meus silêncios foram canto de embalar e que vos elevaram a alma e vos fizeram sonhar. Nesse momento, a minha essência libertou-se, abandonou o corpo à sua sorte e ergueu-se no infinito céu onde busco uma estrela nesta noite profunda sem fim. Lembrem-se dos mundos distantes que percorremos nessas viagens deambulantes onde misturamos as cores do arco-íris para pintar as histórias acabadas de sonhar, em tintas frescas que repousavam sobre as telas deste mundo de encantar que tanto sonhamos... Esses eram tempos em que a vida tinha as suas ambiguidades, em que entre muitos de nós não haviam saudades porque sempre nos fundíamos num só corpo, numa só brisa, nesse instante dilacerante que o mundo nos fez passar de noite a dia. É deste alimento que vivo, neste vácuo constante onde me fecho, onde oro, e choro o sal das minhas lágrimas em poemas dessincronizados, desprovidos de fragrâncias. Um dia hei-de voar de novo, por entre os destroços do meu corpo, feito sopro de vida que se ergue do abismo sobre uma praia sem espírito.Estou farto de ser ilusão, esperança e mensagem , deixei de sentir o meu coração, quero alimentar alma com a vontade de seguir a diante, de ser gente e viver o que vida me deixou para os últimos dias ...Não podia por aqui passar sem rasto deixar... olhem parta trás e vejam o que eu deixei !!!

quarta-feira, 22 de março de 2017

Hoje apenas sou a essência de algo e não uma descoberta envolta em aparências… Identifico-me com a presença sentida na própria ausência... Sempre fui um corpo presente, de um ser fragilizado que se sente! Sempre fui parte do pensamento, sempre fui escravo dos meus próprios sentimentos...Recuso-me a ser menos ou um pedaço de algo, serei sempre tudo aquilo que me transcende, embora  indefeso que se prende! Hoje sou esta luz do dia, que nas ruas realça a escuridão da noite que nada alcança... Jamais me sentirei insignificante, sou apenas  um ser  à deriva numa busca incessante! Eu já me fiz prisioneiro de um ser, já me fiz  dependente do querer...Sou assim vicio-me  em tudo que me envolve, fico perdido por isso resta-me ficar parado a ver o que há minha volta se move! Fico assim neste claustro fechado das minhas mãos vazias,  a ver o inicio da primavera a brotar, as andorinhas a desenhar os seus bordados nos lençóis de lama na muralha nupcial  da minha vida com vista para este olival de árvores erguidas como se fossem vultos, retorcidos e confusos, desenhados nas minhas pupilas rasgadas pelo fundo do mar …Hoje dispensaria  tudo apenas por um brilho do teu olhar …
Hoje mais uma vez fiquei sentado no recanto mais recatado do meu espírito. Cá do alto observei cada detalhe dos sentidos, cada pormenor dos sonhos. Não existe outro sentido para a existência da minha luz que não seja apreender os caminhos, que me levam ao firmamento salpicado de pequenas estrelas. Eu sou a Noite que as ilumina, sou aquela personagem louca e distraída que se perde em cada esquina, em cada gesto. Todas as direcções do meu mundo se dirigem para um lugar único, toda a sabedoria da minha alma é reflexo da luz que me alumia, por isso, busquei na vida a conjunção química perfeita de equilíbrio entre corpo e mente. Escuto o som das minhas letras, elas soam-me a canção imperfeita que filtro e corrijo no meu espírito nas minhas emoções, mais uma vez fico assim imaginando uma voz doce que cante a letra das minhas canções . Acreditem na força com que olho, na forma suave com que observo da lonjura deste céu onde sou apenas uma noite de estrelas no meio de tanta mentira...

segunda-feira, 20 de março de 2017

Sinto que as nossas vidas viajam e fazem-se  num labirinto. Perdemos-nos em becos para nos achar-mos em caminhos, sem saber bem... Porque queremos é chegar ao fim ou voltar para trás!!! Por vezes a vida torna-se triste, fria e aí penso que sair, ou voltar a trás será a solução, mas há outras vezes que  encontramos " diamantes",  guardamos- los como pedras preciosas que aos olhos de  outros não são mais do que "calhaus"... Cada vez que me perco, cada vez que me encontro, cada vez que fecho os olhos tentando encontrar o melhor caminho a seguir, lembro-me que já arrisquei as minhas pedras preciosas, estou farto de voltar para trás, já é tarde  para os recuperar. Não é que esteja conformado, mas!!! Limito-me a seguir este labirinto que erradamente escolhi para mim, acreditando que fiz o que estava certo...E sabem uma coisa que acaba por ser hilariante , é que acredito que fiz sempre o que estava certo...Posso até parar e reflectir  se algum dia  magoei algumas pessoas, porque desisti de sonhos e mudei de rumo posso dizer que o  fiz sem vontade de ferir ou magoar alguém ...Limitei-me como muitos vós a seguir o  chamam de "destino", mas não me tornei mais feliz por isso. Apenas acho que está na hora de  ser eu a escrever o meu "livro" de vida, a dar os passos que me soam melhor. O que está feito, feito está. Não posso nem quero apagar nada da minha vida , afinal,a dita pseudo felicidade não está na chegada a lado algum, está  sim nas curvas do caminho... Não preciso de atravessar todo o labirinto da vida para encontrar a felicidade, cada momento da vida tem a sua intensidade de felicidade, apenas tenho de parar de deitar fora os meus mais preciosos bens, afinal, nem todos os diamantes brilham de igual maneira...E vocês já pensaram quais são os vossos diamantes?

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...