É aqui no vazio das horas que compreendo, que não há
equilíbrio nas coisas que são demasiado vagas e pouco vastas! A simples
constatação de rapidez com que a noite se transforma em dia, leva-nos a ficar
com a sensação de potência ou será de impotência? Tento fazer destas duas palavras uma base consistente alienadas ao
sentimento, que se multiplica ou simplesmente desaparece… Se os átomos e as
moléculas fossem visões e a ciência não
fosse exacta ou até se eu soubesse ler a sina, ficaria com a certeza que todos nós somos apenas meros destinos! Muitas vezes magoa-me a alma, mas ,
sei que os meus olhos me guiam e que as mãos só se desprendem por necessidade… Transformo os rastos da
noite em constelações, pois sei que somos resultado de um momento breve, de uma
distância óbvia. Se os átomos fossem visões e a arte fosse exacta e
soubéssemos ler a sina , descobríamos que não existem destinos, mas existem
pessoas que ficam não por ser bonito ficar, mas por ser essa a sua
vontade…Todos conseguimos viver longe do nosso destino, mas os pensamentos
entrelaçam-se na estratégia de segurança do coração…Assim sendo, faço com que a
noite seja a minha tela , retiro a varinha magica digo palavras únicas e voo no
tempo em segredo para o meu destino...
quarta-feira, 24 de maio de 2017
Hoje o silêncio acaba por entrelaçar nas mãos a sensação de vazio. Como se fosse uma bagagem espalhada no chão com a armadura a arder deixando as mãos vazias! Somos feitos de desconstruções, sem cimentos cinzentos, mas de dias cinzentos…Escrevo sobre a busca de identidade, uma constante procura de palavras mais especificas e pessoas que não nos façam sofrer. Há vocabulários para quem não ama , há ortografias de quem morre por amor, há suspiros paradoxos, há tardes tão vazias que deixam no corpo a certeza de uma solidão planeada. Na calada da noite fica a certeza de não existirem muitos amanhãs, há sempre o tempo que é tempo e uma vida que não é vida…Hoje está calor, transpiro as cores das estações, verto-me numa prosa fraca, na poesia de quem não é poeta e música de quem não dança….Não deixo os meus restos para ninguém, converto o abstrato de todos nós enquanto, arrumo os adjectivos fáceis …E omito!!! Faço nascer no estômago a revolta e no coração a flor que não brota! Desenho jardins sem corpos, corpos sem amor, uniões sem prazer, quando o único prazer é não existir união...Deixei cair a bagagem das pessoas que vivem para amar, afogo-me na fonte que de água, onde só existe o cheiro do sonho de chuva…. Esta desconstrução pinta-me o olhar da recordação de uma noite fria do amor em abundância na ingenuidade do calor que se faz sentir!
terça-feira, 23 de maio de 2017
Hoje quero despir-me das vestes do irresistível e turbulento oceano,
cheio de átomos coados nos corpos que semeiam o lago dos sentidos …Nele
dançamos os despojos da alma, tocamos os poros da pele, submergimos espasmos adormecidos…Hoje proponho-me a falar do nu em mim, nas esquinas
do meu corpo , em curva contra curva, acendo
a vela que desenha no meu peito os pingos do inflamado desejo em sobremesa
sobre a mesa vazia do meu olhar…Decido cozinhar a magia que escrevo como se
duma sopa se tratasse , sinto os aromas a ferver nas recordações, que belos
condimentos são os meus legados …Segredos, saudades, paladares, sítios que não
conheço, sítios que existem dentro e fora de mim …Meu Deus!!! São tão poucos os dias que me
consigo recordar de mim como um todo, que quando acontece fico assim …Meio
perdido a achar-me de novo
segunda-feira, 22 de maio de 2017
Hoje é no
muito silêncio que se me repete o tempo, onde a sombra sagrada vai rebentando
sonhos, imagens, que o universo nu envolto no
vapor da neblina das folhas, faz desintegrar das árvores … Escuto as
plantas marinhas a vibrar nas escamas
dos peixes, vislumbro a
imagem desse mar nas esquinas da minha madrugada nesta noite escura como
sonetos sujos numa carta de amor! Resvalo pela
sombra do meu rosto de lábios mudos com os olhos virados para a eternidade, vendo naus carregadas de futuros,
destinos, aos quais
nunca pertencerei …Maldita ilha que me isola ! Derramo o meu sangue pelas ruínas deste porto que abarcou a minha alma, expulso dos
meus sonhos , reduzo os escombros que
seguram a minha raiz …Deixo cair as rugas neste corpo lacrado à dor, espreito o
silêncio que se repete
neste tempo onde o espelho não me reflecte...A paciência tornou-se num piano calado, que
arrasto pela casa! Hoje estou cansado de sequestrar o
meu coração desta areia, desta praia onde o sol não nasce…
domingo, 21 de maio de 2017
Hoje conto a minha maior fortuna, e ela está, nos gestos
que vão morrendo a cada olhar descalçado na partida… Esta noite enchi os olhos
de água e na madrugada carreguei os espelhos impenetráveis da noite,
sonhei na embriaguez do meu peito o compasso do êxodo dos Deuses do meu
caminho. Hoje escrevo palavras que povoam o meu peito literário como picadas de
abelhas…Escrevo palavras que posam no papel soando a mel, quinando vazios
do desejo colado à carne …Agarro nos pincéis e transcrevo o vazio das palavras,
este desabitado meio-termo, sem chave, sem relógio onde fecho o meu tempo e
onde completo o que ficou incompleto. É nesse baú que guardo a alma e me
torno livre de viver outras virtudes e pecados Mas! A chave desse baú está guardada
na saudade a desenhar o futuro …
sexta-feira, 19 de maio de 2017
Hoje gostava de
escutar paraísos quando a voz me arde e me assaltam os sentidos,
queimando-me as pestanas com o brilho da lua no perder de vista das
estrelas...Hoje amava de olhos fechados escondendo a luz presa na mente ás
portas do silêncio que recrio constantemente... Há
quem sobreviva ao amor, outros enfeitiçam-se, engrandecem-se , nas
promessas, é nos presentes envenenados que a ausência de sol na noite carrega
o relógio de bolso ! É neste degrau que chamo a nau que partiu
do meu mar, é nesse porto que procuro o porão da minha voz,
entretanto vou desenhando barcos de papel para abordar o cais da minha espera
sem dor ...Há quem ame de olhos fechados uma fortaleza nas areias de silêncios
que as águas transparentes da minha praia encerram...Hoje levanto ancoras do
meu peito, sigo sobre faróis cegos, transpondo nevoeiros onde os mares se
cruzam sem terra à vista!
quinta-feira, 18 de maio de 2017
Hoje
acordei o monstro a meio da noite e senti que esse monstro não dormiu…Ficou à espera anos pelo amor, esperar mais umas horas por um sonho, não podia ser difícil…Os sonhos agitam-se a dor ameaça-o apenas
fazendo-o entoar um uivo, que podia ser uma lágrima ou um grito, percorrendo as
esquinas, ecoando pelas ruelas vazias e assustando os seres encantados que, tal
como o Monstro, estavam agora condenados à solidão… Ouviu um barulho lá fora no
quintal, seria imperceptível a qualquer outro
ser mas!! Ouvi claramente o som doce da humidade a cair no solo,
formando uma camada húmida sobre a relva seca do jardim… Agora que a solidão impera é fácil amar tudo
em redor…Olho-me ao espelho, esse mágico, que tudo reflecte e nada pergunta
limita-se a fixar o reflexo, procurando
nele qualquer réstia de humanidade. Não vislumbro o que anseio… Tenho voz de
feiticeiro, curvo-me em tom de serventia à vida que um dia sonhei ….Ainda me
recordo quando o que sonhava era só meu, mas!!! Aos poucos vi o mundo a mudar,
nada posso fazer Já não consigo descongelar o gelo com o meu olhar...Sinto uma fome obscena, grito mas sigo na procissão dos homens calados velando o coro cego dos Deuses...
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Sabem como é viver num caminho rodeado pelo
fogo, onde queimo o olhar e este crava na minha carne, e penetra, sem preencher
mas deixa pegadas baças na superfície ondulada da minha vida??!!!!Os meus olhos
bebem o fogo da vontade, e é neles que me deixo cair em cascata, derramo-me por
todo o precipício . Agito-me, numa dança sem sentidos, como se quisesses
segurar a vontade, guardá-la, mais um instante antes de me dignar a agir ,
levanto as minhas mãos que afagam incessantemente o horizonte queimado, faço
ondular desejos de uma vida contidos nesse fogo perdido que assola o meu
caminho…Sinto o calor da saliva na minha boca, a perder a força, até para uma
mera palavra ….Fui inundado pelo maremoto de meras vontades que em mim não
desaguam ..Num certo momento da vida tive dois caminhos …Escolhi percorrer o
menos percorrido e isso fez-me esbarrar com o meu destino embora tenha
escolhido fugir dele…
terça-feira, 16 de maio de 2017
Hoje
vou tentar relembrar-me dos elos que nos ligam à vida, irei
recria-los um a um ...Nesta noite, irei procurar nos céus a
constelação onde os sonhos se afogam nas imagens que combatem os retractos
que em nós não mais queremos algemar. Trago cor comigo e imagens que
uso para decorar o meu sorriso, trago a minha voz presa nos lábios secos pelos
raios de sol, sinto o aroma do mar nas entrelinhas cadentes deste sabor cortiçado
bordado em silêncio nas palavras que rompo na ausência de um rosto.... Tenho
vontade de abrir o hotel das minhas memorias, varrer o sopro do vento,
adormecer no sonho, voar perante o abismo, esculpir a pedra fria em palavras,
abraçar em lágrimas o caminho que descuidado corrompi na ditadura da minha
revolta! Hoje vou continuar a passar fome das minha palavras interditas que
democraticamente a sombra da lua incendeia em mim. Vou desenhar o sorriso,
salvando-me deste livro, sou pagina em branco à espera que me preencham!
Pintem-me o coração, façam arte em mim, que eu apenas prossigo olhando para
trás vendo as minhas pegadas na areia. Hoje sei que me abandonaram, não preciso
de lutar mais as únicas pegadas que vejo nas minhas costas são as minhas….
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Hoje no palco da vida, vejo espectadores que nada entendem !! Não vivem, fintam a voz da razão, insistem em ignorar os espinhos que pisaram . Viver por constantes ataques súbitos parece ser a melhor opção ...É difícil mesmo é entender o porquê!!! Ignorar as coisas mais singelas, que tem verdadeiros sentidos para se agarrarem entre si ao que nada tem valor. Caminham nos trilhos escondidos, onde esperam ser achados... Vivem na mais profunda solidão, cobertas por angustias que parece não ter mais fim, mas que são arbitrariamente escolhidos por nós. Hoje vejo espectadores no palco da vida e a minha maior tristeza é sentir saudades de pessoas que nem imaginam a falta que me fazem...
domingo, 14 de maio de 2017
Hoje
é em segredo que digito a minha primeira palavra. Sabem, eu já tive uma vida
para viver, mil desgostos à minha espera, muitos textos para me afogar… Foi em
segredo que me apaixonei e foi num segredo ainda maior que dei por mim a
quebrar a minha caixinha de pandora para
oferecer a minha felicidade como se conhecer bastasse e já não
precisasse de mais nada para poder sorrir. Foi em segredo que virei costas e transformei o
meu mundo num mundo que já não me pertencia, e foi o maior dos segredos que não
voltaria aos mesmos lugares…Imerso no silêncio dos murmúrios de um pensamento,
foi sozinho e em segredo que compreendi e aceitei o que não tinha como ser
compreendido ou aceite, e foi em segredo que limpei as lágrimas e ergui a
cabeça. Foi em segredo que rezei por vocês , desejando que a minha felicidade
ainda estivesse guardada no bolso e que
nunca dele saísse. Foi em segredo que agradeci aos céus pelo meu espelho da
vida...hoje este foi o meu primeiro poema, adormeci sem vontade de acordar e foi em
segredo que me entreguei a sonhos proibidos. Hoje sou uma pessoa de dentro para fora, vejo que a minha beleza está na minha essência e no meu
carácter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho…
Sei bem que viver é cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou
isso hoje...Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um
pouco mais de mim.Sou complexo, sou mistura, sou um homem que consegue pensar
como um deus e como um mendigo..E vice-versa. Me perco, me procuro e me
acho. Não me dou pela metade, nunca serei teu meio amigo, nem teu quase amor.
Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos.
sábado, 13 de maio de 2017
Hoje nasci à deriva, em caminhos perdidos nos
tempos, deixei fluir os sentidos em penas duma ave que esvoaça na brisa que vem
dos mares. Sinto uma força mágica que vem das profundezas e que me chama, que
me atrai para o fundo rochoso dos seus pensamentos. O céu azul é um lago pleno
de sentidos onde quero mergulhar. Há muito que sinto as minhas asas cansadas a
estenderem-se em todas as direções do infinito, e num ínfimo espaço de tempo
continuo pássaro sem destino! Sinto a leveza da alma que no ténue equilíbrio
deste vento me afaga o corpo gelado, a pele arrepiada pelos sentimentos que
lavram fundo a terra de que sou feito... Esperei por esta Primavera, só ela me trará o
abraço cálido, o afago terno, o brilho imaculado da madrugada que acorda a
minha Noite. Vou germinar-me de novo em flor, no resplandecente fulgor, a imensa
beleza do vazio, no perfume inebriante das pétalas que são gotas de luz que
resplandecem aos poucos em mim. Olhem-me numa noite estrelada, só ai, as minhas
mãos se enlaçam noutras e se fecham até ao próximo tórrido Verão, para fazerem
nascer a semente que guardo no meu incandescente...É nesse momento que irão
perceber que eu nunca parti, apenas vivi, dentro da minha alma.
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