segunda-feira, 5 de março de 2018

Hoje o vento grita, agitou-se e soltou o seu grito amarrado,  ofegado no nada que o faz crescer… Se ele quiser até pode pedir ao sol que ilumine a sua sombra, se ele quiser até pode soltar as ondas do vazio do mar , que ira apenas escutar a melodia desafinada da voz que o precede …Refugio-me  nos versos de amor, sem amarras, sem afetos, que o vento leva quando sopra sobre mim, sobre todos nós  desagua o seu desespero … Ordeno que o seu odor de saudade se espalhe na trovoada que  passa pelo meu peito nu como se uma catedral  velha fosse exposta ao mundo sem varandas , sem abóbadas sem caves escuras  que arrepiam, deixando os quartos ocultos com paredes secretas que segredam medos e sustos…Hoje o vento levou-me , nem sei onde estou,  dói-me a cor deste dia,  dói-me o gestos de mim em mim!! Onde estou? Alguém me ouve? Alguém me responde? Conseguem ouvir-me? Estou aqui, no meio do tempo, deste  relógio imaginário, sentado no ponteiro dos minutos esperando a hora certa… E ela não chega!!! Passo em todos os lugares, e em nenhures....Levando comigo o  amor que nunca pude dar, as promessas que não cumpri, as fantasias que não sonhei, a vida que não vivi. Hoje olho o vento, ele passa , grita , instala completamente o vazio na partida , sacode o silêncio frio, tal qual eu sou  gélido como este grito de vento que tombou dos meus céus…

sexta-feira, 2 de março de 2018

Hoje vou desenhar um corpo nesta minha  tela branca da minha imaginação. Imagino os contornos desse corpo, que sinto com a ponta dos dedos, vejo-a em  cada instante, como se estivesses aqui. Abraço-a,  sinto o seu corpo, colado ao meu. Esse corpo incandescente aquece o meu, gelado, derretendo-me os sentidos. Num instante, a escuridão da noite ganha luz própria e algo sinto sobre o meu corpo. Falem-me ao ouvido, enquanto eu percorro com a palma das minhas mãos o espaço vazio que me separa desse corpo... Beijem o vazio que eu sentirei,  na minha face a suavidade do toque . Nas terras altas o gelo cai, extingue-se no desejo dos amantes . Os corpos, esses , juntam-se ás almas, abraçam-se, bocas colam-se em pequenos beijos, em doces trocas de caricias! As roupas são a única coisas que nos cobrem e os envolvem, aos  poucos são tiradas sinto que se começa a fazer o esboço do que quero . Cada contorne faz-me estremecer, lentamente, deixo-me deslizar sobre a tela e com as minhas mãos desenho os lábios e boca que me chama, eu, respondo-lhe com a ondulação suave do meu traço contornando as suas curvas….O  final aproxima-se, quando os corpos desenhados se colam, a tinta ainda persiste fresca, tudo parece transpirado, sinto a tensão uma vez que as  almas se libertam dos corpos e por um breve instante  vão elevar-se aos céus . Agora fiquei com este sabor a beijo em mim, que docemente me deixou sem  saliva,  como se tivesse entrado em erupção …Hoje ofereço-vos este  segredos nunca revelado, que apenas eu deixei tatuado em meu  corpo,  tatuagem outrora  esquecida, a meio de uma entrega  como se de um alimento se tratasse…Hoje acordei com a imagem desta tela, ergui os olhos aos céus senti um peso de um  corpo, subitamente sobre o meu, como se tivesse acabado de cair do céu, como se um anjo se tivesse precipitado sobre mim…Foi ai que vi que nesse instante a minha tela ficou pronta …

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Hoje amigos a nudez na pele, é como carregar um  corpo semidespido, sem  erotismo ,  eu sei, que despirmos o nosso véu é, como tocar na tecla do som de um poema, num  espaço vazio! Escrevo na placidez dum momento onde  travo o tempo. Estendo o meu olhar, como se uma  passadeira vermelha me  conduzisse na caminhada de sonhos e nele eu me fundisse  com a ternura e com a suavidade dos bailados dos olhares perdidos…. Prologue-mos então a  espera, evaporando o ar que nos rodeia, inflamando cada milímetro do libido que as minhas palavras  deixam nos desejos à solta pelo espaço que medeia o sonho dos corpos. Esta louca e simultaneamente doce espera , faz-nos esquecer o tempo que  eterniza nos olhares o amor que jamais  entre as  almas perdidas foi feito!. Hoje tentei fazer um poema há muito inacabado, nesta dialéctica que forma rios , que enche barragens, que  desagua em oceanos  , como se um  fôlego de prazeres, desejos , sonhos,  se perdesse  em mim, apenas quando muitos tentam  traduzir pelas letras dos textos que  escrevo, o sentimento que em mim murmura e me faz sentir poeta adormecido na memoria vazia do passado  que o vento transporta de mim por ai onde quer que esteja...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Hoje é como se precisasse de beber toda a chuva, para acender uma claridade nos meus sonhos!!! Preciso apagar estrelas com os pés descalços, para acordar o fogo que deixei adormecer em mim...Os sonhos enchem os espaços vazios, entre nuvens e palavras. Morre um, chora uma nuvem, na extremidade do que morre nasce outro que a dispersa por isso preciso do que morre, para regar o que nasce... Hoje por mais que eu me vista de metade, não é mais que um disfarce a cobrir um corpo inteiro...Como podia eu ser a metade de outro, se nada tivesse para doar , que metade lhe daria? Sou saudade, do que já foi outrora sou memória que arrasto até à outra metade, que descobre o que ainda será... É isto meus amigos , amar é ser apenas um mero peregrino que busca o paraíso de um oásis, onde nunca sabemos ficar. Amar é exigência constante, de ter apenas uma metade do outro a morar dentro de nós, por nunca o sabermos aceitar por inteiro.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Hoje movimento-me entre a fuga das palavras e a quebra  dos sentidos, o corpo, esse continua  só, entregue a si mesmo, caminhando desordenadamente sobre os trilhos da vida traçados pela auto critica ácida que a alma, nos sonhos,  carrega nas minhas heranças, revolvendo o peito, enquanto vagueio na deriva dos tempos procurando encontrar-me...Hoje vivo apenas, deixo os dedos esquecidos no teclado, procurando palavras, que os meus olhos fechados, negam ler…Dispo-me deixo a pele nua , adormecida, os sons não entram  os ouvidos rendem-se à surdez,  não deixam entrar a música que desperta as palavras. Adormeci no portal da dor neste espaço, neste lapso, entre um mero instante e o próximo, respiro, suavemente, adormecendo o corpo, num sono vazio de sonhos, numa  balada sem palavras, numa música em silêncio. Não espero por ninguém, não sonho com nada, não vou a lado nenhum, completo-me  apenas, fechando um ciclo da vida, dia, noite, até não  acordar, andar…. Alimento o corpo, com energias que não saboreio, que não entendo, que não irradiam em mim , apenas me matem  funcional…Gostava de cumprir o destino,  seguir um  caminho , uma ponte mas !!! As pontes são apenas rumores de silêncio entre duas margens e eu vivo apenas no estremo de uma delas … 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Hoje irei estar atento à gentileza da alma, esta me mobiliza o rasgar dos sorrisos sem ter de estender a mão… Sempre gostei de conduzir mas não abdico de ser conduzido pelos olhares que desconstroem a normalidade , que passa a flutuar  pelas curvas da minha invisibilidade.  Adoro escrever paginas de vida fazendo as palavras se sentirem mesmo com a  efervescência que a brevidade da vida nos proporciona! Acredito nos sentimentos, no encantamento que aos poucos o tempo vai equilibrando nos nossos sonhos entre a realidade e a ficção , jamais me deixarei insubordinar pela magia do imaginário sem pelo menos ousar em transgredir a sede que o nu nos proporciona a nós, humanos . Agora deixem-me dizer-vos uma coisa,  um homem  está sempre nu, perante o olhar de uma mulher ! Nu, perante aquela que o souber ler para além dos poros e dos sinais do tempo, e  no seu corpo, encontrar os traços da eternidade em forma de luz... E eu, hoje, estou nu sob esse olhar, como sempre estive, sem o saber…

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Hoje acordei compondo sentidos a descoberto, numa utopia despida de valores.Costuro os retalhos dos amores interrompidos, moldo e amasso a argila desta vida , dando-lhe forma e corpo, faço-a viver de imaginações  sonâmbulas, amontoando cacos de uma vida... Sopro-lhe com a alma cravada de desalento, arranco ervas daninhas presas ao ventre que gritou amores sem respostas. Cultivo cantos, rego a semente encharcada de dúvidas, recomponho todos os ontens no hoje,  escrevo pedaços de mim mas!!! Confesso já faz tempo que vivo um triângulo amoroso, sim é verdade!!! Daqueles triângulos que se estreitam , que alargam o olhar , ao tamanho da alma e agitam sonhos!!!Vivemos assim nós os três  coração; Livros; e teclado ....

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Hoje abri a Janela e fiz-me  pintor, da tela da minha vida, entorno as  tintas de uma vida de varias cores que delicadamente misturo no quadrante desenhado em meus sonhos….Vou aos poucos identificando a obra que ali deixei. Cores de sentimento.. sonhos...poemas ...sim! Muitas palavras mudas que entorno de uma forma nunca lida...são  os sonhos derramados, rabiscados em palavras neste meu mundo invisível, quase mudo, que se deixou embriagar  de cores, que ao despirmos-nos não temos. Eu já expus aqui a minha nudez sem pudor, talvez antes o fizera em pensamento...na vida real. Mas, colori-me de amor, em flor, onde estamos  sensíveis, românticos, em estado natural. É ai que as nossas cores se misturam com o nosso habitat, passamos a ser parte integrante de toda a Natureza que nos envolve, a nossa tela de vida será sempre um expresso de sentimentos,  paixões, desilusões, realizações, pinceladas de  vivências... Ninguém,  nem, nenhum de nós, por mais que observamos todos os detalhes da tela de outro alguém, saberemos ler a fundo ou sentir da mesma maneira que seu autor…Eu também sei que muitas vezes a vida não passa de uma ficção em que a verdade se esconde num canto inviolável onde a humanidade não nos cumprimenta mas expõe como se nos esquecêssemos da porta aberta do nosso coração …Deixamos tantas vezes a porta do coração entreaberta que a nossa tela passa a ser tingida pelo sangue de amor e de ódio! Duas palavras distintas mas que nos fazem cerrar os pincéis e deixar a porta entreaberta que nunca se abriu…

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Hoje sei...É apenas aqui que olho o meu céu particular, onde me permito voar através das palavras! Sei que sou só um humano desajeitadamente intenso que escuta o silêncio… Sinto um esvoaçar de asas trémulas e cintilantes no meu rosto. Talvez seja apenas o respirar, compassado com a batida no meu peito. Mas!!! Ergo o rosto e uma brisa harmoniosa invade-me a pele... Talvez sejam umas mãos que me estejam a tocar de novo, num toque macio e arrebatador, com ânsias de carinho e proteção. Levanto-me e sigo na direção do luar. A sua luz preenche-me e aquece-me a alma. Sim, talvez seja a ilusão quem me lê por inteiro, e me despe de rodeios e me namora às escondidas…Talvez seja apenas um sorriso , que esboça-se pela última vez na forma de uma estrela cadente a passar , para me embelezar a noite e colorir o rosto, que se tornou cinzento desde a vida vivida outrora… Hoje se eu voltar a sonhar serei a tinta, outro alguém a tela; hoje se eu for a chuva , outro alguém será a minha aguarela; hoje se eu sonhar serei apenas o sal, outro alguém a areia branca, onde eu me transformo em mar numa longa maré cheia... Hoje se escrevo a voz do coração, numa carta aberta ao mundo, então é porque sou o espelho da `emoção num olhar profundo, onde nascem as palavras que vivem dentro de nós, escondidas ,em florestas de silêncio, permanecendo assim, presas no meu corpo e na alma...Tenho palavras em mim mas não as sabem ler ... Palavras que não tem coragem de se auto pronunciar no tempo e no espaço próprio...Era ai que elas fariam a diferença abismal entre o som e o silêncio... Hoje tenho em mim palavras cansadas de não acontecerem, palavras agitando-se num grito inaudível... palavras que o tempo vai calar ..

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Hoje o mundo amanheceu deserto, nele nem a casa dos sonhos habita ! Fui ver o mar e este parece despovoado, suas ondas batem no areal arrastando a miséria sem nome! A sua espuma entranha no areal , parecendo bombas explodindo aos pés do seu reflexo azul que a sua fortaleza de sensibilidade  montou de dentro para fora …Bebo as suas palavras molhadas  de indignação que a desigualdade das suas ondas arrastam num canto  silencioso de opressão, escuto a sua suave musica que a brisa vai tocando como um piano que docemente me sopra num melodioso ritmo hora triste, hora alegre mas que passa por mim quase invisível deixando as palavras que transportam a verdade nua que molda e gera o meu coração… Vou amontoar aqui essas palavras com as minhas mãos , remar até ao cume da onda que vem no horizonte, rabiscar a doçura no céu e erguer os meus olhos que se afogam nos desejos que incorporei nas minhas asas, neste voo que plana no som da maresia ….

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

 Hoje as palavras! Fluem  com pressa, sem espera... Na sua indecisão e no congestionamento dos sentidos há sempre algumas engasgadas, para um não uso impróprio. Por isso, escrevo-as de uma forma metaforicamente falando, repletas de intencionalidades… Aqui consigo retoca-las  de uma forma amadora, mas com  sensibilidade para quem as entender! Em mim a sua germinação acontece de uma forma genuína , elas tocam-me, e , se elas falassem, abririam caminhos, na sua missão ao as invocar aos céus, mas!!! Sendo elas apenas palavras,  por muito que não queria,  elas distanciam-se do ato,  ficando apenas a mensagem que não tem morada.  Desenho-as como se de um poema se tratasse, deixo-as nuas à depreciação ou não,  de terceiros e sempre com romantismo teço-as,  onde vou recriando um rosto , sem corpo, sem respostas que me faz viajar em rios de mistérios … Hoje esvaziei este ramo de palavras como se dum ramo de flores se tratasse, desfolhei pétalas nos sonhos bordados entre as minhas mãos vazias e o vazio deste mundo vago…

domingo, 11 de fevereiro de 2018

 Hoje é como se  precisasse  de beber toda a chuva, para acender uma claridade nos meus sonhos!!! Preciso apagar estrelas com os pés descalços, para acordar o fogo que deixei  adormecer em mim...Os sonhos enchem os espaços vazios, entre nuvens e palavras. Morre um, chora uma nuvem, na extremidade do que morre nasce outro  que a dispersa por isso preciso do que morre, para regar o que nasce... Hoje por mais que eu me vista de metade, não é mais que um disfarce a cobrir um corpo inteiro...Como podia eu ser a metade de outro, se nada tivesse para doar , que metade lhe daria?  Sou saudade, do que já foi outrora sou memória que arrasto até à outra metade, que descobre o que ainda será... É isto meus amigos , amar é ser apenas um mero peregrino que busca o paraíso de um oásis, onde nunca sabemos ficar. Amar é exigência constante, de ter apenas uma metade do outro a morar dentro de nós, por nunca o sabermos aceitar por inteiro.

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...