sexta-feira, 20 de abril de 2018


Hoje escrevo no silêncio com o olhar e com a arte de quem sabe o que procurar, mas, com a volatilidade de quem não se deixa encontrar... Hoje sou apenas um homem e o meu caminho, ficou invertido nas asas de um anjo!!! Hoje fui ao baú das minhas energias, esgotei-as e deixei-me deambular por labirintos míticos, onde os meus passos ficam desenhados na capa do livro que escrevo! Tenho dias que chego a acreditar que a minha alma exerce um magnetismo que atraía a mim outros espíritos...É essa força da natureza que se manifestava na capacidade de por nas palavras os sentidos certos, que, fecham e saram as feridas. Poderão até vocês dizer que tudo isso é uma utopia, que nessa vaga de mim, tudo o que não tem chama apaga-se, deixando apenas o fumo pelo espaço vazio viajar… Enganam-se se assim pensam!! Quando falo de sentimentos não falo em quantidades, quando falo de sentimentos, simplesmente transcrevo aquilo que me mete medo! Ou porque seja um reflexo de mim mesmo, ou, porque temo que sentimentos não passem de uma utopia da minha demência… Pergunto-me, como podemos tocar o ar se não o vemos? Será que tocá-lo é colher a brisa quando esta se desloca para um outro lugar? Bem,  eu até sei a resposta mas fiquem descansados eu sei bem que construo castelos no ar, que crio ilhas de inverno nas primaveras dos Outonos tardios… Sei bem que,  se agora colocar os pés no chão, era admitir que perdi a razão, que agora que entrei dentro dum sonho, não quero acordar… Então vocês amigos me dirão , que um cadáver não pode ser salvado pelo menos neste mundo factual onde a realidade é o cutelo que retalha os sentidos e os formata em padrões predefinidos...

terça-feira, 17 de abril de 2018

Hoje sinto que muitas vezes fazemos com que a vida acerte  passo com a corrente constante , só assim o tempo parece parar , só assim parece o silêncio poder ouvir-se …Flutuamos à velocidade com que nos movemos e desprendemos das margens , sincronizando o nosso céu com o deslizar lento do cair da noite ao relento…sentimo-nos sós e não o digo de uma forma triste, não sou uma pessoa que acumula amigos ou aprecia multidões, acho que tenho mais jeito para palavras, muitas vezes penso como seria maravilhoso conduzir relações no papel! Hoje não cabem no tempo, todos os verbos que já aqui conjuguei, neles, retive cativa a pressa que o mundo tem! O que me resta , é a voz rouca repetindo palavras gastas,  olhar desgastado, envelhecido, opaco, que tanto tempo  insistido em não ver... Resta este homem cansado, este sinuoso caminho e um destino distante demais. Do sonho, nada resta, afinal!

segunda-feira, 16 de abril de 2018


Hoje trago nas mãos a nudez das palavras que não se formam em mim! Como um sabor  proibido, recuso meras definições,  românticas ou entoações a pautar o ritmo das minhas palavras. Fiquei retido, cativo, de outras falas, onde as letras perturbadas descem a montanha na vertigem da lua que se esconde, em plena ausência do céu…Há desertos a criar feitiços de desejo, há sombras Iluminadas pelo lume dos lábios, que revelam desordem do ângulo raso côncavo em redor dos olhos! Deixo o olhar despenhar-se na alucinação das estrelas em cio, percorro o labirinto dos contrastes,  partilho com os deuses o vinho dos desejos, como se uma dança ou movimento me assaltasse a idade nas noites sempre adiadas…Eu já coloquei a minha boca num manifesto poético,  gesto indizível, com excêntricos suores nas palavras que geraram a perversão do maior desafio que o silêncio me poderia provocar…Mas!!! A encenação desse mito apenas me deixou entre o fogo dos corpos que a noite vai reacendendo na sombra ….Vou voltar todos os dias a esse sonho apenas para colher meros indícios que o silêncio vai repetindo no meu pensamento…

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Hoje deste lado mais perfeito do silêncio, retiro as  palavras, ombro a ombro, como se dum vicio se tratasse …Este desejo inexplicável de refazer todas as noites o sonho despido, leva-me na minha inocência a um tempo onde nada me condena e absolve no erro! Posso até sonhar com o olhar dos Deuses, com as folhagens caídas, que no outono dissipou no meio de promessas excessivas,  soletradas na leveza do silêncio que esta linha sem sentido deixou em forma de coração…Tatuo paginas em branco, nesta noite levemente adiada, improviso palavras sem destino derramadas como conchas, corais, nesta praia intacta onde espero,  como quem acredita no destino, em dar sombra aos muros , que ao transpor me ergam asas no dorso como os Deuses , para eu não me despenhar neste abismo…

terça-feira, 10 de abril de 2018

Hoje quase por impulso  hereditário, sigo o rasto dos sonhos, não dou passos, não caminho,  mas …De uma forma apressada , sulco os trilhos e não lhes consigo, apesar do deslumbramento,  retirar  perigos…Eu sei que muitas vezes enlouquecemos , ao "acasalar" a pele com o azar e a sorte … Querem manipular-nos , culpar-nos, mesmo na inequívoca ruína provocada pelo envelhecer precoce … O pressentimento de derrota, transforma-se numa bússola  de sonhos! Existimos para os consentir,  levedamos os dias inúteis, falsificamos o tempo, criamos fronteiras na vida …Sou gémeos de signo, talvez por o ser, volto a esse lugar gémeo da minha memória,  onde retenho diálogos, danças, ilhas, palavras intrusas na minha boca, que  me exilam e em simultâneo destroem o sentido do silêncio como farpas…Todas as frases, todas as silabas, que os meus lábios fatigados geram, são o atalho de um ritual de sombras que ancorei no meu esquecimento…

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Hoje a noite rabiscava um  amarelo na sua lua crescente, não se escutava música de animais, parecia um deserto esta noite, os sons característicos haviam dado lugar a vozes pequenas que se propagavam pela brisa vinda de  norte. O mar acalmou, um por um dos barcos atracados,  começaram a navegar. Bailando com as pequenas ondas, com o céu sem grande brilho deixaram-se  guiar pela cor indefinível da maré,  onde enrolo cada frase na areia desta praia, onde outrora  ancorei as minhas mãos…Aqui ao longe, apenas avisto as suas velas de luto, solidão, que se aprisionaram como pássaros, abrigados de uma tempestade, depois de lhes ser aprisionadas as asas…Esta noite viajei por todo o mundo, procurando o olhar mais doce da noite,  havia um lugar que  supostamente o arco íris entornava o seu excesso de cor , havia um olhar , uma passagem secreta que o desejo ajustava no brilho inocente da lua escondida . Fiz do seu foco  cúmplice enquanto o meu corpo se fez rio na urgência da sede dos olhos aguados deste inequívoco silêncio nas palavras!

domingo, 8 de abril de 2018


 Há um momento na vida que chegamos à conclusão que o amor existe muito mais nos sorrisos que projectamos do que nas lágrimas que vertemos, desistimos muitas das vezes de chorar por amor! O amor gera um misto de sentimentos no ser humano, devemos sempre esconder o registo triste e imagina-lo como um arco-íris da vida... Talvez amar seja aceitar a palavra adeus, talvez amar seja aceitar os poucos momentos em que não importa o que vai acontecer no futuro, talvez amar não seja esperar um para sempre… Talvez amar não seja apenas um sonho, há que fazer algo para vive-lo! Sabem porque o digo, porque acho que promessas mudas em abraços fortes nos deixam ficar a ideia de que um beijo é uma aliança, mas não é!!! Não se ama o que se possui, amar não é querer ser dono de alguém…Quantas vezes, por amor, não optamos por ficamos sozinhos? Porque amar também é libertar, amar também é aceitar que a distância, por vezes é a melhor solução. Hoje sei e compreendo que o amor não deixa de ser amor só por não se ser correspondido. Quando todos aceitarem essa verdade, acabam as lágrimas, acaba a dor e resta apenas o enorme orgulho que é sermos capazes e dignos de amar alguém, sem exigir que essa pessoa nos pertença….


quarta-feira, 4 de abril de 2018


Hoje peguei na caneta e desenhei as letras no papel!! Sem receio, misturei a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem querer, despejei as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da pele, naquele lugar onde se guardam os medos. Tentei desenhar cada letra com cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas!! Tinha a certeza de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons...Ainda assim, limitei-me em cada frase, desfazer o tabu da culpa que me pendia nos nós dos dedos. Não sabia de onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese em mim!!.Senti que fluía em mim uma escrita, gelada, a consumir-me a pele e a guiar-me as mãos pelos recantos do dia. E os dias ...Estes vão passando, com as horas a pesar-me nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo.O mundo continua, o tempo corre atrás de tudo o que nunca voltará. Sinto-me esquecido nas curvas apertadas do caminho onde vou escrevendo, não sei bem sobre quê, mas... escrevo. até que um dia a caneta no papel já não sabia quem é...Hoje olhei os meus olhos e percebi que não mais cabia o que sinto na minha própria pele, por isso despi-me de mim e vesti estas palavras...

terça-feira, 3 de abril de 2018

Hoje bem cedo , passei no meu jardim e reparei numa flor primaveril entre ervas daninhas. Havia cor  simplicidade de um momento que tinha fixado mas  sem nome, parei a contemplar o seu erguer  da terra até aos céus, onde se abria uma beleza, que, se doava ao mundo em tons plácidos mas singelos, como se estivesse certa perante o seu destino… Não sei se me percebem!!? O seu destino foi ser flor entre as ervas daninhas... Contemplei o seu simples, belo, intemporal  crescimento, como se fosse uma criação divina que a fez crescer flor,  entre as ervas e partilhar com elas o mesmo espaço . Ela nasceu nesse meio , inesperadamente aguardei-a no meu olhar,  não me foi indiferente, tantos passaram mas ninguém a havia visto ….A simplicidade sem nome, passa despercebida …Uma flor entre ervas, superou a condição real deste meu jardim, sei que ela viverá na solidão da ausência de tudo , mas,  na saturação fantasmagórica deste espaço onde caminho sem cor,  onde esperei e ninguém apareceu, onde me esperam e eu não vou, onde vou estabelecendo desencontros que aproximam o jardim da  flor que hoje retive no olhar…Sabem tenho vontade de lhe retirar uma petala mas !!! Isso seria admitir que precisava algo dela para me recordar do momento em que a vi no meu jardim….

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Hoje relembro-me que em tempos, perdi-me de mim mesmo… Cheguei não saber quem era. Tudo porque me aventurei no amor com quem não soube amar… Imaginem que era como se entrasse num barco sem remos, sem colete de salvamento, que se aventura para mar alto, durante uma tempestade. Perdi-me de mim. Levando comigo, no mesmo barco, a minha alma desprotegida a quem tinha prometido segurança e paz…Ficamos retidos na mesma viagem, limitando-nos apenas  a sobreviver às ondas e às correntes…Sempre na minha vida lutei pelo que sou, mas nunca aprendi a lutar contra mim mesmo…Nunca me verguei a nada, mas também jamais quis colocar a  minha alma em risco ou fora de pé… Em tempos, perdi-me de mim, e isso  não significa que eu não fosse alguém. Ou que não amasse.  É importante saber e recordar-me, que me perdi , e matei a minha alma devido à minha fragilidade, e a minha força me desonrou pela falta de sensatez e de sentido de oportunidade…Encolhi-me no meio da  tempestade com medo de fazer a viajem sozinho…Hoje o leme é meu,  posso  ir sem remos e sem colete de salvamento, alguém apagou as minha tardes e as minhas noites do pensamento amputando-me os sonhos …Eu sei que o prazer é a obra prima feita de felicidade , mas também sei que a soma de todos os corpos jamais poderá subtrair a solidão…Amigos, para cada ser há uma historia que o define, a minha é os passos que vou dando ou retraindo que me definem ...obrigado por me escutarem!

quinta-feira, 29 de março de 2018

Sabem , hoje vou-vos fazer mais uma confissão, nunca mas nunca na minha vida me perguntaram , qual é a parte de mim que é feita de luz… Eu também sei que ela existe certamente em mim! Não sei onde ela está , está em mim mas nem sei  em que local  ela se aloja … Agora imaginem que eu, mesmo sem querer,  um dia deixe que esta luz que existe em mim, se  extinga se apague. Como farei  eu para viver nessa escuridão? Essa Questão era de certo o trampolim para uma grande historia , ou se quiserem um grande desassossego da alma para nos fazer pensar e muito! Se deixássemos a nossa luz se extinguir perderíamos a capacidade de desenhar a nossa historia de vida, como outras tantas historias, a nossa vida sem luz seria uma historia assassinada, seria um mero intervalo entre o principio e o fim , seria o tempo passado, esgotado sem conseguirmos envelhecer a nossas dores…Mas eu tenho tantas dores!!! Não posso deixar a luz se extinguir em mim...

segunda-feira, 26 de março de 2018

Hoje sigo o vento e chego ao mar, que muitas das vezes esconde tsunamis de  pensamentos a flutuar na sua leveza, e na sua liberdade que os meus olhos encerra …Há sonhos refeitos na incerteza da solidão em espera…Há silêncios que a espuma mastiga nas marés…há sorrisos  desarrumados na espera prolongada de um por de sol! Sinto dia apos dia nesta praia virada para o atlântico, uma faca, cortando-me em pequenos pedaços que se misturam nesta areia deslizante da minha incompreensão , solto a solidão liquida que se dissipa num sopro sereno na mistura com os ventos,  deixando-me só de alma nua onde mergulho no vazio que nada me revela…Mas!! Por muito que pareçam idênticos , “estar só”  e “estar sozinho” são opostos …Quando estamos sós, sentimos uma tristeza enorme, uma falta de alguém que seja a nossa procura, o nosso caminho de vida, um amor uma amizade . Quando estamos sós , podemos viver os mais bonitos momentos e sentirmos-mos na mesma vazios, de não ter alguém , que longe ou perto, presente ou ausente seja a pessoa que gostávamos de ver sempre que acordamos…Está sozinho é muito diferente, é apenas um estado de alma transitório,  já que mesmo no vazio sentimo-nos completos, realizados até  na forma como vivemos, como partilhamos o silêncio…Posso estar só mas há alguém que me acompanha onde é mais importante …Cá dentro!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...