Hoje viajei dentro da madrugada, sonâmbulo,
deambulando entre dois mundos, sim!!! Aqueles mundos que enquanto dormes, invadem
o nosso corpo, deslizam pelos lugares recônditos como quem os quer iluminar na madrugada...talvez
seja apenas um eco de loucura sem contornos... Mas!! A escuridão é assim,
alimenta as fantasias mais inconfessáveis...tudo acontece numa dimensão onde a
razão está entorpecida...Escutamos palavras que ninguém disse, como quem
atravessa uma fronteira em clandestinidade, cheios de pensamentos
disformes, como um traço no horizonte de infortúnio atravessa a distância que nos
separa do absurdo. Há quem enlouqueça a olhar o mar, vendo os barcos sangrando
sobre as costas, há que encha a boca de silêncios, na míngua de alegria, como se uma
noite inquieta ardesse nos ossos deixando as aves segredarem
ausências sem recuo. Não há silêncios legítimos, para calar os medos, apenas
há dias que se tornam intrusos de vida, nada é gratuito, a não ser a
espera, de mãos entreabertas …deixem-me estar, recuso-me a ceder por dentro do
sonho. Recuso-me ancorar o meu rosto num lugar comum, neste contrabando de
afetos…
terça-feira, 24 de abril de 2018
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Hoje irei fazer-me
nómada da noite, entrando dentro do coração deste texto, com todos os amores que sonhei… Entro dentro deste
texto, como quem entra num corpo carente , que estremece no meio de beijos que deslizam pelo corpo imóvel…Dispo-me
perante os olhares que incitam os meus desejos... Só, escrevendo, perco-me em lábios
que inebriam os meus arrepios na doce magia que deixa o meu corpo como uma
praxe de amor perante o imprevisto completamente abandonado… Perdi os filtros,
do que escrevo hoje… Escrevo de alma, fazendo as palavras voarem como pássaros
sem rumo, mas assumo!! Assumo, que tudo o que me acalma é derreter este suor, é sorrir
sem deixar escapar emoção, é dividir as entrelinhas pelos desejos, é sentir
sensualidade sem deixar ela turvar os meus sentidos e a razão…Gostava de
conseguir, deixar de procurar, num corpo a sensualidade que não lhe pertence,
queria saber o que me faria sentir se não a procurasse, e apenas sentisse no
meu silêncio as obscenidades que alimentam os meus sonhos… Hoje apenas queria amar
sem fantasiar , sem “penetrar” nas
palavras a inocência da descoberta! Queria que os orgasmos não tivessem nome, nem objectivo, queria abraçar, emocionar-me e arrepiar-me sentido apenas as saudades
do futuro… Queria apenas palavras como
dantes, que o tempo apagou-me das mãos!
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Hoje escrevo no silêncio com o olhar e com a
arte de quem sabe o que procurar, mas, com a volatilidade de quem não se deixa
encontrar... Hoje sou apenas um homem e o meu caminho, ficou invertido nas asas
de um anjo!!! Hoje fui ao baú das minhas energias, esgotei-as e deixei-me
deambular por labirintos míticos, onde os meus passos ficam desenhados na capa
do livro que escrevo! Tenho dias que chego a acreditar que a minha alma exerce
um magnetismo que atraía a mim outros espíritos...É essa força da natureza que
se manifestava na capacidade de por nas palavras os sentidos certos, que,
fecham e saram as feridas. Poderão até vocês dizer que tudo isso é uma utopia,
que nessa vaga de mim, tudo o que não tem chama apaga-se, deixando apenas o
fumo pelo espaço vazio viajar… Enganam-se se assim pensam!! Quando falo de
sentimentos não falo em quantidades, quando falo de sentimentos, simplesmente
transcrevo aquilo que me mete medo! Ou porque seja um reflexo de mim mesmo, ou,
porque temo que sentimentos não passem de uma utopia da minha demência…
Pergunto-me, como podemos tocar o ar se não o vemos? Será que tocá-lo é colher
a brisa quando esta se desloca para um outro lugar? Bem, eu até sei a resposta
mas fiquem descansados eu sei bem que construo castelos no ar, que crio ilhas
de inverno nas primaveras dos Outonos tardios… Sei bem que, se agora colocar os
pés no chão, era admitir que perdi a razão, que agora que entrei dentro dum
sonho, não quero acordar… Então vocês amigos me dirão , que um cadáver não pode
ser salvado pelo menos neste mundo factual onde a realidade é o cutelo que
retalha os sentidos e os formata em padrões predefinidos...
terça-feira, 17 de abril de 2018
Hoje
sinto que muitas vezes fazemos com que a vida acerte passo com a corrente constante , só assim o
tempo parece parar , só assim parece o silêncio poder ouvir-se …Flutuamos à velocidade com que nos movemos e desprendemos das margens , sincronizando o
nosso céu com o deslizar lento do cair da noite ao relento…sentimo-nos sós e
não o digo de uma forma triste, não sou uma pessoa que acumula amigos ou
aprecia multidões, acho que tenho mais jeito para palavras, muitas vezes penso
como seria maravilhoso conduzir relações no papel! Hoje não cabem no tempo,
todos os verbos que já aqui conjuguei, neles, retive cativa a pressa que o
mundo tem! O que me resta , é a voz rouca repetindo palavras gastas, olhar desgastado, envelhecido, opaco, que
tanto tempo insistido em não ver...
Resta este homem cansado, este sinuoso caminho e um destino distante demais. Do
sonho, nada resta, afinal!
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Hoje
trago nas mãos a nudez das palavras que não se formam em mim! Como um sabor proibido, recuso meras definições, românticas ou entoações a pautar o ritmo
das minhas palavras. Fiquei
retido, cativo, de outras falas, onde as letras perturbadas descem a
montanha na vertigem da lua que se esconde, em plena ausência do céu…Há
desertos a criar feitiços de desejo, há sombras Iluminadas
pelo lume dos lábios, que revelam desordem do ângulo raso côncavo em redor dos
olhos! Deixo o olhar despenhar-se na
alucinação das estrelas em cio, percorro o labirinto dos contrastes, partilho com os deuses o vinho dos desejos,
como se uma dança ou movimento me assaltasse a idade nas noites sempre adiadas…Eu já
coloquei a minha boca num manifesto poético,
gesto indizível, com excêntricos suores nas palavras que geraram a
perversão do maior desafio que o silêncio me poderia provocar…Mas!!! A encenação
desse mito apenas me deixou entre o fogo dos corpos que a noite vai reacendendo
na sombra ….Vou voltar todos os dias a esse sonho apenas para colher meros indícios
que o silêncio vai repetindo no meu pensamento…
quinta-feira, 12 de abril de 2018
Hoje
deste lado mais perfeito do silêncio, retiro as palavras, ombro a ombro, como se dum vicio se
tratasse …Este
desejo inexplicável de refazer todas as noites o sonho despido, leva-me na
minha inocência a um tempo onde nada me condena e absolve no erro! Posso até sonhar com o olhar dos Deuses, com as folhagens caídas, que no outono
dissipou no meio de promessas excessivas, soletradas na leveza do silêncio que
esta linha sem sentido deixou em forma de coração…Tatuo paginas em branco, nesta noite levemente adiada, improviso palavras sem destino derramadas como conchas,
corais, nesta praia intacta onde espero, como quem acredita no destino, em dar sombra
aos muros , que ao transpor me ergam asas no dorso como os Deuses , para eu não me
despenhar neste abismo…
terça-feira, 10 de abril de 2018
Hoje
quase por impulso hereditário, sigo o
rasto dos sonhos, não dou passos, não caminho, mas …De uma forma apressada , sulco os trilhos
e não lhes consigo, apesar do deslumbramento, retirar perigos…Eu sei que muitas vezes enlouquecemos
, ao "acasalar" a pele com o azar e a sorte … Querem manipular-nos , culpar-nos,
mesmo na inequívoca ruína provocada pelo envelhecer precoce … O
pressentimento de derrota, transforma-se numa bússola de sonhos! Existimos para os consentir, levedamos os dias inúteis, falsificamos o tempo,
criamos fronteiras na vida …Sou gémeos de signo, talvez por o ser, volto a esse
lugar gémeo da minha memória, onde
retenho diálogos, danças, ilhas, palavras intrusas na minha boca, que me exilam e em simultâneo destroem o sentido
do silêncio como farpas…Todas
as frases, todas as silabas, que os meus lábios fatigados geram, são o atalho de
um ritual de sombras que ancorei no meu esquecimento…
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Hoje a noite rabiscava um amarelo na sua lua crescente, não se escutava
música de animais, parecia um deserto esta noite, os sons
característicos haviam dado lugar a vozes pequenas que se propagavam pela
brisa vinda de norte. O mar acalmou, um por um dos barcos atracados, começaram a navegar. Bailando com as pequenas
ondas, com o céu sem grande brilho deixaram-se
guiar pela cor indefinível da maré, onde enrolo cada
frase na areia desta praia, onde outrora
ancorei as minhas mãos…Aqui ao longe, apenas avisto as suas velas de luto, solidão,
que se aprisionaram como pássaros, abrigados de uma tempestade, depois de
lhes ser aprisionadas as asas…Esta noite viajei por todo o mundo, procurando o
olhar mais doce da noite, havia um lugar
que supostamente o arco íris entornava o
seu excesso de cor , havia um olhar , uma passagem secreta que o desejo
ajustava no brilho inocente da lua escondida . Fiz do seu foco cúmplice enquanto o meu corpo se fez rio na
urgência da sede dos olhos aguados deste inequívoco silêncio nas palavras!
domingo, 8 de abril de 2018
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Hoje peguei na caneta e desenhei as letras no
papel!! Sem receio, misturei a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem
querer, despejei as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da
pele, naquele lugar onde se guardam os medos. Tentei desenhar cada letra com
cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas!! Tinha a certeza
de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas
só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons...Ainda assim, limitei-me em cada
frase, desfazer o tabu da culpa que me pendia nos nós dos dedos. Não sabia de
onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese em
mim!!.Senti que fluía em mim uma escrita, gelada, a consumir-me a pele e a
guiar-me as mãos pelos recantos do dia. E os dias ...Estes vão passando, com as
horas a pesar-me nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo.O
mundo continua, o tempo corre atrás de tudo o que nunca voltará. Sinto-me
esquecido nas curvas apertadas do caminho onde vou escrevendo, não sei bem
sobre quê, mas... escrevo. até que um dia a caneta no papel já não sabia quem
é...Hoje olhei os meus olhos e percebi que não mais cabia o que sinto na minha
própria pele, por isso despi-me de mim e vesti estas palavras...
terça-feira, 3 de abril de 2018
Hoje
bem cedo , passei no meu jardim e reparei numa flor primaveril entre ervas
daninhas. Havia cor simplicidade de um
momento que tinha fixado mas sem nome, parei
a contemplar o seu erguer da terra até
aos céus, onde se abria uma beleza, que, se doava ao mundo em tons plácidos mas
singelos, como se estivesse certa perante o seu destino… Não sei se me percebem!!?
O seu destino foi ser flor entre as ervas daninhas... Contemplei o seu simples,
belo, intemporal crescimento, como se
fosse uma criação divina que a fez crescer flor, entre as ervas e partilhar com elas o mesmo espaço
. Ela nasceu nesse meio , inesperadamente aguardei-a no meu olhar, não me foi indiferente, tantos passaram mas
ninguém a havia visto ….A simplicidade sem nome, passa despercebida …Uma flor
entre ervas, superou a condição real deste meu jardim, sei que ela viverá na
solidão da ausência de tudo , mas, na
saturação fantasmagórica deste espaço onde caminho sem cor, onde esperei e ninguém apareceu, onde me
esperam e eu não vou, onde vou estabelecendo desencontros que aproximam o jardim
da flor que hoje retive no olhar…Sabem
tenho vontade de lhe retirar uma petala mas !!! Isso seria admitir que precisava
algo dela para me recordar do momento em que a vi no meu jardim….
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Hoje relembro-me que em tempos, perdi-me de mim
mesmo… Cheguei não saber quem era. Tudo porque me aventurei no amor com quem
não soube amar… Imaginem que era como se entrasse num barco sem remos, sem
colete de salvamento, que se aventura para mar alto, durante uma tempestade.
Perdi-me de mim. Levando comigo, no mesmo barco, a minha alma desprotegida a
quem tinha prometido segurança e paz…Ficamos retidos na mesma viagem,
limitando-nos apenas a sobreviver às
ondas e às correntes…Sempre na minha vida lutei pelo que sou, mas nunca aprendi
a lutar contra mim mesmo…Nunca me verguei a nada, mas também jamais quis
colocar a minha alma em risco ou fora de
pé… Em tempos, perdi-me de mim, e isso
não significa que eu não fosse alguém. Ou que não amasse. É importante saber e recordar-me, que me perdi
, e matei a minha alma devido à minha fragilidade, e a minha força me
desonrou pela falta de sensatez e de sentido de oportunidade…Encolhi-me no meio da tempestade com medo de fazer a
viajem sozinho…Hoje o leme é meu,
posso ir sem remos e sem colete
de salvamento, alguém apagou as minha tardes e as minhas noites do pensamento
amputando-me os sonhos …Eu sei que o prazer é a obra prima feita de felicidade
, mas também sei que a soma de todos os corpos jamais poderá subtrair a
solidão…Amigos, para cada ser há uma historia que o define, a minha é os passos que vou dando ou retraindo que me definem ...obrigado por me escutarem!
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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