terça-feira, 23 de julho de 2019

Hoje digo-vos que podemos amar uma pessoa que não existe. Ou o amor é exatamente isso, amamos virtualmente e projetamos tudo que nos falta em alguém, a partir daí, vamos moldando nossa metade em outra metade!!! Somos doentes ao reconstruir os cacos que nos moldam? Não. Será que nossa vida deveria ser feita como um painel, juntando pedacinhos de pedras sem formas, formando belas imagens? Como ilustraria a minha vida, se assim pudesse? Quais cores usaria? Como perceber a matemática do amor? Dois mais dois ou dois para lá, dois para cá? É metafísico ou é altamente químico? Existe medida? Tantas perguntas mas agora pergunto como duas almas diferentes se encontram em meio do caos que vivemos? E, o mais ilógico, como almas diferentes convivem superando egoísmos e caprichos? acreditem uma pessoa pode amar alguém que nunca viu!!!  Digo-o porque o amor é algo maior que os cinco sentidos... Banalizamos tudo que realmente é importante, caminhamos muitas vezes com os pés no chão, mas sempre com a cabeça no mundo da lua. Eu, que sempre tive tantas perguntas, me calei quando percebi a resposta...Hoje eu sei que há dias em que não nos conhecemos, outros que esquecemos que vimos pela primeira vez... É ai que deixamos de nos ver pela primeira vez para sempre...

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Hoje confesso que há muito que não moro nos livros, não escondo que tenho saudades de ler , mas recuso-me ler-me , sinto-me envelhecido pelo tempo.. Perdi a infância, esta já é longínqua do meu destino…Escrevo muitas vezes sobre o perfume da nostalgia,  vou  esculpindo nas palavras as horas vazias, o afecto forjado nas noites serenas e frias, onde propago silêncios e desejos que transponho do papel para as lágrimas que me beijam o olhar nas asas desta face vazia. Sou o mesmo de muitos outros textos, moro neste livro onde o amor  é o oficio dos sonhos, não escrevo versos mas, partilho palavras que se colam ao corpo, no pequeno fascínio da nudez da luz indecisa no caminho que  as estrelas traçaram para mim…Já escrevi sobre enganos, já dedilhei o medo nas águas da minha praia, já parei inerte subjugado ao frio de uma manha a tentar descobrir as coordenadas dos meus sonhos , mas!!! Hoje sou apenas um fascínio de palavras teimosamente procurando um espaço meu dentro da vida…

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Hoje é nos gestos imperfeitos que suavizo curvas, destranco portas, afasto cortinas e instalo-me encima de tudo o que simplifico… Atropelamos em rascunhos traduzidos a química inesperada. Comparamos cores antagónicas na tentativa de arrebatar a vivência de outro alguém. Continuaremos a achar que o conforto está do nosso lado enquanto nos alheamos de protocolos que teimam diariamente em nos fazer representantes de uma inquilina a que chamamos de solidão…vamos desta forma fermentando o mosto que nasce em nós, enquanto sóbrios, aguardamos o vinho maduro dessa paciência…Eu sei que se beber  dessa luz que apaga a noite em mim, tudo acontece no sonho! Tenho em mim  esse enorme defeito, mas eficaz, de defender o meu espaço concreto, se não conseguir manter-me inteiro , jamais serei integro e serei certamente algo a mais no espaço e no tempo…Se eu beber dessa luz que me persegue, manter-me-ei na busca da realidade e estarei sempre prestes a um novo recomeço, um novo sonho... Hoje sei que esta embriaguez é só a indiferença que nos abandona no fim de tudo, por isso antes de ser mosto deixem-me ser as uvas frescas na videira da vida!

terça-feira, 16 de julho de 2019

Hoje se me tocassem nos sonhos, eles beijar-se-iam como a luz dos olhos que me persegue no ar sereno das rimas, rimas  que as palavras escondidas revoltam no desejo escondido do refugio do meu olhar… É no mar que corre pela praia que desaguam os barcos aprisionados , segurando os seus pertences nas redes que anos a fio resguardaram a sua luta para uma outra maré! Há gaivotas amedrontadas que circulam descalças pelo areal,  carregam voos picados nas suas asas feridas  pelo horizonte, escondem nas penas as amarras que pelo tempo se multiplicaram nas vagas que o oceano protagonizou. Há gaivotas descalças fugindo das ondas desejosas de chegar a terra  …elevam-se  para os céus, levantam-se desfazem desejos na praia que alcançam, morrem na areia e retomam o seu destino com a mesma força que lhes dá vida e de novo a praia para se perderem ….A vida  constrói-se através dos confrontos, lutas constantes para alcançar sempre mais, cabe-nos a nós, saber que passo dar,  para esses confrontos ultrapassar, como as ondas do mar... Nós temos obstáculos  uns mais íngremes que outros, mas todos nos fazem escalar, elevar, mas isso,  não nos dá o direito de ser cruéis , nem magoar nem ofender quem quer que seja! Hoje eu conheço-me melhor que ninguém, sou eu quem diariamente veste a minha pele! Posso ser e sei que sou,  um enigma, mas sou o que fazem de mim, e o que faço de mim! Se aquilo que aqui escrevo  parece estar assente num paradigma de um tecido grosseiro ou banal , do ponto de vista psicológico é , no entanto, apenas um ponto de vista da humanidade , um fragmento de um ser . Eu mesmo nada mais...

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Hoje gostava de viver com o pé na primavera,  esta sempre me ofereceu a ilusão da grandeza humana, quando o  trágico e o cruel nunca me serviram de consolação. Hoje sinto que estou com uma pitada de ironia nas mãos , ela consegue brutalmente revelar-nos  a insignificância de tudo, tudo o que é construído pelo risível, pelo irónico faz-nos viver na condição ingrata e egocêntrica, como se os outros não interessassem e só nós devamos opinar…Entre tantos ofícios que posso ter, hoje exerço este que não me pertence… Como um patrão que tudo julga,  ignorando que nas suas mãos também leva as rédeas do infortúnio … Gosto de escrever na obscuridade , mas não me confundam , apenas para ser dono das minhas cinzas , como quem dispara contra a morte! Hoje posso estar um pouco irónico, descrente mas eu já acreditei que eram os muros que separavam os Homens, as terras de outras terras , mas!! Tudo os pode unir, não há muros somos nós a eleva-los nos nossos olhos, essas muralhas da vida…Posso estar irónico mas gostava de falar era de amor, daquele sentimento que não mente, que não é rico nem pobre , apenas nobre...Era desse sentimento que queria falar, que ninguém vê, mas que anda por ai...Era do amor que queria falar-vos, desse que só um olhar sente, gera e prolonga as palavras, vagueando pelos cabelos e desaguando nas veias ! Percebem onde esta a primavera?! Esta está no sentindo que viaja pelo espaço , rasgando desejos adormecidos, libertando todos os que de amor padecem, a cada silêncio que nos aconchega na voz,  fazendo sair sons de lábios fechados em direcção ao infinito..

terça-feira, 9 de julho de 2019

 Hoje de noite fui Visitado pela incomoda insónia , deixou-me a  alma em carne viva, fui obrigado a sair acompanhado simplesmente pela minha sombra, única companhia que ainda nos vai tolerando ou até mesmo,  nós mesmos tolerando… Numa esquina da estrada avisto o céu  igualmente perdido da vida, sozinho sem nada para o acompanhar… Seguiram-se momentos de silêncio, olhei-o não sei quanto tempo fora,  mas pareceu-me  uma eternidade. Penso que grito baixo demais…Sim , a minha forma de gritar é aqui , fico com os  meus dez dedos a sangrar. Sinto muita dor nas costas, pois o teto é baixo demais. Fico assim, encolhido, os meus joelhos quase que tocavam o queixo. A noite  é como se a verdade fosse um único pensamento, divago sozinho,  com o pensamento colorido , olhando as brisas do verão que teima em chegar…Só em frente ao mar sinto os versos de calma, que a maresia me vai despindo , roubando as defesas,  deixando a água despir-me sob o olhar das estrelas que desenham a árvore do meu jardim, como se o amor me encarasse olhos nos olhos, inundando-me umas vezes de tristeza outras de loucura  …Eu sei que a dois partilha-se melhor o peso do isolamento, mas!!  Chove no céu, a praia fica desbotada , a neblina esconde-se no horizonte e instala-se o terror  do lado escuro da lua, como se fosse um amor moribundo embalsamado que deixa a grande ilusão da vida ... Talvez seja por isso  que metade de mim sejam palavras e a outra verdade ou metade de mim é vida e a outra é saudade…

domingo, 7 de julho de 2019

Hoje , bem hoje , sinto o desejo de um beijo, Verdade …Como uma semente plantada num chão ao acaso...E enquanto consciencializo esse desejo, estranho a agonia de uma fome, sinto um sentimento que se torna enorme e impreciso, preso entre a dor e um sorriso… Eu uma vez amei, eu uma vez beijei, e sempre o fiz com a verdade que trazia na alma. Era doce, lembro-me eu, até arrebatado como um som de paixão, mas nele levava servido, numa salva, o meu coração. Recordo-me assim agora, quando tudo para e se agiganta à minha volta o pensamento e a minha cabeça fica à nora… sinto saudade sim !!! E sinto-o por ter sido verdadeiro, que num beijo cabia o mundo inteiro. Sinto a falta desse momento, dessa pequena eternidade na  minha Vida… Faz-me silenciar porque mais parece que todas as palavras saem roucas…Não se reproduz, não se iguala, esta vontade que não se sacia nas palavras. E infelizmente esta fome não se cala. Mas que tempo este!! Passa por nós, indelével , não é?. Cruel a forma crua como por nós passa…Ainda agora estava cativo nos teus olhos de praia, e já danço no balanço da ondulação que me apartou para outra margem. As minhas pernas tornaram-se caminho e os meus olhos, em mistérios da alma .Mas!!! em qualquer bocado de gente, o passado cresce constantemente, enquanto mirra a expectativa do futuro indulgente. O passado está a nós colado, o que fizemos dele fez-nos a nós,  o que somos e deu-nos voz. Receio que deseje baixinho o que o futuro já não traz

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Hoje até seria suficiente um toque. Um leve aperto em grito de tempestade, para um abraço ter a força da saudade...Tem dias que basta uma palavra, um olhar colorido deste lado da grade que gera saudade…Hoje bastava um desejo, para incendiar o fogo que não se apaga pela idade, nem pelo abraço em forma de saudade... Toda a Gargalhada é nervosa na sua fragilidade  porque o sonho nunca morre! Não há ecos de nomes no elevar dos ventos da eternidade , basta olhar este mar , repleto de águas que perfaz o todo e a metade nos dias em que um simples passo gera uma pintura ! Não há rastos…Há caminhos que percorremos, cerramos o rosto, fechamos os olhos , sem casa acolhemos a dor,  a cor, que geometricamente fazem marés na alma…Se os ventos me levassem à frente do Mar, e em  cada onda um beijo se desenhasse, eu me vestiria de novo , mas com o mesmo nome, mesmo que o silêncio se fizesse no parapeito da minha pequenez…Os meus afluentes não secaram, apenas não há rio para desaguar esse mar, selvagem, que me separa , que me reduz em pequenos cânticos fazendo-me ficar, por isso fico-me em compasso de sonho lento onde metade de mim é pó e a outra vento...

terça-feira, 2 de julho de 2019

Hoje foi um dia difícil senti a saudade e a morte lenta dos sentidos que a ausência trás . Senti-me flutuar junto do meu espaço momentos antes sem acordar. Sabia que se abrisse os meus olhos a vibração do meu sorriso se esfumaria na pressa do tempo real. Por isso, mantive-me estático, com os olhos afogados nas teclas. Só a sentir-me. As palavras escorriam-me pelos dedos e sorria pacientemente, com olhos doces de saudade, enquanto senti uma mão fantasma nos meus cabelos com a paixão de outrora. Sopro um beijo de despedida mas saem apenas palavras com vida. Fico inerte, ainda de olhos cerrados, com um arrepio permanente que ainda percorre todos os nervos do meu corpo e me impede de deixar de pensar.Trago em mim em cada lágrima que cai vagarosa uma voz escrita nas linhas do passado, sinto no silêncio que tanto se agarra em mim, a luz que me desperta para a vida e por trás dos meus olhos a imagem que me alimenta a força de ser forte. Mas!!! São apenas palavras que revisitei em minha vida nos lugares, sem sorrisos, sem abraços, sem ternura e cumplicidade, construídas nos laços que a vida nos oferece. As cores de uma presença preenchem a dor que hoje é profunda e apaziguam este choro ferido de me sentir distante do amanha , que dorme em mim e não me deixa acordar !!

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Hoje cessa-se  a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras... 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Hoje no olho do sonho vejo tudo,  sinto que do outro lado da montanha existe um mar cheio de nós. Nós encruzilhados,  amarrados que cantam e desenlaçam os sonhos. As marés, essas, são as respirações que os deuses colocaram nos desejos das ondas, onde se espuma a sua caminhada. Do outro lado da montanha ecoam as vozes, cantam-se as viagens, sussurram-se os abraços. Sei que no outro lado das montanhas há um labirinto aberto de cores e cheiros por onde  o meu sangue  percorre as memórias e entre cada nova respiração deixa os olhos mais perto do mar… Pergunto qual é a parte de mim que anda por ai nas palavras,  é que ouvimos dos outros apenas o que conseguimos entender, sim tal e qual um jogo infantil, onde é preciso colocar  blocos de formas variadas em orifícios correspondentes, para que estes encaixem, assim é nosso espírito assim é nosso entendimento… Como se no nosso “jogo” não existe uma determinada forma, ou  a dispensasse-mos, ou tentássemos coloca-la no jogo em outro local, onde este “bloco” se encaixaria à força, distorcendo sua forma original. Só assim, passamos a espelhar no outro aquilo que nós somos,  porque no olho do sonho vê-se tudo, cada pequeno pedaço da nossa  imensidão  é um  mar aberto de tamanho sem fim, de sabores que se inventam num impulso quase hereditário dos sonhos em que me procuro…Hoje no olho do sonho vejo tudo, pego em mim, faço-me vento, embrulho-me na nuvens, elevo-me aos céus …Tenho lá uma saudade à minha espera!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

 Hoje vou fechar os olhos e sonhar que estou pintando na minha tela alguém  porque  tudo o que a minha mente cria, o meu coração acolhe é assim que me sinto  um acolhedor de sonhos que o destino acolhe…Eu sei que há pessoas que gostavam que eu fosse mais pratico, mas não o sou  não fui feito para ser prático apenas autentico,  só desta forma as pessoas sentiram a minha falta quando eu partir…As pessoas  detestam-nos quando somos diferentes, as pessoas odeiam a grandeza de alguns seres, e amigos,  para ser enorme  basta muitas vezes,  enobrecer a vida, percorrendo caminhos da ilusão, escrevendo sonhos, repartindo os gestos…Há carne que já não tem espaço para setas  trespassarem, e é nos barcos e sonhos de caos  que se afogam lamentos e semeia-se esperanças ao vento, fazendo lançar-se papagaios de amor no alto das falésias de lava adormecida  entre o mar e os céus… Sosseguem os olhos nas esquinas das histórias! Levantem e Pintem de novo a poesia! Fechem as janelas, fujam da ventania e dos cânticos de vielas … Arrastem-se pelos areias da ondulação neste andarilho DE VIDA , turvem as águas sem cor de guerra, deste mundo vazio e banal que se enjeita feito canibal, com  voz de mostro,  na vertigem da falésia que resiste á lava adormecida…Quero deixar o cântico da saudade explodir em mãos entrelaçadas de silêncios em todas as eternidades possíveis…Pontuem-se as palavras , cerrem-se os dedos, limpem-me o sangue, não me peçam definições, nem tão pouco me digam onde devo virar ou estacionar... A minha vida é um vendaval que se solta aos poucos , um átomo que gera uma onda que não sabe para onde vai, nem onde está, mas sabe bem que não irá por qualquer sitio...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...