quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Hoje faço-me apenas de humano, sulcando os buracos que  deixei nascer no meu  peito. Viajo para além de todo o horizonte, para lá do eco da  humanidade , onde se decide se mais vale ou não, estar parado de frente para os pequenos e infinitos abismos que alguns transformam em entradas para que outros apenas tenham de mergulhar…Cada dia que se finda , coloco o tempo na cauda da promessa , que se gera na semente  da luta divina ! Para além do que nos é possível, enquanto humanos , sonhamos alcançar os abismos intransponíveis  nas barreiras dos corpos que se unem como mãos e se tocam, beijam e perdem…não semeiem em mim a potencia do ressentimento, porque somos distancias em corpos opostos que se mergulham na possibilidade de esbarrar na barreira de outros e isso dói…Construo o  meu cais, de pessoas de peito aberto, que despertam gestos, nas suas palavras incomportáveis, que voam nas marés em ondas rasas,  escrevendo olhares que afundam desejos ...Sou apenas mais um humano que luta corre , cai, e muitas vezes nem consegue sair do mesmo lugar, sinto-me indefeso , pequeno perante os passados que espreitam…Todos nos acusam, todos nos sentenciam como se fossem eles a tomar as decisões das nossas vidas! Isso leva-nos a alhear-nos da terra, da vida, das mentiras e verdades que a constroem e nos fazem mergulhar no nada… Como se tudo fosse mais um nada, e nós o Universo desse nada!  

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Hoje há  um céu enorme em tudo o que tocamos ....Sem duvida que há e um dia tive uma proposta de amor vinda da alma onde havia um universo de palavras simples por dizer, onde havia um espaço imenso que se separou pela dor, onde nasciam olhares sussurrando o amor… Houve esse momento na minha vida ... Que deu importância à minha existência, mas hoje já não há lugar para a reinvenção das sombras só aguardo pelo nascer da manhã , esta sim a inevitável luz que se fez na minha vida presente … Hoje vou falando comigo mesmo como fazem os loucos, enquanto ao meu redor sinto anjos a esculpir no céu!!! Chego a convencer-me de que tudo é possível, sinto uma força imensa, invisível, Lá fora no céu há agasalhos de luz, afagos da maresia esbarrar nas pedras , deixo-me embalar pela rebentação das ondas e adormeço sem a esperança do amanhecer, misturando-me com as cinzas da tarde, das palavras que aqui vou transformando num livro antigo de culpas devoradas pelo fogo que faz de mim um trovador surdo , vagabundo , que bifurca o coração deste mal sentido, que derramo nas mãos pesadas do desentendimento, por isso deixei-me perder neste mundo…Hoje sou uma estátua cansada, que baixa a cabeça, no aconchego de uma casa vazia numa reza, sem terço, que procura esmagar esses dias de frias recordações pois é tão urgente não atropelar o começo…As ondas esbarram nas rochas e não há nenhuma que resista à violência da raiva deste mar que Deus exalta sobre mim , onde anda a mulher que congeminou feitiços de amor que o vento fez cair sobre mim!!!??

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Hoje nem a musica entra no meu corpo , devoro minha pele como fogo incontrolado, que engole as matas , os campos , as casas… Não há brisa que nos conforte, para quê entregar os pensamentos neste fogo apertado que despe o solo e deixa o caminho repleto de imprevistos roçando as esquinas e ruas que deixam as memorias engolir bairros , vielas, ruas e labirintos que sempre nos acompanharam na caminhada…Há bairros a desmoronar, mesmo com esforço esgotante os heróis caem um por um na calçada , nem as igrejas abençoam os padroeiros destas freguesias…Batem as portas , descem dos altares, anestesiando as musicas que  outrora arrepiavam os instrumentos que emprestavam as notas para os poemas de amor! Hoje as lágrimas podiam cair dos céus, serenamente atravessando as chamas do desejo, rasgando bloqueios e escorrendo pelas calçadas turvas, acomodadas e esquecidas nas horas de impotência …Há maquinas de rasto no caminho, rasgando constelações de vida , retirando vida para proteger a vida! Hoje ficam as palavras no lugar das borboletas, da vegetação, amo-as , troco-as pela primavera que vai demorar a vir, pelos cheiros e cores que tão cedo não se irão recompor … E Vocês que assistem ao exterminar da vida no nosso “ interior” que direi vocês?! Que olhar vos resta , que armas poderemos juntos usar para regar as palavras que pouco explicam mas que já pouco mais que elas resta…

terça-feira, 23 de julho de 2019

Hoje digo-vos que podemos amar uma pessoa que não existe. Ou o amor é exatamente isso, amamos virtualmente e projetamos tudo que nos falta em alguém, a partir daí, vamos moldando nossa metade em outra metade!!! Somos doentes ao reconstruir os cacos que nos moldam? Não. Será que nossa vida deveria ser feita como um painel, juntando pedacinhos de pedras sem formas, formando belas imagens? Como ilustraria a minha vida, se assim pudesse? Quais cores usaria? Como perceber a matemática do amor? Dois mais dois ou dois para lá, dois para cá? É metafísico ou é altamente químico? Existe medida? Tantas perguntas mas agora pergunto como duas almas diferentes se encontram em meio do caos que vivemos? E, o mais ilógico, como almas diferentes convivem superando egoísmos e caprichos? acreditem uma pessoa pode amar alguém que nunca viu!!!  Digo-o porque o amor é algo maior que os cinco sentidos... Banalizamos tudo que realmente é importante, caminhamos muitas vezes com os pés no chão, mas sempre com a cabeça no mundo da lua. Eu, que sempre tive tantas perguntas, me calei quando percebi a resposta...Hoje eu sei que há dias em que não nos conhecemos, outros que esquecemos que vimos pela primeira vez... É ai que deixamos de nos ver pela primeira vez para sempre...

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Hoje confesso que há muito que não moro nos livros, não escondo que tenho saudades de ler , mas recuso-me ler-me , sinto-me envelhecido pelo tempo.. Perdi a infância, esta já é longínqua do meu destino…Escrevo muitas vezes sobre o perfume da nostalgia,  vou  esculpindo nas palavras as horas vazias, o afecto forjado nas noites serenas e frias, onde propago silêncios e desejos que transponho do papel para as lágrimas que me beijam o olhar nas asas desta face vazia. Sou o mesmo de muitos outros textos, moro neste livro onde o amor  é o oficio dos sonhos, não escrevo versos mas, partilho palavras que se colam ao corpo, no pequeno fascínio da nudez da luz indecisa no caminho que  as estrelas traçaram para mim…Já escrevi sobre enganos, já dedilhei o medo nas águas da minha praia, já parei inerte subjugado ao frio de uma manha a tentar descobrir as coordenadas dos meus sonhos , mas!!! Hoje sou apenas um fascínio de palavras teimosamente procurando um espaço meu dentro da vida…

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Hoje é nos gestos imperfeitos que suavizo curvas, destranco portas, afasto cortinas e instalo-me encima de tudo o que simplifico… Atropelamos em rascunhos traduzidos a química inesperada. Comparamos cores antagónicas na tentativa de arrebatar a vivência de outro alguém. Continuaremos a achar que o conforto está do nosso lado enquanto nos alheamos de protocolos que teimam diariamente em nos fazer representantes de uma inquilina a que chamamos de solidão…vamos desta forma fermentando o mosto que nasce em nós, enquanto sóbrios, aguardamos o vinho maduro dessa paciência…Eu sei que se beber  dessa luz que apaga a noite em mim, tudo acontece no sonho! Tenho em mim  esse enorme defeito, mas eficaz, de defender o meu espaço concreto, se não conseguir manter-me inteiro , jamais serei integro e serei certamente algo a mais no espaço e no tempo…Se eu beber dessa luz que me persegue, manter-me-ei na busca da realidade e estarei sempre prestes a um novo recomeço, um novo sonho... Hoje sei que esta embriaguez é só a indiferença que nos abandona no fim de tudo, por isso antes de ser mosto deixem-me ser as uvas frescas na videira da vida!

terça-feira, 16 de julho de 2019

Hoje se me tocassem nos sonhos, eles beijar-se-iam como a luz dos olhos que me persegue no ar sereno das rimas, rimas  que as palavras escondidas revoltam no desejo escondido do refugio do meu olhar… É no mar que corre pela praia que desaguam os barcos aprisionados , segurando os seus pertences nas redes que anos a fio resguardaram a sua luta para uma outra maré! Há gaivotas amedrontadas que circulam descalças pelo areal,  carregam voos picados nas suas asas feridas  pelo horizonte, escondem nas penas as amarras que pelo tempo se multiplicaram nas vagas que o oceano protagonizou. Há gaivotas descalças fugindo das ondas desejosas de chegar a terra  …elevam-se  para os céus, levantam-se desfazem desejos na praia que alcançam, morrem na areia e retomam o seu destino com a mesma força que lhes dá vida e de novo a praia para se perderem ….A vida  constrói-se através dos confrontos, lutas constantes para alcançar sempre mais, cabe-nos a nós, saber que passo dar,  para esses confrontos ultrapassar, como as ondas do mar... Nós temos obstáculos  uns mais íngremes que outros, mas todos nos fazem escalar, elevar, mas isso,  não nos dá o direito de ser cruéis , nem magoar nem ofender quem quer que seja! Hoje eu conheço-me melhor que ninguém, sou eu quem diariamente veste a minha pele! Posso ser e sei que sou,  um enigma, mas sou o que fazem de mim, e o que faço de mim! Se aquilo que aqui escrevo  parece estar assente num paradigma de um tecido grosseiro ou banal , do ponto de vista psicológico é , no entanto, apenas um ponto de vista da humanidade , um fragmento de um ser . Eu mesmo nada mais...

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Hoje gostava de viver com o pé na primavera,  esta sempre me ofereceu a ilusão da grandeza humana, quando o  trágico e o cruel nunca me serviram de consolação. Hoje sinto que estou com uma pitada de ironia nas mãos , ela consegue brutalmente revelar-nos  a insignificância de tudo, tudo o que é construído pelo risível, pelo irónico faz-nos viver na condição ingrata e egocêntrica, como se os outros não interessassem e só nós devamos opinar…Entre tantos ofícios que posso ter, hoje exerço este que não me pertence… Como um patrão que tudo julga,  ignorando que nas suas mãos também leva as rédeas do infortúnio … Gosto de escrever na obscuridade , mas não me confundam , apenas para ser dono das minhas cinzas , como quem dispara contra a morte! Hoje posso estar um pouco irónico, descrente mas eu já acreditei que eram os muros que separavam os Homens, as terras de outras terras , mas!! Tudo os pode unir, não há muros somos nós a eleva-los nos nossos olhos, essas muralhas da vida…Posso estar irónico mas gostava de falar era de amor, daquele sentimento que não mente, que não é rico nem pobre , apenas nobre...Era desse sentimento que queria falar, que ninguém vê, mas que anda por ai...Era do amor que queria falar-vos, desse que só um olhar sente, gera e prolonga as palavras, vagueando pelos cabelos e desaguando nas veias ! Percebem onde esta a primavera?! Esta está no sentindo que viaja pelo espaço , rasgando desejos adormecidos, libertando todos os que de amor padecem, a cada silêncio que nos aconchega na voz,  fazendo sair sons de lábios fechados em direcção ao infinito..

terça-feira, 9 de julho de 2019

 Hoje de noite fui Visitado pela incomoda insónia , deixou-me a  alma em carne viva, fui obrigado a sair acompanhado simplesmente pela minha sombra, única companhia que ainda nos vai tolerando ou até mesmo,  nós mesmos tolerando… Numa esquina da estrada avisto o céu  igualmente perdido da vida, sozinho sem nada para o acompanhar… Seguiram-se momentos de silêncio, olhei-o não sei quanto tempo fora,  mas pareceu-me  uma eternidade. Penso que grito baixo demais…Sim , a minha forma de gritar é aqui , fico com os  meus dez dedos a sangrar. Sinto muita dor nas costas, pois o teto é baixo demais. Fico assim, encolhido, os meus joelhos quase que tocavam o queixo. A noite  é como se a verdade fosse um único pensamento, divago sozinho,  com o pensamento colorido , olhando as brisas do verão que teima em chegar…Só em frente ao mar sinto os versos de calma, que a maresia me vai despindo , roubando as defesas,  deixando a água despir-me sob o olhar das estrelas que desenham a árvore do meu jardim, como se o amor me encarasse olhos nos olhos, inundando-me umas vezes de tristeza outras de loucura  …Eu sei que a dois partilha-se melhor o peso do isolamento, mas!!  Chove no céu, a praia fica desbotada , a neblina esconde-se no horizonte e instala-se o terror  do lado escuro da lua, como se fosse um amor moribundo embalsamado que deixa a grande ilusão da vida ... Talvez seja por isso  que metade de mim sejam palavras e a outra verdade ou metade de mim é vida e a outra é saudade…

domingo, 7 de julho de 2019

Hoje , bem hoje , sinto o desejo de um beijo, Verdade …Como uma semente plantada num chão ao acaso...E enquanto consciencializo esse desejo, estranho a agonia de uma fome, sinto um sentimento que se torna enorme e impreciso, preso entre a dor e um sorriso… Eu uma vez amei, eu uma vez beijei, e sempre o fiz com a verdade que trazia na alma. Era doce, lembro-me eu, até arrebatado como um som de paixão, mas nele levava servido, numa salva, o meu coração. Recordo-me assim agora, quando tudo para e se agiganta à minha volta o pensamento e a minha cabeça fica à nora… sinto saudade sim !!! E sinto-o por ter sido verdadeiro, que num beijo cabia o mundo inteiro. Sinto a falta desse momento, dessa pequena eternidade na  minha Vida… Faz-me silenciar porque mais parece que todas as palavras saem roucas…Não se reproduz, não se iguala, esta vontade que não se sacia nas palavras. E infelizmente esta fome não se cala. Mas que tempo este!! Passa por nós, indelével , não é?. Cruel a forma crua como por nós passa…Ainda agora estava cativo nos teus olhos de praia, e já danço no balanço da ondulação que me apartou para outra margem. As minhas pernas tornaram-se caminho e os meus olhos, em mistérios da alma .Mas!!! em qualquer bocado de gente, o passado cresce constantemente, enquanto mirra a expectativa do futuro indulgente. O passado está a nós colado, o que fizemos dele fez-nos a nós,  o que somos e deu-nos voz. Receio que deseje baixinho o que o futuro já não traz

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Hoje até seria suficiente um toque. Um leve aperto em grito de tempestade, para um abraço ter a força da saudade...Tem dias que basta uma palavra, um olhar colorido deste lado da grade que gera saudade…Hoje bastava um desejo, para incendiar o fogo que não se apaga pela idade, nem pelo abraço em forma de saudade... Toda a Gargalhada é nervosa na sua fragilidade  porque o sonho nunca morre! Não há ecos de nomes no elevar dos ventos da eternidade , basta olhar este mar , repleto de águas que perfaz o todo e a metade nos dias em que um simples passo gera uma pintura ! Não há rastos…Há caminhos que percorremos, cerramos o rosto, fechamos os olhos , sem casa acolhemos a dor,  a cor, que geometricamente fazem marés na alma…Se os ventos me levassem à frente do Mar, e em  cada onda um beijo se desenhasse, eu me vestiria de novo , mas com o mesmo nome, mesmo que o silêncio se fizesse no parapeito da minha pequenez…Os meus afluentes não secaram, apenas não há rio para desaguar esse mar, selvagem, que me separa , que me reduz em pequenos cânticos fazendo-me ficar, por isso fico-me em compasso de sonho lento onde metade de mim é pó e a outra vento...

terça-feira, 2 de julho de 2019

Hoje foi um dia difícil senti a saudade e a morte lenta dos sentidos que a ausência trás . Senti-me flutuar junto do meu espaço momentos antes sem acordar. Sabia que se abrisse os meus olhos a vibração do meu sorriso se esfumaria na pressa do tempo real. Por isso, mantive-me estático, com os olhos afogados nas teclas. Só a sentir-me. As palavras escorriam-me pelos dedos e sorria pacientemente, com olhos doces de saudade, enquanto senti uma mão fantasma nos meus cabelos com a paixão de outrora. Sopro um beijo de despedida mas saem apenas palavras com vida. Fico inerte, ainda de olhos cerrados, com um arrepio permanente que ainda percorre todos os nervos do meu corpo e me impede de deixar de pensar.Trago em mim em cada lágrima que cai vagarosa uma voz escrita nas linhas do passado, sinto no silêncio que tanto se agarra em mim, a luz que me desperta para a vida e por trás dos meus olhos a imagem que me alimenta a força de ser forte. Mas!!! São apenas palavras que revisitei em minha vida nos lugares, sem sorrisos, sem abraços, sem ternura e cumplicidade, construídas nos laços que a vida nos oferece. As cores de uma presença preenchem a dor que hoje é profunda e apaziguam este choro ferido de me sentir distante do amanha , que dorme em mim e não me deixa acordar !!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...