segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Hoje entre paginas tantas e folhas de  livros lidos por mim folheados , encontro um que se destaca,  sem palavras que alguém ambiciona ler…Esse livro é o ser humano… ! Em todos há letras invisíveis,  codificadas e folhas de luto,  com segredos para obter mas  nem o amor alguma vez as fez reter! Coloco passwords  nesta minhas letras para desbloquear as cores desse livro,   sei se alguém  soubesse decifra-lo,  logo seria um best - seller …Nada nos impede de vestir palavras amarradas das ambições retraídas, todos somos acendalhas da vida , todos temos insónias de sofrimento intemporais nas madrugadas que deixam espelhar as imagens extasiadas dos retratos surreais,  e eu sei, que a lua prateada  desenha na pagina das visões imateriais … Mas!! É no conceito metafisico  das abstractas belezas da vida que se emolduram os olhares e as letras nesta pagina sem palavras que desejava ler…Somos todos humanos ao cavar buracos no peito, como pequenos e infinitos, abismos que convertemos em estradas…Não, não pensem que ensandeci!  Posso até ser sonhado pelo espelho onde me olho, mas sei que vivo as sanções das cores do equivoco, são elas que encobrem  a penugem das contradições  que cada ausência de palavras faz na tela do livro que cada dia que olhamos e não vemos,  vamos desejando…

segunda-feira, 14 de outubro de 2019


Hoje peguei na caneta e desenhei as letras no papel!! Sem receio, misturei a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem querer, despejei as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da pele, naquele lugar onde se guardam os medos. Tentei desenhar cada letra com cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas!! Tinha a certeza de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons...Ainda assim, limitei-me em cada frase, desfazer o tabu da culpa que me pendia nos nós dos dedos. Não sabia de onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese em mim!!.Senti que fluía em mim uma escrita, gelada, a consumir-me a pele e a guiar-me as mãos pelos recantos do dia. E os dias ...Estes vão passando, com as horas a pesar-me nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo. O mundo continua, o tempo corre atrás de tudo o que nunca voltará. Sinto-me esquecido nas curvas apertadas do caminho onde vou escrevendo, não sei bem sobre quê, mas... escrevo. até que um dia a caneta no papel já não sabia quem é...Hoje olhei os meus olhos e percebi que não mais cabia o que sinto na minha própria pele, por isso despi-me de mim e vesti estas palavras...Como um ser híbrido que transita de um corpo para outro…

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Hoje vou escrever assim sem grande requinte, percorrendo as margens , navegando apenas em meu corpo, fazendo-me vivo a cada novo olhar. Faço-me vivo pelo mundo  carregado de tudo o que é vivo e do que é morto, desaguando pelo destino… Sim, acreditem e ignorem as virgulas e essas convenções que se inventaram , para nos tornarmos mais claros , para os outros …  Tudo o que para mim é vivo tem aromas de multidões , tudo o que é morto soa a sonho clandestino, que carrega o peso do destino!  Hoje gostaria de ser livre num voo rasante num areal vazio e liso onde pudesse passear sem deixar rasto e quem sabe molhar os pés nas águas do ir e vir das marés que tantas vezes entraram pela minha escrita ou mesmo dos aromas da maresia que sempre me transportaram até muito mais longe do que alguma vez pude sonhar …O sonho continua a transportar-me, como quem morre um pouco nas chamas de um fogo que lavra numa ilha que se vai vestindo de cinza derramando lágrimas para o mar, arrastando as árvores da vida para o luto  que silenciosamente tinge o céu …Não me venham dizer que o meu pensamento vomita emoções ainda virgens e que o ego esconde do medo, não,  não digam isso! É nas entrelinhas que escrevo a explosão dos sentidos, é nas entrelinhas que faço a gestão das ironias e do culto perfeito da ética hipócrita ! Todos os dias cresço e é isso que  cada palavra me faz ou me pode fazer , porque quero acima de tudo sentir-me livre numa liberdade exposta sem  nuvens que nos passam por cima da cabeça, não existe liberdade quando nos fechamos ou nos restringimos às margens de uma folha de papel por isso é que ainda ando a pensar que força tem esta coisa das palavras, palavras que unem e desunem e de que forma é que tudo se pode manter, sem com isto perdermos traços da nossa personalidade…

terça-feira, 1 de outubro de 2019


Hoje as minhas mãos  agarram o gemido da noite que cobre ainda as árvores , deixando os seus  frutos que arrancam sem ruído o caroço da  promessa de noite escura. Tento mudar a alma da minha bagagem para este mundo, onde os anjos desenham o rasto do caminho…Fecho os olhos e venço o desejo de me rever ao espelho , tento saber de que lado estou.  É ai que me sinto.  Olho-me bem, a imagem não se  desfigura,  este olhar precede um outro bem mais desperto e mais real que sobrepõe o meu…Os Deuses cruzam-nos,  cruzamos olhares,  perdemo-los quando somos engolidos pela multidão a cada passagem nas avenidas da vida, deixamos a alma e a nossa bagagem num outro mundo , nem sei bem porque…Hoje as folhas caem das árvores, gritando as suas preces quando tocam o chão,  alguém acende a fogueira no caminho, para turvar a sede dos sonhos ?! Sinto que deixo o corpo suspenso como quem deixa uma roupa no estendal, suspensa, encostada ao parapeito do abismo, a tentar escorregar pela noite, de pés e mãos que se atam e desatam, esvoaçando o tronco no túnel do vento como um anjo que se sacode e se deixa secar no fim da viagem…




terça-feira, 24 de setembro de 2019

Hoje trago as mãos fechadas, como se já não abrissem por ninguém, como  duas asas paradas que não tem céu para bater…Vejo  rugas  marcando as minhas mãos , parece que vão deixando a alma presa a desenhar caminhos vãos... Vou aprender o caminho, sim aquele que vem do mar e vai dar a casa, onde a areia se desfaz, apagando vestígios das nossas pegadas no areal! Há sentimentos que chegam com as marés, á nossa ilha deserta , não trazem rotulo , memoria ou remorso, apenas sons que nos fazem recordar o como somos vazios e ao mesmo tempo náufragos de pedaços de céu… Todos queremos o nosso pedaço de céu, trazemos nas mãos  notas de um som só, de um ritmo apenas! Há anjos que se erguem dos sonhos, outros de asas erguidas voam na direcção dos céus. Usam mascaras nas suas viagens, flores no olhar e dias claros de sol cortados a meio, fazem as primaveras, umas atrás das outras. Desenham dias redondos de luas em quarto crescente, projectando bocas abertas em busca do ar que nos escapa, partes de todos nós, sonhos que mantemos,  prazeres de instantes em silencio, que nos rasga a pele de ausências em notas de um só som!

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Hoje na  noite escura,  não reconheci o caminho, como se a cegueira da visão me bloqueasse os sentidos, enrolando nela as emoções e não me deixasse  reconhecer  as cores. Fico perplexo com o desnorte do caminho irregular que se desenha aos meus pés, opto por caminhar na berma acompanhado por sombras e  águas vestidas de reflexo que deixam o meu olhar vulnerável…. O dia Acordou  e nada mudou, chove gotas de sol, pétalas de luz crescem nos ramos secos das árvores despidas, sustendo as ondas do mar longe das gentes , que parecem viver de braços escondidos como os seus tesouros se  escondem da infinita eternidade…Hoje, a noite clareou , na metamorfose do dia, fazendo crescer os segredos e mistérios nos espíritos inquietos que desaguam na minha existência. Nem sempre é fácil transcrever ou escrever coisas que vem na mente , as ideias vem e vão, mas fica sempre uma insistente e por vezes nem a queremos escrever…Mas!!! Faz-se o dia, e as mãos trémulas buscam a consistência do toque, no olhar que se afunda entre nuvens e nuances de azul que conduzem o horizonte desbotado e distante . É nesta vista mais densa que consigo viajar, no tempo, no corpo, estabelecendo uma paridade do corpo e Alma…Sinto o gosto Vulcânico misturado com as cinzas da minha lava que arde  que me queima a chama , deixando-me sem combustível para acender a labareda  do meu existir nestes mil km de distancia entre a noite escura e o dia que nasceu…

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Hoje venho aqui para dizer que, ontem me dei conta do tempo que me falta para vir aqui…Pode parecer que a  inspiração anda adormecida! Mas, não… Sei que somos feitos de instantes, alguns belos, outros, nem tanto! Alguns,  alegres, outros tristes, alguns, uma eterna confusão… Mas, são esses instantes, que somados me fazem escrever cada historia e é isso que nos faz ser  únicos.  É nos pequenos  instantes, que construímos nossa personalidade, moldamos nosso caráter, amadurecemos e adquirimos sabedoria…É nesses instantes que, podemos ver algo que jamais esqueceremos, ou sentir algo que não havíamos sentido antes, mergulhamos  dentro de nós para nos toleramos  um pouco mais, quem sabe assim, se possa colorir mais a vida. Há pessoas fantásticas , que passam por nós por breves instantes, deixam marcas difíceis de esquecer o que contrasta com outras que nos cruzamos diariamente e nos esquecem, e esquecemos facilmente !  Tenho dias que vejo poesia no caos da vida, não há uma ordem humana para encontrar a beleza numa selva…Por muito que caminhemos descalços não sentimos a erva húmida da terra nem o calor das suas entranhas, caminhamos na vertigem do coração das montanhas, entre florestas e nascentes orvalhadas em noites de prata, esta é a poesia da natureza selvagem… É nessa irreverencia que somos brisa na energia oculta das arvores , criamos desprendimento da vida, no decorrer dos minutos, em que o presente se torna passado e o futuro presente…Este é o palco onde a impermanência do encontro se torna no desprendimento da Alma, desligo-me do derradeiro desfecho e escrevo a minha pacificação que me veste de felicidade genuína…

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Hoje vou contar-vos uma coisa, uma coisa que muitas vezes esquecemos e isso acontece quando  vivemos a vida em função dos outros, sim eu sei que acontece,  todos nós temos as nossas prioridades e isso leva-nos a acabamos por esquecer de nós. Esquecemos do que somos, do que era o nosso sonho, aquele sonho que era apenas  nosso. Não é fácil, fechar uma parte de nós, e , adormecer algumas coisas que eram importante para a nossa realização pessoal, mas!!! Muitas vezes, não temos escolhas. Faz-se necessário, trocar nossas prioridades, deixar vontades em gavetas, para dedicar ao que se torna parte fundamental em nossas vidas, então quase deixamos de existir...Eu já o fiz,  certamente ainda o faço, mas tenho consciência disso, é como se adiasse os próximos capítulos da minha vida, dando uma pausa que acaba por se tornar definitiva…Só que, lá fora, a vida continua. A pausa, é só dentro de nós! Então, fica um vácuo, um espaço, um caminho entre o antes, e o agora, o agora e o depois. Não há segundas chances, não se emenda a história. Não existe uma ponte, nem um caminho para voltar e fazer uma visita ao passado, para depois retornar, dando um nó ou um laço para unir as duas partes. Ando com uma saudade estranha, do que poderia ter ou ser, nesse vácuo, nesse vazio que faz borbulhar uma curiosidade de como seria eu, nesse espaço que ficou em branco… Saudade de conhecer-me nesse universo que ficou por preencher com os meus sorrisos, com a meu olhar e  do cheiro da chuva nas pedras desse lugar... Que não pude empilhar e construir esse forte que hoje me faz falta para me abrigar…Hoje estou assim simples mas fazendo uma utopia com o complexo da vida


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Hoje sinto o cheiro a um Outono  que se avizinha, a minha alma elege-o como a mais rica estação… É ele que pinta meus sentidos com as suas cores, seus aromas,  e essa sensação de despedida que deixa no ar, vai-se transformando em saudade… Talvez seja o melhor momento para virar paginas, desse livro,  que tem sido a minha vida escrita e descrita nas palavras que se vestiram de sentidos e se fizeram emoção, na esquina do pensamento ! A dor muitas vezes não se entende, escrever é como  lavar a alma, secar lágrimas, amar e sonhar…As palavras são uma embalagem onde cabem todos os sentidos ou aqueles que se podem partilhar…Nem sempre são sentidos assinados, sim porque sei há muito que copiam textos meus, mas !! Se formos a ver , isso não me preocupa…Os meus sentimentos são iguais a aos teus, os vossos, aos humanos comuns…Não pensem que vou deixar de escrever, não,  não o farei, até porque aos milhões de cliques eu acho que devo algo ! Uns assumindo-se como seguidores , outros anónimos visitantes e outros invisíveis e discretos, que vão lendo, na sua subtileza o que sinto …Se não escrever , acho que deixo de acrescentar vida aos meus sentimentos,  por muito que eu às vezes sinta vontade de encerrar a vida deles, eu recuso-me a apenas guardar lá bem no fundo o que a minha mente e alma palpitam. Jamais guardarei o que me fere e o que me faz sonhar , prefiro perder-me  no meio das preces dos Deuses, do que deixar o meu corpo onde  tenho vivido, sofrer da fome do esquecimento…É a saudade que nos faz sentir que somos feitos de sentimentos, , formas , memorias, historias, momentos, silêncios,  paixões e dores repetidas. Somos feitos de amor, lugares, desamor, sorrisos , lágrimas , somos todas as estações e  instantes de todas elas …

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Hoje faço-me apenas de humano, sulcando os buracos que  deixei nascer no meu  peito. Viajo para além de todo o horizonte, para lá do eco da  humanidade , onde se decide se mais vale ou não, estar parado de frente para os pequenos e infinitos abismos que alguns transformam em entradas para que outros apenas tenham de mergulhar…Cada dia que se finda , coloco o tempo na cauda da promessa , que se gera na semente  da luta divina ! Para além do que nos é possível, enquanto humanos , sonhamos alcançar os abismos intransponíveis  nas barreiras dos corpos que se unem como mãos e se tocam, beijam e perdem…não semeiem em mim a potencia do ressentimento, porque somos distancias em corpos opostos que se mergulham na possibilidade de esbarrar na barreira de outros e isso dói…Construo o  meu cais, de pessoas de peito aberto, que despertam gestos, nas suas palavras incomportáveis, que voam nas marés em ondas rasas,  escrevendo olhares que afundam desejos ...Sou apenas mais um humano que luta corre , cai, e muitas vezes nem consegue sair do mesmo lugar, sinto-me indefeso , pequeno perante os passados que espreitam…Todos nos acusam, todos nos sentenciam como se fossem eles a tomar as decisões das nossas vidas! Isso leva-nos a alhear-nos da terra, da vida, das mentiras e verdades que a constroem e nos fazem mergulhar no nada… Como se tudo fosse mais um nada, e nós o Universo desse nada!  

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Hoje há  um céu enorme em tudo o que tocamos ....Sem duvida que há e um dia tive uma proposta de amor vinda da alma onde havia um universo de palavras simples por dizer, onde havia um espaço imenso que se separou pela dor, onde nasciam olhares sussurrando o amor… Houve esse momento na minha vida ... Que deu importância à minha existência, mas hoje já não há lugar para a reinvenção das sombras só aguardo pelo nascer da manhã , esta sim a inevitável luz que se fez na minha vida presente … Hoje vou falando comigo mesmo como fazem os loucos, enquanto ao meu redor sinto anjos a esculpir no céu!!! Chego a convencer-me de que tudo é possível, sinto uma força imensa, invisível, Lá fora no céu há agasalhos de luz, afagos da maresia esbarrar nas pedras , deixo-me embalar pela rebentação das ondas e adormeço sem a esperança do amanhecer, misturando-me com as cinzas da tarde, das palavras que aqui vou transformando num livro antigo de culpas devoradas pelo fogo que faz de mim um trovador surdo , vagabundo , que bifurca o coração deste mal sentido, que derramo nas mãos pesadas do desentendimento, por isso deixei-me perder neste mundo…Hoje sou uma estátua cansada, que baixa a cabeça, no aconchego de uma casa vazia numa reza, sem terço, que procura esmagar esses dias de frias recordações pois é tão urgente não atropelar o começo…As ondas esbarram nas rochas e não há nenhuma que resista à violência da raiva deste mar que Deus exalta sobre mim , onde anda a mulher que congeminou feitiços de amor que o vento fez cair sobre mim!!!??

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Hoje nem a musica entra no meu corpo , devoro minha pele como fogo incontrolado, que engole as matas , os campos , as casas… Não há brisa que nos conforte, para quê entregar os pensamentos neste fogo apertado que despe o solo e deixa o caminho repleto de imprevistos roçando as esquinas e ruas que deixam as memorias engolir bairros , vielas, ruas e labirintos que sempre nos acompanharam na caminhada…Há bairros a desmoronar, mesmo com esforço esgotante os heróis caem um por um na calçada , nem as igrejas abençoam os padroeiros destas freguesias…Batem as portas , descem dos altares, anestesiando as musicas que  outrora arrepiavam os instrumentos que emprestavam as notas para os poemas de amor! Hoje as lágrimas podiam cair dos céus, serenamente atravessando as chamas do desejo, rasgando bloqueios e escorrendo pelas calçadas turvas, acomodadas e esquecidas nas horas de impotência …Há maquinas de rasto no caminho, rasgando constelações de vida , retirando vida para proteger a vida! Hoje ficam as palavras no lugar das borboletas, da vegetação, amo-as , troco-as pela primavera que vai demorar a vir, pelos cheiros e cores que tão cedo não se irão recompor … E Vocês que assistem ao exterminar da vida no nosso “ interior” que direi vocês?! Que olhar vos resta , que armas poderemos juntos usar para regar as palavras que pouco explicam mas que já pouco mais que elas resta…

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...