sábado, 2 de maio de 2020

Hoje falo apenas em sentimentos e pergunto, até que ponto alguém pode medir o que nós sentimos ? Há pessoas ficam nos julgando, mas elas nem se quer sabem o que realmente sentimos, as vezes nem nós sabemos ao certo. Os sentimentos são muito complexos e confusos, precisamos de tempo para poder descobrir o que eles representam... Penso que fica complicado fazer isso com influencias de um e de outro. Nos deixarem  pensar é muito melhor, afinal as nossas  escolhas vão-nos levar onde devemos  ir, não onde nossos  amigos querem que consigamos chegar! É que há sentimentos que parecem ser uma doença , que a ciência ainda não descobriu a cura, a doença mais poderosa do universo, dessa doença todos sofrem, crianças, adultos, idosos, os altos ou os baixos, os fortes e os fracos, mulheres ,  homens, até mesmo os homens que dizem não ter sentimentos  esses também amam … Uma doença estranha, sem muitos sintomas, de repente um suspiro pode ser a dose exata pra se contrair a doença do amor, um olhar que se encaixa, um abraço apertado, um sorriso sincero. Ninguém gosta de estar doente de amor, embora soframos quase sempre, sempre estamos dispostos a contrair novamente essa doença, ela nos faz sorrir e faz chorar, faz pensar e escrever, faz de nós poetas, escritores, faz de nós reféns. O amor certamente é uma das coisas mais extremas do mundo, que nos faz os mais felizes,  mas também nos pode fazer  sentir o pior do mundo, enfim para falar de amor, palavras não são o suficiente, para entender o amor não basta apenas escrever, temos que  o viver, ou ja o ter vivido.... Escrever o que sentimos nem sempre é fácil, colocar sentimentos em palavras é uma tarefa muito complicada, porque geralmente é á noite, quando estamos sozinhos em nossos quartos, que surgem  pensamentos, frutos de amoções, e é verdade, quando estamos rodeados por amigos , não conseguimos, mas quando estamos sozinhos, pensamos em coisas até antes pouco inimagináveis, que nunca seriam ditas por nós, acredito que todos nós temos um lado poético escondido, somos, afinal, autores de nossa própria historia, e essa cabe somente a nós designarmos um final feliz, somente a nós !

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Hoje estou assim como meio perdido, falta-me a destreza dos sentidos,  não sei bem como procurar o caminho de regresso a casa... Esta noite desci dos céus e ainda carrego nas asas a humidade do ar. A Noite foi fria imaginei-me como um anjo que deixou em mim a vontade de ser pássaro, e carregar nas assas os desejos de ser vento… Não sei porque para aqui vim, arrastado pela corrente, deste corpo ausente, seguindo o curso deste trajeto infinito. Não sei porque sou, o que sou, e porque ainda persisto , soa a  vazio, mas quem escreveu o silencio de palavras que eu não disse ? De quem é a obra deste destino que em mim se vai traçando?  Sei que atravesso os espaços, como um raio que antecipa o trovão, aguardando pelo som que estilhaçará o silêncio, dos pensamentos que se vão. Ainda assim prego aos céus como quem vela o sono, como quem desenha a sua sombra, que a todos os lados me segue e  conduz. Sei que esta luz encandeia o olhar, mas ao mesmo tempo, também faz sonhar. Estou aqui, sentado no canto da esquina onde debrucei o meu corpo, esperando apenas por um olhar, um eco... Hoje vou ficar na luz  para ser visto como sou , mas ninguém aqui está, todos  dormem profundamente, envoltos na própria vida… Hoje escrevo e sou apenas o suporte que transporta as letras, elas são o sentido que o lhes ofereci,  do que senti, não consigo conferir ou administrar outro uso e por pequena que seja a  mensagem, eu limito-me ao êxodo dos instantes que o mar provoca  ao esbarrar na terra, aceitando e provocando a respiração das suas pedras na ilha do tempo que há tanto tempo foi um instante ...

terça-feira, 21 de abril de 2020

Hoje vejo que nos tentam ensinar a viver "tapados", é assim que nos ensinam, é assim a doutrina a todo o momento, e é assim que acreditamos que o mundo é e terá que ser, embriagado de um fundamentalismo de senso comum em que vivemos… Já pensaram nisso? É como se durante o nosso  crescimento perdêssemos a capacidade de nos surpreendermos com este mundo em que estamos inseridos. Como se tivéssemos perdido  algo essencial, algo que os filósofos tentam despertar em nós, a indignação e a critica.. Porque há algo dentro de nós que nos diz que a própria vida é um grande enigma,  e  sentimos muito antes de aprendermos a pensar sobre isso. Em breve as plantas taparão por completo esta ponte da indignação e critica, que outrora estava limpa e ladeada de vegetação…Os  passeios dos que gostam de caminhar deixaram de se fazer. A natureza aproveita para se fazer notada, o verde ficará mais verde e as folhas deixarão de estar espezinhadas...O que era uma ponte por onde passei, ficará escondida, até ao dia em que possamos novamente descobri-la por entre arbustos que se fizeram muralhas. Agora é tempo de ficar em casa, dizem! Pensando no ontem e sonhando com dias melhores. Uma coisa que me sufoca, é saber que todas as pessoas que eu amo, um dia vão me deixar, embora façamos juras intermináveis de amor eterno e tudo mais, um dia o tempo vai nos separar, pode levar anos, pode levar segundos, pode ser neste agora, ou daqui 10 anos, mas o fato é que um dia, não os teremos mais a nosso lado, essas  pessoas que tantos amamos, que fizemos sorrir, e fizemos chorar, pessoas que nos fizeram tão felizes, pessoas que fizeram do nosso dia a dia realmente ser um presente, ajudaram a construir um passado cheio de muitas historias para contar, mas é lamentável saber que um dia isso vai ter fim, ficarão somente as historias para nossos sucessores. Acredito que a partir do dia em que compreendemos a vida, tememos a morte, a morte que é tão fria, chega de repente, e sem mais delongas, leva embora as pessoas que mais amamos, e deixa apenas a saudade para os que ficam, esperando sua vez ! Nenhum rio discute os seus obstáculos , eu sei! Até porque os rios não tem obstáculos, tem circunstancias de curso que contornam  por um lado ou por outro… Como seria bom nos tornarmos um rio. Imponentes que acumulam águas suficientes para não esperar e passar por cima, ou encontra modo de passar por baixo. Os rios não discutem , lutam ou reclamam com lamentações,  o rio aceita o que encontra e segue o seu caminho….

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Hoje as matas estão virgens, rodeadas de colinas verdejantes, o mundo transformou se num habitat de  aves com multi-cores que voam sem limitações humanas…É este o fluir da natureza em seu rito gradual, de constante transmutação, este resplendente santuário que  vai formando à medida que o ser humano se enclausura mais…Será isto um progresso ou retrocesso?! Sinais de progresso anulam o meio ambiente, porque não transformamos o progresso em florestas exuberantes e o céu turvo em azul fundo… Outrora  o asfalto , empedrado repleto de pessoas , dá lugar a vida de seres confinados a gaiolas, se conseguidos proezas destas em  estado de emergência , não o poderemos proporcionar ao mundo em vida normal?! Tanta coisa para reflectirmos ao abrir a janela da nossa inspiração, para este desprendido cansaço desumano abrir das suas mãos e traçar destinos,  sincronizar sentimentos agraciando a alma da magia das cores a rasgar a devastação humana… Não pensem com isto, que acho que o ser humano tem feito tudo mal, não…Mas!! Está na altura perceber que o amparo do colhimento não é só para o ser humano, é sim para todas as demais espécies que tem sido subjugadas à nossa conduta egoísta, arrogante, abusiva!  As nossas mãos podem mesmo em tempo de “guerra” ser elas a transportar o cálice da paz.

terça-feira, 14 de abril de 2020


Hoje  sou obrigado a exaltar mais uma vez o meu Lindo Avô e a sua persistência e perseverança de um ser único em minha Vida, infelizmente chegou ao fim dos seus dias, lamentavelmente devido ás contingências que vivemos, nem presencialmente o posso acompanhar nesta ultima viajem...São estas as pessoas especiais que permanecerão connosco para sempre, e por vezes a nossa capacidade de reconhecer o valor destas pessoas é mínima , mas quando as perdemos vemos realmente o tempo que desperdiçamos da sua companhia. Embora soubesse que mais cedo ou mais tarde iria acontecer , é muito difícil aceitar a sua perda e saber que irei deixar de escutar a sua voz cheia de ternura e o seu olhar doce e penetrante. Fica o seu exemplo de vida , coragem, luta, entrega,  sofrimento e amor...
Nada mais posso dizer aqui diante de todos a não ser que mais um pedaço de mim desapareceu, este homem a que o meu Pai se igualava ...Jamais esquecerei os meus momentos de infância contigo, quando nos visitávamos, jamais esquecerei o ultimo dia que te vi vivo e me obrigaste a levar uma couve no tejadilho do carro que suplantava o tamanho do meu carro, jamais irei esquecer o teu ultimo abraço, e jamais esquecerei as tardes que passamos sentados na secretaria que tinhas no Palheiro,  que chamavas escritório...Amo-te daqui até onde os céus te levarem.


sexta-feira, 10 de abril de 2020

Hoje o mundo, está prestes a ruir e eu apenas penso em descrever cada tijolo que vejo cair da forma mais singela. Sim sou imperfeito e são estes gestos delicados que me dilaceram a alma e me completam. Lentamente, como bolhas de sabão a subir aos céus, vou tecendo o tapete da minha vida. O resto é ruído. Dentro de mim repousa outra vida, e esta é a minha verdade, e a prova de ter existido num outro tempo ...Vivo a vida ausente, na lacuna das letras mortas, vencidas pelo presente que começa a ser triste ... Sou a sombra do futuro e o fantasma da vida que deveria viver!!! Hoje aqui sou a ausência , deserto de uma alma, esquecida numa escrita fértil onde as letras são sonhos ...Mas !!! a Minha memória furta-me do presente e vivo ausente , olho-me e imagino-me no reflexo do mar ao luar e pareço noturno e imperfeito. Meu Deus!!! Ergo as mãos ao céu e suplico-lhe a voz da água que não soa nas pedras do meu riacho , peço-lhe que me olhe de novo porque esta noite olhei-me e não me vi....O mar está  ausente não podem dizer que  veio e destruiu os castelos de areia que se fez com os sonhos inacabados...Neste mundo as oportunidades são infindáveis , talvez seja o mais gratificante que se pode ter na mão nos dias de hoje. Temos a possibilidade de recomeçar e iniciar novos projetos de vida que por motivos mais diversos , muitas vezes são interrompidos , desviando-nos dos rumos traçados e sonhados ao longo da nossa existência…Hoje acredito piamente  que esta anormalidade que se vive, vai deixar patenteada a certeza que as oportunidades para seguir um outro caminho ai estarão para todos, sem descriminações  e a luz da esperança que brilha  incandescente nos corações de cada um, espera por nós para nos alumiar na passagem das trevas e mostrar a sublimidade de que temos de seguir em frente e continuar a esculpir um novo dia de luz…

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Hoje no martírio dos  dias em que este espécie de holocausto humano se enraíza na vida social,  os sonhos são poucos e tristes… Os corações foram retidos nas esquinas de ruas sem morada!  Entre alaridos desenfreados, que recolhem as migalhas das calçadas,  as lágrimas tomam conta dos olhares,  por muitos ainda ignorados ,   que esperam olhando os céus por um anjo sem asas.  O dia vai alto já sem sol, nublado agudizando olhar que já vai triste…As plantas não florescem, as fontes retomam o sussurrar das cascatas e somente os ventos trazem a saudade. Daqui pouco se vê, apenas  sombras esquecidas nos jardins, e olho para as mãos , onde busco palavras advidas da sensibilidade que corrói ao ver predominar injustiças, desigualdades que esquecem a solidariedade pelo respeito humano fazendo cair os alicerces de sonhos de uma nação. Não me sinto um ser comum , não é que seja melhor ou pior que outros sou apenas diferente, e isso inquieta-me nos meus erros e acertos , fazendo a minha pegada viver apenas num edulcorado desejo de sonhos que criarão uma nova era ! Mas!! Esta pálida parede aprisiona-nos, deixando-me entre palavras e o êxodo da realidade instantânea…Já  nem sei há quantas semanas que não sinto o mar…Como está a respiração dele? Olho para esta parede e vejo o reflexo das suas lembranças, inocentemente falta a maresia que o vento não trás, planto mais vento, abro a janela e fico à espera…Tanto tempo ! Apenas algo mais que  se soma aos instantes das pedras desta ilha...

quarta-feira, 1 de abril de 2020

 Hoje nas  dunas desertas e tristes vislumbro as taças cheias do sol que se perde em sonhos e eclipses ! Todas as noites deixo o olhar se estender pela lira deste vinho que acalma as euforias, abro novas rotas pelo jardim do abandono , que bailam na espera do olhar como as árvores em flor esperam pelos seus frutos…O meu olhar paira num momento em que a natureza se fez calar para escutar a Ciência que não tem armas para dar respostas e eu pergunto, Deus está por ai??! Se está não o sentimos, a cidade adormece na inactividade dos sonhos enquanto eu não consigo conciliar o sono que insiste em ausentar de mim deixando-me como matéria transfigurada em nada…Hoje escrevo nas profundezas dos mosaicos de sonhos, que latejam a alma adormecida dos jardins que em flor fazem poesia na serenidade dos céus , na transparência das palavras que fazem renascer a magia esquecida , entre virgulas , pontos  e reticências que falam ao coração … É nesta vinha de sonhos, que os desejos de paz , perdão e esperança voam sem interrogações ou narrativas, deixam árvores em flor na brisa mansa do pensamento, deixam jardins de sonhos flutuando , pintado as fantasias que o compasso da vida em flor vai gerando em mistérios de historias num presente sem amor…Hoje é dia das mentiras, e uma verdade dita com má intenção pode derrotar todas as mentiras que se possa inventar,  e eu, gastei todas na minhas na paixão, assim como gastei as minhas verdades no meu amor... Apenas sobrou o que hoje sou!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Hoje olho para o céu calmo, claro, infinito e fico a imaginar como seria o mundo sem os suspiros contidos entre pessoas em suas infinidades, gostos, tendências e sentimentos. Há pessoas, principalmente aqueles, que se aventuram a escrever,  que , vêm o mundo e as coisas muito além do que elas se apresentam e exteriorizam o seu sentir em palavras que nos surpreendem pela profundidade de alguns detalhes que, não raras vezes, nos passam despercebidos. Há contadores de historias que, formam outro grupo de pessoas interessantes por criar atmosferas de puro encantamento. E há os comentadores , que nesta fase do Covid-19 ,  pandemia que não escolhe ricos e pobres, brincam com as palavras porque elas fluem despreocupadamente sem necessidade de objectivarem algo, apenas adjectivando com o seu vigoroso exercício critico que o humano tem na sua relativa criatividade…O que está esta sociedade a fazer, pergunto eu quando os diálogos deveriam apenas estreitar laços de amizade e experiências vividas…  Nesta altura de incerteza as pessoas tem latente no seu âmago apenas as suas inclinações e o seu modo , ou tendências, é necessário estarmos todos atentos a todas as adversidades porque ao avançarmos com a idade , podemos ser mais sábios  mas também ficamos mais vulneráveis ja que os sulcos do nosso rosto deixaram a juventude para trás …Não estou a dizer que nos devemos aprisionar nem viver de lamentações, temos sim que nos preocupar com o que ainda seremos e sobre como poderíamos estar bem! Se neste momento tão único das nossas vidas não deixarmos de fofocas ,   ignorarmos a arrogância  de julgar os outros tão humana,  não poderemos dizer muito mais que a celebre frase “ Quanto mais soubermos sobre não existir , mais dispostos estaremos todos  apenas em Morrer”

segunda-feira, 23 de março de 2020

Hoje ouvi os deuses, choraram ao nascer do dia , senti uma voz entoar nas águas desse choro um canto um poema de pássaros imaginários de mágoas que deslizam e escorrem para o papel ...Hoje sou um trovador e nas sombras senti anjos a verter lágrimas de uma alma lavada , purificada em palavras coloridas de sangue embriagado que escrevo ao rasgar os céus!!! recebo este mar que me banha de angustias , que me rodeia de velas , mastros que a chuva e o vento agitam no silêncio!! Retoco os meus silêncios , desvendo mistérios ocultos da alma, fico nu, desnudo-me ao expor-me em palavras que fluem em linhas direitas, alheias, ao meu próprio ser que transpõe fronteiras, que desliza em sentimentos, na força de um encontro em silêncio!!!As palavras vibram, estremecem, ganham vida, formam-se verbos e metáforas num pálido papel que ganha vida , não o julgues não sei se é belo mas sinto a sensibilidade expressa nele... Não tentem decifrar-me apenas tentem sentir as palavras e deixem-nas envolver-vos como se de um abraço se tratasse!!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Hoje as ruas estão desertas de amantes de esquina,  pobres pessoas que escorraçadas nem sabem bem pelo quê, vem ao longe o jardim imóvel como uma estátua ao abandono esperando o próximo Dia !! Hoje escrevo com a certeza que as palavras de repente fogem, ganham vida própria, correndo pelos seus caminhos …Começamos a escrever uma coisa, mas quando  damos conta as palavras deixam de obedecer ao nosso pensamento, não é que soltemos as suas rédeas por assim estar definido, as palavras é que ganham destino próprio e não conseguimos conte-las ! Sejam palavras escritas ou faladas elas levam perigosamente sentidos que mais cedo ou mais tarde se soltam…É possível através do silencio comedido domar a voz e as palavras, mas!! Palavras escritas tornam-se completamente impossíveis de serem domadas, seja por escritores ou não, duvido que alguém consiga levar a cabo as suas linhas sem que estas tenham dado ziguezagues e mais voltas, transformando-se em algo apenas parecido com o desejado! No nosso texto temos sempre uma idealização que muitas vezes não se consegue firmar sem que o desfecho não altere o sentido desejado. Moral da historia, a escrita de cada um  acaba sempre por criar vida própria que nos acaba por alienar, cada autor , ao seu texto.  É como se fosse um grito, que viaja pelas ondas do espaço, contando lugares longínquos e vai avançando, ruidosamente pelas fendas das ruas , praças , invadindo casas assustando as pessoas levando pensamentos a todos os lugares e a todos os seres… Tenho em mim o grito , essa palavras medrosa, desesperada, muitas vezes arrogante, outras vezes forçada, encurralada na euforia da salvação , que a rouquidão esconde, das guerras , dos gritos de todos os sonhos que o ser humano ainda leva em silêncio para um dia gritar… Fechem-se apenas no grito da voz aguda da exclamação sonora , do pedido de socorro que penetra em cada um dos voluntários espontâneos que todos somos, embriagados pelo medo, desespero, onde  nos fazermos tentar ouvir  no alto do cume da montanha , mas todos nós sabemos que a montanha não exprime sentimentos , é um corpo nu que se veste de luz e entra pelas nossas persianas da vida trazendo as folhagens que decora o meu quintal…

quinta-feira, 12 de março de 2020

Hoje dancei nos rumores dum corpo…Desenhei a febre nostálgica das palavras que esculpi no olhar.  Habitando um jardim sem estações descalcei as águas do tempo nos espelhos da contradição que germinam as sementes do meu olhar… Fiquei sem nada, levei as mãos aos bolsos e nada sobrou a não ser poemas e palavras sem entoação! Este é o retrato de um homem quando já não é Jovem,  existe memorias de barcos de infância que navegam sobre os ramos inquietos que se despregam das folhas amarrotadas de uma vida. Os anos vividos são degraus e esta vida uma escadaria , a porta de entrada enorme e não há forma de a fechar,  entram raios de sol, astros, anjos, sonhos , vendavais mas tudo entra na escadaria…Degrau a degrau a ascensão é lenta, e pintar os céus era o meu sonho, insana mente !! Que chega a ser mais forte que as cores que pinto, um ilhéu pequeno quando tudo o resto é grande, até o tédio, a vida, os das são enormes com as noites mais compridas…O mar esse é feroz , rude ou sereno, como um narcótico, como um desejo que tento prenunciar com esta voz enrouquecida , quase sobrenatural que a solidão eleva como se dum farol eu me tratasse ! É verdade…É que eu, sou do tempo em que haviam amoras nas bermas das estradas, sou do tempo em que os morangos cheiravam na boca,  os frutos amadureciam nos ramos das árvores, e os primeiros versos envergonhados de amor  eram escondidos nos cadernos da escola…Éramos puros, naquele tempo! E hoje ?

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...