Hoje quando acordei já estavam no cais, os barcos adormecidos das águas sem vagas… Só ai o olhar ampara o sopro do vento demorado, que arrasta os sussurros primitivos a cada degrau da escarpa navegada! Não há margens aqui onde habito, as calçadas são desertos, íntimos a preto e branco, os candeeiros repousam as mãos famintas na luz que alumia o artesão a moldar as águas deste mar revolto a baloiçar nas paredes da encosta da minha casa! Não estou a profanar as metáforas, por uma dádiva dos céus, não… Nem tão pouco me agarro à vertigem das sombras que se instalam nas minhas margens, sou fruto de um despiste quase inocente, se for a ver, há tantos como eu, procurando nas outras pessoas a felicidade muitas vezes em mentiras e sorrisos falsos rodeados de verdades enganadas de vidas destroçadas em areias movediças que levam e trazem os navios parados nas praias, as barcas vazias de peixe, as redes espalhadas nas margens do areal dos pescadores por coser…Há miséria e desgraça nas mentiras, vivesse inventando imagens, de sonhos que escutamos em eco nas palavras como se fosse um jogo que quem encontra primeiro vence, mas eu até agora apenas tenho ficado no pódio, encontro sempre em segundo lugar! Posso ate lavar os sonhos, banha-los no pensamento e na espuma perfumada da maresia, que graças à inercia das palavras me acomodo sem partir e sem voar.. Eu sei meus amigos, é preciso soprar na fogueira muitas vezes , mas se ela se apagar não podemos insistir precisamos novamente de uma acendalha…
sexta-feira, 19 de junho de 2020
segunda-feira, 15 de junho de 2020
Hoje conto o tempo, mesmo que eu deixe
de contar os minutos nada deverei ao tempo, sempre vivi na eternidade das
situações , foi ai que meu pensar se debateu nas minhas palavras, soando aos
meus gritos que eclodiram no caminhar dos meus passos… Jamais negar-lhe-ei o
meu esquecimento, todos os seus segundos são sentidos pelos dedos nas
contracurvas vertiginosas das minhas palavras , sinto-me deslizar nas lombas
dos pensamentos, escuto-os no embate inevitável da minha loucura que jamais
entenderei , mas ainda assim acho que merecia ao menos um entendimento
diferente vindo de outros minutos! Na verdade são as palavras que deixam o
silencio ditar nas nossas mãos vazias, a vaidade dos anos que passaram e passam
pelas nossas noites desajeitadas, escuras carregadas de nuvens onde o tempo não
sossega nem um minuto mesmo! Hoje estou assim, flutuando nos segundos onde as
estrelas viajam cheias de cor adensando o luar , silenciando o vento no chão
que reflete a brancura da luz da Lua . Chegamos a uma altura em que o tempo é
apenas nós e a noite, num dialogo gelado onde se saúda a coragem de escutar o
som do compasso onde crescemos, desmaiados como uma maré que se insta-la na margem
e na nudez das rochas …
sexta-feira, 12 de junho de 2020
segunda-feira, 8 de junho de 2020
segunda-feira, 1 de junho de 2020
Hoje vejo o dia como um regresso do Outono e
este é a estação mais equilibrada da alma.
Ele desenha e pinta meus sentidos. Adoro os seus aromas, cores e essa sensação de despedida que deixa no ar…
Outono é saudade e recomeço… Não há momento mais bonito para se virar uma
pagina, para relegar para a memoria aquilo que um dia foi ou desejou-se que
fosse…É como fechar um livro e reabrir outro, onde a nossa vida foi escrita e
descrita nas palavras que se vestiram de sentidos e se fizeram emoção… Abrindo um
novo livro será sempre uma incerteza e esta acarreta novas sensações e emoções de
dias diferentes , não necessariamente bonitos repletos de mil sorrisos, estes
poderão ser feitos de lágrimas e de dor… Nunca sabemos o que vamos desfolhar no
novo livro, há sentimentos que por muito que queiramos , muitas vezes não os
entendemos! Se não podemos ler um novo livro então escrevamos, escrever lava a alma, não temos de sarar feridas, secar lágrimas nem sorrir, amar ou sonhar. Temos sim de viver
uma outra estação como este dia de Outono que nasce em meio de dias de verão…Eu
acho que já aqui coloquei, todos os sentimentos que se podem partilhar. Todos
verdadeiros e sentidos. Muitas vezes nem os vivi mas os salientei como se os
tivesse vivido…Mas não é por não os ter vivido que os deixo de assinar, não deixam de ser meus, mesmo que os tenha
idealizado, sonhado e não os tenha vivido. Sempre fui plagiado, sim eu sei que
tenho sido, mas isso nunca me preocupou, afinal sou humano
e os meus sentidos são iguais ao de toda a gente. Eu já pensei em deixar de
escrever aqui, mas iria perder o rasto aos anos que aqui passei com algumas
pessoas que me são queridas, por muita vontade que alguns , passo a expressão “alarves
mal formados” tenham que eu deixe de escrever, Mas!!! Eu por eles, apenas tenho vontade de manter este capitulo e
jamais deixar guardado bem no fundo da alma os meus pensamentos , odeio analisar
sozinho o que sinto e por isso não o farei e não o tenho de fazer !! Assim meus
amigos despeço-me com a certeza que este dia de Outono que parece despedida, é
e será mais uma renovação.
quinta-feira, 28 de maio de 2020
segunda-feira, 25 de maio de 2020
quarta-feira, 20 de maio de 2020
quinta-feira, 14 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
quarta-feira, 6 de maio de 2020
sábado, 2 de maio de 2020
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...