Hoje
sinto as brisas em danças em meu redor, como uma chama eterna que não se apaga,
envolve-me nesse mistério e fascina-me nos meus enigmas,
inebriando-me na bruma da ventania
perfumada… É perturbador quando a sensualidade dos dias vem dos nossos dedos em chama na propagação
de palavras que se evaporam e nos confundem
como códigos secretos! É nessa inquietude imensa que a alma dos anjos, nos arremessam efervescência de um simples beijo . Eu já encontrei as portas
fechadas, por isso, hoje debruço-me sobre o olhar que busca a chave dessas
portas, mas apenas encontro uma íngreme e esburacada estrada , a estrada da
vida, feita de silêncios, onde apenas a
luz que sobrevo-a o olhar, se aproxima!
Há dias assim que estamos frágeis , envoltos em medos e sentimentos
inconfessados, são estes desencontros , das dúvidas, que nos enlaçam nas
incertezas de um caminho lado a
lado com a nobre sensatez, que nem
sempre temos…De mãos dadas com a insegurança, sou cúmplice dos receios
existenciais da vida, do correto e do
errado que agora também são meus… Quantas vezes
transmito formas algo esquivas aos atos deformados do meu pensamento?
Nem sei se me descubro neste estado de apatia. Penso muito, penso demasiado… Acabo por zelar para que não dêem pela minha
presença. Gosto de estar no meu canto, e ver as águas correr sempre no mesmo
sentido, tantas vezes oposta á direção do meu desejo… Hoje preciso fugir a este
confinamento imposto, preciso de ver as
luzes delicadas à beira-mar que se refletem na corrente negra, e deixam
um rastro que sigo indiferente a tudo e todos. A distância por vezes edifica um
novo rumo, e os trilhos que outrora sorveram as vozes, distanciam-se agora de
um único ponto. A saudade. Fiquem “tranquilos”, não quero que dêem pela minha presença.
Infelizmente ou não, o amor não tem pressa, e eu preciso que ele me permita serenamente
derramar sobre este lago que sou, as águas esquecidas do sonhos derramados… Sinto
esta lacuna, as raízes que demoram a se amarrar ao chão, o que mais tenho suplicado
é conseguir beijar o sol e incendiar os ventos da indiferença …Ter a coragem,
olhar a lua de frente e deixar-me cair no mar imenso para lavar os meus pecados
! Penso tanto nisso, até demasiado… Sinto-me um ladrão de olhares, assaltante
das estrelas, que coleciona as gargalhadas da amizade junto aos tesouros infindáveis da minha cave… Custa-me tanto
pensar que a melhor forma de não me magoar e de não magoar os outros , seja
afastar-me dos caminhos que se iluminam no meu dia! Afastar-me é como esculpir
o amor em pedaços de gelo é isso que a vida me continua a imputar …Uns
tocam-nos levemente o corpo sem nunca nos conseguirem tocar a alma, outros tocam-nos
a alma sem nunca nos conseguirem tocar o corpo…Chego á conclusão que para colher a paz, preciso de plantar na minha vida o silencio...