Hoje já não há quem invente fórmulas químicas para provar que a água que corre sob a ponte que pisamos é diferente das outras. Não venham a palco certificar diferentes linhagens para as águas que passam por nós, dizendo apenas que oferecem diferentes cores consoante a luz que o dia expõe ! Não venham como os políticos que tudo exaltam para ficar sobre a ponte que caminhamos, nem me venham agora dizer que o rio, que apenas visitam fugazmente vai ficar bem diferente daquilo que era já ontem. As águas que o rio arrasta são sempre as mesmas, mesmo, que tragam memórias antigas, elas espelham sempre espaço para dias sombrios como um rio afluente que quase beija as arcadas da minha ponte. Só as barragens podem domesticar este rio. Agora, por mais que chova, as cheias que ultrapassem o esperado, são apenas um leve presságio do que foram no passado! Sinto a brisa do Sado, esse rio que nunca mais ousou crescer, nem para beijar as arcadas da minha ponte. Podem todos especular , mesmo que o rio ousasse transbordar como nunca aconteceu, mesmo que excedesse os seus limites, eu jamais perderia o meu foco de construir uma ponte que me elevasse…Hoje sinto-me enformado nas falésias que se encaixam no caudal, que pela rua corre formando margens entre dois lados, se as pessoas não andassem distraídas, dariam conta que a ponte é um limitador de dois mundos, já que nem todas as palavras são de amor; nem todos os beijos são sentidos. Nem todas as relações com as pessoas são saudáveis; nem todas as palavras ocas matam, ferem a alma de quem ama…Tenho dias assim, em que simplesmente sinto o mundo dentro de mim, como se fosse capaz de o sobrevoar por inteiro e dele me fizesse aprendiz num corpo selvagem onde a vida apenas pede coragem, neste mundo onde tudo acontece , no toque, no som, nos suspiros, que mostram a vida a seguir muito mais além que a nossa ponte…Sou eternamente um começo, um meio, um despertar, que me faz renascer, a cada olhar, a cada travessia na minha ponte!
sexta-feira, 1 de outubro de 2021
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
Hoje pairei no vento, enquanto este elevava as folhas na promessa do outono, Não sei se o céu estava desprevenido na face da sua ausência, mas, confio na estação vindoura, como se fosse um mapa, exposto na sua fina fragilidade do relevo imposto. Visto a armadura preparada para os contratempos, sei que as lágrimas são apenas a tatuagem da angústia que emerge na pele nos dias sombrios, sei que os ofícios que me destratam não pedem favor, mas também sei onde está o refúgio em mim, nessa bússola que levanta o olhar para a paisagem oceânica onde são inventariadas as nossas vivencias. Eu há muito que descobri que a pele contrariada é apenas um peso medido pelos sobressaltos, como uma mão que ergue a meio da tempestade e a concilia… Sinto-me como um corpo que se mete no estuário deste rio, sem medo da maré-viva. Sou apenas mais um lugar da vida , mapeado de cicatrizes, que se reagrupa como moléculas que compõem os palcos de outrora onde um tempo se jogou. Mas , esse tempo está fora do jogo. Agora, sou eu que estou fora do tempo. Congeminando à minha intemporalidade. Sei que posso sair das fronteiras do tempo e procurar-me em qualquer mapa de vida, é como se tivesse descoberto a porta do tempo que me fornece múltiplas possibilidades de ser apenas eu. Não me escondo atrás de biombos que diminuem a minha estatura. Não fujo do que sou. A minha estatura é a dos mares todos juntos. Jogo as marés no propósito da minha viabilidade, não no propósito da minha visibilidade . Sinto que sou mais do que o corpo que o espelho mostra. Não preciso de paradeiro , sou um mapa que se reinventa. Todos os dias.
quarta-feira, 8 de setembro de 2021
Hoje sinto o dia escuro, escondido atrás do meu sorriso, nos cantos dos meus olhos e da minha mente, tentando inutilmente fazer-se despercebido. Esse escuro transparece e grita, onde se nota e clama… Move-se entre as paredes do meu labirinto, é um eterno vagabundo sem outra casa ou outro alento na vida. Vive na sombra acorda-me de manhã sem me deixar dormir à noite, move-me, o dia inteiro, no desejo de que o dia se torne noite outra vez…Pensa ele que passa despercebido em mim! Mas não. Quando tento escapar-lhe, ele toca-me na alma, já começa a ser regular esse aviso, que me faz revirar os olhos, tentar e desistir da busca pela coerência. Mas!!! Quando não o sinto pergunto-lhe se ainda está em mim. Não há uma explicação lógica, não há uma agenda nem um motivo... nem precisa de haver. Continua tudo oculto nos recantos de mim. E faz-me ao menos sentir acompanhado. Mas continua tudo , desafortunado, difícil, persistente, inevitável, Maduro irracional. Como é estranho o vazio me preencher de saudades, inventa histórias feitas de palavras ditas ou pensadas. Transforma-me pensamentos em desejos. Desejos em sonhos. Sonhos em segredos que não se contam a ninguém. Esse dia escuro está escondido. Aí, escondido à vista de todos. E ninguém sabe. Ninguém vê. Ninguém sabe que fica atrás do meu sorriso, nos cantos dos meus olhos e da minha mente. Ninguém sabe que permanece no centro do meu pensamento. Mas ninguém precisa de saber... É esse o sentido do sentir. Acontece dentro de nós. Muda tudo em nós, sem nos mudar. E avança connosco, até parar no transito!!!. Pode não ter nome. Pode não ser claro. Mas está lá, faz-me persistir sabendo que não estou só... Quando não vivemos por fora morremos por dentro, talvez seja esse o escuro que me grita e se move no meu labirinto interno, dizem que tem de estar escuro para se ver as estrelas ... Sinceramente , acho que as minhas 24 horas de muitos dias tem sido diurnas... Sinto-me cansado de muita coisa, de tolerar o intolerável , pode não parecer mas sou um homem humilde, e esta forma particular de expressão de maturidade psicológica, e de saúde mental que tento erguer é sempre genuína e parece transparecer uma certa atitude de tranquilidade interior, ou mais ou menos de paz interior. Mas!! Nem sempre isso é verdade! Esta forma de estar, apenas está associada a uma capacidade de apreciar realisticamente as minhas vulnerabilidades enquanto humano, e muitas vezes é aqui que falo delas mesmo que não exista quem o perceba ...
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Hoje é daqueles dias em que sinto que me falta espaço para caber na minha própria vida, esta reclusão cega-me, deixando-me refém dos delitos que a minha consciência nunca cometeu! Há sem restrições pecados vividos na vã mania do sentir que deliberaram o tremor inconstante do imprevisível que estremeceram as bases frágeis da fraqueza do amor…. Fazendo-me frágil na força e forte na fraqueza! Acreditem que há danos, encruzilhados nas fronteiras dos retratos outrora efusivos que nos declinam, umas vezes amansando, outras mantendo, padecendo, matando em nós o intenso guerreiro que já há muito depôs as armas, fincando indefeso apenas marchando no meio de muitos outros que se afunilam! A verdade é que os horizontes, são feitos de luz que se dissipa inesperadamente. Foge-nos o apego instantâneo do ritmo enclausurado em nossas bases humanas. Talvez pelo desajuste íntimo e humano do tão essencial em ser, estar e viver. Quero muito viver, mas, há pouca nitidez nos pontos aos quais me vou remetendo, no raciocínio que mais parece que foi burlado por um campo de força que se alimenta da nossa felicidade. Dias passam como um piscar de olhos. os anos se atropelam, não há regra que diminua o ritmo da incerteza desordenada, que incide nossos passos a um fatal desgaste…Não é saudável ver a falta de cores nesta vida, o sopro de todos os descuidos retira-nos a clareza, perspicácia do templo que ancora as nossas principais alegrias e vontades! Chego á conclusão que acabamos involuntariamente de dispensar em excesso a nossa capacidade humana de subverter o simples em grandeza e de conferir o pensamento no miserável! . Falta-nos o espaço, suspendemo-nos numa correria sem precedentes com a falsa noção que tudo passara rápido. Mas!! Não! Nós é que nos apressamos sem precisão, sem alinharmos os nossos sonhos pois são eles que realmente nos movem os pés. Tornamo-nos as vítimas dessa fraude que nos lança sem direção a lugar algum...
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
Hoje nem tudo acontece como esperamos. Esta é a verdade mais absoluta da minha vida…. E creio que nunca aprendemos com esta verdade. Acho que faz parte da nossa natureza teimar, lutar contra todas as evidencias que nos fazem voar, ou simplesmente perder o voo que idealizamos... A vida é mais real, se marchamos numa rua em constante construção, há que ver por este prisma diferente que nos leva a encarar as adversidades e os acontecimentos com recetividade, a ponto de colorirmos melhor esse caminho que nos surge, na maioria das vezes cinza. Olhar para trás não significa voltar, porque voltar é exatamente o que não precisamos. Voltar é se deixar afetar. E este não é o propósito. O que passou é como um livro de cabeceira. Afinal, o livro de cabeceira é um livro que nos identifica de alguma maneira, é aquele que já lemos milhões de vezes, mas sempre o consultamos regularmente; às vezes para encontrarmos este algo que nos coloca no chão e nos faz lembrar o que somos; além de elementos que nos atestem de sabedoria e nos ajuda a renovar, para o amanhã melhorar. Mudar de estrada não significa alterar o horizonte que se segue, ou desistir do sonho! Os olhos alcançam mais que as mãos, quando estas acenam em distâncias o que nenhum gesto de corpo é capaz. Mesmo assim continua longe de se ver o além por trás da linha do horizonte. O quadro da vida ao redor, classifica-a e a limita, impõe-nos feito uma estátua com espaços para poucas lapidações. Mas da mesma forma como as paisagens são mutáveis nas nossas vidas, com o tempo, nossa alma se transforma ao mínimo movimento. O olhar pode mirar um simples verso do horizonte e com esse aprendizado nos tornamos capazes de alcançar os sonhos escondidos por trás do tecido celeste que reveste a nossa alma…Ela é o maior reduto de sensações no nosso ser, nunca nos irá abandonar e será o mais oscilante de tudo em nós…Hoje tenho de admitir que me sinto meio perdido nestas linhas tortas da vida!
domingo, 8 de agosto de 2021
Hoje a lua olhou para baixo focando o meu caminho deixando de fora o seu encanto…Não sei o que a fascinou em mim para ter tempo de me acompanhar até casa. Talvez tenha tido piedade e recordou-se de mim e dos meus passeios pela escuridão onde nem se conseguia avistar o verde das árvores e o azul do mar…Estou-lhe muito grato por ter-se dedicado a mim nesta noite …O Sol tinha-me avistado mas!!! Escondeu-se , eu não me iludi ao vê-los! Eu sei que há na caminhada humana todos os meios que levam ao caos ou ao cosmos.. Nunca ignorei isso…Sempre foi assim podemos ser tudo ou apenas metade de tudo, podemos ser solidão solitária ou solidão acompanhada. Vitórias perdidas ou momentos entregues ao luar, ser tudo ou apenas um pouco de algo! Foi sempre assim podemos reflectir-nos num espelho e apenas ver o corpo sem a alma... Podemos sentir a alma sem corpo… Podemos ler o coração sem vontade. Podemos ser metades de metades, divididas aos poucos, até não serem mais do que grãos de poeira a esvoaçarem pelo céu da vida, ocultando o sol e a lua que nos Guia…Hoje perco-me no tempo e não me recordo de colher outra coisa. Apenas metades!!! Metade da vida. Metade da realização. Metade do percurso sem fim que se acumulava em nadas, em vazios, em sensações eternas de metade da vida deste caminho que tarda… Vivo sonhos escritos empilhados em poemas, que se fizeram livros e se arrumaram em estantes onde metade dos sentimentos foram meia mentira... O resto dos sonhos ficaram esquecidos nas meias verdades que dançam valsas sem par...
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Hoje acordei com o sabor a sal de todos os mares que me banham, autografei os cometas da aurora desta cândida paisagem de infância que o frio da noite tatuou no planalto no degelo de mais um sonho que perfurou o silêncio cicatrizado da minha alma, que se expos no alpendre das horas perdidas…Quantas vezes senti os meus dedos derramarem a implacável dor acorrentada nos porões dos veleiros adormecidos, quantas vezes no óbito dos sonhos, deixei de trespassar muros de prisões, no crematório de poemas sem regras na orgia das palavras ! Hoje as palavras tem um obscuro movimento próprio na audácia da sua compreensão, tem vida, movimentam-se por sim mesmas sem casualidade seguindo unicamente o seu movimento próprio. Ainda não sei porque razão em mim, o silêncio ocupa o lugar de tantas palavras no vazio das frases, se não consinto que me devorem, então, que me invadam , me usem , na decadência da subserviência do oportunismo…Hoje é apenas mais um dia de reflexão e sei bem que há dias sem decisões, também sei que há dias de dizer que chega e gritar que basta ... Durante um largo período de tempo percebi que tinha perdido a minha casa, pois na sua morada não existia as responsabilidades que são obviamente divididas e não são imploradas... Estes últimos dias foram dias de imposição, os sonhos abarcaram os meus vazios, deixando asas que não podiam voar. Os remédios da vida chegam com a forma de sons e cores ou então de sabores e gestos , quando o meu remédio vem de uma forma única de amar! Hoje quero ver a Vida, quero ver a poesia a transformar-se, ganhar contornos na sabedoria, na sabedoria emocional e nunca na de ego ou material…Vivo com a verdade de que trago dor e mágoa a várias vidas mas que nunca , nunca …Pela forma de atropelar gente, ou usar os sentimentos alheios para percorrer as horas de um relógio! É que os relógios param os corações explodem, é na lucidez do amor que podemos encontrar todos os paradoxos, se somos semelhantes podemos também ser meros opostos…Hoje sou uma liberdade romântica, sem nunca o ter sido, danço uma valsa platónica na insignificância da escassez que o amor pode ser no infinito da saudade! Amo-vos minhas filhas, são vocês que dão corda ao relógio da minha vida, porém o meu tempo não se mede em relógios , é a vossa vida que me chama ...
domingo, 25 de julho de 2021
Hoje o dia conflui sem certeza, sem cor, sem textura totalmente impercetível., assim como o vazio decora a margem da alma e todas as nuances se extirpam sob o véu da desigualdade, ou se quiserem da tendenciosidade abraçada pelo medo dos dias confusos. Tudo se torna leve por conta do esvaziamento que o findar propicia. A vida equaciona em nossos peitos uma infinidade de sonhos engavetados, que desbotam as virtudes mais concretas. Como Humano, Ui, falta-me certamente tudo, até a garra, que me debruce na esperança e o anseio inefável da paralisia. de tantos entroncamentos e caminhos sem placas de orientação…. Porque a vida não aponta, não deixa evidentes suas maravilhas, ou acontece ou não, no peito há sempre um trampolim que amortece a queda, e engrossa a cortina do céu, escurecendo as expectativas, que a paisagem vislumbrada pelos olhos, sonho cultivado, no solo do nosso peito vai germinando… sinceramente, sinto falta dos abraços que cativam, e escondem em cada um de nós o espetáculo das ausências, de distanciamentos que incidem na solidão em nossas vidas. Todos os dias anoitece dentro, de nós , ai nos findamos como quem se esgota, porque há dias que tudo é levado pelos dias incomuns, pelo silencio dos acontecimentos. E pairamos inertes diante de um passivo desespero, de uma inconsciente condição de receio. A vida por vezes amortece nossos olhares, a saúde que impulsiona o coração a pulsar, os pés a andarem.... E só nos resta aguardar o dia nascer de novo, como em um ciclo ininterrupto de renovação, humana que só finda no nosso último suspiro de vida! A Alma é um reduto de múltiplas sensações que por vezes acabam mesmo por nos abandonar…
terça-feira, 20 de julho de 2021
Hoje eu tenho a certeza que cada um de nós é como um livro que desfolhado, conta a própria historia do inicio ao final . Já o nosso corpo é, apenas uma casa onde a nossa alma habita nesta passagem pelos vivos, partindo apenas quando não couber mais nessa casa, como se quisesse começar uma nova história, um novo livro , que não será aqui, será num outro lugar , se esse lugar existir… Já pesaram que cada dia que passa pode ser tudo que nos resta para viver? Eu realmente não sou um bom exemplo de vida , desperdiço o tempo como se ele fosse infinito, e digo-o, talvez porque existir para mim seja apenas uma circunstancia que me foi imposta. Eu não pedi nada a ninguém , nem fui inquirido nunca acerca da minha existência! Mas!!! Estou aqui por muito que muitas vezes tenha vontade de rumar para bem longe daqui…Para longe do que sou, para longe de mim…Seria tão bom , conseguirmos sair sem destino, mas …Não fui inquirido, mas fiquei com obrigações que me seguram a este lugar ! Nem dá para sair um pouco dos escuros das noites, dos problemas, das angústias... Hoje, gostava de sentar-me á beira mar e olhar o céu contado, ao mesmo tempo as estrelas, mas humanamente isso também não é possível , nem sei quem as criou para lhe agradecer a beleza criada ! Não há mesmo uma forma possível de eleger a estrela do céu mais bonita, nesta existência ao mesmo tempo tão imensurável como o infinito em que me deixo perder… O mundo está uma rebelião, como posso entender que ao mesmo tempo que este céu lindo que me cobre seja o mesmo que vê um mundo doentio, de valores, afetos, que não dignificam a bravura e a fé dos nossos antepassados …Enfim , estou aqui e adorava ao menos ficar á deriva no meio do oceano apreciando esse momento único onde tanta estrela brilha , não sei se para me iluminar o olhar , ou para se despedir deste mundo que se afunda … Pergunto-me a mim mesmo , invocando os Deuses se as brisas e as estrelas que brilham são ou não uma tela viva pintada por Deus!
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Há pessoas que se amarram a nós envoltas em maresia para que não saibamos distinguir as linhas do seu nome…Deixam na praia um búzio para que as oiçamos nos ecos das marés antes de sumirem mar dentro! Há passos delicados na areia e sereias ao longe a quem pergunto, quem são, apenas o mar me responde! Sou feito de terra, diluíra-me nestas águas antes de poder encontrar-te… Hoje dorme o teu nome na boca dos peixes…Eu , trago o sopro de uma noite nos cabelos e todas as vozes, que não quis ouvir, seguram os botões quase soltos deste manto em forma de neblina que me envolve… Vivo dentro da janela, que pintei à rebeldia, no muro que atravessa o virtual do real…Aqui as noites são claras e consigo tocar a lua com a palma da minha mão…Aqui sou um homem que não existe, escrevo em todos os muros invisíveis, uma frase dedicada à cegueira do Ser ."Talvez seja esta janela, o paradigma que vos falta" Apesar das poeiras e da lama onde as almas se arrastam, amanhece a vida dentro da janela, que pintámos à rebeldia, no muro que atravessa a neblina . Sinto que, em todos os muros se pode abrir uma janela…A janela do amor, é a que mais visibilidade nos dá, aprendemos a amar não as pessoas mas os sentimentos das pessoas, aprendemos a conviver com os defeitos que temos e perdemos tempo demais procurando a pessoa perfeita, sendo que ela só existia dentro de nós. É muito estranho quando Idealizamos pessoas incríveis, dispostas mentalmente e fisicamente a se adaptarem a nós, ao nosso estilo. Mas isso é errado porque assim, estamos desejando secretamente encontrar alguém compatível com o melhor de nós! Eu falo por mim, as expectativas, essas, já não são mais as mesmas, pois passei a administrá-las e não projetá-las em ninguém. Já usei os sonhos como uma tela branca, para desenhar os meus desejos. Hoje uso-a como tela pronta, para me equilibrar… Não é que já tenha aprendido tudo, nem tão pouco consiga controlar todas as minhas emoções , porém separo a raiva da razão, o desgosto da compreensão e a ansiedade de todos os motivos . Deixei de viver o futuro e aprendi a apreciar o presente, impedindo que ele se torne um passado frio e amargo… Aprendi muito. Mas aprendi a me amar antes de buscar qualquer tipo de amor em alguém. O amor só existe quando conseguimos encontrá-lo dentro de nós ao invés de em alguém… Por vezes o amor é, representado em coisas tão simples na vida do ser humano, que mais vale fechar os olhos e sonha-lo!
sexta-feira, 9 de julho de 2021
Hoje quando me enfileiro entre os demônios, deixo guiar a vontade ao centro nervoso do meu interior, acuso o que decididamente me desorienta e ao mesmo tempo acomoda. Não dá para ficar à parte… As maiores mazelas moram dentro de nós, como uma doença adoece o nosso mundo, o olhar esse, fatigado anui a dor que vive à custa da nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Sinceramente não sei, se ao menos a luta fosse abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se elevar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, os calçados... Esta mudança é interna ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Que a luz desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à minha alma com destreza e delicadeza, sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós mesmos ao longo dos anos. Mas!! O mundo é reflexo de nós. Sua manutenção nem sempre é espelho de nossas ações. Esta Pandemia tem sido uma revolução nas nossas vidas mesmo que nem sempre tudo que gira em torno dela seja autêntico, ficamos ancorados, de coração e sonhos cada vez menos ativos! Hoje o peito devora-me em saudade, alienando o silêncio para as profundezas. Por tanto tempo estive adormecendo minhas memórias para reciclar um pouco de paz. Contudo, hoje exalta a vontade de delirar os versos do que tenho sentido, porque nem sempre é possível, nem sempre há dia para desejar e noites para amar... Nem sempre há estrelas cintilando na arquitetura esplêndida dos céus; nem sempre há olhos para admirá-las. Nem sempre as palavras nascem e se intercalam com doçura. Mas quando elas surgem, surgem, e nem sempre há alguém para quem lê-las. Nem sempre há abraços. Nem sempre falta deles ou de quem os dê. Nem sempre há beijos e dedos entrelaçados. Nem sempre há falta de afeto ou só saudade. Nem sempre há carinho. Nem sempre ...
terça-feira, 6 de julho de 2021
Hoje é arda a entrega do passo que nos direciona sem um abraço. É o amor que gira pelo peito, nasce e frutifica, floresce e nos arquiteta com a estrutura que compõe os nossos sentimentos. O sentimento até lateja intermitente em nós, reerguendo-nos das quedas, tal como o sangue que potencializa a vida que o coração nos entrega. Padecemos na tentativa de negar, de fugir de uma mão que nos convida a adentrar num navio pronto para navegar no maior dos oceanos. Porque para amar é preciso aceitar o convite de um vento que tremula intermitente sobre o nosso mundo. Hoje eu apenas me desprendo para dar mãos, novamente, à poesia para esta me soltar o grito e quem sabe me reencontrar. Que a luta seja com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se regenerar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes que sempre vestiu... Esta mudança é interna ornamenta os caminhos que desbravo com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura na árvore da vida. Que os Deuses se desacomodem e finalmente intervenham pela mudança estritamente imprescindível à alma. Com destreza e delicadeza., sem causar vandalismos na minha áurea que construí dentro de mim ao longo dos anos. Basta um deslize e escorrego, tombo da tênue corda onde a minha diminuta alma caminha. A cada choque com o chão, desmorono como fugitivos amedrontados. A vida é mesmo assim, uns nos tiram o sonho, outros nos devolvem os sonhos…É esta dialética que não consigo alcançar com a razão, nem de dia nem envolto no mistério da noite! Sinto-me um simples sopro de existência que rodopia na luz e na escuridão …É este duelo de síntese que não me faz quente nem frio, nem mais nem menos, nem som nem silêncio , nem negro nem branco, apenas um ser que tenta a superação aos seus limites , isso leva-me a olhar e não ver…
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...