terça-feira, 26 de outubro de 2021

 Hoje sento-me em mais um ponto de partida , tantas vezes me sentei aqui , nesta muralha da vida,  logo eu , que me fixo como uma rocha no agora, eis-me a sucumbir com o peso da mesma no dia de  Hoje! É a  solidão que nos faz parte integrante deste estado de sítio… Sentado, fico a ver a alma que deambula pelas ruas  da vida, sei bem que há dias em que a  alma sai veloz à procura de paz e quietude! São os estranhos desígnios dos Deuses! Será que este tempo tem razão para ser amargo?  O tempo define-se como o melhor mestre para tudo. Como quem veste uma burca sigo de rosto coberto, como quem não vê e enterra sonhos na poeira do asfalto, fico de olhos limpos na lacrimejante aceitação da lagrima que resvala no colo onde a seiva suga a ultima gota do fruto perdido. Há dias assim , em que a esperança acaba engolida pela sede das sombras que se semeiam, sem pedir permissão, no pó da ampulheta da vida , que grão a grão,  soma-se ás palavras que sobram  nos sentimentos  à deriva, dando forma ao pensamento da semente em espera, indivisível no caminho …Não me sinto nem perto nem  longe, do antes e do agora. Apenas me revejo na idade das almas, no que estas apertam e calam porque é ai que me procuro, não em tudo onde me achei porque em nada posso caber se em algo sobrar…Hoje se eu cortar os dedos a esta voz, qualquer coisa basta , mesmo sem nunca ser bastante eu jamais saberei de minha existência e vocês nem perceberão que eu existo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 Hoje cresço na nudez das pedras que desmaiadas pernoitam na margem das marés vertendo-se nos caudais áridos do sal que se espumam pelo seu relevo. De onde provem todos os nossos dias, senão das pedras que se fixam assim, como as velas se fixavam aos barcos do antigamente! Subo para cima, nesta ilha de uma jangada imperfeita que navega abruptamente por entre relâmpagos que os céus devolvem a esta ilha desamparada que leva nas mãos do infortúnio um caminho que ignora as placas e nos faz sentir perdidos…Chamo as chuvas ao meu céu, que seja  tão liquida,  que se precipite por entre os dedos das minhas mãos fazendo-me escancarar as janelas onde já acendi a luz que derramou das estrelas. Hoje fixo a cor indefinível das marés,  que enrolam em cada frase minha,  todas as areias que as minhas mãos ancoraram, faço-o por tudo,  pelo luto, pelas palavras, sim, até por todas as palavras parcas, modestas, que se afogam,  se fundem por lucidez ou distração numa outra! Eu já subi ao mastro mais alto da vida, onde os mares fazem  os seus ninhos, para lá do azul do horizonte, onde o mar sangra espumas brancas  nos escombros dos trilhos dos barcos…Sei bem que não há nenhum céu escondido nesse mar, onde tenho-me banhado nestes anos de vida, ainda assim sei que há muito mais que esperança , mas eu não consigo obrigar o meu corpo a nadar quando até a minha alma se afoga no silêncio! Ainda não tive a oportunidade de sentir o mundo sem que este me exija mais do que aquilo que tenho para dar, corro, grito , elevo-me , chego a voar mas apenas nas águas onde o mar ainda não se espumou…É ai que fica a minha casa vazia onde muito antes de haver luz eu me afogo nas palavras.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 Hoje vos digo que muitas  vezes aquilo que sentimos é tão envolvente que nos faz sentir unos, fortes e nem deixa a chuva ou o sol nos tocar ...Por dentro abriga-nos , por fora desgasta-nos deixando-nos encalhar nas nuvens sem porta sem rótulos apáticas, quase mortas pelos punhais  emergidos das ondas convulsas sem fim! Podemos coar o silêncio, sorrir para as estrelas, murmurar na escuridão que os ecos do nosso corpo,  jamais deixarão de caminhar no inventario  das memorias, que o sal acendeu no nosso corpo! Eu já acreditei que podia voar despido  nos canteiros que plantei no teu olhar mas!!!  Os orvalhos da noite derramaram a chuva e o clarão do sol nos beijos que um dia selei, são a certeza que podemos ser tão densos como as palavras, como o prazer indeciso na inquietude dos sorrisos que nos despem a defesa do corpo...Eu já vesti as estrelas e lancei sobre a fogueira da vida, a lava de um vulcão, hoje algemo o amor na saudade dos sorrisos  passados e escondo o eco do silêncio no meu olhar...Há dias assim, que a estrada da decisão traça um caminho que não esperávamos,  ouvimos a porta a trancar da rua, os gestos perdem-se na escuridão que arrefece o dia que ficou amarrado apenas ouvindo o desejo inteiro a cair, apenas entrado por um sonho perdido na porta que se fechou...Hoje fico aqui, empurrando tudo para dentro de mim, quando volto a trás apenas pare reler o caminho que perdeu por extenso as palavras que arrumo como fragmentos! Jamais me irei sentir nesta vida como um génio , mas nesta natureza que me atraiçoa prefiro a musica desolada onde me escondo á cegueira de ser apertado contra o vazio dos imortais... 

sábado, 9 de outubro de 2021

Hoje tropeçamos em caminhos dúbios numa reza por um céu mais limpo, onde os medíocres promovem  as suas mediocridades tombando-nos num desalento coletivo. Os tempos são traiçoeiros, ficamos focados na consequência das noites á luz de focos invertidos que não iluminam causas, dobrando-nos a convicções que rompem no manto escuro que retira a crença…Sinto-me humano, descuidado, sem foco de estrelas, que não se consegue governar no bairro da hipocrisia onde fervilha uma crescente força de lamaçal ! Até parece que foi ontem , que vestia-me de fogo ao transpor os riachos sem medo de me molhar,  deixava-me ficar de pele molhada na boca das brisas que colhiam o silêncio da floresta no ventre da vida… Parece que foi ontem que os céus pintavam a alma sem profanar os segredos das nossas margens, parece mesmo que foi ontem, que os desejos imprimiam-se na nossa carne como quem tatua com pinceladas os sussurros de um corpo imóvel! Parece que foi ontem, que senti os sabores dos beijos que perdi no sentido da saudade desta pele de mendigo que a minha alma reclama na mingua da brisa deste folgo. Parece que foi ontem,  que as minhas palavras se insuflaram nos ventos e esbarraram nas janelas fechadas das marés que o tempo levou, amo-vos filhas perante a transparência que a luz deste dia amontoa nesta ilha onde fiquei retido reclamando a liberdade desta dor que a cada dia doí mais e teima em não acabar… Parece que foi ontem, mas tudo muda e nós também, peço-vos apenas que me voltem acordar quando tudo acabar...Somente por amor é que alguém, coloca as mãos no lume e se queima, somente por amor movemos terras e céus, rasgando os véus num salto para o abismo sem olhar para trás, somente por amor e até parece que foi ontem, é  ai que a vida se refaz...   





sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Hoje já não há quem  invente fórmulas químicas para provar que a água que corre sob a ponte que pisamos é diferente das outras. Não venham a palco certificar  diferentes linhagens para  as águas que passam por nós, dizendo apenas que oferecem diferentes cores consoante a luz que o dia expõe ! Não venham como os políticos que tudo exaltam para ficar sobre a ponte que caminhamos, nem me venham agora dizer que o rio,  que apenas visitam fugazmente vai ficar bem diferente daquilo que era já ontem. As águas que o rio arrasta são sempre as mesmas, mesmo, que tragam memórias  antigas, elas espelham sempre  espaço para dias sombrios como um rio afluente que quase beija as arcadas da minha ponte. Só as  barragens podem  domesticar este  rio. Agora, por mais que chova, as cheias que ultrapassem o esperado,  são apenas um leve presságio do que foram no passado! Sinto a brisa do Sado, esse  rio que nunca mais ousou crescer, nem para beijar as arcadas da minha ponte. Podem todos especular ,  mesmo que o rio ousasse transbordar como nunca aconteceu, mesmo que excedesse os seus limites, eu jamais perderia o meu foco de construir uma ponte que me elevasse…Hoje sinto-me enformado nas falésias que se encaixam no caudal, que pela rua corre formando margens entre dois lados, se as pessoas não andassem distraídas, dariam conta que a ponte é  um limitador de dois mundos, já que nem todas as palavras são de amor; nem todos os beijos são sentidos.  Nem todas as relações com as pessoas são saudáveis; nem todas as palavras ocas  matam,  ferem a alma de quem ama…Tenho dias assim, em que simplesmente sinto o mundo dentro de mim, como se fosse capaz de o sobrevoar por inteiro e dele me fizesse aprendiz num corpo selvagem onde a vida apenas pede coragem,  neste mundo onde tudo acontece , no toque, no som, nos suspiros, que mostram a vida a seguir muito mais além que a nossa ponte…Sou eternamente um começo, um meio, um despertar, que me faz renascer, a cada olhar, a cada travessia na minha ponte!


quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Hoje pairei no vento, enquanto este elevava as folhas na promessa do outono, Não sei se o céu  estava desprevenido na face da sua ausência, mas, confio na estação vindoura, como  se fosse um mapa, exposto na sua fina fragilidade do relevo imposto.  Visto a armadura preparada para os contratempos, sei que as lágrimas são apenas a tatuagem da angústia que emerge na pele nos dias sombrios, sei que os ofícios que me destratam não pedem favor, mas também sei onde está o refúgio em mim, nessa bússola que levanta o olhar para a paisagem oceânica onde são inventariadas as nossas vivencias. Eu há muito que descobri que a pele contrariada é apenas um peso medido pelos sobressaltos, como uma mão que ergue a meio da tempestade e a concilia… Sinto-me como um corpo que se mete no estuário deste rio,  sem medo da maré-viva. Sou apenas mais um lugar da vida , mapeado de cicatrizes, que se reagrupa como moléculas que compõem os palcos de outrora onde um tempo se jogou. Mas ,  esse tempo está fora do jogo. Agora, sou eu que estou fora do tempo. Congeminando à minha intemporalidade. Sei que posso sair das fronteiras do tempo e procurar-me em qualquer mapa de vida, é como se tivesse descoberto a porta do tempo que me fornece múltiplas possibilidades de ser apenas eu. Não me escondo atrás de biombos que diminuem a minha estatura. Não fujo do que sou. A minha estatura é a dos mares todos juntos. Jogo as marés no propósito da minha viabilidade, não no propósito da minha visibilidade . Sinto que sou mais do que o corpo que o espelho mostra. Não preciso de paradeiro ,  sou um mapa que se reinventa. Todos os dias.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Hoje sinto o dia escuro,  escondido atrás do meu sorriso, nos cantos dos meus olhos e da minha mente, tentando inutilmente fazer-se despercebido. Esse escuro transparece e grita, onde se nota e clama… Move-se  entre as paredes do meu  labirinto, é um eterno vagabundo sem outra casa ou outro alento na  vida. Vive na sombra acorda-me de manhã sem me deixar dormir à noite,  move-me, o dia inteiro, no desejo de que o dia se torne noite outra vez…Pensa ele que passa despercebido em mim! Mas não. Quando tento escapar-lhe, ele toca-me na alma, já começa a ser regular esse aviso,  que me faz revirar os olhos, tentar e desistir da busca pela coerência. Mas!!! Quando não o sinto pergunto-lhe se ainda está em mim. Não há uma explicação lógica, não há uma agenda nem um motivo... nem precisa de haver. Continua tudo oculto nos recantos de mim. E faz-me ao menos sentir acompanhado. Mas continua tudo , desafortunado,  difícil,  persistente,  inevitável,  Maduro  irracional. Como é estranho o vazio me preencher  de saudades,  inventa histórias feitas de palavras ditas ou pensadas. Transforma-me pensamentos em desejos. Desejos em sonhos. Sonhos em segredos que não se contam a ninguém. Esse dia escuro está escondido. Aí, escondido à vista de todos. E ninguém sabe. Ninguém vê. Ninguém sabe que fica atrás do meu sorriso, nos cantos dos meus olhos e da minha mente. Ninguém sabe que permanece no centro do meu pensamento. Mas ninguém precisa de saber... É esse o sentido do sentir. Acontece dentro de nós. Muda tudo em nós, sem nos mudar. E avança connosco, até parar no transito!!!. Pode não ter nome. Pode não ser claro. Mas está lá, faz-me persistir sabendo que não estou só... Quando não vivemos por fora morremos por dentro,  talvez seja esse o escuro que me grita e se move no meu labirinto interno, dizem que tem de estar escuro para se ver as estrelas ... Sinceramente , acho que as minhas 24 horas de muitos dias tem sido diurnas... Sinto-me cansado de muita coisa, de tolerar o intolerável , pode não parecer mas sou um homem humilde, e esta forma particular de expressão de maturidade psicológica, e de saúde mental que tento  erguer é sempre genuína e parece transparecer uma certa atitude de tranquilidade interior, ou mais ou menos de paz interior. Mas!! Nem sempre isso é verdade! Esta forma de estar, apenas está associada a uma capacidade de apreciar realisticamente as minhas vulnerabilidades  enquanto humano, e muitas vezes é aqui que falo delas mesmo que não exista quem o perceba ...

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Hoje é daqueles dias em que sinto que me falta espaço para caber na minha própria vida, esta reclusão cega-me, deixando-me refém dos delitos que a minha consciência nunca cometeu! Há sem restrições pecados vividos na vã mania do sentir que deliberaram o tremor inconstante do imprevisível que estremeceram as bases frágeis da fraqueza do amor…. Fazendo-me frágil na força e forte na fraqueza! Acreditem que há danos, encruzilhados nas fronteiras dos retratos outrora efusivos que nos declinam, umas vezes amansando, outras mantendo, padecendo, matando em nós o intenso guerreiro que já há muito depôs as armas, fincando indefeso apenas marchando no meio de muitos outros que se afunilam! A verdade é que os horizontes, são feitos de luz que se dissipa inesperadamente. Foge-nos o apego instantâneo do ritmo enclausurado em nossas bases humanas. Talvez pelo desajuste íntimo e humano do tão essencial em ser, estar e viver. Quero muito viver, mas, há pouca nitidez nos pontos aos quais me vou remetendo, no raciocínio que mais parece que foi burlado por um campo de força que se alimenta da nossa felicidade. Dias passam como um piscar de olhos. os anos se atropelam, não há regra que diminua o ritmo da incerteza desordenada, que incide nossos passos a um fatal desgaste…Não é saudável ver a falta de cores nesta vida, o sopro de todos os descuidos retira-nos a clareza, perspicácia do templo que ancora as nossas principais alegrias e vontades! Chego á conclusão que acabamos involuntariamente de dispensar em excesso a nossa capacidade humana de subverter o simples em grandeza e de conferir o pensamento no miserável! . Falta-nos o espaço, suspendemo-nos numa correria sem precedentes com a falsa noção que tudo passara rápido. Mas!! Não! Nós é que nos apressamos sem precisão, sem alinharmos os nossos sonhos pois são eles que realmente nos movem os pés. Tornamo-nos as vítimas dessa fraude que nos lança sem direção a lugar algum...

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

 Hoje nem tudo acontece como esperamos. Esta é a verdade mais absoluta da minha vida…. E creio que nunca aprendemos com esta verdade. Acho que faz parte da nossa natureza teimar, lutar contra todas as evidencias que nos fazem voar, ou simplesmente perder o voo que idealizamos... A vida é mais real, se marchamos numa rua em constante construção, há que ver por este prisma diferente que nos leva a encarar as adversidades e os acontecimentos com recetividade, a ponto de colorirmos melhor esse caminho que nos surge, na maioria das vezes cinza. Olhar para trás não significa voltar, porque voltar é exatamente o que não precisamos. Voltar é se deixar afetar. E este não é o propósito. O que passou é como um livro de cabeceira. Afinal, o livro de cabeceira é um livro que nos identifica de alguma maneira, é aquele que já lemos milhões de vezes, mas sempre o consultamos regularmente; às vezes para encontrarmos este algo que nos coloca no chão e nos faz lembrar o que somos; além de elementos que nos atestem de sabedoria e nos ajuda a renovar, para o amanhã melhorar. Mudar de estrada não significa alterar o horizonte que se segue, ou desistir do sonho! Os olhos alcançam mais que as mãos, quando estas acenam em distâncias o que nenhum gesto de corpo é capaz. Mesmo assim continua longe de se ver o além por trás da linha do horizonte. O quadro da vida ao redor, classifica-a e a limita, impõe-nos feito uma estátua com espaços para poucas lapidações. Mas da mesma forma como as paisagens são mutáveis nas nossas vidas, com o tempo, nossa alma se transforma ao mínimo movimento. O olhar pode mirar um simples verso do horizonte e com esse aprendizado nos tornamos capazes de alcançar os sonhos escondidos por trás do tecido celeste que reveste a nossa alma…Ela é o maior reduto de sensações no nosso ser, nunca nos irá abandonar e será o mais oscilante de tudo em nós…Hoje tenho de admitir que me sinto meio perdido nestas linhas tortas da vida!

domingo, 8 de agosto de 2021

Hoje a lua olhou para baixo focando o meu caminho deixando de  fora o seu encanto…Não sei o que a fascinou em mim para ter  tempo de me acompanhar até casa. Talvez tenha tido piedade e recordou-se de mim e  dos meus passeios pela escuridão onde nem se conseguia avistar o  verde das árvores e o azul do mar…Estou-lhe muito grato por ter-se dedicado a mim nesta noite …O Sol tinha-me avistado mas!!! Escondeu-se ,  eu não me iludi ao vê-los! Eu sei que há na caminhada humana todos os meios que levam ao caos ou ao cosmos.. Nunca ignorei isso…Sempre foi assim podemos ser tudo ou apenas metade de tudo, podemos ser solidão solitária ou solidão acompanhada. Vitórias perdidas ou  momentos entregues ao luar, ser tudo ou apenas um pouco de algo! Foi sempre assim podemos reflectir-nos num  espelho e apenas  ver o corpo sem a alma... Podemos sentir a alma sem corpo… Podemos ler o coração sem vontade. Podemos ser metades de metades, divididas aos poucos, até não serem mais do que grãos de poeira a esvoaçarem pelo céu da  vida, ocultando o sol e a lua que nos Guia…Hoje perco-me no tempo e não me  recordo de colher outra coisa. Apenas metades!!! Metade da vida. Metade da realização. Metade do percurso sem fim que se acumulava em nadas, em vazios, em sensações eternas de metade da vida  deste caminho  que tarda… Vivo sonhos escritos empilhados em poemas, que se fizeram livros e se arrumaram em estantes onde metade dos sentimentos foram meia mentira... O resto dos sonhos ficaram esquecidos nas meias verdades  que dançam  valsas sem par...

sexta-feira, 30 de julho de 2021

 Hoje acordei com o sabor a sal de todos os mares que me banham, autografei os cometas da aurora desta cândida paisagem de infância que o frio da noite tatuou no planalto no degelo de mais um sonho que perfurou o silêncio cicatrizado da minha alma, que se expos no alpendre das horas perdidas…Quantas vezes senti os meus dedos derramarem a implacável dor acorrentada nos porões dos veleiros adormecidos,   quantas vezes no óbito dos sonhos, deixei de  trespassar muros de prisões, no crematório  de poemas sem regras na orgia das palavras ! Hoje as palavras tem um obscuro movimento próprio na audácia da sua compreensão, tem vida, movimentam-se por sim mesmas sem casualidade seguindo unicamente o seu movimento próprio. Ainda não sei porque razão em mim, o silêncio ocupa o lugar de tantas palavras no vazio das frases, se não consinto que me devorem,  então, que me invadam , me usem , na decadência da subserviência do oportunismo…Hoje é apenas mais um dia de reflexão e sei bem que há dias sem decisões, também sei que há dias de dizer que chega e gritar que basta ... Durante um largo período de tempo percebi que tinha perdido a  minha casa,  pois na sua morada não existia as responsabilidades que são obviamente divididas e não são imploradas... Estes últimos dias foram dias de imposição, os sonhos abarcaram os meus vazios, deixando asas que não podiam voar.  Os remédios da vida chegam com a forma de sons e cores ou então de sabores e gestos , quando o meu remédio vem de uma forma única de amar! Hoje quero ver a Vida, quero ver a poesia a transformar-se, ganhar contornos na sabedoria,  na sabedoria emocional e nunca na de ego ou  material…Vivo com a verdade de que trago dor e mágoa a várias vidas mas que nunca , nunca …Pela forma de atropelar gente, ou  usar os sentimentos alheios para percorrer as horas de um relógio! É que os relógios param os corações explodem,  é na lucidez do amor que podemos encontrar todos os paradoxos, se somos semelhantes podemos também ser meros opostos…Hoje sou uma liberdade romântica, sem nunca o ter sido, danço  uma valsa platónica na insignificância da escassez que o amor pode ser no infinito da saudade! Amo-vos minhas filhas, são vocês que dão corda ao relógio da minha vida, porém o meu tempo não se mede em relógios , é a vossa vida que me chama ...

domingo, 25 de julho de 2021

Hoje o dia conflui sem certeza, sem cor, sem textura totalmente impercetível., assim como o vazio decora a margem da alma e todas as nuances se extirpam sob o véu da desigualdade, ou se quiserem da  tendenciosidade abraçada pelo medo dos dias confusos. Tudo se torna leve por conta do esvaziamento que o findar propicia. A vida equaciona em nossos peitos uma infinidade de sonhos engavetados, que desbotam as virtudes mais concretas. Como Humano, Ui, falta-me certamente tudo, até a garra, que me debruce na esperança e o anseio inefável da paralisia. de tantos entroncamentos e caminhos sem placas de orientação…. Porque a vida não aponta, não deixa evidentes suas maravilhas, ou acontece ou não, no peito há sempre um trampolim que amortece a queda, e engrossa a cortina do céu, escurecendo as expectativas, que a paisagem vislumbrada pelos olhos, sonho cultivado,  no solo do nosso peito vai germinando… sinceramente, sinto falta dos abraços que cativam, e escondem em cada um de nós o espetáculo das ausências, de distanciamentos que incidem na solidão em nossas vidas. Todos os dias anoitece dentro, de nós , ai nos findamos como quem se esgota, porque há dias que tudo é levado pelos dias incomuns, pelo silencio dos acontecimentos. E pairamos inertes diante de um passivo desespero, de uma inconsciente condição de receio. A vida por vezes amortece nossos olhares, a saúde que impulsiona o coração a pulsar, os pés a andarem.... E só nos resta aguardar o dia nascer de novo, como em um ciclo ininterrupto de renovação,  humana que só finda no nosso último suspiro de vida! A Alma é um reduto de múltiplas sensações que por vezes acabam mesmo por nos abandonar…

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...