quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Hoje converto-me em poesia sem sabê-la, Há pessoas que me chamam poeta, mas eu não me atrevo em um pouco a sê-lo, só sinto tanto por desconhecer toda a rede da poesia…Mas, sou humano, apenas por busca-la corajosamente e tentar escrever…Mesmo que não a saiba definir, o que seria eu sem ela,  uma alma apenas que é nas letras que se alivia, e nas letras que dia após dia se esconde! Somos senhores de nossas decisões,  nos deixamos cegar se quisermos, vivemos numa  linha de tiro que ricocheteiam inebriantes e lívidas sensações de vários sentidos. Ficamos reféns dos delitos cometidos pela inconsciência, dos pecados vividos na vã mania de sentir e deliberar tudo o que se distingue pelo território que nos circunda. O tremor inconstante do imprevisível pousa dilacerante, estremecendo as bases  do peito...Somos frágeis na força,  fortes na fraqueza, impávidos no amor. Nossos danos ficam encruzilhados nos semblantes, retratos efusivos do que aperta e se declina, amansando, mantendo, matando, nascendo e padecendo tudo em nós. Somos intensos, guerreiros lançados ao escuro, sem armas, sem defesas, sem roteiros de sobrevivência. Demasiado é o caminho por onde recolhemos, por onde marchamos com o intuito de revelar territórios invadidos, e as  doenças penetradas em nosso perímetro tão desconhecido. O encontro interno é um embate que nos afunila. É intenso este foco pelo ajuste cego, em razão da subjetividade presente em nossa inconsciência, retemos a inspiração que debruça nas palavras sem composição, largando as roupas frias de corpos quentes, de desejos da pela que enxaguam a coisa mais ardente do ser humano, ficando apenas as roupas nuas , coladas ao sopro da boca  que mais mentiu! Hoje  o vento se fez curva , descendo e aquecendo a boca ainda suja do amor que não me pertence…Hoje acordei assim com os olhos alagados pela distancia de tantos mundos,  do mundo,  que me colheu.

sábado, 27 de novembro de 2021

 Hoje assisto ao começo da noite e os cinzeiros já estão repletos de meias palavras, porque será que escolhemos tão pouco aquilo semeamos. O Outono veio como se viesse por outra via, como se viesse de dentro para fora, por isso talvez até consiga ouvir o escuro da noite e escrever apenas numa dobra do tempo, como se essa fosse uma tarefa única e livre de todos os meus pensamentos e recordações. Todos temos dias assim em que vamos buscar imagens que o nosso olhar fotografou de olhares alegres, risos suaves, silêncios de paixão, que nos torna o coração dormente. Há que dar cor á mudança, deixar os ventos soprar e desbotar as tristezas passadas. Há dias que é tão fácil desenhar o silencio no nosso rosto, mas outros que custa…Com isto a noite voou-me das mãos , abriu as cortinas e deixou entrar a luz fazendo esquecer de novo a noite que partiu suavemente sem nunca dizer adeus, pintando as cores apenas da razão… Parece uma roda de vida onde tudo se vive e escreve, uma viagem sem ir nem vir, onde a luz do dia cai-nos das mãos,  resvalando para de novo deixar-nos envolver pelo escuro da noite que se avizinha! Ela trás no rosto as coisas que já sei,  gotas de trevas a desenharem as rugas mais perfeitas no eco, que deixei na minha vida inflamar,. Solto silabas secas sem brilho das estrelas,  ainda assim, ofuscam a lua que perdeu o seu poder sobre as marés ...Hoje apenas falo de pedras paralelas aos rios, portas sem números, ruas sem nomes, vidas desgastadas embrulhadas no fumo amargo do cigarro que deixei a consumir-se ao abandono,  no cinzeiro , esta cruz lancinante que engole tantos silêncios  e sirenes que o vento desviou - Vou fechar a pagina , não vou mais falar, hoje sinto o corpo gelado, o Universo penetrou-me , sinto o seu peso profundo, na sua dor que me esmaga o cérebro,  irrompendo-me um queixume de alma! O que escrevo , é como um esconderijo onde as silabas se inquietam muito antes de qualquer inicio... Nisto há a probabilidade de se unirem e formarem uma palavras, mas!! Há um tempo onde as letras rodopiam e regressam antes de qualquer inicio, a isto chamo Alma, e é esta a magia do despontar do inicio a cruzar-se com o fim,  a alma e o corpo transforma-se numa única silaba. Os poemas nascem, e o espaço, está cada vez mais vago,  há um tempo no corredor da vida  onde há o inicio e o fim. 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Hoje doí-me  ver te assim minha filha, minha  Margarida , tenho a esperança que toda a ciência te possa ajudar e se algo meu precisares para cá continuar , terás o que precisares,  a vida sem ti e  sem a tua irmã para mim não faz sentido de todo. Só quando percebemos no calor das inquietações, acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de desembaraçá-los. Aguçamos o olhar. Os erros ficam salientes. É preciso, muitas vezes, a retomada do nosso equilíbrio. Em meio a tantas reflexões, caímos em nós. O mundo não precisa de um alinhamento. Quem precisa somos nós… Quando nos enfileiramos ante nossos demônios, e guiamos a vontade ao centro nervoso dos delitos interiores, acusamos o que decididamente nos desorienta e acomoda. Não dá pra ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós. Nossa doença adoece o mundo. Nosso olhar fatigado anui a doença que vive à custa de nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Penso que sim. Viremos a página então. Façamos revolução e manifesto no mundo que mais nos aprisiona e nos entorpece: o interior.  Que a luta seja abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se curar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo. Minha filha há noites claras de silêncio, como esta que fiz a teu encontro, uma viagem sem destino em que todos os metros contam, nos olhares vazios , nos pensamentos sem sonhos, nas aragens frias onde me dispersei para apenas te viver e te amar na dor…Eis uma das coisas que nem sei escrever, esta solidão que não sei viver no percurso ao rumo esquecido! Um grande homem , ao contrario do que muita boa gente julga, não é apenas um produto dos próprios méritos, não basta para o formar um conjunto de qualidades, mas também um enorme conjunto de circunstâncias. Estou aqui meu Anjo, para o que for preciso sem vacilar , acredita…. Esta estrada parece não ter fim,  foi tão fácil encontra-la, é tão difícil fingir o sorriso, quando o que mais quero é chorar…


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Hoje vou-me encostar sobre o olhar das sombras, para vaguear na luz indecisa, para fazer do instante que me tocaram a mão na despedida, retirada da intensidade do olhar. Há segundos e imagens que tem uma duração eterna nos nosso corpos, eles roçam o suficiente no olhar para provocar e fazer-nos explodir para o espaço, num tempo infinito. Qual é a forma menos dolorosa? Quais são as palavras menos amargas? Qual é o tempo menos frágil?  Qual é o lugar mais isolado? Qual é o começo menos confuso? Qual é o final menos horrível? Qual é a fórmula menos Injusta? Qual é a pergunta menos estúpida? Qual é a  justificação mais banal? Qual é a despedida menos lacrimosa? Qual é o silêncio menos pesado e a marcha com a franquia mais baixa para acabar com estas extravagâncias? Tanta pergunta e eu sem respostas, transponho assim dias em que o tempo pouco importa, carregando sombras nesta bagagem faz de mim um mendigo sem luz, inventado para os lábios um sorriso que tenta disfarçar a dor lapidada por um improviso feito de um juízo…Como posso eu escrever poemas, se as palavras que me cortejam não tem nome, não tem pudor, poem-me ao descoberto, me mordem , me lambem , me beijam numa heresia na estrada que sigo , que, quase sempre é a mesma que volta! Para que, então  tanta pressa...Eu sei  e assumo que gosto de beijar cicatrizes, eu sei que ai, a pele é mais forte , é onde as lembranças nos mordem os sentidos, e estas, desenvolvem-se de varias formas , tamanhos , logo eu que  sempre convivi com cicatrizes. Porque gosto delas? Gosto delas porque é lá que a dor encontra a sua única forma,  crescendo de novo na pele onde houve sangue, caminhos que já percorridos tem sido apenas o único lugar da vida. Hoje estou assim como quem se liga de gesso e ligaduras, enrolando-me, tombando-me no tempo, fazendo-me nada ver á minha volta ou então desapareceu mesmo tudo do meu olhar! Bem as questões de hoje são exatamente as mesmas de ontem, o dia dobra-se entre este empoeirado de palavras , talvez enfadonho mas é onde me sento, deixando-me ficar …Na realidade não cabem no tempo todos os verbos que já conjuguei, nem tão pouco a pressa que o mundo tem, assim não cabem no tempo os olhares perdidos nem as vidas vazias, construa-se castelos bem acima das nuvens que nos permita passear neles depois de erguidos, porque só reiniciamos a construção de um castelo quando um dos existentes ruir …Na minha face , derramo o absurdo da sua lembrança, um elmo de imagem que tento arquivar na esperança da sua volta! Para quê querer um céu, se nem os Deuses conseguem viver nele!

domingo, 14 de novembro de 2021

Hoje é daqueles dias que me sinto perdido, resignado até, digo  a mim mesmo, que sei como ninguém como vai ser difícil adiante … Ao imprimir a palavra chega, então já sei que vem ai dor porque há coisas que não podemos corta-las das veias não! Então, apagarei simplesmente as luzes e vocês ai limitem-se a trancar as portas…Não sairei deste quarto até, que nada mais sinta, porque amigos tenho medo daquilo que sou, a minha mente parece viver numa terra estrangeira, sinto que gastei todas as reservas no meu amor em quem não o merecia…Tudo o que me resta e que sei é que amar alguém é um puzzle sem resolução  Simplesmente já me disseram para partir,  e não voltar a olhar para trás , vocês certamente também já caminharam nessa estrada muitas vezes,  também já devem conhecer todas essas frases , é como se esperancem encontrar então alguém bem melhor que nos mesmos, e voltar-nos a quebrar de novo! Meu deus, quero muito que exista alguém que quando eu estiver a sucumbir, cuide um pouco de mim, apenas um pouco…quando eu estiver lá! Espero que haja alguém…Oh, estou com medo deste final de caminho, entre a luz e lugar nenhum, eu não quero ser o único deixado ali para trás…Paralisarei aqui ou me afogarei na ausência de luz , será que haverá alguém que me deixe o Coração livre, para me segurar de vez quando eu cair de cansado… Há ao nosso redor algo que nos une que trai os nossos olhos, que alimenta o sorriso com uma fala que grita em silêncio. Movimentamos como que comandados por cordas, feito um fantoche nas mãos da vida. O corpo se acidenta quando sonha com, o amor em curvas que desapontam o coração, arrastando-nos por entre rotas estreitas, contra a vontade da razão dos desejos tão independentes que uniformizam a pele com o calor dos sentimentos. Tenho tanta saudade que confesso, começo a ficar imobilizado a força motriz que sustenta as pálpebras, mesmo diante da dor é quase impossível nos desvencilharmos do olhar que nos toca como se tivessem mãos, esse olhar que me invade por entre frestas ornamentadas do meu coração que se revelam com a elegância da poesia… Nem sempre é possível admitir, que existe um olhar arrematando nossas margens mais seguras, que nos refresca como uma brisa lancinante e intensa, que se demonstra de uma forma ardente, o silêncio pode ser poderoso, mas não nos deixa em paz, pois algo dentro de nós grita fazendo injustiças se revelarem como uma fragância que nem sempre cheira ao que desejávamos …A boca nem sempre revela o que o coração tanto queria dizer , e as palavras tremulas dos dedos imprecisos escondem o amor que se sente... Por isso, limito-me a tentar receber o respeito dos demais que por aqui passam, tendo a ousadia de ser eu mesmo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Hoje procuro no interior, da minha existência todos os sentidos remexendo-os , trocando-os de um lado para outro para quem sabe ver algo dentro de mim que ainda não encontrei…Decido retirar tudo dentro de mim , para ver mesmo bem, incluindo os órgãos que se limitam a seguir a batida do dominante coração que bate descompassadamente sem um ritmo definido.  Todos os momentos e sentimentos vão se agrupando nesta mesa , onde coloco todos os meus tesouros escondidos, alguns , bem esquecidos já, diga-se de passagem…Não encontro aquele que procuro , desisto, volto a arrumar tudo no respetivo lugar , tento senti-los buscando aquele que realmente me faria falta neste momento , eu que sou tão arrumado, fico incrédulo mas!! O ultimo que tento arrumar agora não entra dentro de mim, e ainda agora todos se agrupavam dentro de mim, o que se passa !? Não sei se a vocês vos acontece o mesmo mas, é a escrever que encontro nestes rabiscos, as palavras que graciosamente ficam no precipício de outras com todos os sentimentos como se fosse uma caixinha de surpresas a que eu chamarei de universo. Hoje falo para quem me lê ou segue,  pois são muitos mais os que me leem do que aqueles que revelam que me seguem. Eu nunca tive necessidade de ser ou tentar sequer ser um escritor , aquilo que me move a escrever é a sensação de liberdade que as palavras me dão, assim como a força que eles me transmitem…Escrever torna-se num combustível para chegar ao intimo da minha alma onde está o único refugio dos meus sentimentos, e isto tornou-se num alicerce que me sustem e me mantem de pé. De quê me vale, caminhar , ouvir, liderar , trabalhar se tudo o que faço é sempre pouco e se tudo o que posso é sempre insuficiente, infelizmente posso pouco mesmo…Sigo como posso ! As vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito! Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo. Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. Por isso hoje ajoelho-me no altar das palavras, como se lhes prestasse um culto sagrado de silencio com as mãos e as enchesse dos nadas que tantos dias me oferecem. Em cada silaba converto as interrogações que desfolham os sentidos de dentro para fora de mim,  como quem junta peças de sossego nas raízes da alma que os suspiros inventam…

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Hoje , bem hoje o tempo, me desagua num rio de só um sentido, como se eu fosse um náufrago, de uma busca suspensa ! Recuso-me a morrer junto a esta janela da vida, devolvam-me o tempo e por favor , deixem-me usa-lo …Ele nunca é suficiente para um pleno conhecimento do sentido das nossas vidas, das nossas paixões e dos nossos amores, então resta-nos o protesto o inconformismo porque o tempo , esgota-se…Apesar de tudo…Com ou sem memorias, ás vezes descobrimos que o pouco que usamos foi mal…A única forma que tenho é escrever como protesto, porque escrevo sem precisar de falar a verdade ou recorrer á mentira. Debito a ficção com a realidade a todas as palavras que ouso proferir, escrevo palavras que correm de mãos dadas ou às avessas, embaladas quase sempre em doses ponderadas para nunca serem  desmedidas e ferirem os outros. Hoje apenas afago a escuridão, como se precisasse dela, por isso já nem lhe irei oferecer mais resistência,  deixarei por ela me sugar, ajoelhando-me nas palavras que me prestam um silencio sagrado,  escondendo a noite que se adensa , no toque que as silabas verbalizam em mim, fazendo derramar os sentidos que rebentam o peito em interrogações expulsando o corpo para fora de mim mesmo! Estou compondo os restos do meu corpo como se dum puzzle se tratasse , vou juntando peças, tentado erguer das raízes um traço da alma que pelo caminho ficou tatuada no corpo em palavras … Não escrevo para que me leiam , isto jamais será um poema , isto é apenas um grito! Se a vida vai ter que ser de silencio , então que ele me faça dançar sem me cansar com os sons da minha alma, porque em mim toca uma orquestra, vários dias sonora que me preenche, noutros a poesia que me embala, sonho com uma musica de violino mas viajo na voz das palavras…

domingo, 31 de outubro de 2021

Hoje as palavras geram reflexões,  ler às vezes não faz meditar. Mas para quê? Para pensarmos e aprendermos algo que acrescente à alma? Mudar atitudes, nem  sei… Às vezes as palavras pesam e confundem a mente. Qualquer frase que nos leva a refletir nos espanta, silencia-nos. Em certos momentos esvaziamos e não queremos mais que somente viver; mas o que é viver?  E retirar pessoas das nossas vidas porque,  queremos mais delas , nem sei isto intriga-me e não há segundo ; sem que as palavras não me intriguem, por isso chega me um sorriso ou uma paz interior.  Há momentos em  que ficarmos presos às complexidades que o olhar sobre a vida nos impõe. O mundo anda confuso, as pessoas e suas problemáticas já preenchem nosso cotidiano com uma diversidade de pensamentos que ficamos penalizados, quando não, pensamos da mesma forma. Pensar para quê? Se a vida por si só, já nos aniquila com sua realidade cruel. Refletir sobre certos temas é bom, mas quem não gosta de simplesmente esvaziar a mente e focar os olhos no horizonte?  Bom mesmo é somente caminhar, sem saber para aonde; somente olhar sem saber por quê; amar sem motivo algum; viver sem uma busca específica. Leveza é isso, é um desligamento do que amarra nossa mente em confabulações desnecessárias. Por uns minutos que seja, queremos somente estar presentes, vivos numa vida que orienta com sua simplicidade. Que seja somente para olhar estrelas, ou dar as mãos numa caminhada, mesmo que tudo não faça sentido.  As vezes um pensamento, por mais reflexivo que seja não nos apetece, não estimula nosso coração. Diante de tanto caos, há vezes que não desejamos pensar muito. Queremos somente um pouco de paz, uma viagem silenciosa por palavras que abracem sem códigos, sem descrições enfeitadas ou imbuídas com significados. A mente, por vezes, quer ser livre, somente. Para sonhar com alegria, sem cortinas atrapalhando. Portanto, que hoje a simplicidade impere. Hoje vamos apenas olhar, sentir as palavras, nutrir o nada que elas são, o vazio que há nestas frases,  ou lição presente em cada palavra absorvida. Leiam, sintam, amem. Silenciem-se. Vivam! O mundo e o amor , não tem de ser igual para todos e isso é fantástico, pois podemos amar sem alguma vez ter de o proclamar,  justamente por não impor limites, por permitir que cada olhar seja sentido de forma única e diferente por cada um de nós.  As vezes amamos muito mesmo mas não conseguimos resgatar  o significado que os outros idealizaram mas! Mesmo que para os outros nada signifique, por trás de  cada palavra que escrevemos  há sempre uma imensidão de sentimentos, e nenhuma boca pode dizer as palavras que eu sinto...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 Hoje sento-me em mais um ponto de partida , tantas vezes me sentei aqui , nesta muralha da vida,  logo eu , que me fixo como uma rocha no agora, eis-me a sucumbir com o peso da mesma no dia de  Hoje! É a  solidão que nos faz parte integrante deste estado de sítio… Sentado, fico a ver a alma que deambula pelas ruas  da vida, sei bem que há dias em que a  alma sai veloz à procura de paz e quietude! São os estranhos desígnios dos Deuses! Será que este tempo tem razão para ser amargo?  O tempo define-se como o melhor mestre para tudo. Como quem veste uma burca sigo de rosto coberto, como quem não vê e enterra sonhos na poeira do asfalto, fico de olhos limpos na lacrimejante aceitação da lagrima que resvala no colo onde a seiva suga a ultima gota do fruto perdido. Há dias assim , em que a esperança acaba engolida pela sede das sombras que se semeiam, sem pedir permissão, no pó da ampulheta da vida , que grão a grão,  soma-se ás palavras que sobram  nos sentimentos  à deriva, dando forma ao pensamento da semente em espera, indivisível no caminho …Não me sinto nem perto nem  longe, do antes e do agora. Apenas me revejo na idade das almas, no que estas apertam e calam porque é ai que me procuro, não em tudo onde me achei porque em nada posso caber se em algo sobrar…Hoje se eu cortar os dedos a esta voz, qualquer coisa basta , mesmo sem nunca ser bastante eu jamais saberei de minha existência e vocês nem perceberão que eu existo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 Hoje cresço na nudez das pedras que desmaiadas pernoitam na margem das marés vertendo-se nos caudais áridos do sal que se espumam pelo seu relevo. De onde provem todos os nossos dias, senão das pedras que se fixam assim, como as velas se fixavam aos barcos do antigamente! Subo para cima, nesta ilha de uma jangada imperfeita que navega abruptamente por entre relâmpagos que os céus devolvem a esta ilha desamparada que leva nas mãos do infortúnio um caminho que ignora as placas e nos faz sentir perdidos…Chamo as chuvas ao meu céu, que seja  tão liquida,  que se precipite por entre os dedos das minhas mãos fazendo-me escancarar as janelas onde já acendi a luz que derramou das estrelas. Hoje fixo a cor indefinível das marés,  que enrolam em cada frase minha,  todas as areias que as minhas mãos ancoraram, faço-o por tudo,  pelo luto, pelas palavras, sim, até por todas as palavras parcas, modestas, que se afogam,  se fundem por lucidez ou distração numa outra! Eu já subi ao mastro mais alto da vida, onde os mares fazem  os seus ninhos, para lá do azul do horizonte, onde o mar sangra espumas brancas  nos escombros dos trilhos dos barcos…Sei bem que não há nenhum céu escondido nesse mar, onde tenho-me banhado nestes anos de vida, ainda assim sei que há muito mais que esperança , mas eu não consigo obrigar o meu corpo a nadar quando até a minha alma se afoga no silêncio! Ainda não tive a oportunidade de sentir o mundo sem que este me exija mais do que aquilo que tenho para dar, corro, grito , elevo-me , chego a voar mas apenas nas águas onde o mar ainda não se espumou…É ai que fica a minha casa vazia onde muito antes de haver luz eu me afogo nas palavras.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 Hoje vos digo que muitas  vezes aquilo que sentimos é tão envolvente que nos faz sentir unos, fortes e nem deixa a chuva ou o sol nos tocar ...Por dentro abriga-nos , por fora desgasta-nos deixando-nos encalhar nas nuvens sem porta sem rótulos apáticas, quase mortas pelos punhais  emergidos das ondas convulsas sem fim! Podemos coar o silêncio, sorrir para as estrelas, murmurar na escuridão que os ecos do nosso corpo,  jamais deixarão de caminhar no inventario  das memorias, que o sal acendeu no nosso corpo! Eu já acreditei que podia voar despido  nos canteiros que plantei no teu olhar mas!!!  Os orvalhos da noite derramaram a chuva e o clarão do sol nos beijos que um dia selei, são a certeza que podemos ser tão densos como as palavras, como o prazer indeciso na inquietude dos sorrisos que nos despem a defesa do corpo...Eu já vesti as estrelas e lancei sobre a fogueira da vida, a lava de um vulcão, hoje algemo o amor na saudade dos sorrisos  passados e escondo o eco do silêncio no meu olhar...Há dias assim, que a estrada da decisão traça um caminho que não esperávamos,  ouvimos a porta a trancar da rua, os gestos perdem-se na escuridão que arrefece o dia que ficou amarrado apenas ouvindo o desejo inteiro a cair, apenas entrado por um sonho perdido na porta que se fechou...Hoje fico aqui, empurrando tudo para dentro de mim, quando volto a trás apenas pare reler o caminho que perdeu por extenso as palavras que arrumo como fragmentos! Jamais me irei sentir nesta vida como um génio , mas nesta natureza que me atraiçoa prefiro a musica desolada onde me escondo á cegueira de ser apertado contra o vazio dos imortais... 

sábado, 9 de outubro de 2021

Hoje tropeçamos em caminhos dúbios numa reza por um céu mais limpo, onde os medíocres promovem  as suas mediocridades tombando-nos num desalento coletivo. Os tempos são traiçoeiros, ficamos focados na consequência das noites á luz de focos invertidos que não iluminam causas, dobrando-nos a convicções que rompem no manto escuro que retira a crença…Sinto-me humano, descuidado, sem foco de estrelas, que não se consegue governar no bairro da hipocrisia onde fervilha uma crescente força de lamaçal ! Até parece que foi ontem , que vestia-me de fogo ao transpor os riachos sem medo de me molhar,  deixava-me ficar de pele molhada na boca das brisas que colhiam o silêncio da floresta no ventre da vida… Parece que foi ontem que os céus pintavam a alma sem profanar os segredos das nossas margens, parece mesmo que foi ontem, que os desejos imprimiam-se na nossa carne como quem tatua com pinceladas os sussurros de um corpo imóvel! Parece que foi ontem, que senti os sabores dos beijos que perdi no sentido da saudade desta pele de mendigo que a minha alma reclama na mingua da brisa deste folgo. Parece que foi ontem,  que as minhas palavras se insuflaram nos ventos e esbarraram nas janelas fechadas das marés que o tempo levou, amo-vos filhas perante a transparência que a luz deste dia amontoa nesta ilha onde fiquei retido reclamando a liberdade desta dor que a cada dia doí mais e teima em não acabar… Parece que foi ontem, mas tudo muda e nós também, peço-vos apenas que me voltem acordar quando tudo acabar...Somente por amor é que alguém, coloca as mãos no lume e se queima, somente por amor movemos terras e céus, rasgando os véus num salto para o abismo sem olhar para trás, somente por amor e até parece que foi ontem, é  ai que a vida se refaz...   





Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...