domingo, 3 de abril de 2022
segunda-feira, 28 de março de 2022
Hoje a saudade fechou os olhos no tombar do grito da pobreza no beco da alma, as esmolas ressoam nas mãos ressequidas pela pequenez que nos forma e gere. Rompeu-se o destino, em mil farrapos incertos e o mundo não avança nesta correria sem medida contra o tempo desmedido de portas e janelas fechadas, escondendo as estrelas, no medo dissecante do corpo desmaiado nos escombros da vida esvaziada ! Já nada resta, ninguém diz nada, pelos pedaços de gente caídos na rua, que se extrema na solidão. Resta-nos abrir a alma a um grito de pobreza, na calçada de pedra fria…Fomos esmagados, inoculados, feridos, roubados, nas passadas largas dos que nos tocaram, esse pedaço de gente que passou nas nossas margens, que cada vez são mais alheias ás dores, gemidos , olhando apenas os céus , não escutam nenhuma palavra , são pedaços de gente de olhar turvo de rostos tapados de raiva e fome de pão…Escondem a miséria na lentidão do tempo, vibrando palavras feridas na frescura das marés, onde os lábios ecoam a saudade dos beijos selados nas dunas deste sonho, que se espuma ente os dedos das mãos que vertem a água cansada pelo olhar parado. Hoje escrevo com as mãos despejadas pelo olhar, nesta maré rasgada pelo rosto que escolhe entre o escuro da noite e o renascer das gotas de água salgada que as lagrimas sulcam no negro do nosso olhar! Escrevo lágrimas que fogem entre o vazio dos dedos e o gemido da primavera… Estas margem povoadas pelo esquecimento, fazem dançar a água que tomba do gotejar ácido da eternidade silenciada, lamentos de falsas esperanças que se esvaziam no doce perfume do soluço inocente que nos provocaram…Quando as nossas passadas se tornam pedras o travo arrepiante despe-nos, na rendição mentida! Mintam-me hoje outra vez mas com o desenho da verdade ….
terça-feira, 22 de março de 2022
Hoje sinto que me escondo das palavras, esqueci-me do verbo que me despe as roupas, mas veste na saudade a lua minguante …Esqueci-me dos socalcos da maresia que em mim sussurram a falésia do olhar, cegueira da lua branca, nua que ilumina esta praia de silêncios…O que posso eu fazer com as palavras, o que posso fazer com os sorrisos se estes não cabem nas gavetas? O que faço com as palavras que tentei escrever, pergunto-vos, alguma vez se sentiram presos a perguntas, quando são as respostas, a verdadeira liberdade que nos pode empurrar para a luz e faz o nosso corpo suster a respiração na sombra. Hoje reflito sobre o medo, e ele pode ser feroz. Invade as artérias da nossa casa como uma lâmina afiada cortando a esperança pela raiz…É como a água a desbravar caminhos, derruba defesas e passa. O medo senta-se à nossa mesa dorme na nossa cama grita-nos ao ouvido até obrigar a alma a sair apropriando-se do corpo, silenciado na voz. Hoje é no desconhecido, que estamos, enquanto desenhamos uma linha ténue de vida! Hoje ergo as mãos aos céus e peço-lhe que me agarre nas mãos cheias de ansiedade e com o seu luar as una e as faça exclamar silêncios para quem mais precise, de uma esperança para se erguer... Eu já ouvi os Deuses, não sei quem são, nem se algum dia as minhas linhas se irão poder cruzar com as suas, mas se eles estão por aqui, peço-lhes apenas mais um pouco de força, é que a sofrer ninguém nos pode ajudar, temos de ser nós mesmos a assumir essa despesa… Habitamos um corpo para que haja gestos!!!Eu sei que mora em mim uma força desconhecida, que alimenta moinhos da imaginação, faz mover as folhas das árvores como se fosse uma brisa silenciosa que se propaga pelo infinito, não consigo explicar este mistério que brota nos meus silêncios sob a forma de palavras, frases, pensamentos, sensações...Mas!!! Tenho medo da incongruência do vazio, que me invade quando nada tenho a dizer…Se colocar a minha armadura ai sim irei mostrar como sou forte, e como qualquer ser humano , posso me tornar incontrolável e quando assim estou tenho sempre algo a dizer! Por isso meus amigos, hoje assumo que a vida é um eterno encontro com as perguntas. O problema é que vamos deixando de fazê-las a nós mesmos, preferindo as respostas prontas, a muita coisa que nos cria desinformação e isso nos afasta da chance de nos conectarmos ao nosso mundo mais chegado, tornando-nos pouco tolerantes com aqueles que preferem habitar nos relvados da duvida ou simplesmente que pensam de forma diferente da nossa. Passamos a saltar de uma certeza para outra, deixando escapar aquilo que nos é tão sagrado, como a humildade, no qual ai sim, podem brotar resoluções e respostas ás nossas perguntas. O tempo vai cedendo-nos um espaço onde as imagens fervem todas juntas na fogueira, fazendo transbordar sob o olhar do nosso ser, os sentimentos que vertem na alma as pétalas dos pensamentos cujos os afetos vão estampando as palavras na tábua da vida .
quarta-feira, 16 de março de 2022
Hoje é daqueles dias em que se cessa o brilho dos céus na inspiração que se esgota nos sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação ou até em desformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro e horizonte longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe e nos faz vacilar. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para ceifar e desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se na poeira e na água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apneia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é apenas leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer alma, espaço ou composição, mas, nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras que de mim ver-to e aos pouco se adensam no vazio do caminho ! São elas que me habitam, neste tempo imemorável, das nossas vidas, escondidas no mais intimo espaço da alma que embriagam a essência , dos sentidos convertidos na composição das letras em palavras... Hoje a verdade não se inventa, ela existe, assim como as letras são a solução dentro de mim… Elas formam palavras que não consigo pronunciar , frases que o tempo não consegue apagar …Transformando a lua minguante em lua crescente ao som de melodias de saudade que o vento faz derramar dentro de mim!
terça-feira, 8 de março de 2022
Hoje sinto falta de tanta coisa que tenho vontade de enumerar umas quantas ... Sinto falta dos sonhos que me embalaram a alma. Dos sorrisos tontos que nascem nos lábios, das memorias, que trazem de volta um instante cheio de magia…. Hoje sinto falta da doçura de um beijo trocado de olhos fechados, do toque suave de uma alma na minha, na força com que o sentir nos arrasta a sentirmo-nos vivos… Sinto nas horas em que o mundo parece não mais existir…porque nele só algumas pessoas eram o meu mundo… Há!! Sinto falta das palavras que foram ditas… Aquelas que me fizeram sonhar, querer amar… Dos silêncios em que o coração parecia entender a ausência imposta ou desejada…já não sei…Sinto falta de uma ilusão que me fez voar por caminhos desconhecidos, por retalhos de uma vida que poderia ter sido…e morreu no sonho em cada novo amanhecer… Da fantasia e das historias de encantar onde podia ser quem eu quisesse…até ser aquilo que nunca fui… Sinto falta das promessas nunca feitas em que um dia tudo seria diferente… Das horas em que fui capaz de soltar as palavras mais doces que alguma vez meus lábios soltaram…Das coisas impossíveis que consegui…apenas por um segundo aqui…Sinto falta simplesmente de amar …Da entrega inconsequente… Sinto Falta de ser uma alma aberta, onde todos os recantos iluminados para que nada fosse escondido… para que cada caminho pudesse ser trilhado sem medo do desconhecido… Ser perfeito nesta imperfeição, que é ser eu…apenas eu… Mas!! Hoje é um dia que se destaca pelas mulheres, celebrando o seu próprio dia! Tudo faz sentido em dias assim, a felicidade reina nos céus e a mulher para quem não sabe, foi durante muitos anos um simples farol , hoje ela vista muito mais que um foco de luz , hoje ela é uma estrela que guia e transmite esperança como um poema que deslumbra, a mulher é um ser indivisível que se encheu de gloria deixando de ser apenas um lago para se tornar um Oceano. O amor até pode começar aqui na palavra , mas é no olhar que ele se imortaliza! Dia Feliz para todas as mulheres deste mundo, as minhas e as vossas...
sexta-feira, 4 de março de 2022
Hoje sinto que, já perdi o caminho pelo sentimento perdido… Sem saber por onde ando e para onde vou, sei se caminhar não fará qualquer sentido, fico com duvida de onde estou e onde me encontro! Existem pedras geladas no caminho, espalhadas pelo afeto vivido, cada passo sinto alçar-se um degrau, que deixa para trás um amor, no devaneio do seu silêncio abafado pela tristeza que no coração pode ser eterna até se amar, novamente ! O dia amanheceu com um céu coberto de nuvens. Cheira a nostalgia e pede o mesmo aconchego que um dia triste de Inverno… De vez enquanto, um raio de sol mais teimoso, ilumina o cinza com que se vestiu também, minha alma… No pensamento, as cores de outros dias, pintam telas imaginadas. Momentos sonhados ao ritmo de uma ilusão que se repetiu vezes sem conta nas horas vazias em que o coração batia devagarinho… Olhando o horizonte limitado pela realidade, pergunto-me se o céu irá chorar suas lágrimas de chuva… Talvez sejam as gotas salgadas que nascem no rio do desassossego, as únicas a caírem…Por detrás deste desfile de palavras , há sons mágicos, toques na alma, silêncios perfumados, marés vazias, olhares perdidos, nevoeiros descobertos, bocas sedentas, mãos sedosas e um tempo em que nos recolhemos…Recolhemo-nos sobre a tábua vazia, das cores das palavras que prescrevem na alma a tonalidade que ficou no frio de uma noite branca, suspensa nos sonhos lacrimejantes do silencio . Há gestos nas sombras empobrecidas do tempo, fazem rolar pedras na carne magoada, fazem cair espinhos que rasgam os pensamentos deixando este caudal sombrio que se fecha antes do sorriso e se abre na angustia do pavor do caos mundial… Há olhares de fogo, bombardeados pelo pranto das mágoas que desfilam nas pisadas dos pés dolentes de quem foge sem conseguir despoletar um grito no silencio escondido. Hoje tombam as ultimas gotas desse vermelho , indesejado, deixando derramar o espirito de cidades, aldeias, onde as bocas famintas erguem-se em prol de uma nação, das cores de uma bandeira, não pela glória , mas pela cruel e vil imposição da ignorância dum autocrata que vai sulcando covas no deserto de leste … Enterra-se a vida a irmãos e a alma não acorda, apenas treme!
terça-feira, 1 de março de 2022
Hoje poucos sabem quando o amor acaba! Porque ele acaba quando poesia desiste dos olhos, quando uma janela se torna janela apenas, quando as estrelas são apenas pontos no céu, quando o sonhar se faz tão-somente no intervalo entre os dias… O amor acaba pela reincidente aridez dos olhares, pelos laços que endurecem, pelos espinhos que se cativa, e pelas feridas que se cultivam… A distâncias que nascem entre nós e a vida, entre nós e o outro são a resposta!!! E o que dizer do amor que jamais morreu por não ter fim, mas que vai desmaiando até deixar de o ser ... Qual é a linha, a palavra ou a essência que traça o limite entre o que éramos do que não mais seremos? Talvez o amor só deixe de o ser, por não ter espaço por onde florescer. Sei que não faço poesia, o que escrevo não tem o timbre de outros tempos e que quando a minha alma adoece, este mundo padece de dor, e tudo em redor se desmantela como castelo de cartas em dia de vendaval. Não faz mal, um dia a luz virá e do nada surgira de novo o caminho que desconheço o destino! Perdi-me do tempo em que facilmente encontrava o caminho hoje em mim reina apenas silêncio...Deus é mudo eu sou apenas seu seguidor! Quem me dera conseguir escrever um rio de palavras, que transbordassem a debitar vida, amor ou a queda das paixões ardentes de desejos simples...Se tivesse a hipótese de o fio do que sinto, ou até sem pudor me atirar-se à sorte sobre os sons do destino eu deixaria de ser nas palavras o que escrevo, passaria a ser uma sátira de setas que acertavam apenas Alvos... se um dia eu me transformasse num poeta nem que fosse por uma hora ou dia, esse seria o tempo de fazer amor, porque o poema quer- se vivo.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Hoje os pensamentos são assim mesmo…Parecem um muro feito de pedras todas encaixadas umas nas outras… Umas são escondidas pelas memorias esquecidas num tempo tão antigo que quase já não lembramos…Mas!! Outras, com tamanhos muito variados, cada qual com seu peso em nossa vida… Estão todas empilhadas ao acaso das lembranças, das lágrimas e dos sorrisos… Não são apenas pedras que o tempo vai enfeitando de nostalgia no decorrer longo dos anos…São muito mais que isso, e talvez o amor seja parte desse processo em que nós levamos, suavemente o outro de volta para esse muro. A construção desse muro é uma corrida de linhas imperfeitas do nosso ser, inventado sorrisos nas pontas dos nossos dedos, quando tentamos encaixar pedra sobre pedra… Muitas vezes encontramos o que não queríamos encontrar, o que não queríamos ver ! Todos temos muitas historias , pintadas com palavras coloridas, telas de emoções que sentimos e que sonhamos …Com as cores do arco-íris para disfarçar e esconder feridas…Mas!! O sonho acordou-me e com toda a clareza pude enfim ver…Que há historias nascidas em mim, que são desejos apenas meus… Tatuados na imperfeição do meu ser… É como caminhar descalço num caminho de conhas, por muito que os pés se desviem é inevitável pisá-las, convertendo o caminho num precipício até á outra margem . Podemos até escutar sussurros na outra margem, mas é tão fácil cair e ser engolido pela areia, queremos parar, estacionar , mas o amor é dinâmico, queremos pedalar e somos arrastados pelas algas que envolvem o coração nas suas mil definições. Ele perde-se em pensamentos quase sempre enigmas do próprio sentir! Eu , já muitas vezes tentei estudar suas batidas e sempre que estive quase a desvendar seu mistério, ele encheu meu peito e mudou o ritmo como que empurrado por uma ventania qualquer. Há dias que bate mais para um lado do que o outro. Para a esquerda, deixa-me perdido em emoções que se atropelam e toldam o raciocino, fazendo cada tentativa de interpretação uma teia de aranha impossível de penetrar. Depois há aqueles dias que bate a direita do peito e que se torna um coração disciplinado e muito controlado em que a única emoção a descobrir é a paz sentida...Falar do meu coração é quase entrar na biografia do sentimento , serio! Que complicado é conhecer o sentimento. Nasceu algures num ano qualquer, viveu no tempo sem perder tempo, descobriu muitos sentidos, esqueceu alguns, aprendeu outros e quer descobrir mais... Abriu portas à vida e deixou que a vida o fizesse bater... Bateu rápido em sorrisos e quase parou em lagrimas vertidas... Um dia há-de parar e não querendo o esforço que é de novo lutar, há-de adormecer e para sempre repousar...
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Hoje as palavras até podem ser incentivos que encham a alma e a confortem, podem ser sorrisos até chorar de alegria, ser de sedução, magia na etapa da superação, ou simplesmente e meramente palavras vãs… Mas!! Um abraço pode ser um laço, um elo entre o corpo e a alma, um toque, um fluir com eco no sentir mais além! O abraço conecta-nos , eleva-nos, eterniza, energiza, o coração e nos faz escutar a mais linda canção de sentimento. O abraço trás a alegria para nós, faz-nos sentir mágicos, fazendo o mundo girar em suaves movimentos que ilumina o nosso silêncio mais profundo nas águas mais revoltas da nossa praia. Por muito que as águas ondulem, a serenidade passa de mãos para mãos, para quem abraça com emoção, partilha-se a energia de qualidade que o silêncio grita , a cada salpico que piamente se derrama na espuma que o mar devolve aos céus… É nessa inquietude que o coração se satisfaz ao partilhar-mos o abraço , mas quem prescindiu de viver com ele pode continuar a viver sem ele...O abraço é um ato de amor mas pode ser partilhado mesmo sem uma ligação mais longínqua e uma coisa vos digo, é como um balsamo da liberdade… Eu não sou tão forte como previa, nem tão fraco como temia, não caminho rápido como me agradaria, mas também não paraliso como deveria. É esta dialética de equilíbrio de extremos , que nos retiram o direito a escolher todos os acontecimentos e a posição onde nos posicionamos em muitos acontecimentos das nossas vidas. Final de contas, posso dizer apenas que o que nos move, não é forte o suficiente para nos derrubar, mas é intenso quanto baste para nos fazer ir muito mais além . É assim que os dias se adensam, com esta brisa que hoje se move em tom de euforia, nas folhas em branco que vou colorindo de mãos tremulas ondem as palavras apuradas da mente não saem ... Escorre de mim a saudade nos olhos molhados, colorindo de gestos o lápis que desenha em liberdade a inquietude do silencio que o sol fez acompanhar da brisa nos dedos gelados que o tempo ergueu e não deixam a minha mente fechar! Hoje é nesta folha em branco que quero preencher a ilusão de vaguear em outras mentes e nelas rabiscar o meu amor.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Hoje é apenas aqui que olho o meu céu particular,
onde me permito voar através das palavras! Sei que sou só um humano
desajeitadamente intenso que escuta o silêncio, mas acreditem que escutá-lo nem
sempre, é tarefa fácil… Muitas vezes sinto um esvoaçar de asas trémulas e
cintilantes no meu rosto. Talvez seja apenas o respirar, compassado com a
batida do meu peito. Mas!!! Ergo o rosto e uma brisa harmoniosa invade-me a
pele... Talvez sejam apenas umas mãos que me estejam a tocar de novo, num
toque macio e arrebatador, com o carinho e proteção que nos conforta.
Levanto-me e sigo na direção do luar. A sua luz preenche-me e aquece-me a alma.
Talvez seja a ilusão de quem me lê por inteiro, e me despe de rodeios e
me namora às escondidas…Talvez seja apenas um sorriso , que esboça-se pela
última vez na forma de uma estrela cadente a passar , para me embelezar a noite
e colorir o rosto, que se tornou cinzento desde a vida vivida outrora… Hoje se
eu voltar a sonhar serei a tinta, outro alguém , inevitavelmente a tela; hoje
se eu for a chuva , outro alguém, inevitavelmente será a minha aguarela;
hoje se eu sonhar serei apenas o sal, outro alguém, inevitavelmente a areia
branca, onde eu me transformo em mar numa longa maré cheia... Hoje se escrevo
na voz do coração, numa carta aberta ao mundo, então é porque sou o espelho da
`emoção num olhar profundo, onde nascem as palavras que vivem dentro de mim bem
, escondidas ,em florestas de silêncio, permanecendo assim, presas no meu corpo
e na alma...Tenho palavras em mim mas não as sabem ler ... Palavras que não tem
coragem de se auto pronunciar no tempo e no espaço próprio...Era ai que elas
fariam a diferença abismal entre o som e o silêncio...Eu sei, mas hoje tenho em
mim palavras cansadas de não acontecerem, palavras agitando-se num grito
inaudível... palavras que o tempo vai calar ..Há uma singularidade nos
seres humanos, nos seres inteligentes , na sua integridade, num
determinado Momento das suas vidas...Quando desejam alguém não há nada nem
ninguém que supere a elegância e ternura com que tratam e pensam a pessoa que é
"objeto! do seu afeto, desejo. Por isso, quero também ser alvo de um
momento desses...Recuso-me a menos que isso!
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
Hoje estamos todos cegos, cegos de emoções, deixamos as palavras perderem-se nas margens da vida, como se as tapássemos com os véus das pálpebras que se as escondem do olhar. Não é que os sonhos tivessem perdido a essência do caminho, apenas ousamos suspender o fôlego enquanto não quisemos ouvir nem respirar, no silêncio tudo cabe até o que não é proferido. Opto pelo silêncio , as palavras são meros sons , pálidos reflexos de sentimentos, muitas vezes desnecessárias, tantas vezes o são…Quando dois seres não se sabem falar em silêncio, então nem as palavras conseguirão trazer a expectante proximidade. Uma parte de todos, representa para mim o mundo, uma parte que não é de ninguém para mim é apenas um fundo sem fundo, sou parte desta multidão que é parte da grandeza da solidão, esta não passa também uma parte de mim, que pesa, pondera, e se espanta por se tornar permanente nesta vertigem que se converte em linguagem… Traduzi-la de um ponto para o outro deixou de ser uma arte, passou ser uma forma de vida ! O silencio é um momento marcante no ser humano, fazemos a “besta” em nós calar, e projetamos para o espirito a verbalização, dizem que calar é um ato de covardia, mas não vejo assim, chega a ser caridade silenciar, ou até mesmo delicadeza . Calar é não falar palavras inúteis é prudência, chego á conclusão que diante dos “mistérios” que não entendemos , é mesmo sabedoria! Se me arrependo de muitas vezes falar, sim arrependo mas também me arrependo de muitas vezes ter silenciado, esta disciplina de espirito já me fez sofrer demasiado, quando o amor e só o amor deveria ser o nosso limite…O amor sim, é mais que um sentimento arbitrário onde nem as regras nem os motivos nos obrigam a obedecer ao silencio …Quando ele só deveria ser um laço de ternura que desliza na nossa pele, projetando a doçura nas nossas mãos, mas não é!! Também pode ser algo mais, um livro, feito de capítulos. O risco dele se tornar em capítulos nocivos, dolorosos que ferem a alma está sempre patente, nem sei o que fazer, talvez virar a pagina seja o sensato, ou então deixar de escrever, porque as palavras ás vezes saem tortas, trémulas, grosseiras, e leva-nos a fechar o livro de vez! Chego á conclusão que perdemos a destreza e a arte, na forma como escrevemos os sentimentos, ou a forma como interpretamos os capítulos anteriores não inspirou a escrever de forma diferente…Mas!!! Tem dias que ficamos com a perceção que, afinal, não foram assim tão nocivos! Fica a sensação de gratidão, de termos tido a possibilidade de escrever, mais uma pagina , mais um capitulo no nosso livro, mesmo que não tenhamos usado as palavras mais delicadas , firmes, caridosas… Haveria certamente mais capítulos por escrever, mas o livro fecha-se sempre na ultima pagina, porque esta fica em branco, porque haverá quem continue , por nós a escrever o nosso livro… Verdade seja dita, não saberia terminar, a virgula já me custa o ponto final , simplesmente não faz parte de mim…Como poderia eu colocar um ponto final numa frase inacabada?! Vocês sabem? Pois é, o pior é que eu também não sei…Ás vezes, o meu "mundo" não dá voltas...não gira...simplesmente...capota e eu entro em declínio com ele!
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
Hoje na suave permanência do tempo apenas recito de quando em quando, meros fragmentos das frações mínimas que realçam-se com à nossa passagem pelas multidões no cesto das notícias espessas convertidas em comentários eruditos que não nos emociona. Todos os dias sobram poemas que talvez não escrevamos e nunca emerjam à nossa claridade. É esta mão clandestina que acaricia os dedos de amor, cobertos em palavras onde as fogueiras dos dias cristalizam em pequenas doses a quimera da dor ausente. A vida é uma avalanche onde se joga e perde a liberdade, somos todos frágeis , vulneráveis , apressados sem tempo porque este é alienado nas miragens da saudade que se desmancha nos dedos da solidão! Há que ser racional, porque a eternidade não existe, nada esta destinado a ser eterno, a efetividade de não permanência das coisas e sentimentos é apenas uma regra que implicitamente conhecemos e nos leva a recear arrastando-nos para fora da nossa zona de conforto. Apenas pergunto para quê e porquê? Tudo acaba …Todos os dias acabamos por espalhar palavras à nossa volta, até pode ser de mera circunstância, amizade, carinho, respeito, amor, paixão! Será que todos temos a consciência do potencial de força de uma simples palavra se não tivermos alguém para nos ouvir? É que o sentido do que falamos ou escrevemos está sempre sujeito a interpretações diversas, mesmos nas pessoas mais próximas. As palavras quando são proferidas , são só um som que se traduz num significado, quando as escrevemos, são mais que símbolos são como flores, que arrastam o seu perfume. Há vários dias que isso não me perturba de todo, mas hoje, até gostava que as minhas palavras fizessem sentido, que tivesse cor, aroma , sabor , que se refletissem nas paredes do céu, como as estrelas que brilham em noite de céu estrelado… Hoje coleciono sentimentos , porque não!! Há quem colecione, moedas, viagens, obras de arte… Mas eu não, a minha coleção não exige investimentos, mas muito treino de memoria seletiva. Colecionar sentimentos é como guardar o livro da própria vida, precisamos depurar muita coisa para não recordar o que não desejamos… No entanto, por vezes deparamos com algo que ficará em nós para sempre, ainda que a crua realidade não fique! Não vale apena pensar que a só a qualidade gera eternidade, podemos sim dizer que só a qualidade nos é reconhecida e aceite. Hoje agradeço aquilo que em mim gerou qualidade de eterno, não sei porque o digo hoje, os dias não tem em si, qualidades diferentes , apenas nós o podemos fazer diferente e hoje apenas peço a paz porque não uso tempo, nem agendas ou outros instrumentos que meçam os pedaços do meu existir. O caminho será o mesmo , com o tempo de cada dia, porque cada dia tem um tempo próprio e não deixo que ele comande os meus passos enquanto vivo o sonho. Abro aqui mais uma pagina do meu livro, onde me gostaria de metamorfosear em cada sentir que nasce nas folhas que escrevo, a cada palavra e a cada olhar, que cada um finge na historia que não chega a germinar ...
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...