Hoje a verdade entrou pela minha Janela, transformou toda a areia que tinha debaixo de mim em pedra, a maré subiu e deixou resvalar sobre mim as águas como uma bênção, mas as flores ainda ficaram por abrir…O mar vem arrebatando em vagas tudo como um massacre de sombras que nos suicidam as palavras. Sinto-me seguro contigo a navegar, mesmo que as vagas sejam bravias , mutuamente nos salvaríamos se as velas cedessem aos ventos fortes! Temos dias assim, mas muitos outros são humildemente de amor constante, onde nenhum de nós precisa de manusear o leme e isso deixa-me eternamente grato e ancorado a teu coração, de mão dada pelas ruelas que outrora fizemos sós no percurso nostálgico .É aqui nesta vida que o poder da essência de cada um pode tocar o coração em escritos diários que lentamente nos fazem recordar da doçura dos sorrisos… As noites são sempre de amor, suavizando o afeto pela pele beijada, suando o eco dos lábios  em palavras que entram pelo ouvido como uma melodia de amor indivisível para o nosso coração. Hoje bebia em tua boca o perfume dos desejos sonhados , um a um na caricia  da luz das estrelas que o luar testemunha na procura que nem o destino sabe entender! Fiquei com a janela aberta, deixei sair o brilho do teu corpo pela aragem fresca da aurora, esculpi a nostalgia do pensamento dentro das estrelas iluminadas que os sentidos não conseguem esvaziar , equiparo a ternura da tua voz ao sol da primavera que a aragem dos sentidos extasia com o perfume da razão principal do meu viver! Acreditem que eu jamais irei arder nas sombras , prefiro construir uma alvorada enquanto a noite avança em mim silenciosamente …Irei sempre em palavras cruzadas de um sonho desvendar o silencio  onde se oculta a tua mais intima sombra em formas cósmicas que pulsam o desejo do meu limite reinventado na noite. Sinto-me eternamente evanescente na suavidade da voz de uma estrela porque o meu amor é o meu maior estado de consciência ...

Hoje pergunto quem nunca falou de amor, quem nunca o tentou adjetivar e dar-lhe forma, tentar dizer o que ele significa e isso é dar-lhe a força que para muitos é irreal, ilusória, uma miragem apenas digna de uma minoria. Todos já falamos dele e algo nos faz questionar o que ele é, e qual a sua dimensão em nós, mas acima de tudo no mundo numa perspectiva mais ampla…Não faz mal não saberem o que é o amor mesmo, aliás estaríamos a contrariar a sua essência, a sua natureza indivisível que ultrapassa todas as formas de linguagem ou expressão porque, nem tudo pode ser amor…Amor para mim é tudo o que me faz levantar todos os dias da cama, a natureza , o sentimento pelos que respeito, é estar atento a todos eles e na altura devida compartilhar carinho e paixão por quem se ergueu também da cama, seja pelas mesmas razoes ou por outras. Tudo isto é amor e faz com que nós , seres humanos sejamos diferentes de tudo o que existe, conseguimos Amar e saber o que amamos , mesmo que não encontremos a olho nu as razões para tal,  e digo-o porque o amor não tem motivo, nem forma só tem mesmo conteúdo e como é claro muitas vezes inexplicável porque amamos pessoas e coisas sem elas estarem receptivas a tal sintonia. O amor é uma autentica sinfonia em que o seu maestro está oculto e o nosso coração nos guia por um caminho que porventura mais difícil, mas cheio de simplicidade e muito requinte emocional, que ignora o brilhantismo guardando apenas a esperança  da felicidade. A felicidade esta ui, daria para falar tanto, quando é tão ilusória… Porque o digo, bem porque mesmo que  já a  tenhamos experienciado  e tenhamos feito dela o maior conforto dos  nossos alicerces ela não consegue ser constante…A sociedade prefere na sua esmagadora maioria,   o prazer momentâneo a algo mais serio, opta-se a algo sem grande  profundidade e relevo emocional, afinal o amor sendo algo tão belo não poderia ser mesmo para todos, mas isso não pode ser suficiente para confortar pois muitas vezes as pessoas estão em degraus diferentes e a dor impera pelos objetivos esquecidos na gaveta! O amor não se preocupa em falhar, porque ele por si quando genuíno, já é perfeito, sim é perfeito, sublime e distribuí a magia que o faz reluzir por todos, não ofuscando nenhuma das partes! Quando os Deuses nos deram a capacidade de chegar tão alto foi para crescermos juntos , lado a lado, abraçando uma só causa vivendo-a a dois com o silêncio apenas a  quatro mãos mas carregando cada um a sua própria bagagem…Será justo abrirmos mãos da nossa bagagem por amor, será justo que o que carregamos tenha de ser objeto de triagem, penso que não, isso não é  amor...

Hoje a estrada estava  tão escura,  não reconheci o caminho, como se a cegueira da visão me bloqueasse os sentidos, enrolando nela as emoções  não me deixassem  reconhecer  as cores. Fico perplexo com o desnorte do caminho irregular que se desenha aos meus pés, opto por caminhar na berma acompanhado por sombras e  águas vestidas de reflexo que me deixaram totalmente despido e desamparado…. O dia Acordou  e nada mudou, chove gotas de sol, as pétalas de luz crescem nos ramos secos das árvores despidas, sustendo as ondas do mar longe das gentes , que parecem viver de braços escondidos,  como se os seus tesouros se  escondessem  da infinita eternidade…Hoje, a noite não me deixou clarear , na metamorfose do dia, fazendo crescer os segredos e mistérios nos espíritos inquietos que desaguam na minha existência. Nem sempre é fácil transcrever ou escrever coisas que vem na mente , as ideias vem e vão, mas fica sempre uma insistente e por vezes nem a queremos escrever…Mas!!! Faz-se o dia, e as mãos trémulas buscam a consistência do toque, no olhar que se afunda entre nuvens e nuances de azul que conduzem o horizonte desbotado e distante . É nesta vista mais densa que consigo viajar, perdido no tempo, no corpo, estabelecendo uma paridade do corpo e Alma…Sinto esse gosto Vulcânico misturado com as cinzas da minha lava que arde,   que me queima no abandono da chama,  deixando-me sem combustível para acender a labareda  do meu existir nestes mil km de distancia entre a noite escura e o dia que nasceu…Já me fizeram acreditar que o amor só chega verdadeiramente a nós uma única vez na vida, mas isso não é verdade, não nos disseram que ele não tem hora marcada…Fizeram acreditar que cada um de nós é metade de algo e a vida só começa quando encontramos a outra metade, mas não contaram que já nascemos inteiros e que ninguém nas nossas vidas merece carregar nas costas a responsabilidade de os acompanhar, de nos completar o que falta! Tenho uma pessoa que ás vezes olha para mim e me vê triste e me pergunta como hoje, quem te roubou a caixa dos lápis de cor com que pintas o teu sorriso? Eu nem sei o que responder…Sorrio de forma estéril e respondo que, hoje não encontrei na caixa a cor que mais me coloria….

Hoje  quando a noite se enchia  de vida escutei os passos das pessoas que se fazem distantes, elas,  silenciaram-se  ao rodar das estrelas ,  a noite já fez brilhar as enormes folhas das flores no meu jardim , hoje já  primitivas,  mas, explodem os perfumes doces das flores sossegadas do acordar noturno das minhas palavras. As suas pétalas preenchiam o silêncio dos caminhos, sem focos de luz atravessaram o espaços onde tantas vezes poetizei o amor por ti sentido, uns  olhavam o calor que descia sobre o meu sentimento ai, as constelações se refletiam nas águas límpidas e paradas do lago negro, onde nenúfares se balançavam no ondular das minhas mãos cada vez maios vazias de ti…As aves  passavam quando o amor se cumpria por inteiro entre nós, esse limbo no limiar do tempo espantava as águas paradas do infinito, as luzes do  caminho silenciavam-se  e as noites carregavam em si aquilo que escrevíamos sobre os sonhos que durante tempo narrávamos juntos …Amei-te para todo o sempre, quebrei as estrelas que se colocavam no caminho, desfiz ventos que alisaram os desertos ! Escrevi sobre tudo o que a poesia poderia rasgar, hoje ainda te amo mais,  fiquei com o caminho aberto para o seguir  e tantas fezes o fizemos como nossos …Eu já não sei qual estrada seguir mas sei que  somos dia, noite,  e recuso-me a fechar a janela porque ao menos posso ir provando esse vento teu estonteante que se faz brisa em mim … Os teus lábios podem vir a não ser mais meus mas sinto-os como meus, o teu cheiro pode não se manter na minha roupa,  mas hoje, ainda o tenho decorado, o teu toque não se fazer  presente mas continuo a senti-lo, os teus abraços podem não se unir aos meus mas ainda me perco neles, a tua mão pode não se juntar á minha mas ainda sinto a tua temperatura contrastando com a minha, os teus dedos não deslizam pelos meus ,  mas guardo como era, esta ironia de estares quando não estás é a maior ironia do amor que guardarei eternamente em mim…O que tento dizer de forma pálida , é que te amo e que nunca haverá ninguém que possa vir roubar o teu lugar no meu coração , mesmo que me peças para o fazer, estás tatuada em mim para o resto dos meus dias. 

 

 

Hoje há luzes que rodopiam triângulos acesos na seiva dos dias como rastilhos de fogo contido no saber das horas . Há chamas como esculturas esquecidas pelo sobressalto do tempo, reencontrando as sombras que esvoaçam nas asas dos voos vividos . Somos meras esferas que se libertam por amor e alegria , resguardando as margens deste rio de vida, abrimos os poros da pele entre os sorrisos abertos e as profecias que antecedem os mistérios no vitral da nossa catedral! Todos os dias sonho com o abraço palpável caligrafado nos teus dedos como uma voz que é ortografada em pérolas perfumadas na inocência que as palavras abarcam nesse teu rosto que me invade ! Eu sei que são ingremes as linhas que nos separam,  um contrassenso na esperança que suspende este voo sem recurso á nudez exilada que conquistamos no percurso da antecâmara dos mil desertos que sulcam a poeira que deixamos para trás passo a passo… Hoje as minhas linhas de esperança são leves, vivem repletas de simplicidade  neste espaço aberto à luz, conquistando a harmonia da liberdade sem amordaçar o equilíbrio da melodia que a intuição segreda no coro da canção…São linhas de esperança, que fazem comunhão com o entardecer, levam os ruídos nas vozes que sufocam o tempo, ao olhar para ti  vejo-te melhor,  dentro de mim, o teu nome ficou intacto com o meu , prendeu-me nas tuas mãos que recolhem as minhas! Falar-te de amor faz-me recuar à palavra primordial dos gestos que fragilizam a ternura e nos fazem engolir os aguaceiros pelos olhos até recuperar a paixão …Talvez o amor seja essa janela escancarada que nos convida a chegar mais perto, para alguns, é uma nuvem para outros uma ponte, para muitos um modo de vida , para outros apenas um sentimento!  Amar não é prender-te, é soltar-te … O amor é esse oceano que nos enche e se eu tivesse que viver para sempre e todos os meus sonhos se colassem á realidade , fica sabendo que as minhas memorias de amor seriam apenas tuas, por isso vou amar-te pela eternidade fora.

Hoje sonhei e nesse sonho dobrei-me sobre o teu corpo, sentindo o arrepio da frescura das palavras... Lentamente, como quem atravessa uma fronteira em clandestinidade, toquei-te com as minhas mãos, fiz renascer em ti o sonho pronunciado, invoquei o desejo aos céus, entre pensamentos, apertei-te até junto a mim, percorri-te como quem redescobre a vida.... Olho-te como se os teus olhos  fossem o espelho dos meus... Escrevo milhares de melodias entre os tempos e nelas te incluo sempre...Avolumo este amor, e o desejo que sem ti me faz afundar, como um conquistador até a um naufrago...Quando desdobro as tuas palavras, como telas envelhecidas, reinvento-me em simples gestos , olho no espelho a tua imagem e sobre ela deixo cair por uns momentos, a magia do amor...Magia, que em mim ancorou sem duração nem historia...A tua sensibilidade e sensualidade  turva-me  os sentidos e a razão...Por isso apenas te direi que jamais serei o Mesmo sem ti! Hoje ajoelho-me no solo , vulnerável submisso junto ao chão onde há gritos ferrados à vida e a morte de tanta gente sofrendo neste mundo alucinantemente sísmico ! Nesta  natureza há partos e perdas dolorosas , á pedras por remover, á erosão nos céus, campos repousando no cansaço da terra . Muitas vezes o coração precisa de uma viagem pelo mundo para percorrer por dentro a dor de terceiros para sentir o que há de profundo que conecta os mundos… O tempo pode passar, a vida, mudar , mas o que se escreve na alma , eterniza-se muito além  do olhar, do toque, do som, do corpo, por isso sinto uma gratidão imensa em te conhecer  , amo-te perto do chão onde me ajoelho neste reino subterrâneo que adensa o conflito ente o bem e mal, entre o dia  e a noite numa dialética que não se põe á prova aos olhares dos videntes…  

 Hoje gostava dizer-te, em palavras escritas, a dimensão dos meus sentimentos por ti, não quero que te preocupes com as  palavras que não escrevo, sente apenas por ti,  no mais íntimo do teu ser,  apenas o que te tento transmitir pois não  disfarço sentimentos ocultos em palavras de amor,   tento apenas descrever o que sinto por ti…Tenho pena de não conhecer palavras, termos, sentimentos, que possam   fidedignamente descrever como te amo,  e façam ver que és a Luz que me orienta,   que me resgata das trevas do dia a dia! Hoje amar-te não é apenas porque sim, amar-te é pelo que tu és,  pela maneira como tu vês o mundo, mesmo que seja de forma diferente da minha, é pela maneira como sentes a vida,  pela maneira como me sentes,  pela maneira como te sinto,  pelo que me fazes sentir quando estou longe de ti, sobretudo pela forma como me sinto quando estou contigo,  pelo que nunca vivemos antes,  pelo que sempre sonhei fazer contigo,  por todos os beijos que trocámos,  por todos os momentos  vividos,  pelos tempos apenas sonhados,  apenas por seres como és,  por tudo o que fica por fazer,  e isso chega para dizer que valeu apena …Na vida podemos classificar o amor como um talento incrível, talvez seja como pintar, por isso  dedicamo-nos com toda a paixão a esse dom,  tentamos nessa  arte  aperfeiçoar as técnicas , direcionando todos os nossos esforços para aquelas pessoas que amamos , o reconhecimento delas é sempre algo especial e prazeroso de assistir mas nem sempre somos os melhores no que fazemos, e nem sempre valorizam o que fazemos, apenas focam o errado…Há milhões, biliões de pessoas neste mundo e essa pessoa que amamos até pode ter decidido ficar conosco , mesmo sabendo que para ela você não é o melhor “artista” do mundo! Por isso todos os dias gostaria de ter aprendido a desenhar as palavras certas que te resgatassem,  desenhassem em ti,  o amor . Pudera eu desenhar-te ! 

Hoje, do odor dos sonhos passados, acendemos luzes no céu,  amar não tem mesmo idade, é uma voz que emerge das águas convertendo-se no orvalho escorrido dos silêncios . Todos somos pintores de breves momentos que embriagam a aura das madrugadas, amassamos sentimentos como se fossem pão do olhar da verdade ! Há palavras que já foram vinho, hoje são incêndios dispersos no silêncio da adstringência da realidade…Quando abrimos os olhos e no mundo em redor pouco sobra, apenas a remanescente força do cansaço  nos conquista o corpo,  é ai que germina  a luz dentro de nós,  aquecendo-nos  o coração e a alma, os braços ganham cor, os ombros movem-se de um lado para o outro e os pés divulgam-se imóveis…Tenho vontade de beber uma garrafa de céu e depois sim voar, varrendo todos os pontos finais , engolir todos os suspiros, correr atrás do vento, subir bem alto e no final descer numa diagonal sem saber o mais importante , o valor de todas as emoções… Saudades de sonhar que também sei voar, porque essas emoções fazem-nos falta, há dias que voava-mos para bem longe do chão da terra que pisamos! Sonhar , caminhando pela chuva , é ai que percebemos que a alegria, não se aloja no esperado, ela encontra-se na sapiência dos dias! Hoje estou assim , como quem se senta no tempo escrevendo de muito longe , tão longe , para lá de mim mesmo, nesta noite ímpar, que não desperta este sono vadio que se esconde nos silêncios  colando-se em  brumas  e sentidos que perdem o encanto sem luz…O mundo salvaguarda-se quando se diverge em pedaços de terra e de sonhos. Vivemos de sonhos mas por vezes temos de aprender a conciliar o sonho e a volatilidade que este tem pois nem sempre refletem  a realidade !  habituei-me a não viver num mundo pintado com as cores que quero e a saber tirar partido de todas as pessoas que crio dentro de mim. cada um é como é,  cada um toma as suas escolhas embora umas menos acertadas, todos temos esse direito e esse dever. todos temos de saber o que agarrar, sabendo porem que não podemos agarrar tudo , porque se não soubermos acabamos por perder confiança não só naquele que queremos agarrar, como também no que largámos e nos podia ensinar tanto sobre um mundo completamente fora do nosso! O mundo está cheio de  sonhos onde viver. Nada real pode ser cor-de-rosa, nada real pode ser imaginado,  desfocam-nos em imagens sem sabor, sem paladar e sem um único ruído. Essas são as melhores, as que mais guardo na alma, as que mais me tocam e me deixam mais tempo adormecido. Talvez por não ser capaz de as ver nitidamente, são como um desafio que me ponho, mas que não resolvo. O mundo é um todo, muitas vezes sem exatidão podemos ser felizes sem nos sentirmos felizes, já pensaram nisso? Ser feliz não é ter uma vida isenta de frustrações é sim respeitar os ciclos  que ela nos propõe…

 Hoje sinto a linguagem que escrevo tão doce como um amargo de boca, como se transpirasse um riso embalado em lagrimas que a cada toque entre as letras derramassem um arrepio de silencio! O Amor nunca será o que queremos sentir,  ele é o que sentimos sem querer, o vazio que sossega no fundo dos dias é algo de raso que nunca ressoa na nossa voz … hoje estou neste sótão , e este precisa tanto de uma escada para ser acedido! Não vejo degraus nesta espera , nem tão pouco posso dar passos verticais . Sinto-o cheio de poeiras, fico sem expectativas de encontrar as memorias nesse amontoado de poeiras. O meu sótão é amplo, suspenso em elos fortes, mas falta-me o acesso a uma escada, porque cada degrau escalado eleva-me para um outro patamar… todos temos um sótão e eu planejei o meu com a mais empenhada engenharia do pensamento, falta-me apenas a escada nesta noite de silencio que a ausência veste de escuro no meu olhar derramando sonhos que nasceram nas minhas mãos vazias…Há palavras que não são só nossas, outras pessoas prenunciam mas deixam-se perder nas esquinas do tempo  e nos soluços que se desprendem do corpo! Hoje nos voos dos meus sonhos onde anoiteço, deixo resvalar pelos dedos a solidão presa nos gestos que rotulam o silêncio escondido. Talvez se tenha de passar a sussurrar sonhos pela vergonha de os ter sonhado, talvez um dia os escreva para todos e para ninguém, convertendo em palavras as frases ainda sem sentido quem em mim se geram… Somos protagonistas das nossas ausência,  mesmo daquelas que estão deitadas nos trilhos da memoria dos anjos das nossas vidas, porque há dias em que a noite se fecha na ultima hora e nada resta a não ser a imagem impossível daquilo que um dia fez o nosso! Continuamos a caminhar nos velhos rastos como se fossemos lobos farejando pela presa que nos é guardada na própria sorte. Pergunto-me quantas cartas ainda vou escrever, quando a conversa infinita finda, acaba por se transformar numa escritura  em que tudo o que se fala passa a ser apenas uma ata a definir os ventos...

 Hoje sei que não sou eterno, apena uma sucessão de muitos. Dentro disso há toda a dimensão de minha pequenez. É assim que me sinto, como uma partícula que está no meio das toneladas de pó que se acumulam pelos tempos. Nesta vida não desejo me punir por não ser sempre grande, embora saiba que a diferença dos grandes homens para os ditos pequenos, não é nenhuma! Nunca procurei ser lembrado pela história das bocas dos demais que me conhecem! Jamais! Apenas busco a liberdade de ser eu, com todo o limite, criando vínculos que devem ser consolidados, onde tento-me definir da forma como atuo… Somos todos humanos e os sentimentos que espalhamos erguem muros de cor tépida e só nos tornam eternos os sentimentos que tangenciam  o bem … Muitas vezes sentimos a nossa casa  tombada,  talvez esta vá para outra dimensão mas é mesmo assim esta é  a nossa missão de vida! É ai que podemos ser o gigante que alguém espera mas enquanto isso não acontece,  ficamos aqui, sem anseios de ser o que não somos  nem queremos ser…Já viram que tudo nesta vida parece uma cobrança para sermos algo que efetivamente não somos!  Nada precisamos transformar ,  chega a parecer que a nossa transformação é imperiosa mas!! O que mudar ? Sinceramente, não sei! Temos dias que a angustia cai densa, em câmera lenta,  como pedras de granizo, atolando a nossa garganta , manchando o solo que pisamos, fazendo correr sobre o nosso caminho água espessa e meus amigos, há tanta chuva para nos molhar… É como estar de frente a um beco do sonho, sem saída  um negro colorido que nos coloca a duvida se está na hora de seguirmos em frente com ele ou, simplesmente acordar! Os dias que correm são como uma galeria, uma vitrine de um longo tubo de ensaio onde se agita a fantasia e o surreal! E como acham que eu classifico tudo isto, talvez seja uma liberdade sufocante ..Nada mais! Somos seres suspensos, porque nos aproximamos , deixamo-nos cair nessa cama larga que chamo vida, lado a lado mas em silêncio… Decidir, bem a vida nada mais é que isso mesmo, se não soubermos escolher , os factos escolhe-nos a nós. Sem palavras, sem queixas, só mesmo com o silencio. Depois de tudo perguntamo-nos , uma coisa horrível, de que lado vamos adormecer, expostos ao céu escuro e profundo, nus indefesos sem um abrigo, ou damos uma unhada na alma e deixamos o ar entrar como uma espécie de livro da vida onde qualquer sopro, por mais recôndito que se queira , regista uma linha na historia impossível de ser contada em seus detalhes…

Hoje fecho-me nos espaços do silêncio como se os sentidos me abraçassem num tom de notícia, onde os erros que se escreve,  se transformassem nos sítios certos, e em  melodias  escritas por sílabas caídas na mistura de raízes e estrelas que o mapa da vida decompõe em sementes que retiramos dos frutos depois de abertos! Sinto o meu corpo como um mapa , onde vão sendo tatuados os desenhos de textos abertos pelo tempo, abro mais um gomo deste fruto que saboreio, n a sua acidez  separo a leveza da adstringência que os destroços de uma vida tatuam nos nomes serenos das pedras que o mármore das colinas vai ampliando na casa da nossa vida. O Amor é silêncio confortável entre duas pessoas, o amor é olhar para o outro e dizer que o amamos sem o dizer no termo lato da palavra…O amor é o abraço que nos faz ficar ali, esquecendo o resto, o amor é rir, suspirar agradecendo a sorte que temos! O Amor é dar a mão em todos os momentos, bons , maus e aceitáveis…O amor é proteger sem sufocar, é respeito, cumplicidade , sintonia mutua…Sim mutua porque muitas vezes só um de dois a entende! Quando suportamos as dores do outro , isso é crescer junto a outro alguém! Talvez a grande dificuldade que envolve o empenho da tematização acerca da tolerância do ser humano se encontre na própria interpretação do termo. Tolerar pode ser entendido como atitude de quem é paciente, compreensivo, mas isso não é verdade, muitas vezes tolera-se,   para equilibrar os ciclos… Sempre houve pessoas diferentes , quer no caráter quer na superioridade que demonstram em relação aos demais , é essa diferença ou talvez pluralidade que nos faz continuamente reconhece-las  como pessoas boas e apenas são diferentes , nada mais… fazes parte de mim, acrescentaste luz à minha vida, sorrisos e criação de boas memorias. Inspiro-me em ti para ser uma pessoa melhor, sentir o amor contigo é sentir que sou feliz  isso permite-me ser vulnerável , ser livre para ser o teu mundo e tu o meu. Decoro cada traço do teu rosto, brinco com o teu cabelo, como se nele navegasse até ao olhar dos teus olhos . Admiro-te , observo-te com orgulho por estares a meu lado. Quero continuar a partilhar esse amor, que em acalma e a única coisa que aumenta em mim é o amor diário. 

Hoje vos digo que,  fico triste por não haver ninguém, que nos ensine a chorar, mas talvez devessem. Alguém, algures no tempo da nossa vida devia ensinar-nos. Talvez assim crescêssemos e houvesse menos afogamentos em seco, menos asfixia pelo lado de dentro do silêncio. Talvez  conseguíssemos nos livrar de algum peso, daquelas coisas que doem caladas, tanto mas!!! Habituamos a isso, como uma respiração interna que nos acompanha e já nem distinguimos, se deveríamos ou não derramar o choro... Nunca fui muito de chorar, mas, choro do choque, ou pela impotência que vou prolongando em mim, que se arrasta até à dor física, porque até estas eu acomodo, e,  jã nem consigo assobiar para o lado enquanto  isso resta-me arruma-las, ou tentar...Fecho janelas com vista para essa realidade, mergulho na dormência e finjo que vivo onde os outros me vêm. Nunca precisei de usar o choro como adereço de cena, ou alavanca de negociação ou até mesmo como forma de me manifestar aos outros, se o fiz foi no meu silêncio escondido. Como é obvio eu já  chorei mas isso nunca  foi um eco de outro choro que não consegui amparar, ou evitar, porque ninguém o consegue e eu, também  não consigo…. Quando sentimos impotência perante a dor de quem amamos, isso apenas ressoa em vagas próprias . Não devíamos assistir nunca ao choro dos outros, porque ai estamos a arrasar todas as defesas que ainda sentimos que nos protegem.. Deviam-nos ter ensinado a chorar, mas o mundo não o permite!  Hoje se fosse dessa tribo amiga das lágrimas acho que tinha chorado, tinha-me desabado um pouco,  para me segurar inteiro de alguma parte. Mas não. E agora aqui, sentado a ver a neblina lá  fora com a cabeça a estalar como refração do dia, gostava de poder chorar o que me angustia, o que me chateia, aliviar o que dói e não sei anestesiar, só entreter para dissipar com o começo de um qualquer novo dia, que de novo não concebe nada. Quando somos mais novos , cremos ter todo o tempo do mundo para tudo, acreditamos que o amor, a beleza, a família os amigos serão para todo o nosso sempre… Mas! Um dia acordamos e já perdemos grande parte disso tudo, da beleza, dos amigos, por isso o que realmente importa na vida são as historias que vivemos, o tempo que passamos com quem amamos e os corações que cativamos através dos nossos gestos sorrisos e olhares. O resto final das contas, é penas resto…Não quero de todo ser mais um que corre só por correr , que corre só para não estar parado, é que estou cansado de estar sentado a ver alguém a correr á minha volta, para mim, por mim… Até que se canse e se sente também a meu lado,  porque quem corre são os perdidos e perdidos não andamos,  vamos parar de correr , há muito que me encontrei...