Hoje vou ter de falar de amor, essa expressão onde cada vez há mais formas verbais que aos poucos lhe vão roubando o sentido. Porque acham que o digo? Vou vos dar um grande exemplo, Imaginem que me sento na mesa de um café, peço meio cinzeiro, fumo meio cigarro, olho apenas para metade da ementa, peço apenas metade de uma dose , porque só vou comer metade… Mas precisamos de coisas inteiras, pensem bem, as pessoas sentam-se á mesa dos seus corações, e pedem apenas meia dose de amor, porque as pessoas não amam o suficiente, são cada vez mais os que se contentam com um pedacinho sentimental, as pessoas estão sempre á espera do para sempre seguinte, que jamais será uma eternidade , só para não enfrentarem juntas as realidades duras. O amor não é uma conta para se dividir, o amor é um compromisso de alma então porque se dividem contas e não se comprometem as almas? Talvez ao som das batidas da injustiça da vida eu soe a um crente obstinado de contos de fadas, mas!! Eu gosto do que pareço e gosto das coisas em que acredito, sejamos honestos, a vida já não tem demasiadas contrariedades por si só? Então, porque temos de matar também o que nos resta de importante e fundamentalmente bom? Meus amigos o amor é essa forma de expressão que devia de ser definida como a imensidão do universo do ser .Amor é esse sentimento que nos retira o sono, acelera o coração, rasga-nos os sorrisos no rosto, mesmo nos maus momentos . Amor fica á distancia de um gesto  de uma palavra dum olhar, ele será eternamente descontente  porque quer sempre o horizonte e os reinos da fantasia e das possibilidades de dois mundos. Não , eu não aceito meia dose de amor , que toda a loucura e incoerência , quero o riso e as lagrimas, aceito o medo e a mágoa, a solidão a saudade … Não acredito noutra forma de amar , peço desculpa, só acredito na inteira e plena, que não aceita ser metade de si mesma , não quero meia dose, não tenho medo da dor, tenho sim medo de viver e não me amarem por inteiro. No fundo de pensarmos bem, não foi a expressão de amor que se tornou banal, foram os corações das pessoas que se tornaram fúteis, não foi nem será a sociedade a corromper um sentimento , foi o medo de ganhar e perder a batalha contra todas as possibilidades que fez roubar as crenças no amor…Foram as pessoas a decidir que crescer como pessoas  era o mesmo que não escolher não acreditar em nada. Quero a vivência completa, quero dar e receber a dor e o sorriso a quem sabe que estarei a dar o máximo.  Quem complica tudo somos nós, o amor é mais simples do que pensamos , é um sentimento desenhado pelos deuses , então é divino e sublime. Amor não há muitos mesmo, amor é puro, companheiro, não é corpo, nem beleza, nem atração, amor é, coração e alma. Amor é o sentimento que nos leva ao melhor que podemos ser, o contrario disso é qualquer outra coisa que nem sei que nome terá!

Hoje posso dizer que refleti muito e penso que esse estado de alma se aplica não somente ao que nos magoa, mas também ao universo das ideias. Quando alguem se movimenta em torno de algo, o mundo ao seu redor responde, reagindo de alguma forma à sua ação inicial. São estes  acontecimentos em torno deste exercício que deixam de estar apenas sob o nosso controle, pois uma dinâmica própria é criada levando pessoas, mesmo que de forma inconsciente, a responder a esse estímulo de uma forma muito particular. Isso pode incompatibiliza-las! É neste cenário de movimentos e reações que é preciso estar atento, tem que servir para os aprendizados que surgem. Não raro, nascem ideias até mais sofisticadas e estratégicas do que a que você lançou inicialmente. É necessário dar combustível aos sonhos e é isso que gostaria de fazer , mas não o posso fazer sozinho, se os sonhos forem mútuos,  para que eles nasçam no mundo real, temos de nos focar em torno deles e não, aguçar os  fragmentos desse caminho. Hoje esteve tanto calor, que voltei a sentir o prazer de andar descalço, percorro todo este areal o areal , onde em alguns sítios nos amamos e senti-lo é apenas  pisá-lo. Escuto o estremecer dos finos grãos de areia, que quase me fazem sentir como um grão de areia, nos meus pés…Sinto-me uma planta neste areal, devo-o ao sol ao calor e a algo mais que não sei adjetivar , mas como se estivesse a adivinhar o próximo inverno, sacudo a areia, estico os dedos dos pés e despeço-me deste sentir….Agora poderei calçar estes sapatos que já me acompanham, de sola gasta e irei celebrar o pisar da areia para ela voltar a me despedir! Nesta altura, pedirei apenas a este oceano que me lave bem os pés destes grãos de areia até á nova estação e que me traga novas sensações a descobrir. Tenho o meu coração numa caixa muito apertado, acreditem,  dorido escondido , pressionado sentindo-se sufocado, mas !! Ele já saiu da caixa , soltou-se engrandeceu-se , voou , viajou de forma saborosa e entregou-se de forma vagarosa, por uma vez ele saiu dessa caixa , sentiu-se enorme , viveu amou e sofreu. Hoje ele tenta voltar á caixa , mas tem o dobro do tamanho, não sei que tipo de amanho lhe dar, talvez para lá voltar a caber , tenha de ser espezinhado amarrotado, sem reparação acaba sem mais viver a sua ilusão.

 Hoje as  palavras  podem até não ter, em si, qualquer mérito  já! Mas !!! Se forem convenientemente utilizadas, têm todos os méritos possíveis . Hoje se escrevo , é apenas para iluminar o corredor da minha alma que muitas vezes , escolhe o pôr-do-sol como refúgio ficando apenas  ali, ao pé do mar, a ver as ondas a passarem enquanto o poente avança, e vão aparecendo novas cores no céu outrora apenas azul. ao ver o sol, já quase mergulhado no horizonte, invade me um silêncio, que me revira dos pés à cabeça, para então, levar me para longe, tão longe...é aí que me apercebo que já não faço parte do meu próprio mundo e acabo por sentir um imenso vazio – um vazio de mim. Nesses momentos, não há poesia. Estou só, afogado por uma solidão faminta, atenciosa, paciente, meticulosa e fiel. Dói a alma, a respiração concentra-se num só ponto, os ossos estalam em desespero, é penoso estar desnudado de mim mesmo quando falhamos em tudo até na comunicação, sim comunicação falha quando alguém fica com ideia que somos algo que não somos de todo... É como se  entregassem os livros ao sepulcro das estantes, ao amor, déssemos um colo de horas certas, e deixássemos de abrir as janelas para cheirar a noite! Já nada soletra as palavras, se ao menos a dor servisse para atirar às  paredes e abrisse as portas até estas falariam, o grito que se fechou na garganta…Se ao menos a dor sangrasse o sal do abismo criado,  o desamor repousaria apenas nas vidas vazias que o tempo coloriu nos jardins do sonho que caiu sem dono e sem morada. Tudo se perdeu no caos de uma praia cega que não teve a capacidade de sentir o que se sentia, deixou-se levar pelo vento arrastando-me de novo para o palácio do mendigo  ! Lugar onde os sonhos  são inquietação,  pintada,  pelas manchas interditas deixadas nos lençóis onde o amor se inventou e se fez olhar….Eu sei que a morte dos sonhos é apenas mais uma pura mentira , não existem sonhos assim que se desfaçam  como marés, a morte dos sonhos entranha-se pela pele sem jamais morrerem , ficam na sombra a queimar o futuro  entre o cais que serve de chegada e partida . Na hora de tudo se converter em dor, lagrima e escuridão perde-se o tempo do regresso , ficamos sem nada possuir com o amor na palma de uma das mãos aberta e na outra o que se inventou para o amor não ter… Hoje a morte dos sonhos rasga-me as palmas das mãos que de tanto abertas ficarem,  os ventos tudo levaram , porque a magia é sempre incerta e eu, no amor inventado, apenas mais um vagabundo…

  Hoje sinto que somos a luz que projeta a ilusão, quando os dedos escrevem sinto que soltam nas palavras, o pedaço da personalidade que somos e o ser que serenamente deixamos, que cubram em nós...De facto existem pedaços de dor , ausência, de paixão de carinho neste nosso mundo!!! neste mundo onde deambulamos existem pedaços de saudade , felicidade, carência , pedaços de sonhos que muitas vezes remetemos para o nosso silêncio. Todos juntos se encaixam , e nesta onda também se perdem...existe o quente e o frio, que se separam em pedaços de serenidade , verdade, realidade e ai a tristeza também tem um lugar. Existe a simplicidade e a complicação...existe o silêncio e o perdão ; existe o desejo e o desapego !!!Sempre existiu em todos nós, seres mortais, a loucura como passividade e o perfume como duvida...Mas é nos sentimentos que os pedaços são maiores pois todos juntos formam o amor e este só se torna pleno quando todos os pedaços de nós se unem e funde num só!!! Quando a alma não se alinha , as palavras ficam retidas e formam uma cascata , ficam aprisionadas ...Umas choram silêncio outras ficam aprisionadas vertendo sofrivelmente lágrimas sobre cada suspiro que nos compõe !!! E já agora sabem porquê? Porque metade de mim é a duvida a outra metade um remoinho de sentimentos que me silencia o coração!!!Pergunto quantas noites vou ter de ficar acordado, quantas lagrimas ainda terei de chorar, nem sei, o poço é fundo e não parece secar...Mas se os céus por cima de mim , seguem as estrelas cadentes, então só o amor nos poderá salvar, só amor poderá olhar para dentro  do coração , ver por quem somos, e saber se o que somos será suficiente para perdoar ...Estamos tão cegos que não conseguimos perdoar , só o amor, nos poderá salvar...Se ao menos houvesse apenas amor. tudo seria fácil. ..

Hoje a sensibilidade das portas da imaginação, onde há peças, furtadas à realidade que compõem os puzzles juntam-se tal como todos nós  seres diferentes, perdem as luzes da navegação , mas não era  preciso ser-se obscuro  .Quando o puzzle se faz apenas de duas peças , caímos sobre um  mar e o mar sobre nós, esgota o eco do beijo na noite que perde o olhar para colher os instantes, na queda do cálice entornando,  mata sem a nitidez que desfalca a luz na crueldade em seu tom. Todos ganhamos asas porque há subidas inevitáveis mas também há as quedas provocadas pelos fardos que carregamos ...Falta o apoio na queda das ausências da memória congelada, as horas escuras imperam, não precisamos profetizar nada, vivemos como hereges condenados por carrascos que vivem da ordenha impune de cordeiros explorados ! Gostava de ser herói ,  usar a vontade que tenho de enfiar todas as vidas amputadas pela demência a dentro da escumalha que cria o holocausto da minha humanidade, mas não o sou....O tempo parou, e recomeçou quando a lua pousou nos seus lábios, e as mãos que se beijavam desprotegeram-se da ternura, passamos a fermentar o vinho que os astros não mais vão tingir  ...Foi na tua alma que aceitei como era,  que limpei as janelas sombrias do tempo, enquanto as bocas prendiam-se ao relento no pôr do sol, vendo as estrelas na praia dos meus sonhos. Hoje estou aqui sozinho , sentado nesta cadeira de areia onde nos deitamos sobre um propósito de vida a dois e não a solo... A grandeza de um ser , não pode ser a lapidação do mundo do outro, a grandeza de um ser é feita pela integração de cada mínimo do seu semelhante, são muito poucos os recomeços que me abrigam e onde o sonho se anula na alegoria e na causa , reproduzindo-se na velocidade da luz em metamorfoses de afeto ... Há um paradoxo em cada um de nós e tudo o que cresce nessa gaiola é uma fragrância de luz no caos que isola... A coisa  que mais valorizo num ser é o olhar, e no teu vi a minha casa mas com apenas janelas tuas, praticamente iguais às que tinha abertas para ti ... Jamais trocarei a verdade por uma máscara ou um papel de figurante de uma guerra por um papel principal dentro de uma cela, já o havia dito... Deixei abrir o coração a um precedente decorrente de trilhos de lume que se escondeu da luz densa do  caudal inocente, a contra luz revelou a frieza dum coração, imóvel, porque cedências mútuas  que eu tanto fiz,  aquecia a tentativa suplicada do amor .. O amor aqui tão perto como eu nunca havia vivido nas mãos deixei de o ver a flutuar, deixei de o ver com vontade de regressar á praia onde a simbiose se fez falésia lunar para ambos...Todos temos a tentação de exercer o nosso poder dentro de uma relação de amor, uma relação equilibrada é feita de cedências de ambas as partes, não pode ser só a visão de um…Amor não é interesse, porque quem tem interesse por outra pessoa raramente gosta dela, então quando gosta dela porque não tem interesse em ceder também algo? Fiquei sem respostas aqui, hoje neste fim de linha...

Hoje sinto-me como uma parede branca ,  transparente como se os olhos vissem para além de mim.. . Sinto-me cada vez mais , envolvido neste sentir , onde um mundo se mostra como eu  já não conheço , onde as pessoas há muito perderam a noção do que é realmente gostar de alguém , sobretudo abraçarem os mesmos desafios. Não tenho mesmo capacidade para simplesmente  um poucachinho ! Sinto falta do amor incondicional, sem hipocrisia social , sem imposições  porque  quando as palavras de amor se tornaram vãs e são ditas em troca de comodidade interna, servem para silenciar outras… Detesto, ver como as pessoas mentem com todos os dentes que tem nas suas bocas,  sem princípios onde vale tudo para conseguir o que se quer. Estou cansado de ter que adivinhar o que os outros sentem, de viver de pedaços que  guardaram para nós, ao mesmo tempo de vão entregando a outra metade a terceiros por impulso. Geralmente ouço as frases :" Gosto muito de ti , preocupo-me muito contigo , quero o melhor para ti,  ...sinceramente ! Quem gosta, não impõe, não divide, não limita quem se preocupa , procede com dignidade isso não é amor, não podemos apenas ver um lado, numa vida entre duas pessoas há duas realidades e só havendo cedências é que se pode evoluir. Quando a realidade de um , limita a do outro, obrigando a se isolar do mundo então isso não é hoje nem amanha nem nunca amor...  Estou tão farto de hipocrisias há que  resgatar o que me resta pois, assistir a isso pode levar-nos a correr o risco de não acreditar em quem é sincero. Sinto-me assim , uma parede branca , por onde deslizam como água as mentiras , as hipocrisias , as meias verdades, tudo o que não quero para mim . E sinto-me cada vez mais só , num mundo que de forma alguma tem a minha medida . Não me interpretem mal, um dia vê-se e não se sente, outro sente-se sem se ver… Ás vezes continua-se a ser já sem que se exista . É fácil dizer a palavra enfeitiçada , como uma arte de furtar esses corações vazios, por isso devemos aprender sim … A folha de papel assusta-me, a folha de papel em branco, pois havia tanto por dizer e isso enfraquece-me o pensamento, afasta-me o espírito da palavra, mais vale calar-me e deixar os outros pensarem que nada sei…

Hoje vejo pedaços de luares soltos na inquietação das palavras, derramando sombras na tona das água que abrilhantam os lábios  nos beijos desatados sobre a noite. O tempo faz-se fortaleza de papel, nos livros guardados no horizonte dos silêncios que nos vão traçando a órbita em pequenas latitudes acentuando o norte  e o  sul! Hoje entreguei-me nesta ilusão lúcida , dissimulada em corrente na maré, ela desce em nostalgia pelo silencio coreografado na imobilidade dramática do destino. São ingremes as linhas da sombra subtil entre o contrassenso dos olhares que dilaceram a terra rochosa sem raízes e a nudez umbilical  que abarca o sussurrado olhar da herança ,  antecâmera de desertos  planados na imagem empoeirada da esperança! Hoje fazem-se leves  as linhas da esperança, traço-as, com a simplicidade da luz da idade, são leves, quase invisíveis aos olhos desviados da realidade  porque tudo está certo, dentro da magnificência da sabedoria selada no reflexo aprisionado das águas corridas na emboscada deste rio que se faz oceano…As palavras trazem o travo a fel, de dedos oblíquos, de vozes roucas, ofuscadas pela luz imponderável do coração que flui a vida sem intenção….Tempos, esses,  tornam-se atípicos neste palco existencialista,  a musica do olhar é reveladora , o sangue pulsa sem destino, esbarrando na tela  da alma sem cor , visto a resiliência  fechada no cofre da paixão como um cântico aprisionado numa âncora no fundo do mar… Como plutão em aquário,  eu jamais serei o mesmo, porque o teu olhar é como uma lagoa que se estende pelos meus dias, os teus olhos são as águas calmas murmurantes que espelham as luas gravadas em mim como pérolas raras e desejadas, o teu rosto reflete o meu arco íris soltando as minhas raízes na tua terra , desenhando o refúgio onde desaguo o meu mar…Os ecos uivam ao largo das minhas margens, em sombras que projeto em cada sonho que desenho delicadamente na opacidade do meu olhar sob o horizonte desmaiado! Hoje tenho esta necessidade, de colorir todos os adjetivos nesta arte vulgar , de quem usa as tintas para colorir as paredes já eternas...Trago no olhar um sorriso, misto, de quem engoliu os planos atingíveis, possíveis alcançáveis, dispo-me de todos eles , recuo, revivo pensamentos ! Não entendo esta minha cumplicidade hormonal que leva os meus impulsos a serem poéticos, a escrever como se cada palavra pudesse vibrar no sitio certo. Eu posso continuar a ser transparente mas há alturas que a conjugação eterna do sonho nos leva a fechar o olhar espelhado no desfiladeiro da sua própria desintegração ...Hoje vou velejando no sopé das águas que escorrem de uma forma densa pelo infinito que se alonga nesse lastro que desconheço onde a terra e o mar se fundem num só.

Hoje os sinais podem ser mínimos, até mesmo ínfimos que chegam a ofuscar o clarão da luzinha que todos temos dentro de nós , porque há dias que valorizamos e outros , nem tanto, mesmo que isso nos vá impossibilitando  de gerar o relâmpago interno . Dentro dos nossos sentidos há uma lupa que projeta a voz interior , multiplicando os avisos, os sinais do som da existência contida no nosso querer... Todos temos de fazer um esforço , imaginem que as vossas mãos se moldam às formas do toque , elas são a ceia dos sentidos, viajam pelos rostos , pelos corpos acendendo a intensidade que se vai tornando cada vez mais íngreme na escalada dos dias. Não é preciso ser imortal, mas é preciso que as acendalhas da vida sejam mútuas , que semeiem a utopia , para que a natureza seja liberta em todos nós. O amor não pode ser um elemento punitivo da vida, não pode ser contido entre mãos,   tem de correr o seu fluxo sem abstração do espírito na coerência animal do ser! Pinto o meu sangue de tons garridos a borbulhar  na inércia que evoca o brilho da pele , não receio lideres nem crentes,  em procissão em forma de cortejo,  a esterilidade do medo retirar-me-ia a luz dos gestos na bondade que vacila na razão das caricias , então! Deixem-me acreditar, que a exaltação dos gestos não acrescenta desordem  ao pulsar do meu peito na embriaguez do sangue do resto do meu corpo... Eu já não tenho a idade da resina no orvalho dos rebentos do corpo e a vida é e sempre será o atado de curvas , onde o amor é indesatável em trilhos tão ingremes que antigamente eram escalados mas hoje assemelham-se a descidas entre paredes intransponíveis ...Há dias em que as imagens não sabem a nada, tem tons sensatos onde sentimos a distancia na urgência que brilha na leveza certa da chegada que tarda…Há quem chegue atrasado a "nós" num gesto abraçado, trazem nas mãos o pó das estrelas e o sal precipitado do mar, é ai, que me perco em cada foco de luz que se eleva até ao entardecer das margens onde o foco se fixou na transparência da noite como uma confissão silenciada...

 Hoje a verdade entrou pela minha Janela, transformou toda a areia que tinha debaixo de mim em pedra, a maré subiu e deixou resvalar sobre mim as águas como uma bênção, mas as flores ainda ficaram por abrir…O mar vem arrebatando em vagas tudo como um massacre de sombras que nos suicidam as palavras. Sinto-me seguro contigo a navegar, mesmo que as vagas sejam bravias , mutuamente nos salvaríamos se as velas cedessem aos ventos fortes! Temos dias assim, mas muitos outros são humildemente de amor constante, onde nenhum de nós precisa de manusear o leme e isso deixa-me eternamente grato e ancorado a teu coração, de mão dada pelas ruelas que outrora fizemos sós no percurso nostálgico .É aqui nesta vida que o poder da essência de cada um pode tocar o coração em escritos diários que lentamente nos fazem recordar da doçura dos sorrisos… As noites são sempre de amor, suavizando o afeto pela pele beijada, suando o eco dos lábios  em palavras que entram pelo ouvido como uma melodia de amor indivisível para o nosso coração. Hoje bebia em tua boca o perfume dos desejos sonhados , um a um na caricia  da luz das estrelas que o luar testemunha na procura que nem o destino sabe entender! Fiquei com a janela aberta, deixei sair o brilho do teu corpo pela aragem fresca da aurora, esculpi a nostalgia do pensamento dentro das estrelas iluminadas que os sentidos não conseguem esvaziar , equiparo a ternura da tua voz ao sol da primavera que a aragem dos sentidos extasia com o perfume da razão principal do meu viver! Acreditem que eu jamais irei arder nas sombras , prefiro construir uma alvorada enquanto a noite avança em mim silenciosamente …Irei sempre em palavras cruzadas de um sonho desvendar o silencio  onde se oculta a tua mais intima sombra em formas cósmicas que pulsam o desejo do meu limite reinventado na noite. Sinto-me eternamente evanescente na suavidade da voz de uma estrela porque o meu amor é o meu maior estado de consciência ...

Hoje pergunto quem nunca falou de amor, quem nunca o tentou adjetivar e dar-lhe forma, tentar dizer o que ele significa e isso é dar-lhe a força que para muitos é irreal, ilusória, uma miragem apenas digna de uma minoria. Todos já falamos dele e algo nos faz questionar o que ele é, e qual a sua dimensão em nós, mas acima de tudo no mundo numa perspectiva mais ampla…Não faz mal não saberem o que é o amor mesmo, aliás estaríamos a contrariar a sua essência, a sua natureza indivisível que ultrapassa todas as formas de linguagem ou expressão porque, nem tudo pode ser amor…Amor para mim é tudo o que me faz levantar todos os dias da cama, a natureza , o sentimento pelos que respeito, é estar atento a todos eles e na altura devida compartilhar carinho e paixão por quem se ergueu também da cama, seja pelas mesmas razoes ou por outras. Tudo isto é amor e faz com que nós , seres humanos sejamos diferentes de tudo o que existe, conseguimos Amar e saber o que amamos , mesmo que não encontremos a olho nu as razões para tal,  e digo-o porque o amor não tem motivo, nem forma só tem mesmo conteúdo e como é claro muitas vezes inexplicável porque amamos pessoas e coisas sem elas estarem receptivas a tal sintonia. O amor é uma autentica sinfonia em que o seu maestro está oculto e o nosso coração nos guia por um caminho que porventura mais difícil, mas cheio de simplicidade e muito requinte emocional, que ignora o brilhantismo guardando apenas a esperança  da felicidade. A felicidade esta ui, daria para falar tanto, quando é tão ilusória… Porque o digo, bem porque mesmo que  já a  tenhamos experienciado  e tenhamos feito dela o maior conforto dos  nossos alicerces ela não consegue ser constante…A sociedade prefere na sua esmagadora maioria,   o prazer momentâneo a algo mais serio, opta-se a algo sem grande  profundidade e relevo emocional, afinal o amor sendo algo tão belo não poderia ser mesmo para todos, mas isso não pode ser suficiente para confortar pois muitas vezes as pessoas estão em degraus diferentes e a dor impera pelos objetivos esquecidos na gaveta! O amor não se preocupa em falhar, porque ele por si quando genuíno, já é perfeito, sim é perfeito, sublime e distribuí a magia que o faz reluzir por todos, não ofuscando nenhuma das partes! Quando os Deuses nos deram a capacidade de chegar tão alto foi para crescermos juntos , lado a lado, abraçando uma só causa vivendo-a a dois com o silêncio apenas a  quatro mãos mas carregando cada um a sua própria bagagem…Será justo abrirmos mãos da nossa bagagem por amor, será justo que o que carregamos tenha de ser objeto de triagem, penso que não, isso não é  amor...

Hoje a estrada estava  tão escura,  não reconheci o caminho, como se a cegueira da visão me bloqueasse os sentidos, enrolando nela as emoções  não me deixassem  reconhecer  as cores. Fico perplexo com o desnorte do caminho irregular que se desenha aos meus pés, opto por caminhar na berma acompanhado por sombras e  águas vestidas de reflexo que me deixaram totalmente despido e desamparado…. O dia Acordou  e nada mudou, chove gotas de sol, as pétalas de luz crescem nos ramos secos das árvores despidas, sustendo as ondas do mar longe das gentes , que parecem viver de braços escondidos,  como se os seus tesouros se  escondessem  da infinita eternidade…Hoje, a noite não me deixou clarear , na metamorfose do dia, fazendo crescer os segredos e mistérios nos espíritos inquietos que desaguam na minha existência. Nem sempre é fácil transcrever ou escrever coisas que vem na mente , as ideias vem e vão, mas fica sempre uma insistente e por vezes nem a queremos escrever…Mas!!! Faz-se o dia, e as mãos trémulas buscam a consistência do toque, no olhar que se afunda entre nuvens e nuances de azul que conduzem o horizonte desbotado e distante . É nesta vista mais densa que consigo viajar, perdido no tempo, no corpo, estabelecendo uma paridade do corpo e Alma…Sinto esse gosto Vulcânico misturado com as cinzas da minha lava que arde,   que me queima no abandono da chama,  deixando-me sem combustível para acender a labareda  do meu existir nestes mil km de distancia entre a noite escura e o dia que nasceu…Já me fizeram acreditar que o amor só chega verdadeiramente a nós uma única vez na vida, mas isso não é verdade, não nos disseram que ele não tem hora marcada…Fizeram acreditar que cada um de nós é metade de algo e a vida só começa quando encontramos a outra metade, mas não contaram que já nascemos inteiros e que ninguém nas nossas vidas merece carregar nas costas a responsabilidade de os acompanhar, de nos completar o que falta! Tenho uma pessoa que ás vezes olha para mim e me vê triste e me pergunta como hoje, quem te roubou a caixa dos lápis de cor com que pintas o teu sorriso? Eu nem sei o que responder…Sorrio de forma estéril e respondo que, hoje não encontrei na caixa a cor que mais me coloria….

Hoje  quando a noite se enchia  de vida escutei os passos das pessoas que se fazem distantes, elas,  silenciaram-se  ao rodar das estrelas ,  a noite já fez brilhar as enormes folhas das flores no meu jardim , hoje já  primitivas,  mas, explodem os perfumes doces das flores sossegadas do acordar noturno das minhas palavras. As suas pétalas preenchiam o silêncio dos caminhos, sem focos de luz atravessaram o espaços onde tantas vezes poetizei o amor por ti sentido, uns  olhavam o calor que descia sobre o meu sentimento ai, as constelações se refletiam nas águas límpidas e paradas do lago negro, onde nenúfares se balançavam no ondular das minhas mãos cada vez maios vazias de ti…As aves  passavam quando o amor se cumpria por inteiro entre nós, esse limbo no limiar do tempo espantava as águas paradas do infinito, as luzes do  caminho silenciavam-se  e as noites carregavam em si aquilo que escrevíamos sobre os sonhos que durante tempo narrávamos juntos …Amei-te para todo o sempre, quebrei as estrelas que se colocavam no caminho, desfiz ventos que alisaram os desertos ! Escrevi sobre tudo o que a poesia poderia rasgar, hoje ainda te amo mais,  fiquei com o caminho aberto para o seguir  e tantas fezes o fizemos como nossos …Eu já não sei qual estrada seguir mas sei que  somos dia, noite,  e recuso-me a fechar a janela porque ao menos posso ir provando esse vento teu estonteante que se faz brisa em mim … Os teus lábios podem vir a não ser mais meus mas sinto-os como meus, o teu cheiro pode não se manter na minha roupa,  mas hoje, ainda o tenho decorado, o teu toque não se fazer  presente mas continuo a senti-lo, os teus abraços podem não se unir aos meus mas ainda me perco neles, a tua mão pode não se juntar á minha mas ainda sinto a tua temperatura contrastando com a minha, os teus dedos não deslizam pelos meus ,  mas guardo como era, esta ironia de estares quando não estás é a maior ironia do amor que guardarei eternamente em mim…O que tento dizer de forma pálida , é que te amo e que nunca haverá ninguém que possa vir roubar o teu lugar no meu coração , mesmo que me peças para o fazer, estás tatuada em mim para o resto dos meus dias.