Hoje sinto que guardo numa mão, o tempo por abrir, na outra fechada, o tempo esquecido, confesso, que tem
dias que homicídio o vazio violentando as palavras, ameaço a serenidade com um
olhar carente, confesso…Confesso que violo o sigilo do coração, furtando a
inspiração da alma num puxão de sonho, confesso…Confesso, que difamo a verdade
tratando-a como um sonho injuriando-a sem acentos, sem pontuação…Confesso que
não tenho sido criminoso, apenas tenho gasto as palavras , varrendo-as em
segredos, caminhos , sonhos que dispo como um livro desfolhado, de folhas
amarrotadas de tanto ser aberto e fechado…Não tenham medo! Deixem essa
curiosidade de o abrir! Enganem também o silêncio, tentem apenas com as
palavras, escritas em gomos, sussurrar a verdade que se aloja na vontade de
falar…Há muito que esqueci o rumor desse
significado, Mas!! Confesso… Já quis ser palavra , mas perdi o seu significado
na rebelião das marés onde a corrente da dúvida despiu o horizonte da ansiedade,
sigo na cegueira das noites em que o meu corpo se fez vosso na sombra ... Hoje é um dos dias em que as paredes, que se vão adensado desfocam a saída….
quinta-feira, 28 de março de 2019
terça-feira, 26 de março de 2019
Hoje dentro
de mim há uma sala vazia, uma hora abandonada, turva de olhares, como uma
parede que é virgem e é violada por uma janela que anuncia a noite …O meu
copo retém a sede, do sopro perverso que oculta as noticias divulgadas,
sinto o hálito do alfabeto, que soletro neste fogo que inflama a minha boca! Tenho a
neblina à janela que se desdobra no mapa do meu olhar mitigando palavras sem
resposta que se replicam num ciclo onde o orvalho faz de resposta…Deixo as mãos
no caminho dos passos, caminho sem pegadas
que o vento arrasta sem lubrificar a
tristeza nos livros que lê-mos, deixando cair as palavras emolduradas nos retratos servidos em cálice
de verão nas bocas caladas, famintas, impacientes que nos rendem minutos de
poemas já escritos , outros por ler, de contas feitas nesta matemática de quem
sente! Hoje contava os grãos do areal para esquecer as horas mas a imensidão
desta praia é demasiada para caber no tempo de uma só espera...
quinta-feira, 21 de março de 2019
Hoje eu
não queria escrever, mas ao despir os lábios de palavras deixei-as ocultas nas
mãos, à espera desse nada que aconteceu…Deixei o silêncio adiar o tempo nos
rumores de um sono, promessas que
som deu voz no rosto, ao subir a noite nos olhar lacrimante !
Caiu a noite nas palavras perdidas, que semearam a demora, ansiosa da ausência abrindo-me
o sorriso nas palavras que não escrevo, durante a sombra que não se escuta…Talvez... Já não haja sonhos roubados à noite, lençóis de queixumes, estendidos sobre murmúrios
da lua na anemia do olhar que a luz das estrelas esconde...Já me comovi pelo
horizonte das palavras, já escrevi gemidos soprados pelo coração, já afoguei a
felicidade na paixão que em mim empalideceu , mas hoje, escondo-me no recanto
da cegueira da saudade que se alojou em mim! Hoje procuro-me quando eu nem
sei para onde fujo, estrangulo as veias como
um recluso que se insurge contra as grades, como se elas fossem a causa da sua
clausura …Muitas vezes a vida deixa-nos num cais , onde não há partidas nem
chegadas, sem itinerário fechamos-nos no vácuo do centro de nós, esquecendo que
o mar é uma ponte para nós passageiros, de um tempo, de um encontro, desencontro,
de uma ilusão , de um amor…Percebem porque não queria escrever? As palavras não
resgatam em nós qualquer sublimidade, em relação a ninguém, elas arrastam-nos
para esse oceano , para essa imensidão no qual não queremos ser náufragos …Flutuar
nessas águas pode ser a maior bênção, ou a maior desilusão que as marés nos
podem acrescentar, tudo pode confrontar os nossos instintos de racionalidade
como um poema de amor…
terça-feira, 19 de março de 2019
Hoje Andei pelo escuro e não senti
medo, estava em meu mundo, meu eu
em concreto, vi traços meus pelas paredes ásperas em que corria as minhas mãos, na certeza da busca para encontrar a porta correta … Coisas espalhadas eu pisei , esbarrei nelas com a luz fechada,
silêncio era o som que se escutava e o vazio que se via, nas batidas do meu coração, que compassavam com o som do relógio pendurado na parede, som ensurdecedor que se propagava… Neste escuro não havia
imagens apenas a de mim mesmo projectada em palavras e cores pulsantes, só assim
dei conta que nunca há apenas silencio, quando
há vida ou pelo menos a vida existente em cada um de nós! Não há partidas anunciadas, só o meu silencio poderá declarar que as nossas palavras morreram ...Sonhos vão-se
tecendo, e o que estes são? Não são mais que meras utopias ingénuas na loucura
de corações inquietos que a incerteza da vida impulsiona …Sonhos de uma vida ,
vivida, ouvida, tocada , degustada como palavras que proferimos e não
voltam mas permanecem em corações que o
tempo não trás! Na vida não temos retas , é cheia de curvas, onde somos responsáveis por todos os que
cativamos e pelas escolhas e arrependimentos que fechamos em nós ! Não pretendo ser um modelo para as minhas filhas, espero apenas ser um rascunho de vida, onde que elas possam acabar, um poema onde elas sejam os meus versos...Com isto meu Pai, passaram
11 anos e ainda te sinto em tudo o que toco, saudades tuas Pai…
quinta-feira, 14 de março de 2019
Hoje
sei que sou apenas mais um grão desta areia que o vento levanta do solo, um
sobrevivente que resistente calibrado pelas mãos do tempo, onde a vida que é
vida, continua a testar …Já vivi o inferno e o paraíso , guardo boas e menos boas recordações dos que já privaram
comigo, uns anjos, outros demónios, guardo em mim um pouco de todos eles, uma
mistura meio agridoce que me alimenta a alma e explode o coração….O ser humano
é uma autentica caixa de pandora quase fechada
como uma porta entreaberta…Talvez seja por isso, que as estrelas iluminam,
cruza-se nos caminhos. Não importa o que
dizem e pensam, seguem seus rumos,
acertando e errando, caindo e Brilhando... Hoje senti luz., sim esse brilho que
me leva para os sonhos, os daí e os daqui, sonhos de todos nós desta luz que me
reformula . A vida vai mudando, surpreendendo, outras vezes nem por isso, onde
existem as margens dos rios, uns caminham de um lado e outros no lado oposto...
Mas, quantos são aqueles que tem a coragem, e se lançam às águas para ao
nosso lado caminharem?! Não estou julgando, jamais cobrando, nem tão pouco apontando... Viver é
aceitar muitas vezes o que esta dentro dessa caixa de pandora, e hoje, trocaria
todas as minhas certezas por um punhado de sonhos mágicos…
segunda-feira, 11 de março de 2019
Hoje os sons dos sonhos vão saindo como
acordes de uma viola, fazendo a alma se despegar, voando sem destino no impulso dos ventos. Gera-se música que não lê-mos quando os sons que
desconhecemos nos sugam os sentimentos para a superfície da pele, tornando como
palavras de um caderno que anotam por dentro do nosso corpo, uma musica que os
nossos corações fazem baixinho em silêncio embriagando os sentidos! Há sonhos
em todos nós, coisas lindas que nos tocam, tão fundo, que por tão abstratas que
são, nos deixam confusos , sem respostas, cheios de perguntas… Agarramo-nos à
razão, à capacidade de ouvir, sentir, para perceber a conjugação dos sons e suas
tonalidades no encontro das nossas melodias! Mas!! As respostas não chegam,
ainda assim ousamos sonhar, voar, e ao mesmo tempo que abrimos feridas de
momentos dolorosos vividos , na expectativa de os sarar com um novo ADN na
melodia que o nosso coração entoa nas sombras da noite, fazendo-nos sentir o
cheiro da pele nua , na maré de corpos que as palavras desfolham no olhar onde
se perdem as promessas , onde perdemos os olhos que um dia nos olharam...É essa claridade de gestos que muitas vezes é ignorada na escuridão do mundo que vos vou silenciando !
quinta-feira, 7 de março de 2019
Hoje sonhei , e se
sonhei , sonhei o voo, que tememos nas alturas. É que para voar é
preciso ter coragem de enfrentar o terror do vazio, já que é só no vazio que o
voo acontece... É o vazio que trás o espaço da liberdade e a ausência das
certezas… Mas!! É isso o que tememos
viver sem as ditas certezas , talvez por isso trocamos o voo por prisões, onde
as certezas moram. É um engano pensar
que nós humanos seriamos felizes e
voaríamos se as portas estivessem
todas abertas, acontece exatamente o contrário somos nós mesmos a
construir as gaiolas em que nos
aprisionamos …É a nossa face a raiz de todas as sombras que nos assolam, nela
habita os escombros da memoria, de todos os
amores descoloridos pela vida. É no olhar que o amor acontece, se nos
abandonarmos o amor esmorece perdendo a
marca das raízes dos sonhos por haver…É
preciso caminhar nas ondas do silêncio, abrir o peito sem preconceito e como
uma ultima peça de um puzzle fecha o puzzle da vida abrindo os olhos e ver a alma, nas palavras que se
escreve na brisa que sopra sem resistência na margem…
Hoje bastava-me um toque para o fluxo de
energia em mim se espalhar como espasmos pelos corpos abraçados. Hoje suspendi
o respirar, não vá o ar em mim agitar-se e desvanecer o instante do barco que encosta ao meu porto de abrigo, onde inspiro emoção numa despedida
anunciada e também na chegada duma paz almejada. Pergunto-me de que traços é
feito este desenho, que riscos revelam a curvatura da parábola que em mim crio,
talvez sozinho, no meio da fértil utopia que a imaginação possa descobrir...
Será apenas fascinação pelo desconhecido? Empatia devassa de sentidos, gostos e
perspetivas que se partilham? De facto é que por entre tecidos amarrotados,
corpos comprimidos, o eco das palavras escuta-se como se num espaço único se
propagassem, na infinita direção da Alma que as recebe, com as palavras
amplifica e afago, como só elas em mim o sabem fazer, como só elas sabem em mim
pernoitar. Depois, fica o silêncio, o vazio, um certo descontentamento pelo fim
do momento, e a música que soa baixinho, como melodia de fundo num vazio, o oco
que permite o eco é também o espaço não preenchido que fica para sempre
desprovido de pensamento... Não posso seguir por esse caminho, porque não quero
enlouquecer nas contradições com que me confrontas, nas explicações que me apresentas
sobre as minhas fantasias, ou, cairei morto no abismo, sucumbindo à
sensibilidade de haver sido, sem ter de facto sido nada de mais…Em mim as
palavras são os fios que conectam os sentidos do meu corpo!
sexta-feira, 1 de março de 2019
Hoje
vejo que afinal a vida foi, é...E será sempre um desafio na sequência sólida de
percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os
projetos nunca acabam, e se definam cada vez mais naquilo que queremos
ser, não no que os outros querem que nós sejamos... Perceber que
refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo
daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros, caindo
assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com
falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...Não podemos nem
devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos, ajustados
apenas e só para nós próprios...Eu sei que o Amor assusta muita gente ..Quer
seja a falta dele quer vivê-lo!!! Muitas palavras que aqui escrevo vem de longe
, passam por mim como se nada fossem , como flechas a rasgar o ar à minha volta
… As palavras que aqui escrevo são vossas muito antes de serem minhas , são
vocês que as escrevem em mim ao percorrerem o silêncio das minhas palavras…O
infinito é o destino de quem se atreve a atravessar as pontes que tanto unem
como separam…
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Hoje partilho que nunca o tempo se perde no caminho
, mesmo quando no vento nos deixamos arrastar, deixando para trás as pedras,
castelos, sonhos….O tempo nunca se esconde, gastasse e perde-se na alma quando
os sonhos são a raiz dos sabores, dos
cheiros, dos toques, ainda que distantes
onde as lágrimas inundam por inteiro uma vida que se faz…No tempo não há
vazios, há silêncios consentidos que doem arrastando-se até termos a
consciência que o tempo é nosso! É esse tempo que me leva a ter a certeza que
nunca escreverei nada de original, tudo já foi pensado, escrito, outrora dito… Por muito que, aquilo que
escrevo possa ser ignorado, continuarei
a escrever porque neste meu tempo dos dias de hoje, eu não escrevo para ser aplaudido,
tatuado ou reconhecido …Basta-me a possibilidade de poder dizer o que penso,
como uma luz que ilumina sem nada pedir ou
cobrar ! Este simples ato que me é concedido, de erguer os olhos e conversar
com o luar, é uma pequena gota de luz que me cai do céu e rega o coração! O
luar é a minha capela, meu confidente, que me faz sentir enamorado pelas
estrelas, proferindo palavras que me alimentam na hora de abrir os portões e
deixar, pessoas partirem da vida…Eu sei
que não as posso reter , esta vida é uma viajem e gostaria de abrir as portas
para entrarem ao invés de saírem Mas!!! Um dia quem sabe se voltaram, as vidas são cíclicas, as almas infinitas, de
sonhos que voltam à casa de partida, porque até posso um dia cair no abismo,
mas terei a sensibilidade de ter sido sem de facto ter precisado de ter sido mais
do que outro alguém…
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
Hoje como uma serpente o meu
pensamento serpenteia-se na alma, como uma procura de caminhos que aos meus pés
se perdem sem uma saudade, uma memória rompendo-se na embriaguez do horizonte…
Vagueiam-se gritos, ventos, marés e cores que invento sem parar nesse
sonho afogado entre o sangue e o fundo do mar! Volto-me para este vagabundo
que o meu peito abriga, por entre o macio da pele, perdido nas malhas e nos
silêncios do olhar, versos, tingidos na tela consequente da explosão
do peito sempre que o tempo não vem. Hoje gostava de inventar outro tempo,
em que os segundos fossem eternizados nos silêncios das memorias nessa onda que
abraça os ventos e trespassa-nos ficando tatuada no nosso olhar. O azul do mar
beija tudo o que deseja, fervendo a pele nos poemas da inquietude do
areal…Procurem-me no silêncio que encanta os corpos e luta nas águas loucas que
se serpenteiam no areal que me encanta como este meu pensamento. Que a espuma
deste mar , continue deixando espaço livre para receber os corpos
que perfumem os silêncios! Que perpetuem as vontades! Que joguem as emoções!
Que se percam os caminhos! Que deixem o ar embalar os sonhos! Que se cantem as
histórias! Que se fundam os olhares! Que se inventem os dias! Que se
toquem! Que se sintam! Que se fundam! Que excluam os maus para o infinito! Que
se escrevam poemas! Que se lembrem todos, todos! Todos os sentimentos que se
tenham congelado! Porque hoje vejo pessoas que perderam a capacidade da
entrega, não sei se congelaram pela incapacidade da entrega, ou se deixaram de
entregar-se, como sequela do congelamento dos sentimentos… Vejo de
tudo mas!! Não vejo pessoas vazias…
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Hoje eu até tentei,
escrever varias palavras nas folhas em branco do meu perfil! Tentei colocar
numa poesia de palavras fáceis de
entender, mas pela primeira vez , apaguei tudo e recomecei de novo… Não é
difícil encontrar palavras, nem tão pouco é difícil soletra-las, por muito que
contenham o infinito de mim, elas são a cor do meu jardim. Eu já tentei escrever em vários idiomas, mas não há outra forma de dizer certas coisas, difícil é, encontrar quem perceba ! E, apenas as palavras me levam, nesse voo onde o
“sémen” escorre de mim no silêncio, sugando-me o sorriso aberto, deixando a
noite na inquietação do desejo…As Manhas acordam vazias, depois de despir a
fantasia , as tardes vão clareando os meus sentidos, fica o grito dos sonhos esquecidos desse
amor ausente que se faz noite em mim, abraçando as confidências que se calam
nas minhas vivências… Quero gritar com o
corpo, deixar-me cair no mar, deixar o areal engolir-me nesse sonho derradeiro,
ser vento, tempestades, folia, e
tricotar em mantos de amor os caminhos dos aromas da Brisa do Sado que pulsa em mim… A memoria é
rouca no meu ser, faz-me vagabundo das
marés, apagando a fogueira acesa que restou, no caminho das amarras do amor que pintei
nos céus com o sangue que de mim foi-se esvaindo…Hoje é nesse voo rasante pelo areal, de peito aberto, que tudo parece perto e longe, como um deserto...
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